A RTP adiantou esta semana que o Governo prepara-se para avançar com o aumento das propinas no Ensino Superior. 

As instituições estão asfixiadas pelo subfinanciamento crónico e os estudantes e as suas famílias têm o garrote ao pescoço com o aumento do custo de vida. 

Em suma, um aumento das propinas confirmaria a desresponsabilização do Estado no financiamento das instituições de Ensino Superior e a transferência dessa responsabilidade para as famílias. 

Em 2015, quando o Governo PSD/CDS foi derrotado, as propinas eram 1000 euros. Os estudantes nunca pararam de lutar e conseguiram forçar o Governo PS a reduzi-las. Importa frisar que esse mesmo GOverno teve nas suas mãos todas as condições para acabar com este instrumento de elitização do Ensino, mas nunca quis.

Hoje, o Governo PSD/CDS prepara-se para recuperar o projecto de privatização do Ensino Superior deixado por Passos Coelho. A legislatura não vai longa, mas os estudantes, no ano lectivo passado, logo após as eleições legislativas, realizaram uma manifestação nacional até à Assembleia da República e deixaram o aviso a Luís Montenegro - «a propina é para acabar» gritaram. 

Parece que o Governo fez ouvidos moucos. 

Este episódio do Megafone é diferente. Não o gravámos na BOTA, mas sim na rua. Fomos ter com um conjunto de dirigentes associativos que se encontravam em frente à Residência Oficial do Primeiro-Ministro para entregar uma carta subscrita por várias estruturas associativas que dava conta do desagrado estudantil face à ameaça que paira sobre as suas cabeças.

Enquanto estes estudantes estavam à porta, no interior do edifício realizava-se uma reunião do Conselho de Ministros. Aproveitámos o momento para falar com o Guilherme Vaz, estudante de Ciência Política e Relações Internacionais e presidente da Associação de Estudantes da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa. Falámos também com Duarte Miuta, estudante de mestrado em engenharia electrotécnica no Instituto Superior Técnico e membro do Conselho Geral da Universidade de Lisboa. 

Com as propinas no foco, a conversa escalpelizou os graves problemas do Ensino Superior e confirmou que o Governo terá pela frente um conjunto de estudantes que não serão cúmplices do ataque que pode estar a ser preparado. 

Os estudantes têm-se deslocado à Assembleia da República com frequência, a luta não será um exame e a tese demonstra que a cada ataque aos direitos estudantis, a resposta é dada com ampla força e unidade.

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