«Fomos vencidos», é o lamento do actor e encenador Luís Miguel Cintra que, em entrevista à Antena 1, denuncia a dificuldade de sobreviver ao cada vez mais reduzido apoio às artes. «Ao longo destes anos fizemos muito, mas não podemos adaptar-nos a modelos de gestão que depois dificilmente nos habituaríamos a cumprir», afirmou.
Luís Miguel Cintra explica que a decisão decorre dos sucessivos cortes nos subsídios «que já eram insuficientes» e que asseguravam o funcionamento da companhia.
Já para amanhã, às 16h, está agendada a última apresentação da companhia, com um recital de entrada livre a partir de textos do poeta francês Guillaume Apollinaire. Simultaneamente acontece o lançamento do segundo volume «Teatro da Cornucópia, Espectáculos de 2002 a 2016».
A Cornucópia, que tem um apoio do Estado através da Direcção-Geral das Artes (DGArtes), recebeu este ano 309,6 mil euros, num subsídio que é dado a quatros anos, mas já chegou a receber 600 mil euros anuais em 2006.
«A nossa situação não é, evidentemente, a de uma empresa que se sustenta a si própria». Luís Miguel Cintra defende ainda que manter a companhia em funcionamento seria uma «falta de respeito para com o público». Na sua visão, a dramaturgia não pode ser «um produto de consumo imediato, é uma actividade de pensamento sobre a nossa existência».
O Público revela que, segundo nota enviada pelo Ministério da Cultura, este «manifestou a sua disponibilidade em colaborar para que este encerramento se concretizasse da melhor forma, por profundo reconhecimento e respeito pelo Património Histórico – tangível e intangível – que a Companhia deixa para o Teatro português».
O apoio, acrescenta a nota, passa pelo aluguer do edifício do Teatro do Bairro Alto «por um período de mais um ano, de modo a que o processo de encerramento, e todos os trabalhos que daí decorrem, seja realizado nas devidas condições».
Segundo a DGArtes, a par da Cornucópia, recebem também perto de 300 mil euros o Teatro o Bando, de Palmela, e o Acert, de Tondela. Nos 350 mil, aparecem a Oficina, de Guimarães, e a Companhia de Teatro de Braga, enquanto nos 400 mil estão o Teatro de Almada e o Teatro Viriato, de Viseu.
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