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Chefe da CIA confirma cooperação entre sauditas e israelitas

Mike Pompeo, director de uma agência de serviços secretos dos EUA, afirmou este sábado que a Arábia Saudita está a trabalhar directamente com Israel para fazer frente aos «desafios» do Médio Oriente. Um ex-director da CIA sugeriu a criação de um centro conjunto de operações militares.

O presidente norte-americano, Donald Trump, com o seu grande aliado, o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu
Créditos / globalresearch.ca

As declarações que o director da CIA proferiu este sábado no Fórum Reagan de Defesa Nacional, na Califórnia, não constituem uma revelação per se, mas vêm confirmar aquilo que diversos altos cargos da administração israelita têm vindo a público dizer: que há contactos – e mais que isso – entre a Arábia Saudita e Israel.

No mês passado, o ministro israelita da Energia, Yuval Steinitz, confirmou a existência destes «contactos secretos» entre ambos os países, tendo em conta as preocupações com o Irão – inimigo comum –, sendo o primeiro representante governamental de qualquer um dos países a reconhecer a sua existência.

Também em Novembro, Yaacov Nagel, um antigo conselheiro de segurança interna do primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, disse que a Arábia Saudita estava preparada para sacrificar os palestinianos e as suas reivindicações em troca de um acordo com Israel contra o Irão.

«Eles não gostam deles [palestinianos] mais ou menos que nós», disse Nagel à imprensa, acrescentando que «se estavam a borrifar», tal era a urgência de aproximação a Israel, num contexto de tensão crescente com Teerão. Esta ficou bem patente no tom e no teor da reunião de emergência da Liga Árabe realizada no passado dia 19, por solicitação dos sauditas, francamente hostis para com o Irão e o Hezbollah – movimento xiita libanês que foi classificado como organização terrorista.

Estados árabes «moderados», EUA, Israel, Turquia...

Tendo visto «como eles [sauditas] cooperam com os israelitas para lutar contra o terrorismo», o director da CIA, Mike Pompeo, afirmou no encontro deste sábado que os EUA devem «continuar a aprofundar essas relações e alinhar com elas», pois os «países do Golfo [Pérsico] e da região mais vasta do Médio Oriente serão mais seguros».

Também presente no fórum, Leon Panetta, antigo secretário de Estado da Defesa e ex-director da CIA, referiu-se ao Daesh, ao Irão e aos «estados falhados» como «desafios» à estabilidade no Médio Oriente e considerou necessário «desenvolver uma coligação de países que estejam dispostos a trabalhar juntos para confrontar» os desafios referidos, refere o Jerusalem Post.

O antigo chefe da Agência Central de Inteligência (CIA, na sigla em inglês) sugeriu a formação de uma coligação, em que entrassem países árabes moderados, os EUA, Israel, a Turquia – com um quartel-general militar conjunto –, tendo como objectivo «atingir os terroristas» e «levar a estabilidade onde ela é necessária nesses países», indica a mesma fonte.

Agitação crescente com o Irão e os seus «braços»

Tudo isto se dá num contexto em que a Arábia Saudita e Israel – dois dos principais instigadores do terrorismo no Médio Oriente – evidenciam um alarme crescente face ao Irão e àquilo a que chamam os seus «braços», nomeadamente o movimento xiita de resistência libanês Hezbollah e as forças paramilitares xiitas iraquianas Hashd Al-Sha'abi (Unidades de Mobilização Popular), que assumiram um papel fundamental no combate ao Daesh e a outras forças terroristas, sobretudo na Síria e no Iraque.

Neste contexto, Pompeo sublinhou, tal como o fazem os responsáveis políticos israelitas e sauditas, o «papel desestabilizador» do Irão no Médio Oriente. No entanto, quando questionado sobre o cumprimento, por parte dos iranianos, do acordo nuclear que firmaram em 2015 com a China, a Rússia, os EUA, a França, o Reino Unido e a Alemanha – acordo que Israel quer ver revisto –, o director da CIA disse que «os dados recolhidos até ao momento mostram que eles o cumprem cabalmente».

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