|Galiza

CIG apela à mobilização «contra a crise e a pobreza»

No próximo dia 29, por iniciativa da Confederação Intersindical Galega (CIG), têm lugar mobilizações em todas as comarcas da Galiza, em defesa de «políticas públicas, salários e pensões dignas».

Mobilização da CIG contra a pobreza, na Corunha, em Outubro de 2022 
Créditos / Nós Diario

A «grave carestia de vida», que já existia antes da guerra na Ucrânia, «agravou-se desde o seu início», levando à aceleração do «aumento das desigualdades e da pobreza», num contexto de inflação «descontrolada», preços da electricidade e dos combustíveis que «não baixam» e produtos de primeira necessidade que «sobem para preços exorbitantes», denuncia a CIG num documento divulgado no seu portal.

Esta situação social e económica «extrema» está a ter «um impacto brutal» na Galiza, alerta a central sindical, sendo que importantes sectores produtivos e comarcas inteiras estão «a agonizar» e «com cada vez menos emprego e indústria, com mais emigração e com mais população envelhecida».

Medidas insuficientes e injustas

A central sindical de classe considera «insuficientes» as medidas dos governos espanhol e galego para fazer frente à carestia de vida, às quais é preciso juntar «a aprovação de um duro pacote de reformas para satisfazer as injustas exigências» da União Europeia (UE), para «aceder a uns envenenados fundos europeus», que «estão a hipotecar o nosso futuro».

CIG

Os orçamentos galego e do Estado constituem, no entender da CIG, «uma soma de medidas injustas», tanto pelo modo como discriminam a Galiza como por «não darem solução às graves carências e necessidades sociais».

São ainda acompanhados por «lesivas reformas na Segurança Social» e pela «última reforma laboral, na qual nem recuperamos, nem ganhamos direitos, enquanto avança, sob novas formas, a precariedade laboral», denuncia o texto.

Ao invés, o que estas contas contemplam é «mais dinheiro público para armamento», bem como «aumentos salariais que não garantem o poder de compra», enquanto o salário mínimo e as pensões «continuam abaixo do que é recomendado pela Carta Social Europeia».

Lutar para que não sejam os trabalhadores a pagar a crise

A central sindical sublinha a inevitabilidade do conflito com o patronato, na negociação colectiva, e com os governos galego e central, de modo a que sejam aprovadas «medidas de intervenção pública na economia e nos sectores estratégicos».

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Milhares de trabalhadores contra uma reforma que «consolida a precariedade»

Galiza, País Basco e Catalunha foram palco de manifestações contra uma reforma laboral que mantém «o mercado de trabalho assente na precariedade e na economia de casino».

Manifestação contra a reforma laboral, a precariedade e em defesa do quadro galego de negociação colectiva, em Vigo, a 30 de Janeiro de 2022 
Créditos / CIG

Na Catalunha, as mobilizações coordenadas com as bascas e galegas tiveram lugar em Barcelona, este domingo, com os sindicatos a pedirem aos partidos catalães com representação no Congresso espanhol que não apoiem, no próximo dia 3 de Fevereiro, a proposta de reforma laboral acordada entre o governo espanhol, o patronato e os sindicatos CCOO e UGT.

Os sindicatos CGT, CNT, Intersindical Alternativa de Catalunya (IAC), COS, Cobas e Solidaritat Obrera também fizeram um apelo à mobilização no dia 29, exigindo a «revogação real» da reforma laboral de 2012 e acusando o actual executivo espanhol de «ter mentido»: «Nenhuma modificação que conte com o apoio da CEOE [associação patronal] fará mais que uma maquilhagem que consolida o pior do grave ataque que sofremos há dez anos», refere o jornal Público espanhol.

Na Galiza, a Confederação Intersindical Galega (CIG) promoveu mobilizações em 11 localidades contra uma reforma laboral que «consolida a precariedade». Nas ruas, milhares de trabalhadores exigiram a «revogação imediata» das reformas laborais de 2010 e 2012.

O secretário-geral da CIG, Paulo Carril, que participou na marcha realizada em Vigo, instou os deputados ao Congresso espanhol a não aprovarem a reforma negociada por governo, patronato e CCOO e UGT, e reclamou uma nova legislação que permita «recuperar direitos roubados e melhorar as condições de trabalho», indica a CIG no seu portal.

