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Ucrânia – novo «arsenal do mundo livre»

Se Zelensky pretende ser o futuro secretário-geral da ONU ou da NATO, não é seguramente esta a via mais adequada. No atual contexto, vencerá a guerra quem alcançar evitar mais mortes, mais destruição, mais emigração.

Destruição provocada pela artilharia ucraniana em Kremennaya, região de Lugansk, a 29 de Setembro de 2023; pelo menos quatro civis ficaram feridos 
Créditos / @EHDonbass

É a notícia do site Sapo, divulgação da Lusa em 30.09. É isso mesmo, sob o título «Zelensky anuncia aliança de indústrias de defesa para "novo arsenal do mundo livre"». Com efeito, e segundo reza a notícia, o 1.º Fórum Internacional de Indústrias de Defesa, realizado em Kiev no dia 29.09, visou valorizar o direito internacional e trabalhar para a proteção real do direito internacional. O encontro esteve aberto a fabricantes de armas e equipamento militar. O formato da iniciativa assentou em três polos: a produção conjunta de armamento; intercâmbio tecnológico e fornecimento de componentes.

É por demais sabido o quanto se lamenta a guerra em curso. Apesar disso, é simplesmente exagerado estar a acenar com laivos de paroxismo doentio que é aí, na Ucrânia, que reside o estatuto do mundo livre, sem que toda a realidade desse país desde 2014 seja de conhecimento geral sem retoques. Tanto quanto sabemos, ninguém, nem qualquer entidade endossou a Zelensky para representar a democracia ou ser o arauto na representação do direito internacional. Com efeito, uma coisa é assinalar que este direito possa não estar a ser respeitado relativamente à Ucrânia, outra é organizar fóruns à margem de organismos internacionais para o valorizar à custa de armas que toma a iniciativa de produzir. Acresce que se desconhece quem são os fabricantes, donde é que são, qual a sua legitimidade na produção de armas e o objetivo controlado a que este tipo de fabrico está sujeito.

«é simplesmente exagerado estar a acenar com laivos de paroxismo doentio que é aí, na Ucrânia, que reside o estatuto do mundo livre, sem que toda a realidade desse país desde 2014 seja de conhecimento geral sem retoques. Tanto quanto sabemos, ninguém, nem qualquer entidade endossou a Zelensky para representar a democracia ou ser o arauto na representação do direito internacional»

Sem aguardar por uma qualquer reação da Federação Russa (para o caso sem interesse, apesar de ser parte no conflito), cabe conhecer o que pensa a este respeito o secretário-geral da NATO, Sr. Jens Stoltenberg, sempre a demonstrar o papel fundamental e decisivo que a NATO tem tido no desenrolar da guerra na Ucrânia, através de toda a logística e parafernália armamentista essencial  para a defesa desse país, envolvendo naturalmente os países que deste fazem parte, e ainda do secretário-geral da ONU, Sr. António Guterres, até ao presente o titular representativo internacional na defesa organizada do mundo pelo direito internacional.

Se Zelensky pretende ser o futuro secretário-geral da ONU ou da NATO, não é seguramente esta a via mais adequada. No atual contexto, vencerá a guerra quem alcançar evitar mais mortes, mais destruição, mais emigração. É na mesa de negociações que tudo se pode discutir, incluindo o pedaço da terra, mas não uma vida que se perdeu. A história fará a justiça.

Esperemos que a Ucrânia – arsenal do mundo livre – não seja o fim do mundo.


O autor escreve ao abrigo do Acordo Ortográfico de 1990 (AO90)

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