|Cuba

Dia do Educador Cubano é sinónimo da vitória contra o analfabetismo

Cuba assinalou, esta quinta-feira, o Dia do Educador, que serve para homenagear os profissionais da Educação e evocar uma das grandes conquistas da Revolução: a Campanha de Alfabetização.

Professor e alunaos numa sala de aula em Cuba 
Créditos / Prensa Latina

Nos centros de ensino de todo o país caribenho, assinala-se o dia dedicado a quem se dedica a ensinar e a educar. Presidente da República, Parlamento, tutela, personalidades, organizações e sindicatos louvaram o papel desempenhado na sociedade pelos docentes cubanos, que são hoje mais de 250 mil.

O chefe de Estado, Miguel Díaz-Canel, felicitou os docentes cubanos no seu dia, escrevendo na sua conta de Twitter: «Poucos dias são tão felizes no calendário escolar como o de hoje, quando celebramos os educadores cubanos. Obrigado pela constância e a entrega, pela superação e a criatividade. Todos somos um pouco filhos dos nossos professores.»

|

Cuba comemora Dia Mundial da Alfabetização

A campanha que em 1961 fez do país caribenho o primeiro território da região livre de analfabetismo é uma das principais conquistas educacionais hoje assinaladas. 

8 de Setembro é o Dia Mundial da AlfabetizaçãoCréditos / Portal Galego da Língua

A Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) reconhece a campanha de alfabetização aplicada na maior ilha das Antilhas, fruto da Revolução Cubana, como um exemplo pioneiro dos valores promovidos pela organização para a Agenda Educacional 2030.

«Sem precedentes na América Latina e no Caribe, constituiu o ponto de partida dos notáveis ​​avanços educacionais feitos pelo país», reconheceu recentemente a Comissão Nacional Cubana para a UNESCO na sua página no Facebook, citada pela Prensa Latina.

A campanha marcou a evolução subsequente da nação onde havia 979 200 analfabetos em 1961 e mais de 800 000 crianças, com idades entre os cinco e os 15 anos, que não frequentavam a escola.


Com o objectivo de ampliar as garantias educacionais, mais de 100 000 estudantes foram convocados pelo líder da Revolução Cubana, Fidel Castro, para o movimento iniciado em 1.º de Janeiro de 1961, onde 69 quartéis foram convertidos em escolas, tendo sido convocados também 14 mil trabalhadores, que concentraram a sua actividade nos meios rurais, e 34 772 professores voluntários.

Como resultado, 707,2 mil analfabetos aprenderam a ler e escrever. A taxa de analfabetismo desceu para 3,9% e foi facilitado o acesso gratuito e universal aos diferentes níveis de ensino.

Quase seis décadas depois, e atendendo ao cenário gerado pela Covid-19, a UNESCO reconhece as estratégias de Cuba em termos de Educação inclusiva e de qualidade, conforme assinou no mais recente Relatório de Monitoramento da Educação Mundial 2020 , conhecido como GEM.

Apesar do forte bloqueio imposto pelos EUA, as políticas cubanas no âmbito da Educação, definidas no 73.º artigo da sua Constituição, exigem do Estado o pleno acesso à população em todos os níveis de ensino educacional.

«A educação é um direito de todas as pessoas e responsabilidade do Estado, que garante serviços educacionais gratuitos, acessíveis e de qualidade para uma formação integral, desde a infância à pós-graduação universitária», lê-se na Carta Magna.

Tipo de Artigo: 
Notícia
Imagem Principal: 
Mostrar / Esconder Lead: 
Mostrar
Mostrar / Esconder Imagem: 
Mostrar
Mostrar / Esconder Vídeo: 
Esconder
Mostrar / Esconder Estado do Artigo: 
Mostrar
Mostrar/ Esconder Autor: 
Esconder
Mostrar / Esconder Data de Publicação: 
Esconder
Mostrar / Esconder Data de Actualização: 
Esconder
Estilo de Artigo: 
Normal

Tópico

Contribui para uma boa ideia

Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz.

O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença.

