|Turquia

«Refugiados não são responsáveis pela nova onda migratória» na Turquia

Com a chegada de migrantes afegãos, o tema voltou a estar na berra na Turquia. O TKP pergunta: «Quem é responsável?», e aponta o dedo à «ganância dos países imperialistas por mais domínio e exploração».

É preciso travar as guerras imperialistas, não atacar os refugiados, defende o TKP 
Créditos / Hürriet Daily News

«As pessoas emigram por causa da ganância dos países imperialistas por mais domínio e exploração, que transformaram os seus países numa zona de guerra», afirma o TKP no seu diário digital Boyun Eğme.

«As guerras imperialistas e ocupações que criaram a onda de migração forçada têm de ser travadas», acrescentam os comunistas turcos ao tentarem responder à questão que eles mesmo colocam no contexto da discussão acesa em torno da chegada de mais migrantes: «Quem é responsável por isso?»

O TKP lembra que, depois do início da guerra de agressão na Síria, milhões de sírios tiveram de escapar do Daesh; agora, os migrantes estão a fugir da ameaça dos Talibã no Afeganistão.

«A opressão e a violência estão numa escalada constante; não há fim para os conflitos e massacres. Milhões de trabalhadores são obrigados a sair de suas casas», afirma o texto.

Muitos outros milhões estão a migrar

Este cenário, sublinha, não ocorreu apenas na Síria ou no Afeganistão, pois há milhões de pessoas que não conseguem ver um futuro em muitos países e vão para fora, preocupadas em sobreviver ou com uma vida digna.

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UE prolonga sanções e Síria denuncia «hipocrisia» das políticas europeias

O governo sírio afirmou que a decisão da UE de renovar as sanções contra o país árabe revela o «amplo envolvimento da UE» na guerra de agressão e o seu «apoio ilimitado aos grupos terroristas».

Créditos / Vestnik Kavkaza

Seguindo as passadas do aliado norte-americano, a União Europeia (UE) tem imposto, ao longo dos anos, uma política de sanções e de estrangulamento económico, comercial e financeiro à Síria, que ontem decidiu prolongar por mais um ano – até 1 de Junho de 2021.

Num comunicado divulgado esta quinta-feira pela agência SANA, o Ministério sírio dos Negócios Estrangeiros afirma que as sanções constituem «uma violação flagrante das leis humanas mais básicas e do direito humanitário internacional», representando um «crime contra a humanidade».

O texto revela ainda que a decisão da UE de renovar as medidas coercitivas «não é surpreendente», sobretudo tendo em conta que a mesma é tomada logo após os Estados Unidos terem adoptado uma posição semelhante. Para o Ministério, isto mostra como a UE perdeu «a independência de resolução» e evidencia o seu «servilismo face às políticas dos EUA».

No documento, o governo da Síria sublinha que a «hipocrisia se tornou uma característica fundamental das políticas europeias» e denuncia o «amplo envolvimento da UE» na guerra de agressão ao país árabe, bem como o seu «apoio ilimitado aos grupos terroristas».

Neste sentido, acrescenta, a UE é responsável pelo «derramamento de sangue dos sírios» e pelo «sofrimento que têm de enfrentar como consequência das sanções económicas injustas» que são impostas aos país e que «dificultam os esforços para proporcionar infra-estruturas médicas necessárias para fazer frente à pandemia do nuevo coronavírus SARS-CoV-2».

Ingerência, imperialismo e mentiras

A UE e progressistas de certa estirpe costumam aludir à «repressão» da China, da Venezuela ou da Síria sobre o povo, e, humanitários que são, estão dispostos a acabar com a «repressão» que vislumbram em tais terras recorrendo a medidas coercitivas.


Ainda com base no seu fundo humanitarismo – a Casa Branca também mostra o mesmo –, costumam destacar que as sanções impostas não se dirigem ao povo nem afectam os seus serviços essenciais, são apenas contra presidentes, altos funcionários políticos, militares, empresários.

Depois, quando os grandes conglomerados da informação ao serviço do capitalismo falam em pobreza, dificuldades, refugiados, graves crises económicas e financeiras, e necessidade de ajuda humanitária em tais países, fazem-no como se isso nada tivesse a ver com as sanções e, no caso da Síria, aludem a uma guerra que dura há quase dez anos – sim, não mentem –, mas como se EUA, Reino Unido, França, Alemanha e vários outros países-membros da UE não tivessem nada a ver com o «cenário».

O que não dizem é que, perdida a vitória militar no terreno – tal como se chegou a vislumbrar no «cenário» de 2014 e 2015 –, a aliança de potências ocidentais, petro-ditaduras do Golfo, Turquia, Israel mantém a linha de ataque destinada a dividir e destruir o Estado sírio, usando outras pressões e vias.

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«Precisamos de compreender porque é que as pessoas emigram. Precisamos de compreender que temos de travar esta grande tragédia», sublinha o texto.

«As pessoas não deixam a terra onde nasceram e cresceram de forma voluntária, são forçadas a isso», afirmam os comunistas turcos, e acrescentam: «Ao migrar, enfrentam viagens inseguras e perdem as suas vidas nas estradas. Onde quer que vão, são expostas a discriminação e violência, completamente sozinhas, à mercê dos seus destinos.»

«Trabalhando em condições de escravidão, ganham a hostilidade da sua mesma classe, que está a enfrentar o desemprego. As ondas migratórias estão a despertar reacções nacionalistas e racistas», alerta o TKP.

O imperialismo e o capitalismo são responsáveis

Os comunistas turcos responsabilizam por esta situação os Estados Unidos e demais potências imperialistas ocidentais, que ignoram a soberania dos países, cooperam com as forças reaccionárias, iniciam guerras e provocam agitação interna.

Também responsabiliza o governo turco, do Partido Justiça e Desenvolvimento (AKP), «que é o comissário da NATO na Síria e no Afeganistão, e está envolvido em intervenções militares ao abrigo dos EUA».

Responsável é também o patronato que obriga os refugiados a trabalhar mais duramente para obter mais lucro, espalhando o trabalho precário e sem regulação.

«Os refugiados não podem ser responsabilizados pela onda de migração. Lutar contra os refugiados para parar a onda migratória não é a solução», afirma o TKP, sublinhando que o discurso anti-refugiados complica ainda mais o problema, ao «virar os trabalhadores uns contra os outros».

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