O caso foi divulgado este domingo pelo periódico israelita Haaretz, de acordo com o qual, neste ano lectivo, agentes da Polícia israelita à entrada do complexo de Al-Aqsa revistaram as malas de centenas de alunos palestinianos do Ensino Secundário que ali queriam entrar.
Segundo revela o periódico, foram confiscados centenas de livros que mostram a bandeira palestiniana.
O Haaretz refere uma fonte do Waqf Islâmico de Jerusalém – que administra o complexo da mesquita de Al-Aqsa – que afirma: «O método, agora, é comprar dois livros, um para casa e outro para a escola, para que não andem por aí com os livros. Também estamos a pensar em comprar iPods para as crianças e colocar ali os livros.»
Há anos que as autoridades israelitas tentam impor o currículo escolar israelita às escolas palestinianas em Jerusalém Oriental ocupada, no âmbito de uma campanha mais vasta de judaização da cidade, que passa pela expulsão da população árabe, a demolição de edifícios e estruturas, a ocupação de terrenos e bairros por colonos judeus.
Para os palestinianos, a tentativa de israelizar os currículos que os palestinianos ensinam nas suas escolas é uma forma de guerra contra a sua identidade, história e cultura, refere a propósito o portal Palestine Chronicle.
O governo israelita está a registar em nome de colonos judeus parcelas de terra junto à Mesquita de al-Aqsa, em Jerusalém Oriental ocupada, com fundos que seriam destinados aos palestinianos. A situação foi revelada este domingo pelo diário Haaretz, referindo que o Ministério israelita da Justiça começou a registar, na semana passada, a propriedade de terra adjacente à Mesquita de al-Aqsa, uma zona «altamente sensível» em Jerusalém Oriental ocupada. «A parcela de terra em questão […] está a ser registada com fundos governamentais destinados a diminuir as disparidades económicas e melhorar a qualidade de vida dos residentes palestinianos de Jerusalém», afirma o periódico israelita. Nos últimos anos, o responsável pelo registo de terras em Jerusalém, David Rotenberg, avançou para a parte leste da cidade, o que motivou perguntas de grupos de defesa dos direitos humanos, refere também o diário. Como exemplo, aponta o caso do Bairro de Sheikh Jarrah, habitado sobretudo por palestinianos, onde o processo «foi completo e quase toda a terra registada em nome de judeus». A decisão do governo israelita de iniciar o processo de registo da propriedade de terra adjacente a al-Aqsa pode conduzir a uma «tomada de controlo» com «implicações profundas e de grande alcance», avisaram esta segunda-feira grupos de defesa dos direitos humanos. Depois da marcha das bandeiras no domingo, em Jerusalém, as «provocações» dos colonos alastraram a outros pontos dos territórios ocupados, sobretudo nas regiões de Nablus e Hebron. No Sul da Cisjordânia ocupada, centenas de colonos extremistas, fortemente protegidos pelo Exército israelita, partiram ontem do colonato ilegal de Kiryat Arba e dirigiram-se para bairros residenciais palestinianos no centro de al-Khalil (Hebron) e, em seguida, para a mesquita Ibrahimi, agitando bandeiras, provocando os habitantes, atacando as suas lojas e gritando palavras de ordem racistas, refere o portal Palestine Information Centre. Aref Jaber, que participa em actividades contra os colonatos ilegais, informou que as forças israelitas bloquearam o acesso em redor da mesquita para facilitar a passagem da marcha dos colonos, e que tanto ele como jornalistas presentes no local foram detidos e impedidos de fotografar a entrada dos colonos num local considerado sagrado para os muçulmanos. No Norte, uma outra marcha, proveniente do colonato ilegal de Itamar e igualmente protegida pelo Exército de ocupação, dirigiu-se para as imediações do posto de controlo de Huwara, a sul de Nablus, cortando o trânsito e provocando a população palestiniana. Segundo refere a agência WAFA, os colonos atacaram à pedrada uma escola secundária em Urif, perto de Nablus, com elementos do Exército a dispararem latas de gás lacrimogéneo para o estabelecimento de ensino e a fazerem com que muitos estudantes sofressem de asfixia. Na mesma região, a sul a de Nablus, um grupo de colonos lançou fogo, ontem à noite, a uma parcela de terra pertencente a habitantes da aldeia palestiniana de Burin. Ghassan Daghlas, que acompanha as actividades dos colonatos israelitas no Norte da Cisjordânia, disse à WAFA que se tratava de terra agrícola com oliveiras e que um grande número de árvores tinha ardido. Estas acções seguem-se à chamada marcha das bandeiras promovida pelos colonos e a extrema-direita israelita no Bairro Muçulmano de Jerusalém Oriental ocupada, este domingo. Para assinalar a «unificação de Jerusalém» (depois da Guerra dos Seis Dias, em 1967), dezenas de milhares de extremistas participaram na iniciativa, gritando palavras de ordem como «Morte aos Árabes», «Queimem as suas aldeias» ou «A Shireen está morta». O desfile entrou pela Bab al-Amoud (Porta de Damasco) e seguiu pelo centro de Jerusalém Oriental ocupada, com agressões a dezenas de palestinianos – segundo a Al Jazeera foram pelo menos 81 –, em muitos casos com a Polícia israelita a ver ou a ajudar. De acordo com a ONG israelita Ir Amim, citada pela PressTV, o desfile está associado a violência contra os palestinianos e a «exibição de incitamento, domínio judeu e racismo». As forças israelitas prenderam 31 palestinianos em raides em vários pontos da Cisjordânia ocupada, depois de na quarta-feira terem matado um adolescente e provocado dezenas de feridos em Nablus. Em Ramallah e arredores, na região central dos territórios ocupados, as forças israelitas prenderam, esta noite, dois palestinianos. No Norte dos territórios ocupados, prenderam mais três em Jenin e outros seis em Qaqiliya, incluindo um homem com 60 anos, refere a agência WAFA. Perto de Nablus, em Huwara, prenderam um ex-prisioneiro. A zona oriental da cidade de Nablus foi ontem palco de fortes confrontos, depois de os militares terem escoltado um grupo de colonos judeus até ao Túmulo de José. Um adolescente de 16 anos, Ghaith Rafiq Yameen, ficou gravemente ferido ao ser atingido com um disparo na cabeça e veio a falecer, pouco depois, no Hospital Rafidia, informou o Ministério palestiniano da Saúde. Outros 88 palestinianos ficaram feridos nos confrontos, sendo atingidos por balas de aço revestidas de borracha e sofrendo os efeitos da inalação do gás lacrimogéneo disparado pelos soldados israelitas. A WAFA refere ainda que, sob a protecção dos militares israelitas, os colonos judeus retiraram bandeiras palestinianas dos postes de electricidade na rua principal da cidade, provocando confrontos com os habitantes. O Ministério palestiniano da Saúde divulgou, esta segunda-feira, a lista com os nomes da meia centena de palestinianos mortos por Israel em 2022, na esmagadora maioria residentes na Cisjordânia ocupada. Do total de casos confirmados, refere a agência WAFA, 49 dizem respeito a pessoas provenientes da Margem Ocidental ou de Jerusalém Oriental ocupada e um da Faixa de Gaza cercada. Da lista, hoje divulgada, constam duas mulheres, assassinadas no passado dia 10 de Abril, bem como dois homens com mais de 80 anos: Omar Assad, do distrito de Ramallah, e Suleiman Hathalin, do distrito de Hebron, ambos falecidos em Janeiro, como consequência de ataques do Exército de ocupação. Segundo indica a WAFA, a lista do Ministério da Saúde inclui dois jovens com menos de 15 anos, um com 16, cinco com 17, quatro com 18 e dois com 19 anos. Este domingo, três palestinianos foram mortos a tiro pelas forças de ocupação em vários pontos da Cisjordânia. O primeiro-ministro palestiniano, Mohammad Shtayyeh, referiu-se aos factos como «crimes horrendos cometidos pelos soldados do regime israelita de ocupação contra o nosso povo» e solicitou a «intervenção urgente da comunidade internacional», de modo a travar «o terrorismo organizado». Shtayyeh, refere a PressTV, acusou as forças israelitas de levarem a cabo uma «política de assassinatos intencional e arbitrária dos jovens palestinianos». No espaço de uma semana, pelo menos nove palestinianos foram mortos pelas forças de ocupação em vários pontos da Cisjordânia. A WAFA dá conta de dezenas de feridos e de detidos. Esta manhã, as forças israelitas entraram nas localidades de al-Yamun e Kafr Dan, perto de Jenin, mataram dois palestinianos e feriram pelo menos seis. Uma das vítimas mortais foi identificada como Shas Kamamji, irmão de Ayham Kamamji, um dos seis prisioneiros que em Setembro do ano passado conseguiram escapar da prisão de alta segurança de Gilboa. O segundo assassinado é Mustafa Abu-Arub, informa a agência WAFA, acrescentando que as forças de ocupação dispararam sobre os jovens que lhes fizeram frente, tendo detido pelo menos quatro. Ontem à noite, as forças israelitas mataram a tiro um rapaz de 14 anos na aldeia de Husan, nas imediações de Belém, durante um raide. O Ministério da Saúde identificou-o como Qusai Hamamra. Os militares israelitas mataram um palestiniano e feriram perto de 20 durante operações de larga escala na Margem Ocidental ocupada. Há registo de fortes confrontos e várias detenções. Um palestiniano, identificado como Muhammad Hasan Assaf, foi morto a tiro, esta manhã, durante uma incursão das forças de ocupação israelitas na cidade de Nablus e em aldeias circundantes. O Ministério palestiniano da Saúde informou que Assaf, de 34 anos, faleceu no hospital, não resistindo aos ferimentos, depois de ser atingido com vários tiros no peito. Por seu lado, Ahmad Jibril, chefe do Departamento de Emergências e Ambulâncias do Crescente Vermelho Palestiniano, referiu que outras cinco pessoas foram atingidas com fogo real e que mais cinco tinham ficado feridas devido ao impacto de balas de borracha. Citado pela agência WAFA, Jibril disse ainda que nove pessoas receberam assistência por asfixia, devido ao gás lacrimogéneo lançado pelas forças israelitas durante os confrontos registados junto ao Túmulo de José. Um trabalhador palestiniano da construção civil, residente em al-Khalil (Hebron), foi morto a tiro esta madrugada pela Polícia israelita. Em Jenin, registam-se intensos confrontos com grupos da resistência. O trabalhador da construção civil foi morto em Ashkelon, no Sul dos territórios ocupados em 1948, quando a Polícia israelita andava à procura de trabalhadores palestinianos sem autorização para trabalhar, segundo referem diversas fontes. De acordo com o comunicado emitido pelas forças israelitas, o trabalhador recusou-se a mostrar a documentação e sacou de uma faca, ferindo um agente numa mão. Foi morto a tiro de imediato. Este caso ocorre num contexto de tensão e violência crescentes nos territórios ocupados. No espaço de 24 horas, entre domingo e segunda-feira de manhã, quatro palestinianos foram mortos ao serem atingidos por disparos de militares israelitas – um deles faleceu por não resistir aos ferimentos. Um rapaz de 17 anos morreu, esta segunda-feira, depois de ter sido atingido a tiro por militares israelitas em Jenin no dia anterior. Trata-se da quarta vítima mortal em 24 horas na Cisjordânia ocupada. Fontes médicas confirmaram à agência WAFA que Muhammad Zakarneh faleceu esta manhã no hospital onde estava a receber tratamento, depois de, no domingo, ter sido atingido por unidades especiais das forças de ocupação, que invadiram a zona industrial de Jenin. Ontem, os militares israelitas mataram a tiro outros três palestinianos na Margem Ocidental ocupada. Muhammad Ali Ghunaim, de 21 anos, foi atingindo fatalmente, ontem à noite, quando confrontava as forças de ocupação em al-Khader, a oeste de Belém. Por seu lado, Ghada Sabatien, de 45 anos, viúva e mãe de seis, foi morta a tiro num dos postos de controlo próximos da aldeia de Husan, junto a Belém. Uma outra mulher palestiniana, de 24 anos, foi morta a tiro em al-Khalil (Hebron), depois de ter tentado esfaquear um polícia israelita. A Autoridade Palestiniana acusou este domingo o primeiro-ministro israelita, Naftali Bennett, de ter dado «carta branca» ao Exército para assassinar civis na Cisjordânia, onde as forças de ocupação levam a cabo uma grande operação repressiva. O Ministério palestiniano dos Negócios Estrangeiros afirmou que o executivo de Naftali Bennett é «inteira e directamente» responsável pela escalada de violência na Margem Ocidental ocupada. «A escalada israelita é uma tentativa de substituir a solução política negociada para o conflito por outras soluções […], que reflectem a negação de Israel dos direitos do povo palestiniano, o principal dos quais é o seu direito à autodeterminação», declarou este sábado o ministério, num comunicado citado pela WAFA. A declaração seguiu-se à incursão dos militares israelitas no campo de refugiados de Jenin, à qual os palestinianos responderam. No decorrer dos confrontos, as forças de ocupação mataram um