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Pessoas com deficiência manifestaram-se contra a «motosserra» de Milei

A mobilização, em Buenos Aires, foi convocada por organizações dos direitos dos deficientes e por profissionais da saúde e da educação que trabalham com eles, alertando para a situação de «crise profunda».

Créditos / Tiempo Argentino

Organizações argentinas de «prestadores de cuidados de saúde e educação para pessoas com deficiência» manifestaram-se esta terça-feira, na Praça de Maio, para denunciar a «precariedade extrema dos seus empregos».

Em conjunto com as associações que defendem os direitos dos deficientes, quiseram destacar «a profunda crise que enfrentam devido às medidas de motosserra» propostas por Javier Milei, desde Dezembro de 2023.

Em declarações à agência Noticias Argentinas, Maive Carone Fernández, da «Discas en Lucha» (assembleia de defesa dos direitos das pessoas com deficiência face ao abuso das políticas neoliberais fascistas), destacou a necessidade da mobilização, porque os seus empregos «são extremamente precários».

Referiu-se também às auditorias a que as pessoas com deficiência são sujeitas, que qualificou como «um absurdo», na medida em que lhes são enviadas cartas a solicitar que entreguem a documentação «pessoalmente» num prazo muito curto.

Além disso, devem fazer marcações por telefone e, quando as conseguem, têm de se deslocar a locais «muito distantes das suas casas ou que, por vezes, nem existem», denunciou, afirmando que os deficientes passam por uma série de medidas que têm como resultado «retirar-lhes a sua reforma, que é 70% da pensão mínima».

«Campanha de difamação»

«É uma campanha para desacreditar a Agência Nacional de Deficiência (ANDIS) e as pessoas com deficiência», disse. «Esta iniciativa cria intriga contra grupos historicamente vulneráveis ​​na sociedade, aprofunda a sua estigmatização e negligencia cruelmente as suas obrigações. A perseguição também envolve os meios de comunicação social e os tribunais», afirmou Carone, citada pelo Tiempo Argentino.

Também se referiu à polémica ligada ao projecto de desregulamentação da «nomenclatura de tarifas do sistema único de benefícios básicos para pessoas com deficiência", que nunca foi implementado devido à resistência do sector, tal como ocorreu com a resolução do governo «que chama às pessoas com deficiência “idiotas”, “débeis mentais” e “imbecis”».

«Em teoria, pediram desculpa e disseram que iriam modificá-la, mas isso ainda não aconteceu», frisou Carone.

Retrocesso

Com esta iniciativa, disse, as organizações que representam as pessoas com deficiência e as equipas que com elas trabalham quiseram mostrar como o executivo de Milei «esvaziou» a ANDIS, «desmembrou» a rede territorial da organização, deixou o sector sem políticas públicas que o una, colocou obstáculos que «impedem» a tramitação do Certificado Único de Deficiência (instrumento fundamental para o acesso a direitos e benefícios), «dificultou» o acesso às pensões de invalidez não contributivas e «alterou os requisitos» para as obter.

«O retrocesso na abordagem da deficiência por parte do Estado, a violação da Constituição e dos tratados internacionais, bem como uma série de outras questões fazem parte das reivindicações do sector», afirmou.

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