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Contra a «fraude da reforma laboral», trabalhadores nas ruas

Para dizer «não» ao «novo ataque aos trabalhadores» que representa a reforma laboral do governo liderado por Sánchez, os trabalhadores vão-se mobilizar no País Basco, na Galiza e na Catalunha.

Representantes dos principais sindicatos bascos durante a apresentação da jornada de mobilização contra «esta reforma laboral», em Bilbau, no dia 17 de Janeiro 
CréditosMonika del Valle / Berria

A jornada de mobilização conjunta convocada para dia 30 na Galiza, na Catalunha e em Euskal Herria (Comunidade Autónoma Basca e Navarra) é uma resposta ao «ataque» que representa uma reforma laboral que «significa maior precariedade e aumento da centralização da negociação colectiva», refere a Confederação Intersindical Galega (CIG) no seu portal.

Na Galiza, haverá mobilizações em sete cidades e mais quatro localidades sob o lema «Não à fraude da nova reforma laboral», que visa denunciar o facto de o governo de PSOE e Unidas Podemos «não ter cumprido a promessa que tantas vezes anunciara, posto que não revoga a reforma laboral de 2012 imposta pelo PP».

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Sindicalismo de classe rejeita a proposta de reforma laboral do governo espanhol

Vários sindicatos do Estado espanhol denunciam o acordo alcançado entre CCOO e UGT, patronato e governo, porque a proposta apresentada cede aos interesses de Bruxelas e perpetua a precariedade.

Mobilização na Corunha 
Créditos / CIG

Num comunicado conjunto, dezena e meia de organizações sindicais de diversos pontos da Península sublinham o repúdio pela proposta de reforma laboral apresentada pelo governo de PSOE e Unidas Podemos, nomeadamente porque não retira as normas gravosas introduzidas pela reforma laboral de Mariano Rajoy (PP), em 2012, e pela de Rodríguez Zapatero (PSOE), em 2010.

«A prioridade do governo em atrair o patronato ao acordo atribui a este último o direito de veto. Do mesmo modo, a falta de pressão e mobilização dos sindicatos signatários conduziu a uma reforma laboral feita à medida dos interesses do patronato», lê-se no texto, no qual se acusa o governo de Sánchez de «incumprimento» no que respeita à revogação da reforma, tal como o fez com «outras promessas aos cidadãos».

«Esta não revogação da reforma laboral e os contínuos incumprimentos das suas promessas por parte do governo do Estado deixa em evidência os limites do quadro da concertação social e do contexto político do Estado espanhol», denunciam os sindicatos.

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Espanha: a luta dos trabalhadores «não é um crime»

Vários sindicatos do Estado espanhol emitiram um comunicado para denunciar a detenção de cinco grevistas na Baía de Cádis, acusando patronato e governo de «reprimir e criminalizar a luta».

Créditos / CIG Galiza

Num documento conjunto, as organizações sindicais subscritoras denunciam a detenção de cinco pessoas no Bairro de Río San Pedro, em Puerto Real (Andaluzia), acusadas da alegada prática de desordem pública e de atentado à autoridade no decorrer da greve no sector metalúrgico que, no mês passado, mobilizou milhares de trabalhadores na Baía de Cádis, com grande  apoio popular na cidade e no Estado.

Alertando que há mais intimações judiciais a chegar com acusações semelhantes, as organizações representativas dos trabalhadores afirmam que «actualmente muitos municípios [da província] de Cádis têm taxas de desemprego das mais altas do Estado» e que os trabalhadores desenvolveram uma «luta exemplar no sector metalúrgico».

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Continua a luta dos trabalhadores metalúrgicos em Cádis, com grande manifestação

O oitavo dia de greve por tempo indeterminado, que abrange mais de 20 mil trabalhadores do sector na província gaditana, ficou marcado por uma grande mobilização de apoio e por cargas policiais.

Créditos / diariodecadiz.es

O Conselho Andaluz de Relações Laborais, órgão de mediação da Junta da Andaluzia, acolheu esta segunda-feira na sua sede, em Sevilha, a terceira reunião entre as partes desde o início da greve por tempo indeterminado, que terminou esta madrugada como as duas primeiras, sem acordo. Um dirigente da UGT disse à EFE que o patronato «não alterou o seu posicionamento».

