Violeta Parra foi cantora de resistência, compositora, etnógrafa, artista plástica e poetisa

Cem anos de Parra, a Violeta de Maio

Se fosse viva, a cantautora chilena Violeta Parra completaria 100 anos esta quarta-feira. O grupo ítalo-português El Sur rende-lhe homenagem num concerto pelas 21h30, na Voz do Operário, em Lisboa.  

Violeta Parra
Créditos / Editorial Portaluz

A vida de Violeta Parra será cantada hoje em palco, onde os El Sur vão contar com a presença de amigos «muito especiais» como Vitorino, Hélder Moutinho, Joana Guerra, Pedro Sotiry, Florent Kouzmienko e Fabiola Moroni.

Na apresentação, o grupo afirma tratar-se de uma espécie de ousadia, mas que esta é a única forma possível de celebrar a vida de Violeta Parra, ou não fosse ela a maior cantautora chilena. A marca que Violeta deixou no país foi tal, que o Dia Nacional da Música Chilena passou a comemorar-se no dia 4 de Outubro. 

«Queremos que estejam connosco neste dia, que não se vai repetir nas nossas vidas. Deste tempo é o que fica como certo. [...] Será um brinde a Violeta e à herança que mudou para sempre a música da América Latina e do mundo», lê-se no convite. 

Francesco Fry Di Carlo (acordeão), Maria João Figueiredo (voz), Rui Alves (bateria), Rui Galveias (guitarra eléctrica e acústica) e Tiago Neo (baixo) compõem o grupo El Sur, cujo reportório integra grandes cantautores latino-americanos.  

Violeta de Maio

Filha de um professor de música e de uma camponesa e cantora popular, Violeta Parra começou a actuar com os irmãos em bares e restaurantes, tinha nove anos. Com o nome Violeta de Maio, em 1943 percorre o país a cantar músicas espanholas, uma digressão que pode ter despertado em Violeta a ânsia de conhecer melhor as raízes da música chilena.

Em 1952, com 35 anos, inicia essa exploração. De terra em terra, recolheu as sementes do folclore andino junto dos camponeses de aldeias remotas e das comunidades mineiras. A recolha resultou para Violeta Parra numa nova abordagem da música chilena.

Através da cantautora, a música tradicional andina abre-se ao mundo e regista-se numa espécie de testamento que Violeta edita em 1979, Cantos Folklóricos Chilenos. 

Agradeceu a vida a cantar, mas nem só de música se preencheu o percurso da Violeta de Maio. Etnógrafa, compositora, tecelã, ceramista, poetisa e pintora, Parra destacou-se por ser a primeira artista latino-americana a expor individualmente no Museu de Artes Decorativas do Palácio do Louvre.

Mas também por ser porta-voz das dificuldades e desigualdades sociais. «Me gustan los estudiantes» é uma das canções de Violeta, celebrizada pela cantora argentina Mercedes Sosa, que em 2011 foi escolhida para hino da luta dos estudantes chilenos contra a crise na Educação, provocada pelo governo de Sebastián Piñera. 

Intitulado As últimas composições de Violeta Parra, o último disco saiu pouco tempo depois da sua morte, por suicídio, em Fevereiro de 1967. Numa tradução livre do poema de Nicanor Parra, seu irmão mais velho, podemos dizer que «todos os adjectivos e substantivos são poucos para descrever Violeta Parra». 

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