Salvato Teles de Menezes é o presidente da Fundação que tutela a programação da Casa Verdades Faria-Museu da Música Portuguesa (MMP), no Monte Estoril, em Cascais, entidade à guarda da qual Lopes-Graça deixou todo o seu espólio.
«Nós prevemos que a digitalização de todas as partituras esteja concluída em junho do próximo ano, e depois cria-se um link ao site da Biblioteca Nacional [de Portugal], possibilitando que todas as pessoas, especialmente os investigadores, tenham acesso às partituras», disse Salvato Teles de Menezes, em entrevista à agência Lusa.
O responsável referiu que «as partituras levantam questões, relacionadas com as diferentes versões feitas pelo próprio Lopes-Graça», mas, garantiu que «tudo irá lá ficar», digitalizado.
Uma das dificuldades da digitalização é facto de o compositor, quando dava por terminada uma obra, «passava a partitura em papel vegetal».
O compositor Sérgio Azevedo, que foi aluno de Lopes-Graça, é um dos revisores da obra do compositor tomarense. Conceição Correia, coordenadora do MMP) realçou que, «além da edição das partituras, é essencial fazê-las circular». Aliás, «foi uma dificuldade com a qual se debateu o próprio Lopes-Graça, tendo muitas partituras circulado em 'helicópias'», feitas pelo próprio compositor, que «eram as chamadas edições do Lopes-Graça».
«A obra é vasta e, apesar de estar toda catalogada, é ainda desconhecida na sua totalidade, e vai revelar muitas surpresas durante muitos anos», disse a responsável.
Quanto aos inéditos, Conceição Correia disse que estes «vão surgindo através das edições e dos estudos de investigação de quem se dedica à obras de Lopes-Graça, e as põe à vista».
Segundo a responsável, «há obras musicais que nunca foram gravadas, e outras que só tiveram uma primeira audição», caso das mornas cabo-verdianas, que foram estreadas em 1981, nas Caldas da Rainha, pela pianista Olga Prats e cujas partituras são apresentadas no dia 8 de Dezembro, na Casa Verdades de Faria-MMP, por Edward Luiz Ayres d’Abreu.
À apresentação, no âmbito do ciclo «Escutar Lopes-Graça», que se iniciou ontem, segue-se um recital pelo pianista Duarte Pereira Martins, com um programa que inclui peças de Óscar da Silva e Eurico Thomaz de Lima, além das Mornas, de Lopes-Graça.
«Para a maioria das pessoas há uma porção da obra de Lopes-Graça que não está ainda vulgarizada», disse Conceição Correia, realçando que tem havido um «interesse crescente pela obra» do autor do Requiem à Memória das Vítimas do Fascismo (1979).
Contribui para uma boa ideia
Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz.
O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença.
Contribui aqui