Tentar destruir o Hamas não é matar civis palestinianos, não é cortar o abastecimento de água, eletricidade e alimentos, tornando inoperantes os hospitais, destruir edifícios e infraestruturas e reduzir paulatinamente Gaza a escombros.
Segundo Netanyahu, a guerra contra o Hamas irá decorrer em três etapas. Pela forma como está a ser desencadeada, desconhece-se de que tipo se revestirão as outras etapas, salvo se terminarem como a anexação pura e simples, da Faixa de Gaza no Estado de Israel como território «de terra de ninguém» ou «abandonado», assim contribuindo decisivamente para o fim da solução de «dois Estados». Com efeito, não se sabe a que título Israel está a instalar instabilidade na Cisjordânia esta sob controlo da Autoridade Palestiniana.
O mais grave é que esta guerra está a decorrer sob o declarado beneplácito de EUA e da EU. É simplesmente farisaico estar a apelar-se à «proporcionalidade» no exercício do direito de defesa, numa altura em que a posição militar israelita, afirma que não se pode destruir o Hamas sem atingir os civis. Custa a acreditar nesse posicionamento, atendendo ao enorme poderio militar de que Israel dispõe, como pela superior capacidade do seu serviço de informação. Tudo isto contribui para a manifestação, agora também do lado de Israel, para a solução final relativamente aos palestinianos, com os perigos que deste posicionamento possam decorrer.
Estamos em pleno séc. XXI, numa altura em que o valor e o respeito pela dignidade humana se acentuam. Neste contexto, a vida de um civil sujeito a ser morto aleatoriamente em guerra vale, no mínimo, tanto quanto a de um refém. Os dois merecem ser salvos. O Conselho de Segurança da ONU, sede apropriada e privilegiada onde os problemas entre as Nações se resolvem tem seguramente uma posição definitiva e clara a adotar nesta contenda, nomeadamente pelo controlo militar sob seus auspícios e onde só valores de convivência social imperem antes que o chauvinismo político, religioso ou cultural de qualquer espécie aproxime a humanidade do abismo.
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