Os trabalhadores do sector, que em Cádis ocupam mais de 20 mil postos de trabalho, decidiram partir para a greve para exigir a renovação do acordo colectivo, que caducou em Dezembro de 2020, o seu cumprimento, aumentos salariais e impedir despedimentos.

Com o fracasso na terceira ronda negocial entre organizações representativas dos trabalhadores e a Federação de Empresas do Metal de Cádis, as partes decidiram voltar a encontrar-se já amanhã para continuar a dialogar.

Entretanto, a greve prossegue. Esta terça-feira, oitavo dia consecutivo de paralisação dos trabalhadores do sector metalúrgico na província gaditana, ficou marcado por uma manifestação de apoio aos operários, à qual se juntou o Sindicato de Estudiantes, e que, segundo foi anunciado pela imprensa, deveria contar com a presença de dirigentes políticos regionais e provinciais de esquerda.

Milhares de pessoas manifestaram-se esta terça-feira em apoio aos trabalhadores metalúrgicos em greve / @iDiarioEs

No decorrer da mobilização, registaram-se cargas da polícia de intervenção, que utilizou gás pimenta e balas de borracha contra alguns trabalhadores e estudantes. De acordo com a RT, estes responderam-lhes arremessando-lhes vários objectos.

A mesma fonte refere que os agentes carregaram quando a manifestação se dividiu e o grupo de estudantes tentou alcançar uma ponte de Cádis para cortar o trânsito, «provocando praticamente uma batalha campal no meio de uma grande fumarada» (vários vídeos aqui).

O resto prosseguiu pelo trajecto autorizado em direcção à sede do patronato. No geral, a mobilização decorreu de forma pacífica, ainda que com alguns momentos de tensão e com os trabalhadores a gritarem «Somos operários, não delinquentes».

O portal insurgente.org informa que, ao longo do fim-de-semana, o governo espanhol, por ordem do polémico ministro do Interior Grande-Marlaska (ex-juiz da Audiência Nacional, acusado de ser conivente com a tortura), enviou para a Baía de Cádis mais efectivos da polícia de choque.

De acordo com a fonte, os agentes foram alojados em hotéis de Chiclana para depois serem distribuídos para os palcos de acção, onde se encontram os trabalhadores em luta: San Fernando, Puerto Real e Cádis.

O portal opina que o executivo espanhol está «assustado pela solidariedade que [a luta dos trabalhadores em Cádis] suscitou em amplas camadas da população», «num contexto de cortes e da subida do custo de vida que se avizinham».

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«Infelizmente, as detenções desta quinta-feira [17] não são um caso isolado e temos de as enquadrar na estratégia conjunta do patronato e do governo do Estado de criminalizar o protesto social para assim amedrontarem as pessoas que saem às ruas para lutar pelos seus direitos», afirmam.

Sublinham que não vão permitir «mais repressão e violações dos direitos» contra um «sindicalismo combativo» que «luta pela melhoria das condições de trabalho e de vida da classe trabalhadora». Porque a luta dos trabalhadores «não é um crime», defendem.

Entre os subscritores do documento, contam-se as organizações sindicais CIG e CUT (Galiza), IAC e COS (Catalunha), Intersindical Valenciana, STEI Balears, CSI (Astúrias), CUG (Aragão), ESK, ELA e LAB (País Basco), Intersindical Canaria e SAT (Andaluzia).

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Entre os aspectos considerados mais graves para os trabalhadores, as organizações sindicais apontam a falta de medidas para corrigir a centralização da negociação colectiva, que foi imposta pelas reformas de 2010 e 2012, de tal modo que os acordos sectoriais celebrados nos vários territórios do Estado vão continuar subordinados àqueles que forem acordados a nível central.

E, segundo denunciam, a nível central os sindicatos são «menos combativos», levando a que muitos milhares de trabalhadores em todo o Estado sejam prejudicados e tirando força à luta desenvolvida, por exemplo, no País Basco, na Galiza, na Catalunha, nas Astúrias, na Andaluzia ou nas Canárias.

Despedimentos e perpetuação da precariedade

Bastante criticado é o facto de a proposta de reforma laboral não alterar o que a reforma de 2012, do PP, contempla em matéria de despedimentos, tendo em conta que, sublinham os sindicatos, «nos últimos anos o patronato fez uso dessa reforma para despedir unilateralmente os trabalhadores, sem garantias ou defesas para estes».

