O candidato do Movimento para o Socialismo (MAS), Luis Arce, confirmou esta terça-feira à cadeia televisiva Bolivisión que o ex-presidente Evo Morales continuará a liderar a campanha eleitoral daquela organização política, apesar da sua recente desabilitação como candidato por um tribunal daquele país.
O ex-ministro da Economia declarou que a decisão judicial será acatada e reafirmou a convicção de que a mesma não afectará a posição do MAS como o principal favorito às eleições gerais que se realizarão no próximo dia 18 de Outubro na Bolívia.
Luis Arce acredita que o partido conseguirá ganhar a confiança dos indecisos, face à «catástrofe» da gestão do governo de facto em matérias como a saúde e a educação, e defendeu o MAS como a única garantia de estabilidade económica, política e social para o país.
A lista encabeçada por Arce e pelo ex-ministro dos Negócios Estrangeiros David Choquehuanca lidera as intenções de voto com 26,2%, com larga margem sobre Carlos Mesa (17%) e Jeanine Áñez (10%), segundo a primeira sondagem realizada pela consultora Ciesmori após o início da campanha eleitoral.
Um juiz do Tribunal Constitucional da cidade de El Alto determinou, nesta segunda-feira, o impedimento da candidatura de Evo Morales ao Senado nas eleições referidas, dando assim provimento ao pedido de inabilitação apresentado pelo Tribunal Supremo Eleitoral (TSE) de Bolívia, a pretexto de que o ex-presidente não tem residência permanente no país. Uma anterior reunião do tribunal, a 1 de Setembro, não fora conclusiva, por empate dos magistrados.
Devido ao risco para a sua vida após o golpe de Estado que o derrubou, em Novembro de 2019, Morales foi obrigado a refugiar-se no estrangeiro mas veio a fixar residência na Argentina, a fim de estar perto da Bolívia e contribuir para o retorno do país a uma democracia plena.
Tanto Evo Morales como o MAS reagiram com serenidade e determinação à notícia da desabilitação, ocorrida menos de 24 horas depois de ter começado a campanha eleitoral.
No Twitter, Morales acusou a decisão judicial, de inibir a sua candidatura a senador pela região de Cochabamba, de ser «uma decisão política ilegal e inconstitucional», tomada pelo juiz desempatador «sob ameaças e pressões de processos», mas garantiu que não irá cair em provocações: «A história demonstra que poderão inabilitar Evo mas não proscrever o povo», afirmou, acrescentando confiar «que o povo do seu país volte a governar-se a si mesmo, pacífica e democraticamente».
O chefe da bancada do MAS no Senado, Omar Aguilar, em declarações recolhidas pela emissora local FM Bolívia, afirmou que a decisão tomada contra Morales «confirma o medo dos seus opositores ante o avanço do MAS nas sondagens para as próximas eleições», que sabiam que «a candidatura do ex-presidente a senador, pelo departamento de Cochabamba, significaria um fortalecimento do caudal de voto para o movimento político», dada a sua popularidade.
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