Da música de Chico Buarque…
Ia escrever que, hoje, o centro do mundo se tinha deslocado para Serpa – e que esse centro não era certamente Wall Street ou a City. E continuo a achar o mesmo, mas abro e fecho aqui uns imensos parêntesis, capazes de abraçar o Brasil. Isto porque, no momento em que redijo este roteiro, o centro do mundo está por algum tempo do outro lado do Atlântico: o anunciado golpe de estado acaba de ser consumado. Um novo tipo de golpe, sublinhe-se. Para já, não requer militares, nem a força bruta nas prisões e nas ruas (a ver vamos). Apenas precisou do senado, da intoxicação da opinião pública e da utilização do aparelho legislativo em eficaz convergência com os media dominantes, para que daí resultasse a necessária entorse da democracia. E precisou, já se vê, da acção do grande capital nacional e internacional, dos partidos políticos que o representam e servem a classe dominante do país, forças atoladas na corrupção e com urgência em condicionar a justiça e travar as aspirações populares. Com o sempre firme e fiel Chico Buarque na assistência, entre outros, Dilma Rousseff, de cabeça erguida, apelou aos senadores: «Votem contra o impeachment. Votem pela democracia.» A maioria deles obviamente não seguiu esse caminho. Preferiu votar contra a vontade democrática de uma maioria de 54 501 118 brasileiros – 51,64% dos votos válidos, na segunda volta das presidenciais de 2014 que elegeram Dilma.
No Brasil – e também aqui – é tempo, pois, de escutar Chico Buarque, na inesquecível canção «Apesar de você», muito cantada por estes dias, enquanto canção de resistência. É tempo de intensificar a luta pela democracia e pela justiça social. Por cá, é tempo de aprendermos com os cantores, actores e outros artistas (foram tantos) que, durante estes meses, se comprometeram (é o termo justo) numa combativa e criativa campanha contra o golpe, pela defesa da democracia e da cultura. Campanha que prossegue e que, certamente, irá crescer. E já que estamos com a mão na massa, apontemos nos caderninhos da memória, os nomes dos media (e dos seus opinadores de serviço) que, em Portugal, de uma forma ou doutra, foram pendendo para o campo das forças golpistas. Não falta matéria para coligir e analisar.
«A Casa do Cante nasceu da vontade do Município de Serpa de contribuir para a valorização das Identidades do Sul, ciente da importância do diálogo intercultural que estas permitem».»
Casa do Cante
E agora o cante, em Serpa
Regresso então a este outro centro do mundo. Ou seja, a Serpa (e ao Baixo Alentejo), capital do cante, para uma visita à ainda recente Casa do Cante, «entidade gestora da Candidatura do Cante Alentejano à Lista representativa do património cultural imaterial da humanidade, apresentada pelo Estado Português à UNESCO em 2013». Uma exemplar candidatura, concretizada em dossier apresentado pela Câmara Municipal de Serpa/Casa do Cante, e que foi instruído pelo director da Casa, Paulo Lima, e por Salwa Castelo-Branco, tendo como Comissão Científica esta etnomusicóloga (professora catedrática do Departamento de Ciências Musicais da Universidade Nova de Lisboa e directora do Instituto de Etnomusicologia – Centro de Estudos em Música e Dança, de que é aliás investigador-colaborador o escrevedor destas linhas), e ainda o antropólogo Jorge Freitas Branco, professor catedrático do ISCTE, além do próprio Paulo Lima. Hoje que o cante é património imaterial da humanidade, importa lembrar que «a Casa do Cante nasceu da vontade do Município de Serpa de contribuir para a valorização das Identidades do Sul, ciente da importância do diálogo intercultural que estas permitem».
