De acordo com o Serviço Eleitoral (Servel), o candidato da coligação de direita Chile Vamos, Sebastián Piñera, obteve 54,57% dos votos na segunda volta das eleições para a presidência do país andino austral, impondo-se a Alejandro Guillier, candidato da Nova Maioria, de centro-esquerda, que obteve 45,43% da votação.
Trata-se da maior derrota da área de centro-esquerda desde o fim da ditadura de Pinochet, em 1990, algo que Guillier de certo modo assumiu no seu discurso: «Quero felicitar o meu adversário, Sebastián Piñera, o novo presidente da República, a quem já liguei para o congratular pelo seu impecável e robusto triunfo», disse, citado pela TeleSur.
O senador independente – que na primeira volta obtivera 22,6% dos votos, face aos 36,6% de Piñera – assumiu a «derrota dura» sofrida, num processo eleitoral que classificou como «impecável» e que, em seu entender, confirma a «democracia sólida» de que o Chile goza.
O tom não foi hostil. O da actual chefe de Estado, Michelle Bachelet, também não. Chegou, inclusive, a dar os parabéns a Piñera em frente às câmaras de televisão. «Quero desejar-lhe um bom mandato, pois ambos queremos o melhor para o nosso país e o melhor para todos», disse Bachelet ao candidato vencedor, da direita.
A sintonia parecia completa quando Piñera, que ocupou o cargo entre 2010 e 2014, afirmou que, «dentro das divergências, temos um amor comum pelo Chile», e expressou o seu grande apreço por Guillier, esperando que possam trabalhar juntos, como já ocorreu.
Dirigindo-se aos seus apoiantes num hotel do centro da capital, o magnata conservador prometeu um país sem desigualdades e mais próspero, com educação e saúde de qualidade, e pensões justas. Disse igualmente apostar na defesa dos povos originários, apoiar a cultura, o desporto, o meio ambiente e combater a delinquência, reafirmando a ideia de fazer do Chile um país desenvolvido a breve prazo, indica a Prensa Latina.
«Menos Estado, maior crescimento económico»
Empresário multimilionário, doutorado em Economia em Harvard (EUA), Sebastián Piñera vai tomar posse a 11 de Março de 2018. Para alguns analistas, como Guillermo Holzmann, professor de Ciências Políticas na Universidade de Valparaíso, a «desaceleração da economia chilena» teve influência na vitória expressiva de Piñera.
Ao longo da campanha eleitoral, o economista milionário prometeu «reactivar a economia», «reduzir o tamanho do Estado», por forma a «atrair investimentos internacionais», e criar «um milhão de empregos», referem a BBC e a TeleSur, embora não tenha explicado como ia atingir este objectivo.
Também defendeu a redução de programas ligados a apoios sociais, bem como reformas judiciais e penitenciárias. Alguns sectores temem que, com Piñera, se instalem políticas que ponham em causa alguns dos tímidos avanços logrados durante a governação de Bachelet, com muita luta nas ruas. À BBC, Holzmann disse que «o mercado vê com bons olhos a eleição do candidato».
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