palestiniano e feriram outros 13, segundo referiu o Ministério palestiniano da Saúde. As autoridades sanitárias informaram que o jovem assassinado, identificado como Ahmad Saadi, foi atingido com tiros no peito e na cabeça, falecendo de imediato. Dois dos feridos foram igualmente atingidos com fogo real e tiveram de ser submetidos a intervenções cirúrgicas. Na noite de terça-feira e madrugada de quarta, as forças israelitas de ocupação prenderam 22 palestinianos em vários pontos da Margem Ocidental, incluindo na Porta de Damasco, em Jerusalém Oriental. Fontes oficiais comunicaram à agência WAFA que 12 pessoas foram detidas nas imediações de Bab al-Amoud, também conhecida como Porta de Damasco, à entrada da Cidade Velha de Jerusalém. Desde o início do mês do Ramadão, milhares de palestinianos concentram-se ali e a Polícia israelita, fortemente armada, recorre a balas de aço revestidas de borracha, granadas atordoantes e bastões para os dispersar. Além disso, veda o acesso a várias ruas das imediações e acossa os transeuntes, por vezes espancando-os com grande violência, gerando confrontos repetidos. A WAFA refere que, no Bairro de Beit Hanina, também em Jerusalém, foram presos outros dois palestinianos, Partindo de um relatório recente sobre a questão, um jornalista do Activestills aborda as invasões das casas de palestinianos pelo Exército israelita, a sua natureza arbitrária e os danos psicológicos que geram. Oren Ziv, fotojornalista e membro fundador do colectivo de fotografia Activestills, conta que há cerca de uma década se juntou a activistas israelitas na aldeia palestiniana de Asira al-Qibliya, na Margem Ocidental ocupada, localizada perto de Yitzhar, um posto avançado militar israelita que se viria a tornar um colonato nos anos 80. «Chegámos poucas horas depois de os colonos terem assaltado a aldeia, atacado os residentes palestinianos e vandalizado as suas propriedades. Temendo que os colonos pudessem regressar, alguns residentes pediram-nos que ficássemos durante a noite», relata. Os colonos não voltaram, mas, perto das duas da manhã, soldados israelitas invadiram a aldeia, avançando de uma casa para outra. «Acordámos com o som de batidas fortes na porta de metal da casa em que estávamos. Os soldados, que se mostraram surpreendidos ao encontrar israelitas numa aldeia palestiniana, juntaram-nos a todos, incluindo crianças, no jardim e realizaram um "interrogatório" rápido a cada pessoa», conta. «ao não existir um procedimento oficial para as buscas domiciliárias na Cisjordânia ocupada, isto significa que, para o Exército israelita, qualquer casa palestiniana é um alvo legítimo a dado momento» Os soldados foram «misericordiosos» com aquela família palestiniana, mas na casa ao lado reviraram tudo e tiraram de lá todos os pertences. «Cerca de uma hora depois, os soldados voltaram para os jipes militares e desapareceram na noite. Não apresentaram qualquer mandado de busca, nem deram qualquer explicação para o raide», diz Ziv. Estas invasões militares de casas, que estão associadas à violência da ocupação de Israel, foram o tema de um estudo publicado recentemente, no final de Novembro, pelas organizações de direitos humanos Yesh Din, Breaking the Silence e Physicians for Human Rights-Israel (PHRI). O relatório centra-se nos efeitos que estas operações têm na saúde mental dos palestinianos e no modo como, para lá dos objectivos declarados pelo Exército israelita, estas invasões se tornaram em si mesmas um objectivo. O jornalista denuncia que, ao não existir um procedimento oficial para as buscas domiciliárias na Cisjordânia ocupada, isto significa que, para o Exército israelita, qualquer casa palestiniana é um alvo legítimo a dado momento. O estudo, intitulado «Uma vida exposta: invasões militares de casas palestinianas na Cisjordânia», baseia-se em 158 testemunhos de palestinianos cujas casas foram invadidas nos últimos anos; 31 entrevistas realizadas a famílias palestinianas afectadas, por especialistas na área da Saúde; e entrevistas a 40 soldados israelitas e cinco oficiais que participaram nestas operações. «"Embora os israelitas tenham menos conhecimento deste fenómeno do que dos postos de controlo ou das demolições de casas, muitos palestinianos nascem e crescem numa realidade em que os soldados armados assaltam habitualmente as suas casas"» Em 88% dos casos documentados no estudo, as famílias palestinianas afirmaram que os soldados as obrigaram a juntar-se numa só divisão, ou separaram os seus membros por diversas divisões, onde os mantiveram sob vigilância. Em 30% das invasões referidas, os palestinianos informaram que os soldados os ameaçaram com violência, e em 25% dos casos os palestinianos disseram que os soldados recorreram à força ou violência física contra um membro da família. Das famílias entrevistadas, 64% disseram que as suas casas foram invadidas mais que uma vez. Das invasões registadas, 88% tiveram lugar entre a meia-noite e as cinco da manhã. «As invasões militares a casas palestinianas [na Cisjordânia ocupada] são das operações mais comuns e rotineiras sob a ocupação israelita», disse Ziv Stahl, directora do departamento de investigação da Yesh Din, que também trabalhou no relatório. «Embora os israelitas tenham menos conhecimento deste fenómeno do que dos postos de controlo ou das demolições de casas, muitos palestinianos nascem e crescem numa realidade em que os soldados armados assaltam habitualmente as suas casas», continuou. «É um instrumento violento e repressivo que se tornou fundamental para o mecanismo de controlo de Israel sobre os palestinianos», disse. Os objectivos declarados destas invasões militares são realizar buscas, detenções ou recolher informação (mapping), mas os testemunhos registados descrevem uma realidade muito diferente. De acordo com as declarações dos soldados, o objectivo implícito destas operações é o que se descreve em coloquialismo militar como «demonstração de força» e «criar um sentido de perseguição». Visam dissuadir as pessoas, comunidades inteiras, de participar em actividades políticas que se opõem à ocupação. «[estas operações] visam dissuadir as pessoas, comunidades inteiras, de participar em actividades políticas que se opõem à ocupação» Um sargento israelita disse à Breaking the Silence que o «propósito principal é a dissuasão», sublinhando que a ideia é mostrar que o Exército israelita «está ali» e «pode entrar na sua casa a qualquer momento». Ao ser questionado se entravam em casas ao acaso, o soldado disse: «Absolutamente, é completamente um [jogo de] um-dó-li-tá». Um dos pontos centrais do estudo é que, com base na lei militar, não há mandados judiciais nestas invasões, o que significa que também não estão sujeitas a qualquer revisão ou escrutínio judicial. Qualquer oficial ou soldado por ele autorizado têm o poder de ordenar uma invasão de uma casa na Cisjordânia ocupada. Em Março, a Yesh Din, a PHRI e seis famílias palestinianas solicitaram ao Tribunal Superior de Israel que os militares cessassem as invasões e as buscas em casas palestinianas sem mandado judicial, excepto em casos urgentes. O tribunal decretou que deve ser o Estado a determinar se pode revelar os seus procedimentos confidenciais sobre invasões domiciliárias. O propósito da petição é obrigar Israel a criar um mecanismo através do qual se possam autorizar as buscas domiciliários, refere Michael Sfard, assessor legal da Yesh Din e da Breaking the Silence. «Mesmo que seja apenas uma formalidade, o facto de haver um processo burocrático já é um avanço», explica. «Ocasionalmente, haverá um juiz que levará este proceso a sério», frisa. O relatório também examina o impacto psicológico dos raides israelitas nos palestinianos. Os adultos cujas casas foram invadidas reportam sintomas de perturbação de stress pós-traumático e ansiedade, incluindo perturbações do sono e hiperactividade. Por seu lado, as crianças e os adolescentes mostram maior dependência dos pais e um comportamento agressivo, além dos sintomas revelados pelos adultos, revela o texto. «"os palestinianos estão a viver um trauma colectivo como resultado da ocupação em curso [...] As consequências negativas para a saúde mental estão entre as mais altas do mundo"» «Não consigo adormecer antes da 1h ou 2h», diz RS, uma mulher da cidade de Sinjil, no Norte da Cisjordânia ocupada, citada no relatório. «Começo a ruminar e, mal ouço um barulho, espero os militares», acrescenta. «Às vezes, não muitas, sonho que eles vêm para levar o meu marido e que ele foge. Agora, fico a pensar até às 2h30 – 3h, e depois acalmo um pouco, assim que passa o tempo em que eles são esperados», diz. De acordo com Jomanah Milham, psiquiatra e voluntária da PHRI, «as invasões militares de casas, habitualmente acompanhadas por violência verbal ou física, são uma experiência ameaçadora e podem causar perturbação de stress pós-traumático». Ela refere que os sintomas desta perturbação podem incluir flashbacks, pesadelos, perturbações do sono e estado de alerta excessivo. «se os palestinianos apresentam uma queixa, o aparelho interno do Exército israelita justifica retroactivamente os danos à propriedade causados durante as buscas domiciliárias. Portanto, as investigações sobre vandalismo são encerradas sem que um só soldado seja julgado» «As conclusões [do estudo] são consistentes com as de muitos outros estudos, que mostram que os palestinianos estão a viver um trauma colectivo como resultado da ocupação em curso», acrescenta Milham. «As consequências negativas para a saúde mental estão entre as mais altas do mundo», sublinha. De acordo com o relatório, se os palestinianos apresentam uma queixa, o aparelho interno do Exército israelita justifica retroactivamente os danos à propriedade causados durante as buscas domiciliárias. Portanto, as investigações sobre vandalismo são encerradas sem que um só soldado seja julgado, e a procuradoria militar rejeita a queixa sem abrir qualquer investigação penal. O relatório revela que todas as queixas apresentadas pelos palestinianos desde 2008 – com a ajuda da Yesh Din – relativas a danos à propriedade foram arquivadas sem que tenha havido qualquer acusação. Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz. O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença. No Sul da Cisjordânia ocupada, registaram-se várias incursões no distrito de Hebron e três palestinianos foram detidos. No distrito de Nablus, a agência confirma a existência de um raide levado a cabo pelas forças israelitas, no âmbito do qual foi detido um palestiniano. A sul da cidade de Qalqiliya, os soldados prenderam um menor, de 15 anos de idade, informa a mesma fonte, dando conta de vários raides no distrito de Jenin e da detenção de três ex-presos. As forças israelitas levam a cabo estas operações de busca e captura num registo praticamente diário, quase sempre de madrugada. Alegando que «procuram» palestinianos, invadem as casas sem mandado de detenção onde e sempre que lhes apetece. São frequentes os confrontos com os residentes palestinianos, os mais de três milhões que vivem na Margem Ocidental ocupada e que, lembra a WAFA, ficam completamente à mercê da autoridade militar que lhes é imposta pelos comandantes israelitas. Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz. O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença. O raide levado a cabo pelos militares israelitas este sábado contra a cidade de Jenin e o seu campo de refugiados visou sobretudo a residência da família de Raed Hazem, palestiniano que na quinta-feira passada atacou e matou três israelitas e feriu mais de uma dezena em Telavive. Hazem foi morto a tiro pelas forças israelitas, perto de Jaffa, horas depois de ter realizado o ataque em Telavive. Ainda assim, os militares cercaram a casa dos familiares de Raed Hazem e intimaram-nos a sair e a entregar-se, segundo revelaram testemunhas à WAFA. A mesma fonte refere que não estava ninguém em casa e que elementos do Exército começaram a tomar medidas para levar a cabo a demolição do edifício, seguindo o procedimento habitual da «punição colectiva» contra os familiares de atacantes. Na sexta-feira, horas depois do ataque em Telavive, o primeiro-ministro israelita, Naftali Bennett, afirmou que «não há e não haverá limites para esta guerra». Igualmente em tom inflamado, refere a PressTV, acrescentou que o Exército teria «total liberdade de acção», assim como o Shin Bet (serviço de segurança interna israelita) e as restantes forças de segurança. Vários habitantes desfiam memórias de resistência na cidade, onde histórias familiares e revolução andam de mãos dadas – a terra esteve na luta muito antes de seis palestinianos terem saído de uma prisão de alta segurança escavando um túnel com colheres. Desde a invasão do exército de Napoleão Bonaparte até aos tiroteios recentes entre jovens armados locais e as forças de ocupação israelita, os habitantes da cidade do Norte da Cisjordânia falam com orgulho do seu histórico desafio. «Cresci a ouvir a história heróica do meu tio-avô, Farhan al-Saadi e [Izz al-Din] al-Qassam, que espalharam as sementes da resistência e inspiraram a geração seguinte em Jenin, incluindo eu», disse Bassam al-Saadi, agora com 61 anos, ao jornalista Fareed Taamallah, do Middle East Eye (MEE). Tal como as lembranças de Saadi, as histórias familiares que os residentes mais velhos partilham desenham um longo legado de luta contra a opressão e a ocupação que persiste na actualidade. Jenin encontra-se na base das colinas escarpadas de Nablus, as Jabal an-Nar ou «as montanhas de fogo», como foram chamadas depois de os seus habitantes terem incendiado olivais e florestas para travar o avanço dos soldados franceses em 1799. Quando os franceses ganharam a batalha, Napoleão ordenou aos seus soldados que queimassem e saqueassem Jenin, como represália pela ajuda aos otomanos. Mais de um século passado, em Setembro de 1918, Jenin foi capturada por aliados britânicos, durante a Primeira Guerra Mundial, ficando sob domínio das autoridades do Mandato Britânico, tal como o resto da Palestina. Foi neste período, em 1935, que Izz al-Din al-Qassam, um pregador muçulmano e «dirigente» social, organizou a primeira resistência armada palestiniana contra os britânicos na região de Jenin. Em 1936, Jenin era um centro da rebelião contra as autoridades britânicas, liderada pelo amigo de Qassam, e tio-avô de Bassam al-Saadi, Farhan al-Saadi. Este, natural de uma aldeia próxima de Jenin, participou em manifestações contra os britânicos e no levantamento de al-Buraq, em 1929, que foi um confronto entre muçulmanos e judeus pelo acesso a um lugar sagrado em Jerusalém e que alastrou a todo o país. Os dois homens tinham-se conhecido anos antes de que as autoridades britânicas metessem na cadeia Farhan al-Saadi, entre 1929 e 1932. «A minha mãe disse-me que viu al-Qassam visitar o meu tio-avô na sua casa, na aldeia de Almazar», disse Saadi ao MEE. «Mas quando saiu da prisão, juntou-se a al-Qassam, que encontrou entre os camponeses de Jenin uma incubadora popular para a sua revolução», referiu. Meses antes do início da revolta árabe contra o Mandato Britânico, que apelava à independência palestiniana e ao fim da imigração judaica sem limites, al-Qassam foi morto num tiroteio com a polícia colonial britânica. Mas Farhan al-Saadi continuou. No dia 15 de Abril de 1936, o seu grupo fez uma emboscada a um autocarro na estrada Nablus – Tulkarem, perto de Jenin. Dois passageiros judeus foram mortos como vingança pela matança de palestinianos por organizações judaicas, um incidente visto como o ponto de partida da revolta. Bassam al-Saadi disse que a sua mãe era uma adolescente quando o seu tio-avô foi preso na casa da sua família, em 1937. Foi executado em Novembro desse ano, com 75 anos, mas a rebelião em Jenin continuou. Em 1938, um dia depois de um alto comandante britânico ter sido assassinado no seu gabinete em Jenin, uma grande força britânica entrou na cidade com explosivos e dinamite, fazendo explodir aproximadamente um quarto da urbe. A revolta terminou em 1939, quando os funcionários do Mandato Britânico emitiram um livro branco com a promessa de travar a imigração judaica para a Palestina, já com a maior parte dos líderes revolucionários palestinianos assassinados ou presos. Em 1948, depois de Israel ter declarado a independência e milhares de palestinianos terem sido assassinados ou expulsos de suas casas, por grupos paramilitares judaicos, o Exército israelita ocupou brevemente Jenin. A cidade podia ter tido a mesma sorte que a cidade vizinha de Haifa, que foi ocupada por Israel e cujos residentes árabes foram expulsos. A maior parte dos residentes de Jenin viu-se obrigada a fugir, sob o intenso bombardeamento da sua cidade. Mas, em vez de ser ocupada, Jenin foi defendida pelo Exército iraquiano e por voluntários palestinianos, incluindo Mohammad Qasrawi, da aldeia de Burqin, perto de Jenin. Agora, com 96 anos, Qasrawi falou sobre a «grande batalha» entre o Exército iraquiano e a milícia judaica. «Muita gente morreu, incluindo três amigos meus, que enterrámos com os mártires iraquianos no cemitério de Al-Shuhada, mas ganhámos a batalha e derrotámos os bandos», disse. Em 1949, Jenin ficou sob domínio jordano e, no início dos anos 50, foi criado o campo de Jenin, para albergar os palestinianos deslocados que haviam sido expulsos durante a guerra de 1948 entre Israel e os países árabes. O campo, localizado nos arrabaldes ocidentais de Jenin, tornou-se mais tarde um bastião da resistência à ocupação israelita. Khadra Abu Sariyyi, de 84 anos, lembra-se de quando as milícias sionistas destruíram a aldeia de Zare'en, sua terra natal, forçando a sua família a viver como refugiados no acampamento de Jenin. «Construímos uma casa de pedra e lama», disse, falando num acampamento onde ainda vive e onde a casa da sua família foi demolida duas vezes. «O meu irmão Hassan, que foi um dos revoltosos contra os britânicos e se envolveu na revolução, foi morto a tiro, em 1969, por militares israelitas, que depois levaram o seu corpo», disse. Nunca foi devolvido à família. Até hoje, não sabem onde está enterrado. Bassam al-Saadi também se lembra do tempo que passou no acampamento de Jenin, depois de os seus pais terem fugido da aldeia de Almazar, também arrasada por milícias judaicas, quando conta as histórias do seu tio-avô e de Qassam. Jenin caiu sob domínio israelita depois da guerra de 1967, o que levou muitos jovens locais, como Jamal Zobaidi, a juntar-se à resistência contra a ocupação. Zobaidi, agora com 65 anos, disse que ele e a sua família, juntamente com muitos outros palestinianos, fugiram do acampamento de Jenin para as montanhas durante a guerra, para escapar aos bombardeamentos contínuos. «A sua esperança era voltar às suas aldeias, mas, em vez disso, acabaram por regressar ao acampamento», disse Zobaidi, que lutou contra a ocupação palestiniana com recurso a actividades pacíficas nas décadas de 1970 e 1980. Foi preso seis meses sem acusações ou julgamento em 1987. A sua casa, disse, foi uma de várias que que o Exército israelita demoliu como punição colectiva. Em Dezembro de 1987, quando rebentaram os protestos contra a ocupação israelita na Cisjordânia e em Gaza, os habitantes de Jenin resistiram. Joma'a Abu Jabal, de 54 anos, nascido no acampamento de Jenin depois de a sua família ter sido expulsa de Lid al-Awadeen, uma terra perto de Haifa onde viviam em 1948, lembra-se bem. «O Exército israelita com jipes blindados não conseguiu invadir o acampamento durante 60 dias devido à feroz resistência», disse ao MEE. O irmão de Abu Jabal, Isam, foi morto a tiro por um franco-atirador israelita, quando o Exército acabou por entrar no campo, em Fevereiro de 1988. Abu Jabal foi preso mais de dez vezes pelo Exército israelita entre 1987 e 2020, sendo acusado de pertencer ao Hamas. Passou, no total, mais de cinco anos na prisão e agora trabalha na construção. Durante a segunda Intifada, o Exército israelita atacou o acampamento de Jenin no âmbito daquilo que foi designado como Operação Escudo Defensivo. Em Abril de 2002, o Exército israelita cercou o acampamento, cortou-lhe a água, o acesso a alimentos e a electricidade, impedindo ainda a entrada de pessoal médico antes de o bombardear com aviões F-16 e artilharia. A operação provocou a morte de dezenas de palestinianos e a destruição de dezenas de casas, além de milhares de deslocados, tornando-se um símbolo importante da opressão israelita e da resistência palestiniana. Durante a invasão, Joma'a Abu Jabal estava a guardar comida e a distribuí-la aos residentes no acampamento quando um soldado israelita o atingiu na perna com uma bala explosiva que lhe desfez a rótula. Manteve-se escondido numa casa abandonada quatro dias, com as feridas a sangrarem, para evitar ser preso. No entanto, quando os militares israelitas invadiram o acampamento, levaram-no detido e mantiveram-no na cadeia seis meses. «Levaram-me para a prisão, onde me deixaram a sangrar até o pé ficar infectado. Submeteram-se a interrogatórios e torturas batendo-me no pé ferido», disse. «Internaram-me num hospital, onde me amputaram a perna sem minha autorização», acrescentou. Nessa mesma invasão, Jamal Zubaidi, de 65 anos, ficou encurralado em sua casa com 14 membros da sua família. A casa já tinha sido demolida na primeira Intifada. «Os aviões israelitas bombardearam a nossa casa com três mísseis, transformando-a em escombros pela segunda vez, mas sobrevivemos milagrosamente», disse. Embora a família de Zubaidi tenha sobrevivido ao bombardeamento, a operação foi devastadora noutros aspectos. A sua mãe, Sameera, foi morta a tiro pelas tropas israelitas pouco antes da invasão, em Março. E mataram o seu irmão Taha no mês seguinte, revelou. A sua casa seria parcialmente demolida pela terceira vez em 2004, quando as tropas israelitas andavam à procura do seu irmão Zakariyya. Figura conhecida da resistência e ex-comandante das Brigadas dos Mártires de al-Aqsa, Zakariyya foi um dos seis prisioneiros que escaparam da prisão de Gilboa, em Israel, no início deste mês, antes de ser capturado. Estava na cadeia desde 2019, acusado de participar em actividades armadas contra Israel, anos depois de aceitar baixar as armas, em 2007. Três outros irmãos de Zubaidi também estão da cadeia por participarem nas actividades da resistência, principalmente em grupos ligados à Fatah: Yahya há 17 anos, Jibreel há 13 e Dawood há 20. Hoje, o acampamento de Jenin é ainda um dos focos de resistência contra a ocupação israelita, e um local pouco comum, onde existe unidade entre todas as facções palestinianas, incluindo a Fatah e o Hamas. «Estamos unidos na luta, e a divisão não é tanto entre as facções da resistência como entre a resistência e os inimigos da resistência», disse Abu-Jabal. «Mas havemos de ultrapassar isso.» Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz. O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença. Tudo isto ocorre num contexto de provocações e ataques constantes por parte dos colonos israelitas contra a população palestiniana, com a conivência do Exército, em vários pontos da Cisjordânia ocupada. Igualmente no quadro da tensão crescente na Bab al-Amoud ou Porta de Damasco, em Jerusalém, onde há uma semana a Polícia reprime de forma brutal as concentrações dos palestinianos. «Não existe alternativa a uma solução negociada do conflito, com base no direito internacional e nas suas resoluções», insiste o governo da Autoridade Palestiniana, sublinhando que as imposições de Israel estão destinadas ao fracasso. Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz. O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença. A operação em curso, que se estende a toda a Cisjordânia mas tem em Jenin o seu epicentro, segue-se ao ataque perpetrado na quinta-feira passada em Telavive por um palestiniano residente na cidade. Na sexta-feira, horas depois do ataque, Naftali Bennett afirmou que «não há e não haverá limites para esta guerra» e acrescentou que o Exército teria «total liberdade de acção», assim como o Shin Bet (serviço de segurança interna israelita) e as restantes forças de segurança. O Ministério palestiniano dos Negócios Estrangeiros referiu-se as estas declarações como uma «autorização oficial para praticar execuções extra-judiciais», numa «violação flagrante das normas do direito internacional». Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz. O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença. Esta escalada segue-se às declarações do primeiro-ministro israelita, Naftali Bennet, que na sexta-feira afirmou que «não há e não haverá limites para esta guerra», acrescentando que o Exército teria «total liberdade de acção», tal como o Shin Bet (serviço de segurança interna israelita) e as restantes forças de segurança. As declarações de Bennet, após um ataque perpetrado por um palestiniano em Telavive, que provocou a morte a três israelitas e mais de uma dezena de feridos, foram classificadas pelo Ministério palestiniano dos Negócios Estrangeiros como uma «autorização oficial para praticar execuções extra-judiciais», numa «violação flagrante das normas do direito internacional». O palestiniano que, na quinta-feira, realizou o ataque numa zona nocturna de Telavive, residia em Jenin, no Norte da Cisjordânia. Desde então, a cidade tem sido alvo de raides sucessivos por parte das forças de ocupação. Segundo refere a Al Mayadeen, têm-se registado intensos confrontos em vários bairros da cidade, com grupos da resistência a fazerem frente às forças especiais israelitas, que usam carros com matrículas palestinianas e colocam franco-atiradores no cimo de diversas casas. No âmbito da ofensiva de larga escala levada a cabo pelas forças de ocupação em toda a Margem Ocidental, pelo menos 40 palestinianos foram presos entre domingo à noite e esta manhã. Na noite de terça-feira e madrugada de quarta, as forças israelitas de ocupação prenderam 22 palestinianos em vários pontos da Margem Ocidental, incluindo na Porta de Damasco, em Jerusalém Oriental. Fontes oficiais comunicaram à agência WAFA que 12 pessoas foram detidas nas imediações de Bab al-Amoud, também conhecida como Porta de Damasco, à entrada da Cidade Velha de Jerusalém. Desde o início do mês do Ramadão, milhares de palestinianos concentram-se ali e a Polícia israelita, fortemente armada, recorre a balas de aço revestidas de borracha, granadas atordoantes e bastões para os dispersar. Além disso, veda o acesso a várias ruas das imediações e acossa os transeuntes, por vezes espancando-os com grande violência, gerando confrontos repetidos. A WAFA refere que, no Bairro de Beit Hanina, também em Jerusalém, foram presos outros dois palestinianos, Partindo de um relatório recente sobre a questão, um jornalista do Activestills aborda as invasões das casas de palestinianos pelo Exército israelita, a sua natureza arbitrária e os danos psicológicos que geram. Oren Ziv, fotojornalista e membro fundador do colectivo de fotografia Activestills, conta que há cerca de uma década se juntou a activistas israelitas na aldeia palestiniana de Asira al-Qibliya, na Margem Ocidental ocupada, localizada perto de Yitzhar, um posto avançado militar israelita que se viria a tornar um colonato nos anos 80. «Chegámos poucas horas depois de os colonos terem assaltado a aldeia, atacado os residentes palestinianos e vandalizado as suas propriedades. Temendo que os colonos pudessem regressar, alguns residentes pediram-nos que ficássemos durante a noite», relata. Os colonos não voltaram, mas, perto das duas da manhã, soldados israelitas invadiram a aldeia, avançando de uma casa para outra. «Acordámos com o som de batidas fortes na porta de metal da casa em que estávamos. Os soldados, que se mostraram surpreendidos ao encontrar israelitas numa aldeia palestiniana, juntaram-nos a todos, incluindo crianças, no jardim e realizaram um "interrogatório" rápido a cada pessoa», conta. «ao não existir um procedimento oficial para as buscas domiciliárias na Cisjordânia ocupada, isto significa que, para o Exército israelita, qualquer casa palestiniana é um alvo legítimo a dado momento» Os soldados foram «misericordiosos» com aquela família palestiniana, mas na casa ao lado reviraram tudo e tiraram de lá todos os pertences. «Cerca de uma hora depois, os soldados voltaram para os jipes militares e desapareceram na noite. Não apresentaram qualquer mandado de busca, nem deram qualquer explicação para o raide», diz Ziv. Estas invasões militares de casas, que estão associadas à violência da ocupação de Israel, foram o tema de um estudo publicado recentemente, no final de Novembro, pelas organizações de direitos humanos Yesh Din, Breaking the Silence e Physicians for Human Rights-Israel (PHRI). O relatório centra-se nos efeitos que estas operações têm na saúde mental dos palestinianos e no modo como, para lá dos objectivos declarados pelo Exército israelita, estas invasões se tornaram em si mesmas um objectivo. O jornalista denuncia que, ao não existir um procedimento oficial para as buscas domiciliárias na Cisjordânia ocupada, isto significa que, para o Exército israelita, qualquer casa palestiniana é um alvo legítimo a dado momento. O estudo, intitulado «Uma vida exposta: invasões militares de casas palestinianas na Cisjordânia», baseia-se em 158 testemunhos de palestinianos cujas casas foram invadidas nos últimos anos; 31 entrevistas realizadas a famílias palestinianas afectadas, por especialistas na área da Saúde; e entrevistas a 40 soldados israelitas e cinco oficiais que participaram nestas operações. «"Embora os israelitas tenham menos conhecimento deste fenómeno do que dos postos de controlo ou das demolições de casas, muitos palestinianos nascem e crescem numa realidade em que os soldados armados assaltam habitualmente as suas casas"» Em 88% dos casos documentados no estudo, as famílias palestinianas afirmaram que os soldados as obrigaram a juntar-se numa só divisão, ou separaram os seus membros por diversas divisões, onde os mantiveram sob vigilância. Em 30% das invasões referidas, os palestinianos informaram que os soldados os ameaçaram com violência, e em 25% dos casos os palestinianos disseram que os soldados recorreram à força ou violência física contra um membro da família. Das famílias entrevistadas, 64% disseram que as suas casas foram invadidas mais que uma vez. Das invasões registadas, 88% tiveram lugar entre a meia-noite e as cinco da manhã. «As invasões militares a casas palestinianas [na Cisjordânia ocupada] são das operações mais comuns e rotineiras sob a ocupação israelita», disse Ziv Stahl, directora do departamento de investigação da Yesh Din, que também trabalhou no relatório. «Embora os israelitas tenham menos conhecimento deste fenómeno do que dos postos de controlo ou das demolições de casas, muitos palestinianos nascem e crescem numa realidade em que os soldados armados assaltam habitualmente as suas casas», continuou. «É um instrumento violento e repressivo que se tornou fundamental para o mecanismo de controlo de Israel sobre os palestinianos», disse. Os objectivos declarados destas invasões militares são realizar buscas, detenções ou recolher informação (mapping), mas os testemunhos registados descrevem uma realidade muito diferente. De acordo com as declarações dos soldados, o objectivo implícito destas operações é o que se descreve em coloquialismo militar como «demonstração de força» e «criar um sentido de perseguição». Visam dissuadir as pessoas, comunidades inteiras, de participar em actividades políticas que se opõem à ocupação. «[estas operações] visam dissuadir as pessoas, comunidades inteiras, de participar em actividades políticas que se opõem à ocupação» Um sargento israelita disse à Breaking the Silence que o «propósito principal é a dissuasão», sublinhando que a ideia é mostrar que o Exército israelita «está ali» e «pode entrar na sua casa a qualquer momento». Ao ser questionado se entravam em casas ao acaso, o soldado disse: «Absolutamente, é completamente um [jogo de] um-dó-li-tá». Um dos pontos centrais do estudo é que, com base na lei militar, não há mandados judiciais nestas invasões, o que significa que também não estão sujeitas a qualquer revisão ou escrutínio judicial. Qualquer oficial ou soldado por ele autorizado têm o poder de ordenar uma invasão de uma casa na Cisjordânia ocupada. Em Março, a Yesh Din, a PHRI e seis famílias palestinianas solicitaram ao Tribunal Superior de Israel que os militares cessassem as invasões e as buscas em casas palestinianas sem mandado judicial, excepto em casos urgentes. O tribunal decretou que deve ser o Estado a determinar se pode revelar os seus procedimentos confidenciais sobre invasões domiciliárias. O propósito da petição é obrigar Israel a criar um mecanismo através do qual se possam autorizar as buscas domiciliários, refere Michael Sfard, assessor legal da Yesh Din e da Breaking the Silence. «Mesmo que seja apenas uma formalidade, o facto de haver um processo burocrático já é um avanço», explica. «Ocasionalmente, haverá um juiz que levará este proceso a sério», frisa. O relatório também examina o impacto psicológico dos raides israelitas nos palestinianos. Os adultos cujas casas foram invadidas reportam sintomas de perturbação de stress pós-traumático e ansiedade, incluindo perturbações do sono e hiperactividade. Por seu lado, as crianças e os adolescentes mostram maior dependência dos pais e um comportamento agressivo, além dos sintomas revelados pelos adultos, revela o texto. «"os palestinianos estão a viver um trauma colectivo como resultado da ocupação em curso [...] As consequências negativas para a saúde mental estão entre as mais altas do mundo"» «Não consigo adormecer antes da 1h ou 2h», diz RS, uma mulher da cidade de Sinjil, no Norte da Cisjordânia ocupada, citada no relatório. «Começo a ruminar e, mal ouço um barulho, espero os militares», acrescenta. «Às vezes, não muitas, sonho que eles vêm para levar o meu marido e que ele foge. Agora, fico a pensar até às 2h30 – 3h, e depois acalmo um pouco, assim que passa o tempo em que eles são esperados», diz. De acordo com Jomanah Milham, psiquiatra e voluntária da PHRI, «as invasões militares de casas, habitualmente acompanhadas por violência verbal ou física, são uma experiência ameaçadora e podem causar perturbação de stress pós-traumático». Ela refere que os sintomas desta perturbação podem incluir flashbacks, pesadelos, perturbações do sono e estado de alerta excessivo. «se os palestinianos apresentam uma queixa, o aparelho interno do Exército israelita justifica retroactivamente os danos à propriedade causados durante as buscas domiciliárias. Portanto, as investigações sobre vandalismo são encerradas sem que um só soldado seja julgado» «As conclusões [do estudo] são consistentes com as de muitos outros estudos, que mostram que os palestinianos estão a viver um trauma colectivo como resultado da ocupação em curso», acrescenta Milham. «As consequências negativas para a saúde mental estão entre as mais altas do mundo», sublinha. De acordo com o relatório, se os palestinianos apresentam uma queixa, o aparelho interno do Exército israelita justifica retroactivamente os danos à propriedade causados durante as buscas domiciliárias. Portanto, as investigações sobre vandalismo são encerradas sem que um só soldado seja julgado, e a procuradoria militar rejeita a queixa sem abrir qualquer investigação penal. O relatório revela que todas as queixas apresentadas pelos palestinianos desde 2008 – com a ajuda da Yesh Din – relativas a danos à propriedade foram arquivadas sem que tenha havido qualquer acusação. Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz. O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença. No Sul da Cisjordânia ocupada, registaram-se várias incursões no distrito de Hebron e três palestinianos foram detidos. No distrito de Nablus, a agência confirma a existência de um raide levado a cabo pelas forças israelitas, no âmbito do qual foi detido um palestiniano. A sul da cidade de Qalqiliya, os soldados prenderam um menor, de 15 anos de idade, informa a mesma fonte, dando conta de vários raides no distrito de Jenin e da detenção de três ex-presos. As forças israelitas levam a cabo estas operações de busca e captura num registo praticamente diário, quase sempre de madrugada. Alegando que «procuram» palestinianos, invadem as casas sem mandado de detenção onde e sempre que lhes apetece. São frequentes os confrontos com os residentes palestinianos, os mais de três milhões que vivem na Margem Ocidental ocupada e que, lembra a WAFA, ficam completamente à mercê da autoridade militar que lhes é imposta pelos comandantes israelitas. Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz. O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença. De domingo para segunda-feira, as forças israelitas prenderam 23 palestinianos, segundo refere a WAFA, incluindo cinco em Jerusalém, nas imediações da Mesquita de al-Aqsa e da Bab al-Amoud (Porta de Damasco), onde a Polícia israelita tem reprimido com grande violência as concentrações de palestinianos. Nesta última madrugada, refere a mesma fonte, as forças de ocupação prenderam 17 palestinianos na Margem Ocidental, mantendo a operação repressiva. Quatro foram detidos em Jenin e outros tantos em Nablus; em Belém, foram presos dois, tal como em al-Khalil (Hebron) e Tulkarem, havendo ainda registo de detenções em Tubas e Salfit. Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz. O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença. Um outro palestiniano ficou ferido depois de ser atropelado por uma viatura militar israelita, acrescentou. Esta manhã, as forças de ocupação invadiram zonas na cidade de Nablus e várias aldeias vizinhas, como Beita, al-Lubban al-Sharqiya e Urif, onde prenderam vários jovens. Em Beita, dezenas de soldados entraram de madrugada em cerca de vinte casas e usaram fogo real contra as pessoas que protestavam contra o raide, provocando seis feridos, indicou o autarca da localidade, Mahmoud Barham. Ontem à noite, registaram-se confrontos com as forças de ocupação a norte de Ramallah, em al-Khalil (Hebron), al-Khader (a sul de Belém) e na zona de al-Tal da Cidade Velha de Jerusalém, com as forças israelitas a usarem balas de borracha, gás lacrimogéneo e granadas atordoantes contra os manifestantes. Há registo de vários feridos, alguns dos quais tiveram de ser hospitalizados. Em Beit Ummar, a norte de al-Khalil, realizou-se uma manifestação solidária com a cidade de Jenin e o seu campo de refugiados, que há vários dias é alvo de raides por parte das forças de ocupação. Os militares israelitas atacaram os manifestantes com gás lacrimogéneo e granadas atordoantes, e seguiram-se fortes confrontos. Nos últimos dias, as tropas israelitas intensificaram as incursões na Cisjordânia ocupada, tendo matado cinco palestinianos desde o fim-de-semana. Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz. O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença. O rapaz foi atingido a tiro durante confrontos com os militares israelitas, depois de estes terem cercado a localidade e vedado os acessos a ela. O autarca de Husan, Mohammad Sabatin, disse à WAFA que, ao saberem da morte de Hamamra, os habitantes se revoltaram ainda mais e os confrontos se intensificaram. Pelo menos quatro pessoas foram feridas com fogo real e dezenas sofreram de asfixia por inalação de gás lacrimogéneo. Em Silwad, ontem à noite registaram-se fortes confrontos nas ruas, depois de as forças israelitas entrarem na localidade, junto a Ramallah, com grande violência, recorrendo a fogo real e gás lacrimogéneo. O Ministério palestiniano da Saúde confirmou a existência de uma vítima mortal dos disparos israelitas, identificada como Omar Elayan, de 20 anos, e de pelo menos 11 feridos, alguns dos quais tiveram de ser hospitalizados. Os soldados prenderam ali três pessoas, indica a WAFA, que dá conta de outras 14 detenções ao longo do dia. A estas há que juntar as 17 verificadas durante a madrugada de terça para quarta-feira. Já hoje, a agência refere que foram presos 33 palestinianos durante a madrugada, em vários pontos da Cisjordânia. Neste sentido, os palestinianos falam em «onda» de detenções e raides em grande escala. A tensão na Cisjordânia ocupada tem vindo a aumentar desde o início do mês do Ramadão, com a Polícia israelita a reprimir de forma violenta as concentrações de palestinianos na zona de Bab al-Amoud (Porta de Damasco), em Jerusalém Oriental ocupada. O Ministério palestiniano dos Negócios Estrangeiros afirmou que o executivo de Naftali Bennett é «inteira e directamente» responsável pela escalada de violência na Margem Ocidental ocupada. «A escalada israelita é uma tentativa de substituir a solução política negociada para o conflito por outras soluções […], que reflectem a negação de Israel dos direitos do povo palestiniano, o principal dos quais é o seu direito à autodeterminação», declarou este sábado o ministério, num comunicado citado pela WAFA. A declaração seguiu-se à incursão dos militares israelitas no campo de refugiados de Jenin, à qual os palestinianos responderam. No decorrer dos confrontos, as forças de ocupação mataram um palestiniano e feriram outros 13, segundo referiu o Ministério palestiniano da Saúde. As autoridades sanitárias informaram que o jovem assassinado, identificado como Ahmad Saadi, foi atingido com tiros no peito e na cabeça, falecendo de imediato. Dois dos feridos foram igualmente atingidos com fogo real e tiveram de ser submetidos a intervenções cirúrgicas. Na noite de terça-feira e madrugada de quarta, as forças israelitas de ocupação prenderam 22 palestinianos em vários pontos da Margem Ocidental, incluindo na Porta de Damasco, em Jerusalém Oriental. Fontes oficiais comunicaram à agência WAFA que 12 pessoas foram detidas nas imediações de Bab al-Amoud, também conhecida como Porta de Damasco, à entrada da Cidade Velha de Jerusalém. Desde o início do mês do Ramadão, milhares de palestinianos concentram-se ali e a Polícia israelita, fortemente armada, recorre a balas de aço revestidas de borracha, granadas atordoantes e bastões para os dispersar. Além disso, veda o acesso a várias ruas das imediações e acossa os transeuntes, por vezes espancando-os com grande violência, gerando confrontos repetidos. A WAFA refere que, no Bairro de Beit Hanina, também em Jerusalém, foram presos outros dois palestinianos, Partindo de um relatório recente sobre a questão, um jornalista do Activestills aborda as invasões das casas de palestinianos pelo Exército israelita, a sua natureza arbitrária e os danos psicológicos que geram. Oren Ziv, fotojornalista e membro fundador do colectivo de fotografia Activestills, conta que há cerca de uma década se juntou a activistas israelitas na aldeia palestiniana de Asira al-Qibliya, na Margem Ocidental ocupada, localizada perto de Yitzhar, um posto avançado militar israelita que se viria a tornar um colonato nos anos 80. «Chegámos poucas horas depois de os colonos terem assaltado a aldeia, atacado os residentes palestinianos e vandalizado as suas propriedades. Temendo que os colonos pudessem regressar, alguns residentes pediram-nos que ficássemos durante a noite», relata. Os colonos não voltaram, mas, perto das duas da manhã, soldados israelitas invadiram a aldeia, avançando de uma casa para outra. «Acordámos com o som de batidas fortes na porta de metal da casa em que estávamos. Os soldados, que se mostraram surpreendidos ao encontrar israelitas numa aldeia palestiniana, juntaram-nos a todos, incluindo crianças, no jardim e realizaram um "interrogatório" rápido a cada pessoa», conta. «ao não existir um procedimento oficial para as buscas domiciliárias na Cisjordânia ocupada, isto significa que, para o Exército israelita, qualquer casa palestiniana é um alvo legítimo a dado momento» Os soldados foram «misericordiosos» com aquela família palestiniana, mas na casa ao lado reviraram tudo e tiraram de lá todos os pertences. «Cerca de uma hora depois, os soldados voltaram para os jipes militares e desapareceram na noite. Não apresentaram qualquer mandado de busca, nem deram qualquer explicação para o raide», diz Ziv. Estas invasões militares de casas, que estão associadas à violência da ocupação de Israel, foram o tema de um estudo publicado recentemente, no final de Novembro, pelas organizações de direitos humanos Yesh Din, Breaking the Silence e Physicians for Human Rights-Israel (PHRI). O relatório centra-se nos efeitos que estas operações têm na saúde mental dos palestinianos e no modo como, para lá dos objectivos declarados pelo Exército israelita, estas invasões se tornaram em si mesmas um objectivo. O jornalista denuncia que, ao não existir um procedimento oficial para as buscas domiciliárias na Cisjordânia ocupada, isto significa que, para o Exército israelita, qualquer casa palestiniana é um alvo legítimo a dado momento. O estudo, intitulado «Uma vida exposta: invasões militares de casas palestinianas na Cisjordânia», baseia-se em 158 testemunhos de palestinianos cujas casas foram invadidas nos últimos anos; 31 entrevistas realizadas a famílias palestinianas afectadas, por especialistas na área da Saúde; e entrevistas a 40 soldados israelitas e cinco oficiais que participaram nestas operações. «"Embora os israelitas tenham menos conhecimento deste fenómeno do que dos postos de controlo ou das demolições de casas, muitos palestinianos nascem e crescem numa realidade em que os soldados armados assaltam habitualmente as suas casas"» Em 88% dos casos documentados no estudo, as famílias palestinianas afirmaram que os soldados as obrigaram a juntar-se numa só divisão, ou separaram os seus membros por diversas divisões, onde os mantiveram sob vigilância. Em 30% das invasões referidas, os palestinianos informaram que os soldados os ameaçaram com violência, e em 25% dos casos os palestinianos disseram que os soldados recorreram à força ou violência física contra um membro da família. Das famílias entrevistadas, 64% disseram que as suas casas foram invadidas mais que uma vez. Das invasões registadas, 88% tiveram lugar entre a meia-noite e as cinco da manhã. «As invasões militares a casas palestinianas [na Cisjordânia ocupada] são das operações mais comuns e rotineiras sob a ocupação israelita», disse Ziv Stahl, directora do departamento de investigação da Yesh Din, que também trabalhou no relatório. «Embora os israelitas tenham menos conhecimento deste fenómeno do que dos postos de controlo ou das demolições de casas, muitos palestinianos nascem e crescem numa realidade em que os soldados armados assaltam habitualmente as suas casas», continuou. «É um instrumento violento e repressivo que se tornou fundamental para o mecanismo de controlo de Israel sobre os palestinianos», disse. Os objectivos declarados destas invasões militares são realizar buscas, detenções ou recolher informação (mapping), mas os testemunhos registados descrevem uma realidade muito diferente. De acordo com as declarações dos soldados, o objectivo implícito destas operações é o que se descreve em coloquialismo militar como «demonstração de força» e «criar um sentido de perseguição». Visam dissuadir as pessoas, comunidades inteiras, de participar em actividades políticas que se opõem à ocupação. «[estas operações] visam dissuadir as pessoas, comunidades inteiras, de participar em actividades políticas que se opõem à ocupação» Um sargento israelita disse à Breaking the Silence que o «propósito principal é a dissuasão», sublinhando que a ideia é mostrar que o Exército israelita «está ali» e «pode entrar na sua casa a qualquer momento». Ao ser questionado se entravam em casas ao acaso, o soldado disse: «Absolutamente, é completamente um [jogo de] um-dó-li-tá». Um dos pontos centrais do estudo é que, com base na lei militar, não há mandados judiciais nestas invasões, o que significa que também não estão sujeitas a qualquer revisão ou escrutínio judicial. Qualquer oficial ou soldado por ele autorizado têm o poder de ordenar uma invasão de uma casa na Cisjordânia ocupada. Em Março, a Yesh Din, a PHRI e seis famílias palestinianas solicitaram ao Tribunal Superior de Israel que os militares cessassem as invasões e as buscas em casas palestinianas sem mandado judicial, excepto em casos urgentes. O tribunal decretou que deve ser o Estado a determinar se pode revelar os seus procedimentos confidenciais sobre invasões domiciliárias. O propósito da petição é obrigar Israel a criar um mecanismo através do qual se possam autorizar as buscas domiciliários, refere Michael Sfard, assessor legal da Yesh Din e da Breaking the Silence. «Mesmo que seja apenas uma formalidade, o facto de haver um processo burocrático já é um avanço», explica. «Ocasionalmente, haverá um juiz que levará este proceso a sério», frisa. O relatório também examina o impacto psicológico dos raides israelitas nos palestinianos. Os adultos cujas casas foram invadidas reportam sintomas de perturbação de stress pós-traumático e ansiedade, incluindo perturbações do sono e hiperactividade. Por seu lado, as crianças e os adolescentes mostram maior dependência dos pais e um comportamento agressivo, além dos sintomas revelados pelos adultos, revela o texto. «"os palestinianos estão a viver um trauma colectivo como resultado da ocupação em curso [...] As consequências negativas para a saúde mental estão entre as mais altas do mundo"» «Não consigo adormecer antes da 1h ou 2h», diz RS, uma mulher da cidade de Sinjil, no Norte da Cisjordânia ocupada, citada no relatório. «Começo a ruminar e, mal ouço um barulho, espero os militares», acrescenta. «Às vezes, não muitas, sonho que eles vêm para levar o meu marido e que ele foge. Agora, fico a pensar até às 2h30 – 3h, e depois acalmo um pouco, assim que passa o tempo em que eles são esperados», diz. De acordo com Jomanah Milham, psiquiatra e voluntária da PHRI, «as invasões militares de casas, habitualmente acompanhadas por violência verbal ou física, são uma experiência ameaçadora e podem causar perturbação de stress pós-traumático». Ela refere que os sintomas desta perturbação podem incluir flashbacks, pesadelos, perturbações do sono e estado de alerta excessivo. «se os palestinianos apresentam uma queixa, o aparelho interno do Exército israelita justifica retroactivamente os danos à propriedade causados durante as buscas domiciliárias. Portanto, as investigações sobre vandalismo são encerradas sem que um só soldado seja julgado» «As conclusões [do estudo] são consistentes com as de muitos outros estudos, que mostram que os palestinianos estão a viver um trauma colectivo como resultado da ocupação em curso», acrescenta Milham. «As consequências negativas para a saúde mental estão entre as mais altas do mundo», sublinha. De acordo com o relatório, se os palestinianos apresentam uma queixa, o aparelho interno do Exército israelita justifica retroactivamente os danos à propriedade causados durante as buscas domiciliárias. Portanto, as investigações sobre vandalismo são encerradas sem que um só soldado seja julgado, e a procuradoria militar rejeita a queixa sem abrir qualquer investigação penal. O relatório revela que todas as queixas apresentadas pelos palestinianos desde 2008 – com a ajuda da Yesh Din – relativas a danos à propriedade foram arquivadas sem que tenha havido qualquer acusação. Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz. O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença. No Sul da Cisjordânia ocupada, registaram-se várias incursões no distrito de Hebron e três palestinianos foram detidos. No distrito de Nablus, a agência confirma a existência de um raide levado a cabo pelas forças israelitas, no âmbito do qual foi detido um palestiniano. A sul da cidade de Qalqiliya, os soldados prenderam um menor, de 15 anos de idade, informa a mesma fonte, dando conta de vários raides no distrito de Jenin e da detenção de três ex-presos. As forças israelitas levam a cabo estas operações de busca e captura num registo praticamente diário, quase sempre de madrugada. Alegando que «procuram» palestinianos, invadem as casas sem mandado de detenção onde e sempre que lhes apetece. São frequentes os confrontos com os residentes palestinianos, os mais de três milhões que vivem na Margem Ocidental ocupada e que, lembra a WAFA, ficam completamente à mercê da autoridade militar que lhes é imposta pelos comandantes israelitas. Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz. O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença. O raide levado a cabo pelos militares israelitas este sábado contra a cidade de Jenin e o seu campo de refugiados visou sobretudo a residência da família de Raed Hazem, palestiniano que na quinta-feira passada atacou e matou três israelitas e feriu mais de uma dezena em Telavive. Hazem foi morto a tiro pelas forças israelitas, perto de Jaffa, horas depois de ter realizado o ataque em Telavive. Ainda assim, os militares cercaram a casa dos familiares de Raed Hazem e intimaram-nos a sair e a entregar-se, segundo revelaram testemunhas à WAFA. A mesma fonte refere que não estava ninguém em casa e que elementos do Exército começaram a tomar medidas para levar a cabo a demolição do edifício, seguindo o procedimento habitual da «punição colectiva» contra os familiares de atacantes. Na sexta-feira, horas depois do ataque em Telavive, o primeiro-ministro israelita, Naftali Bennett, afirmou que «não há e não haverá limites para esta guerra». Igualmente em tom inflamado, refere a PressTV, acrescentou que o Exército teria «total liberdade de acção», assim como o Shin Bet (serviço de segurança interna israelita) e as restantes forças de segurança. Vários habitantes desfiam memórias de resistência na cidade, onde histórias familiares e revolução andam de mãos dadas – a terra esteve na luta muito antes de seis palestinianos terem saído de uma prisão de alta segurança escavando um túnel com colheres. Desde a invasão do exército de Napoleão Bonaparte até aos tiroteios recentes entre jovens armados locais e as forças de ocupação israelita, os habitantes da cidade do Norte da Cisjordânia falam com orgulho do seu histórico desafio. «Cresci a ouvir a história heróica do meu tio-avô, Farhan al-Saadi e [Izz al-Din] al-Qassam, que espalharam as sementes da resistência e inspiraram a geração seguinte em Jenin, incluindo eu», disse Bassam al-Saadi, agora com 61 anos, ao jornalista Fareed Taamallah, do Middle East Eye (MEE). Tal como as lembranças de Saadi, as histórias familiares que os residentes mais velhos partilham desenham um longo legado de luta contra a opressão e a ocupação que persiste na actualidade. Jenin encontra-se na base das colinas escarpadas de Nablus, as Jabal an-Nar ou «as montanhas de fogo», como foram chamadas depois de os seus habitantes terem incendiado olivais e florestas para travar o avanço dos soldados franceses em 1799. Quando os franceses ganharam a batalha, Napoleão ordenou aos seus soldados que queimassem e saqueassem Jenin, como represália pela ajuda aos otomanos. Mais de um século passado, em Setembro de 1918, Jenin foi capturada por aliados britânicos, durante a Primeira Guerra Mundial, ficando sob domínio das autoridades do Mandato Britânico, tal como o resto da Palestina. Foi neste período, em 1935, que Izz al-Din al-Qassam, um pregador muçulmano e «dirigente» social, organizou a primeira resistência armada palestiniana contra os britânicos na região de Jenin. Em 1936, Jenin era um centro da rebelião contra as autoridades britânicas, liderada pelo amigo de Qassam, e tio-avô de Bassam al-Saadi, Farhan al-Saadi. Este, natural de uma aldeia próxima de Jenin, participou em manifestações contra os britânicos e no levantamento de al-Buraq, em 1929, que foi um confronto entre muçulmanos e judeus pelo acesso a um lugar sagrado em Jerusalém e que alastrou a todo o país. Os dois homens tinham-se conhecido anos antes de que as autoridades britânicas metessem na cadeia Farhan al-Saadi, entre 1929 e 1932. «A minha mãe disse-me que viu al-Qassam visitar o meu tio-avô na sua casa, na aldeia de Almazar», disse Saadi ao MEE. «Mas quando saiu da prisão, juntou-se a al-Qassam, que encontrou entre os camponeses de Jenin uma incubadora popular para a sua revolução», referiu. Meses antes do início da revolta árabe contra o Mandato Britânico, que apelava à independência palestiniana e ao fim da imigração judaica sem limites, al-Qassam foi morto num tiroteio com a polícia colonial britânica. Mas Farhan al-Saadi continuou. No dia 15 de Abril de 1936, o seu grupo fez uma emboscada a um autocarro na estrada Nablus – Tulkarem, perto de Jenin. Dois passageiros judeus foram mortos como vingança pela matança de palestinianos por organizações judaicas, um incidente visto como o ponto de partida da revolta. Bassam al-Saadi disse que a sua mãe era uma adolescente quando o seu tio-avô foi preso na casa da sua família, em 1937. Foi executado em Novembro desse ano, com 75 anos, mas a rebelião em Jenin continuou. Em 1938, um dia depois de um alto comandante britânico ter sido assassinado no seu gabinete em Jenin, uma grande força britânica entrou na cidade com explosivos e dinamite, fazendo explodir aproximadamente um quarto da urbe. A revolta terminou em 1939, quando os funcionários do Mandato Britânico emitiram um livro branco com a promessa de travar a imigração judaica para a Palestina, já com a maior parte dos líderes revolucionários palestinianos assassinados ou presos. Em 1948, depois de Israel ter declarado a independência e milhares de palestinianos terem sido assassinados ou expulsos de suas casas, por grupos paramilitares judaicos, o Exército israelita ocupou brevemente Jenin. A cidade podia ter tido a mesma sorte que a cidade vizinha de Haifa, que foi ocupada por Israel e cujos residentes árabes foram expulsos. A maior parte dos residentes de Jenin viu-se obrigada a fugir, sob o intenso bombardeamento da sua cidade. Mas, em vez de ser ocupada, Jenin foi defendida pelo Exército iraquiano e por voluntários palestinianos, incluindo Mohammad Qasrawi, da aldeia de Burqin, perto de Jenin. Agora, com 96 anos, Qasrawi falou sobre a «grande batalha» entre o Exército iraquiano e a milícia judaica. «Muita gente morreu, incluindo três amigos meus, que enterrámos com os mártires iraquianos no cemitério de Al-Shuhada, mas ganhámos a batalha e derrotámos os bandos», disse. Em 1949, Jenin ficou sob domínio jordano e, no início dos anos 50, foi criado o campo de Jenin, para albergar os palestinianos deslocados que haviam sido expulsos durante a guerra de 1948 entre Israel e os países árabes. O campo, localizado nos arrabaldes ocidentais de Jenin, tornou-se mais tarde um bastião da resistência à ocupação israelita. Khadra Abu Sariyyi, de 84 anos, lembra-se de quando as milícias sionistas destruíram a aldeia de Zare'en, sua terra natal, forçando a sua família a viver como refugiados no acampamento de Jenin. «Construímos uma casa de pedra e lama», disse, falando num acampamento onde ainda vive e onde a casa da sua família foi demolida duas vezes. «O meu irmão Hassan, que foi um dos revoltosos contra os britânicos e se envolveu na revolução, foi morto a tiro, em 1969, por militares israelitas, que depois levaram o seu corpo», disse. Nunca foi devolvido à família. Até hoje, não sabem onde está enterrado. Bassam al-Saadi também se lembra do tempo que passou no acampamento de Jenin, depois de os seus pais terem fugido da aldeia de Almazar, também arrasada por milícias judaicas, quando conta as histórias do seu tio-avô e de Qassam. Jenin caiu sob domínio israelita depois da guerra de 1967, o que levou muitos jovens locais, como Jamal Zobaidi, a juntar-se à resistência contra a ocupação. Zobaidi, agora com 65 anos, disse que ele e a sua família, juntamente com muitos outros palestinianos, fugiram do acampamento de Jenin para as montanhas durante a guerra, para escapar aos bombardeamentos contínuos. «A sua esperança era voltar às suas aldeias, mas, em vez disso, acabaram por regressar ao acampamento», disse Zobaidi, que lutou contra a ocupação palestiniana com recurso a actividades pacíficas nas décadas de 1970 e 1980. Foi preso seis meses sem acusações ou julgamento em 1987. A sua casa, disse, foi uma de várias que que o Exército israelita demoliu como punição colectiva. Em Dezembro de 1987, quando rebentaram os protestos contra a ocupação israelita na Cisjordânia e em Gaza, os habitantes de Jenin resistiram. Joma'a Abu Jabal, de 54 anos, nascido no acampamento de Jenin depois de a sua família ter sido expulsa de Lid al-Awadeen, uma terra perto de Haifa onde viviam em 1948, lembra-se bem. «O Exército israelita com jipes blindados não conseguiu invadir o acampamento durante 60 dias devido à feroz resistência», disse ao MEE. O irmão de Abu Jabal, Isam, foi morto a tiro por um franco-atirador israelita, quando o Exército acabou por entrar no campo, em Fevereiro de 1988. Abu Jabal foi preso mais de dez vezes pelo Exército israelita entre 1987 e 2020, sendo acusado de pertencer ao Hamas. Passou, no total, mais de cinco anos na prisão e agora trabalha na construção. Durante a segunda Intifada, o Exército israelita atacou o acampamento de Jenin no âmbito daquilo que foi designado como Operação Escudo Defensivo. Em Abril de 2002, o Exército israelita cercou o acampamento, cortou-lhe a água, o acesso a alimentos e a electricidade, impedindo ainda a entrada de pessoal médico antes de o bombardear com aviões F-16 e artilharia. A operação provocou a morte de dezenas de palestinianos e a destruição de dezenas de casas, além de milhares de deslocados, tornando-se um símbolo importante da opressão israelita e da resistência palestiniana. Durante a invasão, Joma'a Abu Jabal estava a guardar comida e a distribuí-la aos residentes no acampamento quando um soldado israelita o atingiu na perna com uma bala explosiva que lhe desfez a rótula. Manteve-se escondido numa casa abandonada quatro dias, com as feridas a sangrarem, para evitar ser preso. No entanto, quando os militares israelitas invadiram o acampamento, levaram-no detido e mantiveram-no na cadeia seis meses. «Levaram-me para a prisão, onde me deixaram a sangrar até o pé ficar infectado. Submeteram-se a interrogatórios e torturas batendo-me no pé ferido», disse. «Internaram-me num hospital, onde me amputaram a perna sem minha autorização», acrescentou. Nessa mesma invasão, Jamal Zubaidi, de 65 anos, ficou encurralado em sua casa com 14 membros da sua família. A casa já tinha sido demolida na primeira Intifada. «Os aviões israelitas bombardearam a nossa casa com três mísseis, transformando-a em escombros pela segunda vez, mas sobrevivemos milagrosamente», disse. Embora a família de Zubaidi tenha sobrevivido ao bombardeamento, a operação foi devastadora noutros aspectos. A sua mãe, Sameera, foi morta a tiro pelas tropas israelitas pouco antes da invasão, em Março. E mataram o seu irmão Taha no mês seguinte, revelou. A sua casa seria parcialmente demolida pela terceira vez em 2004, quando as tropas israelitas andavam à procura do seu irmão Zakariyya. Figura conhecida da resistência e ex-comandante das Brigadas dos Mártires de al-Aqsa, Zakariyya foi um dos seis prisioneiros que escaparam da prisão de Gilboa, em Israel, no início deste mês, antes de ser capturado. Estava na cadeia desde 2019, acusado de participar em actividades armadas contra Israel, anos depois de aceitar baixar as armas, em 2007. Três outros irmãos de Zubaidi também estão da cadeia por participarem nas actividades da resistência, principalmente em grupos ligados à Fatah: Yahya há 17 anos, Jibreel há 13 e Dawood há 20. Hoje, o acampamento de Jenin é ainda um dos focos de resistência contra a ocupação israelita, e um local pouco comum, onde existe unidade entre todas as facções palestinianas, incluindo a Fatah e o Hamas. «Estamos unidos na luta, e a divisão não é tanto entre as facções da resistência como entre a resistência e os inimigos da resistência», disse Abu-Jabal. «Mas havemos de ultrapassar isso.» Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz. O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença. Tudo isto ocorre num contexto de provocações e ataques constantes por parte dos colonos israelitas contra a população palestiniana, com a conivência do Exército, em vários pontos da Cisjordânia ocupada. Igualmente no quadro da tensão crescente na Bab al-Amoud ou Porta de Damasco, em Jerusalém, onde há uma semana a Polícia reprime de forma brutal as concentrações dos palestinianos. «Não existe alternativa a uma solução negociada do conflito, com base no direito internacional e nas suas resoluções», insiste o governo da Autoridade Palestiniana, sublinhando que as imposições de Israel estão destinadas ao fracasso. Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz. O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença. Entretanto, as várias facções da resistência têm lançado avisos repetidos de que poderão responder a esta violência, num contexto que faz lembrar o de Abril/Maio do ano passado. Ontem, as facções palestinianas em Gaza declararam uma «mobilização popular geral» em todas as localidades onde haja palestinianos, tanto «na diáspora como nos territórios ocupados», informa a Al Mayadeen. Em comunicado, afirmaram que decidiram manter o gabinete conjunto de operações em sessão permanente «para seguir os desenvolvimentos e tomar as medidas necessárias», acrescenta a fonte. Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz. O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença. Segundo indica a WAFA, Mahmoud Aram, proveniente da Faixa de Gaza, foi morto a tiro, ontem à tarde, perto do posto de controlo militar de Jbara, nas imediações de Tulkarem, ao tentar passar o muro de separação. Um outro palestiniano, Mutasem Mohammad Atallah, de 17 anos, foi morto a tiro, ontem à noite, no interior do colonato ilegal de Tekoa, nas imediações de Belém. Ainda no domingo, segundo aponta a PressTV, um terceiro jovem palestiniano foi morto por soldados israelitas na Bab al-Amoud, conhecida como Porta de Damasco, em Jerusalém Oriental, alegando que levava uma faca e tentou atacar um militar israelita. Recorde-se que, a anteceder o mês do Ramadão e ao longo desse período, as forças israelitas promoveram a escalada de violência na Margem Ocidental ocupada e em Jerusalém Oriental, nomeadamente na zona da Bab al-Amoud, na Cidade Velha e na Mesquita de al-Aqsa. Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz. O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença. No Sul da Cisjordânia, em várias localidades nos arredores de al-Khalil (Hebron), as forças israelitas entraram em diversas casas e prenderam pelo menos 15 palestinianos, incluindo menores. Na mesma região, em Masafer Yatta, um grupo de colonos, escoltado pelo Exército israelita, agrediu e perseguiu pastores palestinianos, indica a fonte, que dá conta de mais agressões e detenções em Jerusalém Oriental ocupada. As forças israelitas levam a cabo estas operações num registo praticamente diário, quase sempre à noite e de madrugada. Alegando que «procuram» palestinianos, invadem as casas sem mandado de detenção onde e sempre que lhes apetece. São frequentes os confrontos com os residentes palestinianos, os mais de três milhões que vivem na Margem Ocidental ocupada e que, lembra a WAFA, ficam completamente à mercê da autoridade militar que lhes é imposta pelos comandantes israelitas. O governo palestiniano afirmou, esta quinta-feira, que a chamada marcha das bandeiras, agendada pela direita e os colonos israelitas para o próximo domingo em Jerusalém Oriental ocupada, vai aumentar as tensões e gerar mais violência na região. Nabil Abu Rudeina, porta-voz da presidência palestiniana, responsabilizou as autoridades israelitas pelas consequências da manifestação, acrescentando que será impossível alcançar a paz ou a estabilidade regional com estas políticas. O governo palestiniano instou a comunidade internacional a pressionar a potência ocupante, Israel, a travar os «actos de terrorismo» cometidos pelos colonos extremistas contra a população palestiniana. Num comunicado emitido sexta-feira à tarde, o Ministério palestiniano dos Negócios Estrangeiros pediu ao secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, que active prontamente o sistema de protecção internacional para os civis palestinianos sob ocupação israelita. O ministério – noticia a agência WAFA – expressa grande preocupação com a escalada de ataques por parte de colonos israelitas contra a população palestiniana, referindo-se em particular aos que ocorreram nas aldeias de Qaryout e Burqa, no Norte da Cisjordânia, e no Bairro de Sheikh Jarrah, em Jerusalém Oriental ocupada, que provocaram dezenas de feridos. A violência de colonos contra civis palestinianos na Cisjordânia ocupada aumentou de forma substancial nos últimos meses, numa «atmosfera de impunidade», afirmaram especialistas dos direitos humanos da ONU. «Em 2020, o Gabinete das Nações Unidas para a Coordenação dos Assuntos Humanitários (OCHA) documentou 771 incidentes de violência de colonos, que provocaram ferimentos em 133 palestinianos e danos em 9646 árvores e 184 viaturas, sobretudo nas áreas de Hebron (al-Khalil), Jerusalém, Nablus e Ramallah», disseram os especialistas da ONU, num comunicado publicado esta quarta-feira. «Já nos primeiros três meses de 2021, foram registados mais de 210 incidentes violentos de colonos, provocando uma vítima mortal palestiniana», acrescentaram, citados pela WAFA, tendo sublinhado que as autoridades israelitas deviam «investigar e processar judicialmente estas acções violentas com vigor e determinação». O grupo de especialistas que elaboraram o relatório incluiu Michael Lynk, relator especial da ONU sobre a situação dos direitos humanos nos territórios ocupados da Palestina desde 1967, Balakrishnan Rajagopal, relator especial sobre habitação e condições de vida adequadas, e direito à não discriminação neste contexto, e a especialista independente Claudia Mahler. De acordo com o relatório, a violência dos colonos tem motivação ideológica e visa, antes de mais, apropriar-se da terra, mas igualmente «intimidar e aterrorizar» os palestinianos. Além de vincar a presença e a expansão dos colonatos israelitas, para estabelecer pretensões ilegais da soberania de Israel, a violência dos colonos pretende tornar o dia a dia dos palestinianos insuportável, afirmaram. Os especialistas destacaram que «os limites dos ataques contra todas as categorias de palestinianos estão a ser apagados», tendo registado casos de violência contra mulheres grávidas, crianças pequenas e pessoas idosas. Referiram-se em particular ao incidente ocorrido em Hebron (al-Khalil) no passado dia 13 de Março, quando dez colonos israelitas, alguns dos quais armados, atacaram uma família palestiniana – pais e oito crianças. Estas ficaram «traumatizadas» e os pais tiveram de ser hospitalizados. De acordo com as autoridades palestinianas, os colonos israelitas estão a constituir células terroristas na Margem Ocidental ocupada para realizar ataques contra a população civil. Ghassan Daghlas, funcionário da Autoridade Palestiniana que monitoriza as actividades de expansão dos colonatos, alertou que os colonos extremistas que integram o grupo terrorista Price Tag [Preço de Etiqueta] estão a operar actualmente na província de Salfit, no Norte da Cisjordânia ocupada, noticiou a agência WAFA esta segunda-feira. Acrescentou que as suas «acções de terror» têm lugar sobretudo em localidades da parte ocidental dessa província, como Kufr al-Dik, Deir Ballut, Broqin e Bidya. No domingo à tarde, disse, um habitante de Kufr al-Dik foi atacado por um grupo de colonos. Há alguns meses, outros dois foram feridos a tiro quando se encontravam nas suas terras, na área de Khallet Hassan, a oeste de Bidya, acrescentou. O Ministério palestiniano dos Negócios Estrangeiros denunciou o aumento de ataques perpetrados por colonos israelitas contra terras e propriedades palestinianas na Margem Ocidental ocupada. «O aumento do número de ataques por organizações de colonatos contra os palestinianos é um resultado directo do encorajamento que recebem dos líderes políticos em Israel», afirmou o Ministério num comunicado emitido este domingo. O documento, citado pela PressTV, acrescenta que «Israel procura intimidar os palestinianos e impedi-los de aceder às suas terras marcadas», em alusão às tentativas de Israel de se apoderar e anexar as terras palestinianas, com o objectivo de expandir os colonatos ilegais. Neste contexto, a diplomacia palestiniana pediu à comunidade internacional que condene os crimes que estão a ser cometidos pelos colonos e as forças militares israelitas, e manifestou a necessidade de obrigar Telavive a obedecer às resoluções pertinentes da ONU, sobretudo a resolução 2334, aprovada pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas (CSNU) em Dezembro de 2016. O comunicado do Ministério palestiniano dos Negócios Estrangeiros foi emitido umas horas depois de um grupo de colonos israelitas ter danificado cerca de duas dezenas de viaturas – partindo-lhes os pára-brisas – na cidade palestiniana de Huwara, perto de Nablus, no Norte da Cisjordânia ocupada. Ghassan Daghlas, funcionário da Autoridade Palestiniana que monitoriza as actividades de expansão dos colonatos, afirmou que os israelitas atacaram as viaturas com pedras e acrescentou que, quando os residentes tentaram defender-se dos colonos, estes dispararam de forma indiscriminada contra os palestinianos. Até ao momento, não há registo de feridos entre os civis palestinianos. Cerca de 600 mil israelitas vivem em mais de 230 colonatos construídos desde 1967 nos territórios palestinianos ocupados da Cisjordânia e Jerusalém Oriental – todos eles considerados ilegais à luz do direito internacional. A cerca de um mês da tomada de posse do actual presidente norte-americano, Donald Trump, o CSNU aprovou a resolução 2334, na qual se afirmava que «a criação por Israel de colonatos no território palestiniano ocupado desde 1967, incluindo Jerusalém Oriental, não tem validade legal e constitui uma violação flagrante do direito internacional». Mas a agressividade expansionista de Israel tem-se intensificado nos últimos anos, sob o impulso de Netanyahu e com o apoio da administração dos EUA, que reconheceu Jerusalém como capital de Israel e para ali mudou a sua embaixada; deixou de classificar como «ilegais» os colonatos israelitas; e traçou o chamado «Acordo do Século» – em estreita cooperação com Israel. Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz. O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença. Colonos israelitas atacaram ainda uma família na aldeia de Broqin e destruíram a sua viatura, há algumas semanas, tendo também atacado agricultores na zona de al-Ras e al-Marhat, a oeste da cidade de Salfit. A isto, há que juntar provocações semanais em locais islâmicos em Kufl Haris, a noroeste da cidade, informa a agência. «Os ataques dos colonos aumentaram desde o início do ano e tornaram-se diários, e isso exige aos residentes em Salfit e cidades envolventes que estejam vigilantes, atentos e formem comités de protecção nas cidades e nas aldeias», disse Daghlas. O funcionário governamental acrescentou que «terrorismo recente em Salfit mostra que os colonos estão a planear acções criminosas contra civis», algo que, em seu entender, fica claro no padrão mais recente da violência, que «passou do vandalismo contra árvores e propriedades para ataques a pessoas». Ainda na segunda-feira, foram registadas novas acções de vandalismo de colonos israelitas em zonas agrícolas próximas de Salfit. Já esta terça-feira, dezenas de colonos invadiram um sítio arqueológico perto de Nablus, com a protecção das forças militares israelitas, que vedaram o acesso dos palestinianos ao local. Estas invasões de colonos e soldados, nota o Palestinian Information Center, são frequentes, com base no argumento de se que trata de um local judaico. Até 1948, na época do mandato britânico, os judeus ocupavam ou exploravam 1682 quilómetros quadrados ou 6,2% das terras da Palestina Histórica. Desde então, Israel ocupou à força mais de 85% dessa área, revelou esta terça-feira o Gabinete Central de Estatísticas da Palestina, por ocasião do 45.