Mahmoud Ajjour é um menino que teve o azar de nascer numa região que se tornou num inferno na terra. Com nove anos devia estar na escola, a aprender, a brincar com os amigos e a ter todos os sonhos do mundo. Por ser palestiniano, isso condenou-o a ser alvo de um ódio irracional e a testemunhar uma tentativa de limpeza étnica por parte do Estado israelita. Com nove anos, em resultado de mais um ataque em centenas, perdeu os braços quando a sua família fugia e ficou condicionado para o resto da vida.
Foi este menino que Samar Abu Elouf captou com a sua lente e lhe valeu o prémio de Fotografia do Ano do concurso World Press Photo. A fotógrafa, natural da Faixa de Gaza, de onde foi retirada em Dezembro de 2023, estabeleceu laços com as famílias locais e documentou alguns dos poucos feridos graves que conseguiram sair do território para receber tratamento, relata a organização do prémio.
A fotografia foi tirada no Catar, no local onde Mahmoud está agora a aprender a usar os pés para jogar jogos no telemóvel, escrever e abrir portas, segundo a organização que relata o calvário da criança palestiniana e os esforços para a sua recuperação.
O World Press Photo começou em 1955, quando um grupo de fotógrafos holandeses organizou um concurso internacional para expor o seu trabalho. Desde então tem trabalhado a partir da sua sede, em Amesterdão, como uma organização independente e sem fins lucrativos, atribuindo anualmente o prémio de melhor fotografia.
Este ano, na lista geral de candidatos estava Maria Abranches, fotografia portuguesa que conseguiu ficar entre os 42 fotógrafos considerados para o prémio. Além da portuguesa estavam fotojornalistas como os alemães Florian Bachmeier e Nanna Heitmann, com reportagens relacionadas com a guerra na Ucrânia; o norte-americano Jabin Botsford, com uma imagem de Donald Trump quando alvejado num comício em 2024; os brasileiros Amanda Maciel Perobelli, André Coelho e Anselmo Cunha, com trabalhos que vão das cheias no sul do Brasil, à seca em áreas do Amazonas; e o francês Jerome Brouillet, que retratou o surfista Gabriel Medina em suspenso, nos Jogos Olímpicos de Paris 2024.
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