«Portanto, esta reforma perpetua a precarização do mercado laboral na medida em que o patronato terá sempre em seu poder a arma do despedimento para pressionar os trabalhadores», alertam.

A actual proposta «ajusta-se às exigências de Bruxelas e às suas chantagens para [Espanha] poder aceder aos fundos europeus», fundos que, defendem, não se destinam a ajudar os trabalhadores e as camadas populares, mas antes as grandes corporações económicas.

Sobre a reforma laboral, Paulo Carril, secretário-geral da Confederação Intersindical Galega, uma das organizações signatárias da declaração conjunta, disse que se trata de «uma reforma injusta que consolida, com novas formas, a precariedade e a centralização das relações laborais e que não permite, portanto, a recuperação dos direitos roubados, nem avançar na conquista de novos direitos para a classe trabalhadora».

Entre as centrais sindicais signatárias contam-se CIG e CUT (Galiza), CSI (Astúrias), ELA, LAB e ESK (País Basco), CUT e STA-SOA (Aragão), STEI Balears, Intersindical Valenciana, COS, IAC e Intersindical de Catalunya (Catalunha), SAT (Andaluzia) e Intersindical Canaria.

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A CIG, que acusa tanto o governo espanhol como as centrais sindicais UGT e CCOO de se terem colado aos interesses do patronato, afirma que o chamado «pacto social» se evidenciou uma vez mais como «o enterrador dos direitos dos trabalhadores».

«O texto desta nova reforma, ademais de manter as medidas mais lesivas da do PP, incorpora outras novas que favorecem o empresariado à conta, outra vez, da classe operária», sublinha a central sindical, referindo como exemplos o despedimento fácil e barato, a precariedade, a desregulação da jornada laboral ou a prevalência dos convénios estatais sobre os que são negociados na Galiza, para prejuízo dos trabalhadores galegos.

No País Basco, «não a esta reforma laboral»

A maioria dos sindicatos bascos – ELA, LAB, Steilas, ESK, Etxalde e Hiru – convocou para dia 30 uma jornada de mobilização nas quatro capitais de província, que visam, acima de tudo, reivindicar o quadro basco de relações laborais («aqui se trabalha, aqui se negoceia»), e o fim da precariedade e do despedimento fácil.

Tal como a CIG, os sindicatos bascos acusam o governo de Sánchez de ter faltado à palavra, porque não revogou as reformas laborais impostas, nem sequer descartou os aspectos mais lesivos para os trabalhadores.

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As reformas laborais de Madrid prejudicam os trabalhadores

As reformas de 2010 e 2012 agravaram as condições de trabalho e de vida, e agora exigia-se a sua revogação e recuperar direitos. Mas isso não acontece, denunciam ELA e LAB, no País Basco, e CIG, na Galiza.

Trabalhadores bascos denunciam a centralização da negociação colectiva que a «reforma» consagra, tendo em conta que, afirmam, o quadro sindical estatal é «menos combativo» e prejudica milhares de trabalhadores 
Créditos / ELA

A propósito da publicação dos dados mensais sobre o emprego, os sindicatos ELA e LAB denunciam as declarações triunfalistas que escondem realidades como elevada precaridade, a criação de emprego de baixa qualidade e a falta de protecção social no desemprego.

Referindo-se à realidade do País Basco Sul (Comunidade Autónoma Basca e Navarra, sob administração estatal espanhola), os maiores sindicatos bascos registam a ligeira diminuição do desemprego, mas sublinham o pouco que há para celebrar quando, em 2021, 91,4% dos contratos registados foram temporários e num contexto em que apenas um em cada quatro trabalhadores desempregados recebe subsídio de desemprego.

«Corremos o risco de que comece a prevalecer um discurso que reforce a ideia de que já estamos no final da crise», alerta o LAB, lembrando que a resposta à crise de 2008 no Estado espanhol foram várias reformas laborais, que não trouxeram benefícios para os trabalhadores, antes prejuízos.

«Aquelas reformas foram tão profundas que depois de uma década agravaram consideravelmente as condições de trabalho e de vida da população. Aumentou a pobreza, aumentaram as desigualdades sociais, cresceu a desproporção entre os rendimentos do capital e os do trabalho, aumentaram as diferenças salariais», afirma o LAB numa nota ontem publicada, sublinhando que as reformas de Zapatero (2010) e Rajoy (2012) foram «um ataque directo à classe trabalhadora, uma grande prenda ao patronato e ao capital».