Como é sabido, o cante é uma força da voz e do coração, do génio músico-vocal do homem alentejano em sua circunstância, força de um colectivo e de cada um dos indivíduos que o compõem. O cante é memória das lutas do camponês e do mineiro do Alentejo pelo pão e pela terra, e memória da gesta da Reforma Agrária (a seu modo, o cante está presente na senha do 25 de Abril de 1974: «Grândola», de José Afonso, gravada em 71). Mas o cante é também solidão, melancolia, lirismo. É olhar poético sobre a paisagem alentejana, sobre vilas, cidades, a sua história; um olhar preso às aves, às plantas, à dinâmica do cosmos, sem nunca esquecer a relação amorosa… Se o cante é lembrança das dores do homem, não deixa tão-pouco de ser exaltação da sua energia colectiva. Com muito de lírico, mas com algo de épico também, o cante é evocação e espanto; é lamento, sorriso, revolta; na moda entoada o cante recria o mundo, de olhos postos por vezes no futuro. E é música: timbres, ritmo, melodia. Visite-se, pois, a Casa do Cante, em Serpa, para se aquilatar o valor desta expressão cultural única.
Música mediterrânica em Alfândega da Fé
Avanço para norte, para outro centro. Conhece o concelho de Alfândega da Fé, distrito de Bragança, Alto Trás-os-Montes? Se a resposta é não, nem sabe o que perde. É um dos lugares mais belos e tranquilos de Portugal, paisagem de campo e montanha, majestosa e genuína, onde se sente toda a energia da terra, da pedra e da sua altura. Lugar de uma das três principais festas da cereja do país (em Junho), onde terminou em meados de Agosto o sexto encontro de escritores transmontanos, organizado pela Poética Edições, a vila é agora palco de música e não só: o circo aéreo acrobático da companhia francesa Les P’tits Brás e as músicas do grupo Tribali Music, de Malta, irão preencher o Festival Sete Sóis Sete Luas por estas paragens. Será a 7 e 9 de Setembro, às 22h, no largo de S. Sebastião. «Há precisamente 24 anos que a associação Sete Sóis Sete Luas, guiada pelo sonho imaginário da famosa passarola, elemento presente no aclamado livro Memorial do Convento de José Saramago, tem-se empenhado na preservação e promoção da cultura Mediterrânica e do mundo lusófono», lê-se no programa. Importante: a entrada é livre, a Câmara apoia, promove. Fique ainda a saber que a vila, além de uma boa biblioteca municipal e de outros pólos de interesse, dispõe da Casa da Cultura Mestre José Rodrigues, projecto de Alcino Soutinho.
No Porto, entrada livre para Sérgio Godinho & a OJM e também para a OSF
Descendo para sul e para o litoral, não esqueça que Sérgio Godinho (acabadinho de sair da Festa do Avante onde fez duo com Jorge Palma) estará no Porto para interpretar algumas das suas mais emblemáticas canções com a Orquestra de Jazz de Matosinhos. O espectáculo decorre na Avenida dos Aliados, a 9 de Setembro, às 22h, no âmbito da iniciativa Concertos da Avenida, promovida pela Câmara e pela Casa da Música. Na direcção musical, estará Pedro Guedes que assina arranjos, tal como Carlos Azevedo, encarregado do piano. A não perder esta rara associação ao jazz da música de Sérgio Godinho.
No dia seguinte (10), à mesma hora, é a vez de a Orquestra Sinfónica do Porto Casa da Música oferecer um concerto à cidade, também nos Aliados. Direcção musical de Baldur Brönnimann. No programa: Franz von Suppé, Dvořák, Borodin, Elgar e outros. Em ambos os casos, a entrada é livre.
Em Lisboa, grande música (Orq. Simón Bolívar) e teatro a não perder
Num tempo, em que, mergulhada em profunda crise, a Venezuela bolivariana tenta resistir às investidas da sua classe dominante e das forças políticas que a sustentam, secundadas como sempre pelo «american friend» (recorrendo a um velho título de Wim Wenders), vale certamente a pena dar um salto à Gulbenkian: Gustavo Dudamel e a Orquestra Sinfónica Simón Bolívar apresentam um primeiro concerto envolvendo a formação de câmara, a Simón Bolívar String Quartet (5/9, 19h), que tocará obras de Brahms, Chostakovitch e Ginastera. Seguem-se dois concertos com a formação sinfónica dirigida pelo carismático maestro venezuelano. O primeiro (7/9, 21h) contará com o Coro Gulbenkian e do programa constam obras de Villa-Lobos («Bachianas brasileiras» n.º 2 e «Choros n.º 10, Rasga o Coração»), Ravel («Daphnis et Chloé, suite n.º 2» e «La Valse») e Paul Desenne («Hipnosis Mariposa»). Para o segundo concerto (8/9, 21h), a Orquestra tocará com o pianista Jean-Yves Thibaudet e interpretarão a sinfonia «Turangalila» de Messiaen.
