|Síria

Cinco milhões de refugiados regressaram a suas casas na Síria

O ministro interino da Administração Local da Síria, Hussein Makhlouf, revelou que cerca de cinco milhões de refugiados e deslocados voltaram para as suas casas, de forma voluntária e segura.

Vista do campo de refugiados de Rukban, na região síria de al-Tanf, junto à fronteira com a Jordânia
Créditos / sott.net

Makhlouf, que é também líder da Comissão de Coordenação Ministerial Sírio-Russa, disse que a melhoria significativa das condições de segurança em quase todo o país levantino contribuiu para o número de regressados, assim como o empenho permanente do governo sírio em garantir os serviços básicos e uma digna àqueles que voltam.

As declarações de Hussein Makhlouf foram proferidas esta segunda-feira no Palácio das Convenções de Damasco, no âmbito das reuniões conjuntas sírio-russas que visam dar continuidade aos resultados da Conferência Internacional sobre o Regresso dos Refugiados Sírios, que se realizou em Novembro de 2020, informa a SANA.

Outras medidas que visam facilitar o regresso dos refugiados, referiu o ministro da Administração Local, são a concessão de amnistias, a libertação de presos, a normalização do estatuto jurídico dos sírios que saíram do país de forma ilegal e a simplificação dos trâmites nas fronteiras.

Amplo esforço de reconstrução

Por seu lado, o chefe do Órgão de Coordenação Ministerial Conjunto da Federação Russa, Mikhail Mizintsev, afirmou que os sírios retornados recebem cuidados médicos, ajuda alimentar e educação gratuita, bem como oportunidades de trabalho.

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Começou em Damasco conferência internacional sobre regresso dos refugiados

Bashar al-Assad afirmou que a questão dos refugiados sírios é uma questão nacional e humanitária, sublinhando os esforços realizados pelo país para tornar possível o seu regresso, apesar dos obstáculos.

Uma refugiada síria e os seus filhos preparam-se para regressar a casa, em 3 de Julho de 2018.
CréditosRuth Sherlock/NPR / WUWM 89.7

Com a participação de representantes da Rússia, da China, do Irão, do Paquistão, de Omã e de vários países árabes, teve hoje início, na capital síria, a Conferência Internacional sobre o Regresso dos Refugiados, que se prolonga até amanhã e durante a qual os participantes vão abordar as vias para que milhões de refugiados e deslocados possam regressar a suas casas e «viver uma vida em condições normais».

Na sessão de abertura do evento, que decorre no Palácio das Convenções, o presidente sírio agradeceu à Rússia pelos grandes esforços que levou a cabo para tornar possível a realização da conferência, «apesar de todas as tentativas a nível internacional para o impedir».

Agradeceu igualmente ao Irão pelo esforço colocado na realização do evento e pelo seu apoio, «que contribuiu para aliviar as repercussões a guerra e os impactos do bloqueio».

«Alguns países ocidentais exploraram de forma atroz a questão humanitária dos refugiados sírios, transformando-a numa cartada de pressão e negociação política ao serviço das suas agendas»

Bashar al-assad

Na sua intervenção, por vídeo, Bashar al-Assad afirmou que as pressões políticas, as sanções económicas e o bloqueio imposto pelos EUA e seus aliados dificultam os esforços das instituições estatais sírias com vista à reabilitação e reconstrução das infra-estruturas destruídas e arrasadas pela guerra de agressão terrorista.

Apesar disso e do esforço que a guerra contra o terrorismo exigiu ao país, al-Assad destacou que, nos últimos anos, a Síria conseguiu criar condições e garantias para trazer de volta centenas de milhares de refugiados, estando hoje «a trabalhar sem descanso para o regresso de cada refugiado que queira participar na reconstrução da sua pátria», refere a agência SANA.

Segundo o presidente da Síria, a esmagadora maioria dos sírios no estrangeiro «está agora mais que nunca disposta a regressar porque se recusa a ser uma peça no tabuleiro da exploração política de certos governos que apoiam o terrorismo contra a sua pátria».