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Sindicalismo de classe rejeita a proposta de reforma laboral do governo espanhol

Vários sindicatos do Estado espanhol denunciam o acordo alcançado entre CCOO e UGT, patronato e governo, porque a proposta apresentada cede aos interesses de Bruxelas e perpetua a precariedade.

Mobilização na Corunha 
Créditos / CIG

Num comunicado conjunto, dezena e meia de organizações sindicais de diversos pontos da Península sublinham o repúdio pela proposta de reforma laboral apresentada pelo governo de PSOE e Unidas Podemos, nomeadamente porque não retira as normas gravosas introduzidas pela reforma laboral de Mariano Rajoy (PP), em 2012, e pela de Rodríguez Zapatero (PSOE), em 2010.

«A prioridade do governo em atrair o patronato ao acordo atribui a este último o direito de veto. Do mesmo modo, a falta de pressão e mobilização dos sindicatos signatários conduziu a uma reforma laboral feita à medida dos interesses do patronato», lê-se no texto, no qual se acusa o governo de Sánchez de «incumprimento» no que respeita à revogação da reforma, tal como o fez com «outras promessas aos cidadãos».

«Esta não revogação da reforma laboral e os contínuos incumprimentos das suas promessas por parte do governo do Estado deixa em evidência os limites do quadro da concertação social e do contexto político do Estado espanhol», denunciam os sindicatos.

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Espanha: a luta dos trabalhadores «não é um crime»

Vários sindicatos do Estado espanhol emitiram um comunicado para denunciar a detenção de cinco grevistas na Baía de Cádis, acusando patronato e governo de «reprimir e criminalizar a luta».

Créditos / CIG Galiza

Num documento conjunto, as organizações sindicais subscritoras denunciam a detenção de cinco pessoas no Bairro de Río San Pedro, em Puerto Real (Andaluzia), acusadas da alegada prática de desordem pública e de atentado à autoridade no decorrer da greve no sector metalúrgico que, no mês passado, mobilizou milhares de trabalhadores na Baía de Cádis, com grande  apoio popular na cidade e no Estado.

Alertando que há mais intimações judiciais a chegar com acusações semelhantes, as organizações representativas dos trabalhadores afirmam que «actualmente muitos municípios [da província] de Cádis têm taxas de desemprego das mais altas do Estado» e que os trabalhadores desenvolveram uma «luta exemplar no sector metalúrgico».

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Continua a luta dos trabalhadores metalúrgicos em Cádis, com grande manifestação

O oitavo dia de greve por tempo indeterminado, que abrange mais de 20 mil trabalhadores do sector na província gaditana, ficou marcado por uma grande mobilização de apoio e por cargas policiais.

Créditos / diariodecadiz.es

O Conselho Andaluz de Relações Laborais, órgão de mediação da Junta da Andaluzia, acolheu esta segunda-feira na sua sede, em Sevilha, a terceira reunião entre as partes desde o início da greve por tempo indeterminado, que terminou esta madrugada como as duas primeiras, sem acordo. Um dirigente da UGT disse à EFE que o patronato «não alterou o seu posicionamento».

Os trabalhadores do sector, que em Cádis ocupam mais de 20 mil postos de trabalho, decidiram partir para a greve para exigir a renovação do acordo colectivo, que caducou em Dezembro de 2020, o seu cumprimento, aumentos salariais e impedir despedimentos.

Com o fracasso na terceira ronda negocial entre organizações representativas dos trabalhadores e a Federação de Empresas do Metal de Cádis, as partes decidiram voltar a encontrar-se já amanhã para continuar a dialogar.

Entretanto, a greve prossegue. Esta terça-feira, oitavo dia consecutivo de paralisação dos trabalhadores do sector metalúrgico na província gaditana, ficou marcado por uma manifestação de apoio aos operários, à qual se juntou o Sindicato de Estudiantes, e que, segundo foi anunciado pela imprensa, deveria contar com a presença de dirigentes políticos regionais e provinciais de esquerda.

Milhares de pessoas manifestaram-se esta terça-feira em apoio aos trabalhadores metalúrgicos em greve / @iDiarioEs

No decorrer da mobilização, registaram-se cargas da polícia de intervenção, que utilizou gás pimenta e balas de borracha contra alguns trabalhadores e estudantes. De acordo com a RT, estes responderam-lhes arremessando-lhes vários objectos.