[[{"fid":"1640","view_mode":"media_photo_embedded_layout_small_horizontal","type":"media","link_text":null,"attributes":{"title":"John Williams e a Orquestra Sinfónica da Juventude Venezuelana Simón Bolívar","height":"209","width":"315","class":"media-element file-media-photo-embedded-layout-small-horizontal"}}]]
O maestro Dudamel, recordo-lhe, foi um dos músicos formados por «El Sistema», o modelo didáctico musical concebido na Venezuela por Jose Antonio Abreu, que constitui um sistema de educação musical pública, com acesso gratuito e livre para crianças e jovens adultos de todas as camadas sociais. A Fundación del Estado para el Sistema Nacional de las Orquestas Juveniles e Infantiles de Venezuela é, neste quadro, o órgão do estado venezuelano responsável pela manutenção de mais de 125 orquestras (sendo 30 delas sinfónicas) e coros juvenis, e pela educação de mais de 350 000 estudantes, em 180 núcleos distribuídos pelo país. Destas coisas as nossas televisões e rádios falam pouco, não é? Preferem outras... Mas aproveite já e consulte o programa com a oferta musical da Gulbenkian para o mês de Setembro.
Finalmente, duas propostas teatrais implicando, para os de fora, uma deslocação à capital, que vale a pena (até porque, no Museu Calouste Gulbenkian/Colecção Moderna, ainda está patente, e estará, a magnífica retrospectiva da pintura de José Escada – e interessa dar lá um salto, e dar rédea solta ao olhar). As duas propostas são: «Constelações», de Nick Payne, que regressa ao palco da sala vermelha do Teatro Aberto, a 9 de Setembro. Interpretam Joana Brandão e Pedro Laginha. A dramaturgia é de Vera San Payo de Lemos e a encenação de João Lourenço. «Música», de Frank Wedekind, texto escrito em 1906, é o espectáculo que a Cornucópia leva à cena de 22 de Setembro a 9 de Outubro 2016, no Teatro do Bairro Alto. A encenação é de Luís Miguel Cintra, o cenário e os figurinos de Cristina Reis, e a interpretação é de Dinis Gomes, Duarte Guimarães, Guilherme Gomes, João Reixa, Luísa Cruz, Nídia Roque, Rita Cabaço e Sofia Marques.
Miró em Serralves, Tom Stanley em S. Mamede (Matosinhos), Tiago Manuel em Viana e… Lousada
Em alguns jornais, anuncia-se a inauguração, a 30 de Setembro, da falada exposição dos Mirós resgatados, in extremis, à cambulhada do BPN e aos funestos intentos do governo de Passos Coelho, muito pouco amigo das artes e do património cultural. Título: «Joan Miró: materialidade e metamorfose», comissário: Robert Lubar Messeri, grande especialista na obra deste pintor catalão (1893-1983) ligado ao surrealismo. O espaço será o do Museu de Serralves, no Porto. A confirmar e a ver, claro. A mostra será certamente concorrida e dará que falar. Até os alunos das «universidades» de Verão do PSD e do CDS (alguns moram nas redondezas de Serralves) terão, assim, oportunidade de descobrir, finalmente, quem foi Miró (autor do célebre «Aidez l’Espagne», o desenho oferecido à República espanhola, em 1937, para apelar à solidariedade internacionalista e antifascista). E quem sabe se, nessa altura, o inflaccionado tarifário do Museu se não tornará um pouco mais democrático (falo, já se sabe, do direito à fruição cultural).
