Aos mais distraídos sobre a existência deste movimento de trabalhadores rurais e o que representa em termos de aspirações sociais e económicas, a sinopse de Chão pode dar uma ajuda.
«Numa propriedade ocupada, pertencente a uma fábrica de processamento de cana de açúcar endividada em processo de falência, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) luta para pressionar o governo a redistribuir as terras e a instalar as famílias acampadas», lê-se no texto.
A realização de uma reforma agrária ampla é apenas uma das bandeiras deste movimento, a que se juntam, entre outras, o acesso à cultura e à educação, o combate à violência de género, a democratização dos meios de comunicação social e a soberania nacional e popular.
Tal como explicou Gilmar Mauro, da direcção nacional do MST, no final de 2018, para além das acções de ocupação de latifúndio, o movimento tem um projecto amplo de preservação dos recursos naturais, promoção da agro-ecologia e produção de alimentos saudáveis.
Actualmente, mais de dois milhões de agricultores de todo o Brasil estão organizados no MST, um dos maiores movimentos populares da América do Sul. Defendendo os interesses do grande latifúndio e do grande capital, Bolsonaro tem anunciado a intenção de tipificar o movimento como terrorismo.
Em jeito de resposta, na apresentação do documentário lê-se que, «enquanto forças conservadoras ligadas aos latifundiários ganham mais terreno do que nunca no país e prometem persegui-los, as pessoas acampadas sonham com a auto-determinação».
Realizado por Camila Freitas, Chão teve estreia mundial no Festival de Berlim, em Fevereiro deste ano. A primeira sessão no Festival Internacional de Cinema DocLisboa está agendada para amanhã, às 22h, no Cinema Ideal. A segunda acontece a 27 de Outubro, pelas 19h, na Culturgest.
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