A coincidir com a reabertura ao público das salas de espectáculos na cidade nova iorquina, com a implementação do plano de desconfinamento, a peça do dramaturgo inglês Simon Stephens está em cena desde sexta-feira, onde iniciou uma temporada, que se prolonga até Setembro.
Sem actores e sem palco, «Blindness» é um espectáculo que se descreve como uma «experiência de luz e som», que é contada aos espectadores através de auscultadores, pela voz da actriz britânica Juliet Stevenson, e com o ambiente trabalhado a nível conceptual no plano das luzes e sons dentro da sala de teatro.
«Isto não é teatro tal como o conhecemos, mas serve-nos de guia para o futuro. Não se pode estar no teatro e não correr riscos, mesmo na melhor época», afirmou a produtora Daryl Roth à revista Variety, referindo-se ao actual contexto de pandemia.
A história distópica criada por José Saramago, parábola sobre a Humanidade a partir de uma estranha cegueira branca que atinge uma cidade, levou Simon Stephens a trabalhar três anos na sua adaptação para este espectáculo, que teve estreia no verão passado em Londres.
«É sobre a possibilidade de recuperação. É sobre alguém que sobrevive e recupera de algo inimaginável; e contar a história desta extraordinária recuperação precisamente no momento em que estamos, é uma provocação de esperança», afirmou o dramaturgo, citado pela Variety.
Recorde-se que José Saramago publicou «Ensaio sobre a cegueira» em 1995, três anos antes de ser distinguido com o Nobel da Literatura.
O romance já foi adaptado para cinema em 2008 pelo realizador brasileiro Fernando Meirelles, com estreia mundial na abertura do festival de cinema de Cannes.
Em 2019, também o encenador Tiago Rodrigues partiu desta obra, assim como de o «Ensaio sobre a lucidez», para criar a peça «Blindness and Seeing».
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