Assembleia-Geral da ONU num contexto perigoso, imprevisível, mas com potencialidades

A Assembleia-Geral é um dos seis órgãos da ONU, sendo, talvez no mundo, o único espaço onde os Estado falam de igual para igual. Acima de um mero fórum, a Assembleia-Geral serve para os representantes dos vários países exporem a sua visão sobre o mundo, sobre os problemas com que os mesmos e a humanidade estão confrontados, assim como deveria ser um espaço essencial para a criação de pontos e resolução de conflitos.

A decorrer agora nos Estados Unidos da América, em Nova Iorque, a 78º Assembleia-Geral da ONU está a realizar-se num contexto em que se verifica mudanças no mundo. A par da intensificação da guerra e das provocações, assiste-se a uma vontade cada vez maior de cada vez mais Estados em romper com o rumo imposto por aqueles que usam a economia, a finança e a guerra como batuta para satisfazer os seus interesses.

O que está então a decorrer fica marcado tanto pelo desenvolvimento da guerra na Ucrânia e a recusa de vias de diálogo para obtenção de paz por parte de quem instigou um conflito armado, mas também pelo vincar do papel dos BRICS na cena internacional com o seu alargamento e com a ideia do multilateralismo a ganhar força.

Para já destacam-se as intervenções de Lula da Silva, Gustavo Petro e Diaz Canel, que procuraram expor que o actual estado do mundo é consequência do sistema económico vigente, enquanto denunciam as lógicas de confrontação e a intensificação da alocação de recursos para o armamento em contraponto com a necessidade de acabar com a miséria no mundo e salvá-lo da degradação ambiental.  

Os três presidentes procuraram situar a ONU nos objetivos para que foi criada. Apontando o dedo aos Estados Unidos, não apagaram as culpas que este e os seus aliados têm nos problemas mundiais e procuraram apresentar soluções para inverter o perigoso sentido para onde todos nos dirigimos. 

Hoje discursará o representante da Palestina e o representante da China, dois momentos aguardados por diferentes motivos. No caso da Palestina pela continuada agressão e ocupação ilegal que sofre, assim como o apagamento mediatico que é feito a este Estado, até por comparação com a Ucrânia. Já sobre a China, a atenção recai pelo crescente papel que tem vindo a ganhar, tanto a nível económico como de influência política, num momento em que os Estados Unidos apresentam um declínio relativo. 

O AbrilAbril procurará apresentar os pontos fundamentais das principais intervenções da Assembleia-Geral que acaba amanhã, sendo certo que daqui nada poderá sair, mas com a certeza que daqui alguma coisa ficou.