«Alguns países ocidentais exploraram de forma atroz a questão humanitária dos refugiados sírios, transformando-a numa cartada de pressão e negociação política ao serviço das suas agendas», além de explorarem monetariamente os refugiados, sem terem em conta o seu sofrimento no estrangeiro, denunciou.

«as potências ocidentais e as suas marionetas na região impediram o regresso dos refugiados, pressionando-os e intimidando-os»

Al-Assad acusou as potências ocidentais e as suas marionetas na região de terem impedido o regresso dos refugiados, pressionando-os e intimidando-os, algo que, em seu entender, não é estranho se se pensar que se trata de países cujos governos se empenharam a fundo para disseminar o terrorismo na Síria, que provocou a morte de centenas de milhares de pessoas e obrigou milhões a fugir.

«Claro que esses estados não podem ser os mesmos que aqueles que são a razão e a estrada para o seu regresso à pátria. A sua recusa em participar nesta conferência é disso a melhor prova», acusou al-Assad, citado pela SANA.

«É preciso erradicar todos os focos do terrorismo na Síria e secar as suas fontes»

Em nome da Rússia, pronunciou-se o seu ministro dos Negócios Estrangeiros, Sergei Lavrov, que afirmou que a ausência dos Estados Unidos no evento evidencia a sua política de dois pesos e duas medidas para com a Síria.

«o problema dos refugiados é o resultado de uma guerra imposta ao povo sírio, que durou uma década»

Ali Asghar Khaji (Irão)

Acrescentou que a solução para a crise dos refugiados requer a participação da comunidade internacional e que alguns países deixem de politizar a questão.

Pelo Irão, Ali Asghar Khaji, o principal assistente do ministro dos Negócios Estrangeiros, propôs à conferência a criação de um fundo internacional para a reconstrução da Síria, tendo em conta o impacto directo dessa medida no regresso dos deslocados, e sublinhou que «o problema dos refugiados é o resultado de uma guerra imposta ao povo sírio, que durou uma década», indica a Prensa Latina.

A China está representada no evento pelo seu embaixador, Phuong Biao, que afirmou que as sanções económicas à Síria são ilegais e impedem o regresso dos refugiados ao seu país. «É preciso erradicar todos os focos do terrorismo na Síria e secar as suas fontes», disse.

No primeiro dia da conferência, a Rússia anunciou que vai atribuir ao governo sírio mais de mil milhões de dólares, que se destinam à reconstrução das redes eléctricas e da indústria no país árabe.

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O militar russo revelou que foram reconstruídas 987 escolas, 255 centros de saúde e 4966 edifícios residenciais, enquanto mais de 14 400 instalações industriais voltaram a funcionar.

Além disso, precisou, foram recuperadas pontes e estradas, linhas de electricidade e centenas de poços de água potável e padarias.

Mizintsev alertou que o bloqueio e as sanções impostos à Síria impedem a reconstrução do país, e que a presença ilegal de forças estrangeiras em território sírio impede a estabilização da situação das zonas que ocupam.

Ocupação norte-americana e turca dificultam o regresso dos refugiados

O vice-ministro dos Negócios Estrangeiros, Ayman Sousan, destacou que o governo sírio, sob a orientação do presidente Bashar al-Assad, vai continuar a tomar todas as medidas para tornar mais fácil o regresso a casa dos refugiados e deslocados internos, refere a SANA.

O diplomata denunciou a atitude de alguns países hostis à Síria, que impedem o regresso de sírios que neles se refugiaram e exploram o seu sofrimento, ao serviço dessa «agenda hostil».

Destacou ainda o modo como a ocupação norte-americana e turca de partes do território da Síria, as medidas coercivas unilaterais ilegais e as tentativas de dificultar o processo de reconstrução do país colocam obstáculos ao regresso dos refugiados.

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