A mesma fonte refere que os agentes carregaram quando a manifestação se dividiu e o grupo de estudantes tentou alcançar uma ponte de Cádis para cortar o trânsito, «provocando praticamente uma batalha campal no meio de uma grande fumarada» (vários vídeos aqui).

O resto prosseguiu pelo trajecto autorizado em direcção à sede do patronato. No geral, a mobilização decorreu de forma pacífica, ainda que com alguns momentos de tensão e com os trabalhadores a gritarem «Somos operários, não delinquentes».

O portal insurgente.org informa que, ao longo do fim-de-semana, o governo espanhol, por ordem do polémico ministro do Interior Grande-Marlaska (ex-juiz da Audiência Nacional, acusado de ser conivente com a tortura), enviou para a Baía de Cádis mais efectivos da polícia de choque.

De acordo com a fonte, os agentes foram alojados em hotéis de Chiclana para depois serem distribuídos para os palcos de acção, onde se encontram os trabalhadores em luta: San Fernando, Puerto Real e Cádis.

O portal opina que o executivo espanhol está «assustado pela solidariedade que [a luta dos trabalhadores em Cádis] suscitou em amplas camadas da população», «num contexto de cortes e da subida do custo de vida que se avizinham».

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Sublinham que não vão permitir «mais repressão e violações dos direitos» contra um «sindicalismo combativo» que «luta pela melhoria das condições de trabalho e de vida da classe trabalhadora». Porque a luta dos trabalhadores «não é um crime», defendem.

Entre os subscritores do documento, contam-se as organizações sindicais CIG e CUT (Galiza), IAC e COS (Catalunha), Intersindical Valenciana, STEI Balears, CSI (Astúrias), CUG (Aragão), ESK, ELA e LAB (País Basco), Intersindical Canaria e SAT (Andaluzia).

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E, segundo denunciam, a nível central os sindicatos são «menos combativos», levando a que muitos milhares de trabalhadores em todo o Estado sejam prejudicados e tirando força à luta desenvolvida, por exemplo, no País Basco, na Galiza, na Catalunha, nas Astúrias, na Andaluzia ou nas Canárias.

Despedimentos e perpetuação da precariedade

Bastante criticado é o facto de a proposta de reforma laboral não alterar o que a reforma de 2012, do PP, contempla em matéria de despedimentos, tendo em conta que, sublinham os sindicatos, «nos últimos anos o patronato fez uso dessa reforma para despedir unilateralmente os trabalhadores, sem garantias ou defesas para estes».

«Portanto, esta reforma perpetua a precarização do mercado laboral na medida em que o patronato terá sempre em seu poder a arma do despedimento para pressionar os trabalhadores», alertam.

A actual proposta «ajusta-se às exigências de Bruxelas e às suas chantagens para [Espanha] poder aceder aos fundos europeus», fundos que, defendem, não se destinam a ajudar os trabalhadores e as camadas populares, mas antes as grandes corporações económicas.

Sobre a reforma laboral, Paulo Carril, secretário-geral da Confederação Intersindical Galega, uma das organizações signatárias da declaração conjunta, disse que se trata de «uma reforma injusta que consolida, com novas formas, a precariedade e a centralização das relações laborais e que não permite, portanto, a recuperação dos direitos roubados, nem avançar na conquista de novos direitos para a classe trabalhadora».

Entre as centrais sindicais signatárias contam-se CIG e CUT (Galiza), CSI (Astúrias), ELA, LAB e ESK (País Basco), CUT e STA-SOA (Aragão), STEI Balears, Intersindical Valenciana, COS, IAC e Intersindical de Catalunya (Catalunha), SAT (Andaluzia) e Intersindical Canaria.

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Por isso se exigia a sua revogação pelo actual governo de PSOE e Unidas Podemos, mas, denuncia o LAB, não só se ficou «longe da revogação» como das medidas «que a actual situação exige».

Por seu lado, o ELA afirma que «não atacar com eficácia a dimensão da precariedade» é mais uma das cedências do governo ao patronato, exigindo que a reforma publicada dia 28 de Dezembro como Real Decreto Lei não vá avante.

