Os dados do relatório foram divulgados em conferência de imprensa, na semana passada, por Mohammed Allaham, responsável pela comissão das liberdades no Sindicato dos Jornalistas Palestinianos (SJP).
Allaham sublinhou que a maior parte das agressões e violações de direitos se registaram na segunda metade do ano, sendo que o maior número de ocorrências teve lugar no mês de Dezembro, seguido por Julho.
O dirigente sindical frisou também que, em 2017, «a natureza das violações de direitos foi diferente». Como exemplos, referiu o facto de, em Outubro, os israelitas terem encerrado, por ordem militar, oito escritórios de três produtoras mediáticas e terem «invadido e encerrado duas estações de rádio».
Referiu-se ainda aos casos de dois jornalistas condenados a dois anos de cadeia «por causa da sua actividade profissional» e às multas aplicadas a 25 jornalistas, lembrando que 28 profissionais de informação «ainda estão nas prisões israelitas».
909 agressões registadas
O relatório do SJP relativo a 2017 inclui 909 agressões e violações de direitos, 740 das quais perpetradas por forças israelitas (81%) e 169 levadas a cabo pela Autoridade Palestiniana (19%), na Faixa de Gaza cercada e na Margem Ocidental ocupada.
No documento destaca-se que, comparativamente a 2016, os jornalistas foram alvo de um maior número de agressões no ano passado (mais 37%); em Jerusalém ocorreram 137 agressões, o que representa quase um quinto dos casos registados (18%), seguindo-se Hebron e Ramallah; em Dezembro, o SJP registou 147 agressões contra jornalistas, todas cometidas pelas forças de ocupação, o que representa 20% do total e um aumento de 406% relativamente ao mesmo mês de 2016.
No final do mês passado, o SJP já tinha alertado para o elevado número de «ataques» a jornalistas palestinianos, por parte das forças israelitas, na sequência do reconhecimento da administração norte-americana de Jerusalém como capital de Israel.
O documento chama também a atenção para os ataques que os jornalistas estão a sofrer por parte da Autoridade Palestiniana (AP), nomeadamente os que dizem respeito à criminalização de portais de Internet – desde Junho, foram bloqueados ou proibidos 29, segundo o sindicato.
E denuncia a detenção da jornalista Fouad Jaradah em Gaza, por um período de dois meses, bem como a de sete jornalistas na Cisjordânia, alguns dos quais foram condenados.
Facebook conivente com Israel
Também presente da conferência de imprensa, em Ramallah, o presidente do SJP, Nasser Abu Baker, denunciou o «aumento dramático» no número de casos de agressão a jornalistas palestinianos por parte de Israel e classificou como «vergonhoso» o facto de as autoridades palestinianas também terem atacado mais os jornalistas.
Condenou ainda o Facebook pela sua actuação conivente com Israel, na medida em que, segundo disse, a empresa encerrou 158 contas palestinianas a pedido das autoridades israelitas.
Por seu lado, o vice-ministro da Informação da AP, Mahmoud Khalifa, disse que os ataques de Israel contra os jornalistas palestinianos visam «atingir a sua narrativa», evitando assim que «verdade» possa ser conhecida.
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