[[{"fid":"1644","view_mode":"media_photo_embedded_layout_small_vertical","type":"media","link_text":"miro2.jpg","attributes":{"class":"file media-element file-media-photo-embedded-layout-small-vertical"}}]]
Até lá, passe, se puder, pela Casa-Museu Abel Salazar (CMAS), em S. Mamede de Infesta, e veja a interessante exposição de obras do artista norte-americano Tom Stanley, «Drawings across the sea», visitável até 17 de Setembro. Do boletim da CMAS: «A improvisação, a resposta automática, a colagem e a assemblagem visual são métodos recorrentes nas suas pinturas e desenhos, onde se vislumbram formas de pendor gestual que interagem com formas geométricas. O seu trabalho advém da exploração da memória pessoal, do interesse por arte folk contemporânea, por arte bruta e por desenhos de peças mecânicas».
Se andar pelo Minho, não perca a exposição desse notável ilustrador, pintor, autor de BD e novela gráfica de registo surrealizante que é Tiago Manuel. Está em Viana do Castelo, na galeria Objectos Misturados, até 17/9, e intitula-se «Nem sempre fada – desenhos de Terry Morgan». Terry Morgan, recorde-se, é o primeiro heterónimo de Tiago Manuel, que encontramos no livro Lua Negra (Assírio & Alvim, 2000).
E agora siga-me, se possível. A meia hora do Porto, por auto-estrada, chega-se a Lousada, vila limpa, ordenada e com equipamentos e iniciativas culturais merecedores de atenção (dinâmica biblioteca pública, bom auditório municipal com programação regular – teatral por exemplo –, edições próprias de qualidade, etc.). Convido-o/a, pois, a conhecer a agenda de Setembro desta simpática vila e permito-me destacar pequenas iniciativas integradas nas comemorações do 1.º centenário do poeta Álvaro Feijó (1916-41); também as III Jornadas da Educação sobre «Sucesso educativo, territorialidade e contextos escolares: novas abordagens» (8 e 9 de Setembro); e ainda o programa municipal de caminhadas e outras actividades ligadas à educação ambiental, as quais, sob a designação BioLousada, prosseguem a 16 de Setembro com a Noite dos Morcegos. (E não resisto a lembrar Arnaldo Mesquita (1930-2011), natural de Lousada, advogado que esteve na primeira linha de defesa dos seus camaradas presos durante o fascismo. Militante do PCP desde 1949, sofreu, ele próprio, a prisão e a tortura pela PIDE. Evoco-o aqui, porque este homem também era poeta, com diversos livros editados, alguns pela Câmara de Lousada. Um dos seus títulos, Aves Ledas (2006), é bem a tradução poética do que foi a paixão de Arnaldo Mesquita pela vida natural e pelas aves – cantou-as com sensibilidade e graça nestes seus versos, composições que merecem ser lembradas e ditas nas escolas de um concelho onde as questões ambientais não são ignoradas.)
Livros no Porto e em S. Miguel de Seide… Viale e Mário Dionísio
E assim, saindo-se de um livro se chega a outros livros, numa altura em que principia a Feira do Livro do Porto, nos belos Jardins do Palácio de Cristal (2 a 18 de Setembro). Organizada pela autarquia, a iniciativa conta com 131 pavilhões que incluem 69 editoras, 26 livrarias, 16 alfarrabistas, 12 instituições e 8 distribuidoras. Há todo um programa de animação cultural que pode ser consultado na página da Câmara e o autor homenageado é Mário Cláudio.