Contribui aqui

Na mesma rede social, o presidente do Parlamento de Cuba, Esteban Lazo, destacou «o papel decisivo e a entrega quotidiana» destes profissionais «na formação e na educação do nosso povo, guiados pelo exemplo daqueles que levaram a cabo a histórica Campanha de Alfabetização».

Por seu lado, a ministra da Educação, Ena Elsa Velázquez, enviou uma carta de saudação aos trabalhadores do sector, indica a Prensa Latina, na qual afirmou que o país necessita de uma educação inclusiva e de qualidade para todos.

No dia anterior, 21, representantes do Ministério da Educação Superior distinguiram com a Medalha José Tey docentes de várias instituições e universidades, pelos seus contributos para a formação das novas gerações de profissionais.

Cuba: território livre de analfabetismo há 61 anos

A 22 de Dezembro de 1961, na Praça da Revolução, em Havana, Fidel Castro anunciou o fim da Campanha de Alfabetização iniciada a 1 de Janeiro desse ano e declarou Cuba como Território Livre de Analfabetismo. «Ganhámos uma grande batalha», disse. A data passou a ser assinalada como o Dia do Educador.

Em Setembro de 1960, Fidel Castro havia anunciado nas Nações Unidas: «(...) no próximo ano, o nosso povo propõe-se travar a sua grande batalha contra o analfabetismo, com a meta ambiciosa de ensinar a ler e a escrever até ao último analfabeto.»

|

«Fidel Castro, ¿qué se encontró al triunfo de la Revolución?», acessível em pdf

Para enfrentar a manipulação histórica e a ofensiva mediática que procura apresentar Cuba dos anos 40 e 50 como país de abundância e glamour, o acesso ao livro «contra a desmemória» tornou-se mais fácil.

Nos campos de Cuba, 200 mil famílias sem uma vara de terra para cultivar umas hortaliças para os filhos. Viviam em cabanas com tectos de guano, chão de terra, sem saneamento nem latrina, sem água corrente
Créditos / medium.com

Os portais Cubadebate e Fidel Soldado de las Ideas convidam os seus leitores a fazer o download gratuito da obra Fidel Castro, ¿qué se encontró al triunfo de la Revolución?, compilada por Juan Carlos Rodríguez e publicada em 2016 pela editorial Capitán San Luis, em Havana.

Com uma linguagem acessível e amplamente ilustrado, o livro aborda a entrada de Fidel em Havana e os primeiros meses da Revolução. «Através da fotografia, da imprensa da época e alguns testemunhos, o volume dá conta da Cuba que encontraram os barbudos» e da transformação que o país caribenho sofreu às mãos do governo revolucionário: campanha de alfabetização, Reforma Agrária, criação do Instituto Cubano de Arte e Indústria Cinematográficos (Icaic), cuidados de saúde, refere o Cubadebate.

A realidade com que Fidel se deparou no triunfo da Revolução, em 1959, é muito distante do «salão de jogos, festas e luxos» que alguns queriam vender como postal de Havana e da Ilha. Nos campos de Cuba, despejos de camponeses, tempo morto, fome e miséria. Duzentas mil famílias sem uma vara de terra para cultivar umas hortaliças para os filhos. Viviam em cabanas com tectos de guano, chão de terra, sem saneamento nem latrina, sem água corrente.

«Do malecón habanero, a cidade mostrava a sua melhor cara, enfeitada com uma fita luminosa. Mais atrás escondia-se a penúria e a miséria mais dolorosa. A tragédia do mundo rural expressava-se em textos de escritores e em estúdios de investigadores das mais variadas tendências ideológicas. Eram as crianças raquíticas, devoradas pelos parasitas, os adultos consumidos pela tuberculose».

«Quando vieram a Havana, em 1959, desdentados e macilentos, em muitos casos, habitantes de uma ilha comprida e estreita não tinham visto o mar nem sabiam o que era a electricidade. Pesava sobre eles o analfabetismo, a desprotecção sanitária, a sujeição à interminável cadeia de arrendatários, subarrendatários, à ausência de caminhos para vender o resultado das suas pobres colheitas. Não conheciam o cinema e, muito menos, a televisão», lê-se na obra [tradução nossa].

