O nome da mostra foi retirado do número de prisioneiro atribuído a Júlio Pomar (1926-2018) quando foi detido, em Março de 1947, pela polícia política.
No tempo em que esteve preso em Caxias, entre Março e Agosto de 1947, Júlio Pomar foi continuando a trabalhar. Desse tempo resultam 16 desenhos, que serão agora mostrados nesta exposição localizada no 4.º piso do Museu do Aljube, onde, no tempo em que este o edifício acolheu um estabelecimento prisional, funcionou uma enfermaria.
Mário Soares, um dos companheiros de cela de Pomar quando ambos se encontravam presos em Caxias, é um dos retratados naqueles desenhos do artista plástico, disse à Lusa a directora do Atelier-Museu Júlio Pomar, Sara Antónia Matos.
O parlatório, o refeitório e os pátios com os presos a serem vigiados pela polícia são algumas das imagens retratadas naqueles trabalhos de Pomar.
Além deste conjunto, a mostra exibe ainda trabalhos apreendidos pela PIDE em rusgas efectuadas a exposições nacionais, como a que apreendeu trabalhos do artistas expostos na Sociedade Nacional de Belas-Artes, em Lisboa.
Há ainda o conjunto de frescos que o pintor começara a realizar no Cinema Batalha, no Porto, e que ficou por concluir devido à sua prisão. Terminado depois de ter sido solto, este trabalho acabou também por ser vítima da PIDE, que o mandou tapar.
«O facto de estarmos no mês de Abril e de estarmos a viver um tempo de clausura, ainda que não estejamos a ser reprimidos por motivos políticos, fez com que achássemos que era a altura ideal para mostrar estes trabalhos», disse Sara Antónia Matos.
A mostra exibe ainda documentação dos tempos de repressão a Pomar constantes do Registo Geral de Presos da PIDE, assim como trabalhos relativos aos prisioneiros de Guantánamo, que sempre captaram a atenção do artista, disse a responsável do Atelier-Museu.
A mostra, que tem entrada gratuita e pode ser visitada até 30 de Junho, de segunda a sexta-feira, das 10h às 18h e, aos sábados e domingos, das 10h às 13h, tem curadoria de Sara Antónia Matos e da directora do Museu do Aljube, Rita Rato.
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