Mas eu sugiro-lhe, por exemplo, que siga também a trilha do escritor José Viale-Moutinho. No dia 4 (14h), estará na Feira (stand da Afrontamento) autografando os seus livros infantis, e não só. Já fora do âmbito da Feira, participará no lançamento da Camiliana que organizou para o Círculo de Leitores: quatro volumes com recolha, prefácio e notas suas – o essencial, creio, da obra novelística e contística de Camilo Castelo Branco, a que se somam dois volumes de correspondência, crónicas, artigos, polémica. Reconheça-se: é obra – e paixão conhecida! Aponte: 9 de Setembro, 18h30, auditório da Casa de Camilo – Museu/Centro de Estudos, em S. Miguel de Seide, Famalicão. Voltando à Feira do Livro, sugiro-lhe quatro títulos recentes de Viale-Moutinho: A Batalha de Covões (Teodolito, 2016), uma obra de ficção; a nova edição de Os Meus Misteriosos Pais (Lápis de Memórias, 2015), único livro juvenil português a abordar, até agora, a condição das famílias de comunistas clandestinos, antes do 25 de Abril, do ponto de vista de um jovem; e o livro de poemas Anjos Cobertos de Pó (Afrontamento, 2014): «Há noites em que temos de voltar / sobre os nossos passos à procura / do corpo das palavras, as frases / tornam-se água de silêncio e busca / medindo a altura do poço do castelo / onde há um certo código de barras (…)» (p. 67). Mas recomendo também que não perca Primeira Linha de Fogo: Da Guerra Civil de Espanha aos Campos de Extermínio Nazis (Bertrand, 2013), textos situados entre a História, a reportagem, o testemunho. Conheça este bom livro, no momento em que se assinalam os 80 anos do início da Guerra Civil em Espanha.
[[{"fid":"1642","view_mode":"media_photo_embedded_layout_small_horizontal","type":"media","link_text":null,"attributes":{"title":"Centro de Estudos de Camilo, São Miguel de Seide","height":"209","width":"315","class":"media-element file-media-photo-embedded-layout-small-horizontal"}}]]
Uma última sugestão de leitura é a recentíssima edição da Poesia Completa, de Mário Dionísio (1916-1993), saída na Imprensa Nacional – Casa da Moeda, no centenário do nascimento de um autor que importa (re)descobrir e estudar, até pelo seu perfil literário e artístico multifacetado. Foi notável contista, em O Dia Cinzento e Outros Contos (1944; 1967) e noutros títulos; foi autor de um romance singular, Não Há Morte nem Princípio (1969), e ainda do influente A Paleta e o Mundo (1956-1962), obra profunda mas pessoalíssima sobre pintura, que tarda em ser colocada no mercado em nova e condigna edição. A escrita poética de Mário Dionísio merece ser relida e, juntamente com a sua pintura, e com alguma da sua prosa ficcional, em geral troca as voltas aos habituais detractores-de-vista-estreita do neo-realismo (tal como acontece com as obras de Carlos de Oliveira, de José Gomes Ferreira ou mesmo de Manuel da Fonseca). E isto pela novidade da voz, muito individualizada e culta, aberta ao diálogo interartístico e ao influxo de vozes estrangeiras (como as de Éluard, de Aragon e de outros autores franceses), inquieta e permeável sempre à modernidade artística. A sua bela e desafiante pintura, que desaguaria na abstracção, é exemplo também do interessante percurso de liberdade artística que foi o de Mário Dionísio. Simultaneamente, estamos perante um dos mais relevantes críticos e ensaístas ligados ao neo-realismo – movimento do qual foi também protagonista. A esta dimensão Mário Dionísio aliou uma preocupação permanente com a representação do real e com as questões sociais e políticas – que a escrita espelha –, tendo sido, ao longo da vida, empenhado democrata, antifascista e intelectual de invulgar estatura cultural e cívica. Como professor, é hoje uma grata memória para aqueles que foram seus alunos.
Em suma, vale a pena ler estes singulares e sentidos poemas compostos entre os anos 30 e 80 do século XX, enquanto trajectória de um homem nas suas circunstâncias.
A obra tem um texto introdutório de Jorge Silva Melo, uma «Advertência» e um «Antiprefácio» (1966) do autor e os muitos poemas que escreveu originalmente em Francês foram, neste volume, traduzidos para Português por Regina Guimarães, apresentando-se as duas versões.
Contribui para uma boa ideia
Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz.
O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença.
Contribui aqui