Para a maior organização sindical basca, «criar emprego, evitar a sua destruição e garantir postos de trabalho de qualidade requerem um quadro legislativo muito diferente daquele que foi acordado na mal chamada concertação social».

Para lá do «embrulho e da propaganda»

Depois de uma reunião, esta segunda-feira, para abordar a «reforma» do governo de Sánchez, que contou com a presença dos máximos representantes da Confederação Intersindical Galega (CIG) e do Bloque Nacionalista Galego (BNG), Paulo Carril, secretário-geral da CIG, afirmou em conferência de imprensa que «estamos perante uma não revogação da brutal reforma laboral» aprovada pelo PP em 2012, iniciada em 2010 pelo PSOE, e que representou um «golpe de estado» aos direitos da classe trabalhadora.

Carril denunciou que, pese embora «todo o embrulho e propaganda» com que a apresentam, se trata de «uma alteração legislativa com a qual se pretende consolidar a pior versão possível da reforma laboral de 2012».

Para a organização sindical, há dois aspectos «muito negativos» em torno dos quais a «reforma» gira: o embaratecimento e a facilitação dos despedimentos; caminhar para uma realidade de precariedade e insegurança laboral permanente.

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«Preferiu um acordo com a CEOE [associação patronal] através do diálogo social, em vez de cumprir o compromisso adquirido com a classe trabalhadora», denunciam, sublinhando que a reforma laboral acordada entre governo, patronato, CCOO e UGT «mantém o esqueleto das de 2010 e 2012», uma vez que «praticamente todas as ferramentas que procuravam o empobrecimento dos trabalhadores» continuam vigentes.

Os sindicatos bascos mostram-se particularmente preocupados com dois elementos. Por um lado, a imposição da negociação a nível estatal, sem que tenha sido dada segurança jurídica aos convénios negociados na Comunidade Autónoma Basca e em Navarra pelas organizações representativas dos trabalhadores bascos.

Por outro lado, é motivo de preocupação o facto de continuar «intacta» toda a engrenagem de embaratecimento dos despedimentos criada em 2012. «O despimento fácil é um instrumento de precarização e incerteza para os trabalhadores e, por isso, o patronato impôs o veto à sua modificação», destacam.

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Carril não poupou palavras ao papel «entreguista» e de «tontos úteis» desempenhado por CCOO e UGT nesta «fraude», que actualiza a reforma de 2012 «à medida das duras e injustas condições impostas pela UE [União Europeia] para aceder a fundos comunitários».

No País Basco, milhares de trabalhadores, convocados pela maioria sindical basca, manifestaram-se nas quatro capitais provinciais – Bilbau, Donostia, Vitória-Gasteiz e Iruñea-Pamplona – para denunciar, tal como na Galiza e na Catalunha, a perpetuação da precariedade e a imposição do quadro estatal de negociação colectiva sobre os convénios que são negociados nas regiões autonómicas, para prejuízo dos trabalhadores.

Na manifestação de Bilbau participou e interveio a secretária-geral do sindicato LAB, Garbiñe Aranburu, que sublinhou a importância da luta nos locais de trabalho, nas ruas e no Congresso.

Para que o País Basco seja uma zona «livre de reforma», Aranburu referiu que está em marcha um novo ciclo de luta, mobilização e greves. O objectivo, disse, é que «em Euskal Herria haja trabalho, pensões e serviços públicos dignos».

A dirigente sindical insistiu que «esta reforma laboral perpetua a precariedade» e acusou o governo espanhol de ter vendido «uma mão cheia de nada aos trabalhadores». «Querem vender um acordo à medida do patronato, considerando-o histórico, quando perpetua a precarização. Mas isso não cola», disse.

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Neste sentido, exige um «verdadeiro plano de choque urgente», com o intuito de «travar os efeitos devastadores dos altos preços» e para «enfrentar uma saída galega justa da crise».

É neste contexto que a Confederação Intersindical Galega apela à mobilização da população em todas as comarcas do território, estando marcadas, para o dia 29 deste mês, manifestações, entre as 19h e as 20h, em cidades como Pontevedra, Ferrol, Vigo, Compostela, Lugo, Ourense, Verín, Corunha ou A Guarda.

«Temos de nos mobilizar para fazer frente a esta situação, porque a classe trabalhadora galega está em risco de pagar, mais uma vez, esta nova crise, como aconteceu nas crises anteriores», alerta a organização sindical.

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