Foram agora divulgados pelo Banco de Portugal os números da dívida pública referentes ao final do primeiro semestre de 2016. A sua expressão - 240 019 milhões de euros, cerca de 131,5 % do PIB - revela um dos verdadeiros problemas que o país enfrenta: o enorme peso da dívida pública e o impacto que o pagamento dos juros dessa dívida tem inevitavelmente sobre as despesas do Estado. De facto só nos primeiros seis meses do ano os juros atingiram 4 968,9 milhões de euros, mais 5,8% do que em igual período do ano anterior, ou seja uma das rubricas da despesa que mais cresceu neste período e que mais pesou, consequentemente, sobre o défice orçamental. Em contrapartida no mesmo período o investimento público ficou-se pelos 1 511 milhões de euros, menos 20,6% do que no mesmo período do ano anterior.
Num país inundado de notícias e comentários sobre o «problema» do défice, parece escapar a muitos daqueles que fazem da análise económica e política o seu exercício diário, que mais do que no défice é na dívida, e na sua dimensão, que reside o garrote principal do desenvolvimento do país.
Nestes primeiros seis meses do ano o nosso país pagou de juros da dívida pública mais do triplo daquilo que investiu e ao mesmo tempo que viu crescer em cerca de 273 milhões de euros o montante de juros que pagou, reduziu em 393 milhões de euros o montante de investimentos públicos.
Este é hoje o retrato real do país, um país que subjugado a um tratado orçamental que lhe impõe um limite para o défice orçamental de 3% do PIB e de 60% para a dívida pública, tudo sacrifica para atingir esses objectivos, nem que para tal veja a capacidade de investimento público praticamente destruída.
Com a sua política orçamental fortemente condicionada, por um peso dos juros da dívida pública no PIB que é hoje o mais elevado entre os países da União Europeia, Portugal vê-se sem recursos financeiros que possam promover o desenvolvimento económico e social do país. A renegociação da nossa dívida pública, nos seus prazos, juros e montantes, torna-se de dia para dia, cada vez mais inevitável e uma condição necessária à afirmação de um caminho que responda aos interesses dos portugueses e de Portugal.
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