Que encontrou Fidel quando a Revolução triunfou?

Nos anos 50 eram divulgados os números da «prosperidade»: aumento do número de automóveis que circulavam nas cidades, residências e casas de apartamentos, introdução da televisão no país. Mas, nota o portal, aquilo não representava uma melhoria geral do nível de vida, uma vez que Cuba tinha mais de seis milhões de habitantes e o dito progresso alcançava algumas dezenas de milhares.

Os bairros eram insalubres, havia despejos, o preço dos alugueres era elevado e o das tarifas eléctricas não estava ao alcance dos mais pobres, revela o sítio cubano. «Em 1953, 22% das casas em Cuba pertenciam aos seus ocupantes; 65% careciam de canalização e 72% não possuíam serviço de saneamento próprio; 42% não tinham serviço de electricidade e 13% dispunham de um só quarto».

No campo, «55% de todas as casas careciam de sanita ou mesmo de latrina, o que explicava, em parte, o espantoso apogeu do parasitismo. 14% dos trabalhadores agrícolas tiveram tuberculose, 13% tiveram febre tifóide e 36% diziam ter parasitas».

Havia crianças que viviam nas ruas e dormiam onde calhava. Muitas viam-se obrigadas a trabalhar para ajudar a economia empobrecida da casa. Vendiam bilhetes de lotaria, jornais e revistas, engraxavam sapatos ou pediam esmola nas ruas – por vezes, pediam umas moedas aos passageiros de autocarros depois de improvisarem um canto.

«Crianças que passavam fome. Nenhuma ia à escola», num país onde havia 600 mil desempregados e onde 1,5 milhões de cubanos, maiores de seis anos – numa população de seis milhões – não possuíam aprovação em qualquer grau de escolaridade, indica o portal cubano.


As zonas costeiras estavam nas mãos de entidades privadas. Em 1959, acabou o regime de exclusivismo e diversas formas de discriminação racial que eram praticadas nesses locais, e foi declarado o acesso público às praias.

Apesar de tudo isto, dos avanços alcançados e reconhecidos internacionalmente, designadamente ao nível da Educação e da Saúde, num contexto agressivo de bloqueio, a ofensiva mediática e manipulação persistem, tentando passar junto de gerações que não tiveram contacto com a realidade de Cuba pré-revolucionária a imagem dos anos 40 e 50 do século XX como uma «época dourada», como explica Fabio Fernández Batista, professor de História de Cuba na Universidade de Havana, numa entrevista recente ao diário Granma – «Los cubanos de hoy ante la manipulación histórica y la guerra mediática».

Tipo de Artigo: 
Notícia
Imagem Principal: 
Mostrar / Esconder Lead: 
Mostrar
Mostrar / Esconder Imagem: 
Mostrar
Mostrar / Esconder Vídeo: 
Esconder
Mostrar / Esconder Estado do Artigo: 
Mostrar
Mostrar/ Esconder Autor: 
Esconder
Mostrar / Esconder Data de Publicação: 
Esconder
Mostrar / Esconder Data de Actualização: 
Esconder
Estilo de Artigo: 
Normal

Tópico

Contribui para uma boa ideia

Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz.

O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença.

Contribui aqui

Como resultado da campanha, que envolveu milhares de voluntários em todo o território cubano, mais de 700 mil analfabetos aprenderam a ler e escrever, e Cuba passou a estar entre os países com uma das taxas mais baixas de analfabetismo.

A campanha avançou num contexto marcado pela hostilidade crescente dos Estados Unidos, que se empenhava a fundo no fracasso do processo de transformação revolucionário por que a Ilha passava.

No entanto, como lembra a agência cubana, nem o corte de relações dos EUA com Cuba, nem a invasão da Baía dos Porcos, nem a luta dos mercenários e sublevados em vários pontos da Ilha conseguiram travar o êxito campanha, que foi uma vitória também por permitir criar as bases do sistema de educação universal e gratuito em todos os níveis, que se mantém como uma das prioridades do Estado cubano.

Tópico

Contribui para uma boa ideia

Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz.

O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença.

Contribui aqui