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Luta pela reforma agrária mobiliza centenas de militantes do MST na Bahia

Cerca de 800 militantes sem terra, provenientes de várias regiões da Bahia, participam, em Salvador, na Jornada Nacional de Luta em Defesa da Reforma Agrária Popular.

CréditosGreiciane Souza / MST

No âmbito da iniciativa, que começou segunda-feira e se prolonga até quinta desta semana, foi montado um acampamento no estacionamento da Secretaria de Desenvolvimento Rural do Centro Administrativo da Bahia (CAB), juntando trabalhadores do campo num «grande esforço colectivo de resistência, diálogo e organização popular», indica o MST no seu portal.

O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) destaca que a presença da militância em Salvador visa promover o diálogo com os governos estadual e federal, para que avancem em áreas consideradas urgentes na Reforma Agrária Popular.

Entre os principais pontos, o movimento destaca «o destravamento de assentamentos já existentes, a obtenção de novas áreas para o assentamento de famílias acampadas e o fortalecimento de políticas públicas voltadas à produção camponesa».

Ao longo destes dias, além de reuniões com o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA) e a secretarias do governo estadual, os militantes promovem actividades de formação política, debates e iniciativas de diálogo com a população.

Espaço de construção colectiva, para denunciar violência no campo e exigir a reforma agrária na prática

Para Evanildo Costa, da direcção nacional do MST na Bahia, a Jornada tem o papel fundamental de denunciar as diversas formas de violência no campo e de exigir que a Reforma Agrária Popular ocorra na prática, com investimentos reais e políticas estruturantes.

«O povo não precisa de violência, o povo não precisa morrer para que a Reforma Agrária Popular aconteça. A Reforma Agrária Popular precisa sair do papel e, na prática, fortalecer os acampamentos, oferecer assistência técnica e garantir novas áreas para assentar as famílias que ainda estão acampadas», disse, citado pela fonte.

Também da direcção nacional do MST na Bahia, Eliane Oliveira sublinhou que o acampamento é um espaço de «construção colectiva, mística e compromisso com um projecto de país».

«Durante os dias em que estivermos no Acampamento Estadual, vamos dialogar com o INCRA e com o Governo do Estado para discutir nossas pautas, com o objetivo de garantir políticas públicas para os nossos assentamentos. Estaremos por aqui animados, com muita mística, mas também nos alimentando da proposta da Reforma Agrária Popular, esse projeto de melhorar a vida da nossa companheirada no campo», declarou.

Mobilizações de Abril, com a lembrança do Massacre de Eldorado do Carajás

Esta mobilização em Salvador integra-se na agenda de mobilizações que o MST promove ao longo deste mês em vários estados brasileiros, para reafirmar o empenho na luta por «uma Reforma Agrária Popular que enfrente as desigualdades do campo, garanta o direito à terra, fortaleça a produção de alimentos saudáveis e promova a permanência das famílias no campo com dignidade».

Outro aspecto em destaque é a memória do Massacre de Eldorado do Carajás, perpetrado há 29 anos. Nesta quarta-feira, pelas 16h30, será realizado um acto político em memória das 21 vítimas mortais da brutalidade da Polícia Militar do Pará.

No dia seguinte, a Universidade Estadual de Maringá, no estado do Paraná (Sul do Brasil) vai reinaugurar duas esculturas que homenageiam esses 21 trabalhadores rurais assassinados no estado nortenho do Pará, em 1996.

As esculturas de Flores para os Sem-Terra e Massacre no Campo, de Jorge Pedro, serão reinauguradas, depois de restauradas, numa cerimónia que, segundo revelam o MST e o Brasil de Fato, contará com a presença de Maria Zelzuita Araújo, uma das testemunhas do massacre, e de João Pedro Stédile, do dirigente nacional do MST.

Neste contexto, o movimento lembra que «o massacre, até hoje sem justiça, se tornou um símbolo da violência histórica contra os que lutam pela terra no Brasil e reforça a necessidade de seguir em marcha por justiça, terra e dignidade».

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