º aniversário do Dia da Terra. Na Cisjordânia e em Jerusalém Oriental ocupada, forças israelitas demoliram ou confiscaram 89 estruturas palestinianas em duas semanas, revelou o Gabinete para a Coordenação de Assuntos Humanitários da ONU. No seu recente relatório quinzenal, o Gabinete das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (UNOCHA, na sigla em inglês) registou a demolição ou a apreensão de 89 estruturas, deixando 146 pessoas desalojadas, incluindo 83 menores, e afectando pelo menos mais 330. Neste relatório sobre «Protecção de Civis», que abrange o período entre 2 e 15 de Fevereiro, o organismo das Nações Unidas diz que, nos dias 3 e 8, as autoridades israelitas demoliram 37 estruturas na aldeia de Humsa al-Buqaia, no Vale do Jordão, desalojando 60 pessoas,incluindo 35 menores, informa a agência WAFA. Em Hebron (al-Khalil), as forças israelitas confiscaram sete estruturas nas comunidades de al-Rakeez, Umm al-Kheir e Khirbet at-Tawamin, afectando as condições de vida e o sustento de 80 pessoas. Em Jalama, perto de Jenin, o Exército israelita demoliu 13 bancas para vender bebidas, afectando o meio de subsistência de cerca de 70 pessoas. Também nas imediações de Jenin, na aldeia de Tura al-Gharbiya, as forças israelitas demoliram uma casa, desalojando 11 pessoas. Tratou-se de um castigo contra a família de um preso palestiniano acusado de ter morto um colono israelita em Dezembro último. A mesma fonte refere que sete estruturas foram demolidas em Jerusalém Oriental ocupada, quatro das quais foram deitadas abaixo pelos próprios proprietários, para evitarem pagar multas e custos de demolição impostos por Israel. Uma família de quatro ficou sem tecto. As autoridades israelitas costumam demolir as casas e estruturas de palestinianos nos territórios ocupados argumentando que foram construídas sem a autorização necessária, que é praticamente impossível de obter. Fontes do Ministério palestiniano da Agricultura são citadas no relatório ao apontarem que as forças de ocupação arrancaram mil rebentos de árvores perto da cidade de Tubas, que tinham sido plantados depois de o Exército israelita ter cortado milhares de árvores na mesma região. Ainda de acordo com o relatório, 71 palestinianos ficaram feridos, no período referido de Fevereiro, em confrontos com as forças de ocupação em toda a Margem Ocidental ocupada, e 172 foram foram detidos em 186 raides levados a cabo pelas forças israelitas. Em resposta a uma iniciativa do Movimento pelos Direitos do Povo Palestino e pela Paz no Médio Oriente (MPPM), personalidades representativas de diversos sectores da vida portuguesa subscreveram um apelo à presidência portuguesa do Conselho da União Europeia para que reconheça o Estado da Palestina, «nos termos do direito internacional e das resoluções relevantes das Nações Unidas, e para que desenvolva uma acção junto dos outros estados-membros para que ajam no mesmo sentido», lê-se no portal do MPPM. O texto do «Apelo», com as reivindicações colocadas ao Governo português no sentido de reconhecer o Estado da Palestina e de denunciar a política sistemática de violação do direito internacional por parte de Israel, e a lista dos primeiros subscritores estão igualmente acessíveis no site do organismo solidário português. Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz. O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença. De acordo com o Gabinete, no final de 2020 o número estimado de palestinianos era de 13,7 milhões. Destes, 5,2 milhões viviam no Estado da Palestina e 1,6 milhão nos territórios de 1948 (Israel). Além disso, 6,2 milhões de palestinianos vivem em países árabes, e 738 mil noutros países, revelou a entidade estatística, citada pela WAFA. Na Palestina assinala-se a 30 de Março o Dia da Terra, evocando dessa forma os seis palestinianos que foram mortos pela Polícia israelita, bem como os cerca de cem que ficaram feridos, em 1976, quando protestavam contra os planos do governo israelita de expropriar 21 quilómetros quadrados das suas terras. O Dia da Terra serve igualmente para mostrar a tenacidade do povo palestiniano em preservar a sua história e defender a terra como elemento essencial da sua identidade e da sua própria existência. Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz. O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença. «Estamos profundamente preocupados com a atmosfera de impunidade com que estes ataques estão a ser levados a cabo», alertaram, tendo afirmado que, «em muitos casos, as tropas israelitas estiveram presentes, ou nas imediações». Os especialistas de direitos humanos também se mostraram preocupados com a situação de dezenas de famílias residentes no Bairro de Sheikh Jarrah, em Jerusalém Oriental, que estão sob ameaça de despejo, para que ali surjam novos colonatos. «Sete famílias já receberam ordens de despejo e têm de deixar as suas casas até dia 2 de Maio. Estas expulsões forçadas que levam à transferência de população são estritamente proibidas pelo direito internacional», denunciaram. Os relatores apelaram à comunidade internacional que exija à potência ocupante para pôr fim imediato ao seu empreendimento dos colonatos. «Os palestinianos têm de ser protegidos da violência dos colonos e os perpetradores têm de ser responsabilizados pelas suas acções», defenderam. Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz. O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença. Ao executivo israelita, liderado por Naftali Bennett, são apontadas «responsabilidades completas e directas» pela «violência e terror» dos colonos, bem como pelas «perigosas consequências e repercussões da situação para a região». No mesmo dia, a Presidência palestiniana emitiu um comunicado em que apela à «intervenção rápida da comunidade internacional para travar o terrorismo dos colonos israelitas contra palestinianos indefesos». O texto sublinha que as autoridades israelitas «encorajam e protegem» a violência dos colonos, que aumenta diariamente, refere a fonte. Dezenas de colonos israelitas atacaram, sexta-feira de manhã, a aldeia palestiniana de Qaryout, nas imediações de Nablus, deixando várias pessoas feridas e provocando danos materiais. Em 2019, foram documentados na Cisjordânia ocupada 256 actos de violência contra palestinianos, perpetrados por civis israelitas. As autoridades palestinianas classificam estas acções como «terrorismo». Este número, revelado pelo diário Haaretz com base em fontes oficiais israelitas, refere-se a casos registados este ano. Muitas outras acções de colonos judeus, que atacam e aterrorizam a população civil palestiniana nos territórios ocupados, «ficaram por documentar», destaca num comunicado, hoje emitido, o Ministério palestiniano dos Negócios Estrangeiros. Fontes isrealitas contactadas pelo Haaretz afirmaram que houve uma diminuição do número de incidentes violentos relativamente 2018, tendo-se registado, no entanto, um ascenso contínuo dos chamados ataques de «price tag» («etiqueta de preço»), que consistem em vandalizar bens de palestinianos ou pintar graffiti com inscrições de ódio, refere o MPPM no seu portal. Este aumento, associado à maior «gravidade da violência» e à maior «audácia dos responsáveis», faz lembrar a atmosfera que precedeu o fogo posto por colonos israelitas na aldeia de Duma (Cisjordânia ocupada), em Julho de 2015, em que perderam a vida três membros da família Dawabsheh, incluindo um bebé de 18 meses. Nesse ataque, o único sobrevivente foi o filho mais velho, Ahmed, de quatro anos. Um ataque perpetrado recentemente, lembra o MPPM, foi o que ocorreu no bairro de Shoafat, em Jerusalém Oriental ocupada, em que 160 carros apareceram com os pneus furados. «Os veículos foram vandalizados em cinco zonas diferentes, o que implica um grande número de participantes e muito de tempo para perpetrar o crime», explica o organismo solidário português, acrescentando que, em Novembro, diversos carros foram cobertos de inscrições e incendiados em quatro aldeias palestinianas. Os ataques à população palestiniana incluem o corte e a queima de árvores, a apreensão de terras à força, o corte de pneus, acções violentas contra as casas com o propósito de ferir os seus ocupantes, vandalismo de estruturas e equipamentos, destruição de sistemas de água e de estradas, lançamento de pedras contra carros que circulam nas estradas da Margem Ocidental perto dos colonatos, disparos contra pessoas, sobretudo nos pontos de controlo (checkpoints) e com os mais «fracos» pretextos, entre muitas outras coisas, refere o comunicado hoje emitido pelas autoridades palestinianas e citado pela agência Wafa. Dos 256 incidentes violentos documentados em 2019 pelo Haaretz, cerca de 200 dizem respeito ao arranque de árvores e a outros ataques não letais, e um quarto dos ataques foram realizados por elementos do colonato de Yitzhar, que é descrito como «o coração pulsante da extrema direita». O MPPM sublinha que «os colonos atacantes sabem que não têm razões para se preocupar», sendo que muitos dos ataques contra «propriedades agrícolas palestinianas, nomeadamente olivais, são realizados sob os olhos de soldados israelitas, que defendem os atacantes e reprimem os palestinianos que tentam proteger os seus bens». Nos raros casos em que são alvo de uma acção judicial, os judeus que vivem nos colonatos ilegais são julgados ao abrigo do direito israelita. Já os palestinianos, presos às centenas e mortos a tiro ao mínimo pretexto, são acusados de terrorismo e vivem sob a alçada do regime militar israelita em vigor desde a ocupação da Cisjordânia, em 1967. Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz. O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença. Ghassan Daghlas, funcionário da Autoridade Palestiniana que monitoriza as actividades de expansão dos colonatos, disse à WAFA que os colonos entraram em muitas casas e atacaram as famílias que lá viviam. Os feridos – alguns com gravidade – tiveram de ser levados para diversos hospitais em Nablus. Entre quinta e sexta-feira, a WAFA registou ainda ataques de colonos extremistas em Burqa, al-Khalil (Hebron) e Jenin. Mais de 600 mil israelitas vivem colonatos só para judeus, construídos desde 1967, em Jerusalém Oriental e na Margem Ocidental ocupada. Todos os colonatos israelitas são considerados ilegais à luz do direito internacional. Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz. O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença. «Jerusalém não está à venda e a paz não será a qualquer custo», advertiu, citado pela Prensa Latina, sublinhando que, ao autorizar a manifestação da extrema-direita e dos colonos fundamentalistas, as autoridades de Telavive subestimam uma vez mais a determinação do povo palestiniano. Também Adnan Al-Husseini, chefe do Departamento de Jerusalém da Organização para a Libertação da Palestina, alertou que a marcha das bandeiras é um rastilho de pólvora que pode provocar uma explosão. «O governo desse país tenta exportar a sua crise interna ao permitir que os colonos passem pelas ruas da Cidade Velha de Jerusalém ocupada», denunciou ontem. O ministro israelita da Segurança Pública, Omer Bar-Lev, anunciou na semana passada que a manifestação vai percorrer o bairro da Cidade Velha, o que é encarado pelos palestinianos como uma provocação. Os palestinianos denunciam que os colonos e os israelitas de extrema-direita que participam nesta marcha, realizada para assinalar a ocupação israelita de Jerusalém, em 1967, manifestam o ódio religioso e étnico contra os habitantes árabes de Jerusalém. Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz. O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença. Por seu lado, o comentador político Nasser al-Hidmi, residente em Jerusalém, referiu-se à «anarquia e provocações dos colonos» este domingo como um «precedente muito perigoso». «Era óbvio que o governo da ocupação deu rédea solta aos seus colonos para levar a cabo os ataques», disse à Al Jazeera, destacando o «ódio e o racismo» prevalecentes «na sociedade sionista». O primeiro-ministro da Autoridade Palestiniana, Mohammed Shtayyeh, condenou a marcha e os «ataques a cidadãos palestinianos» em Jerusalém. Por seu lado, Nabil Abu Rudeineh, porta-voz da Presidência, afirmou que «Jerusalém Oriental continuará a ser a capital eterna da Palestina», respondendo às afirmações do primeiro-ministro israelita, Naftali Bennett, segundo as quais «Jerusalém continuará a ser uma cidade unificada que jamais será dividida». Criticando o posicionamento de Bennett, Abu Rudeineh disse que «estas declarações israelitas não dão legitimidade à ocupação de Jerusalém» e que «a ocupação acabará», refere a WAFA. «Não é possível alcançar a segurança e a estabilidade na nossa região enquanto Israel mantiver a sua guerra contra o nosso povo, a sua terra e os seus lugares sagrados, e enquanto agir como um Estado à margem da lei», frisou. Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz. O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença. Numa declaração conjunta, as organizações não governamentais com sede em Jerusalém Ir Amim e Bimkom denunciam um procedimento que recorre a fundos destinados a «reduzir fossos socioeconómicos» e a «criar um futuro melhor» para os palestinianos e os utiliza para roubar terras aos palestinianos e as registar para colonatos ilegais. No texto, a que o Middle East Eye teve acesso, alerta-se para a possibilidade de o governo israelita estar a tentar registar como terra estatal a área a sul da Mesquita de al-Aqsa, o que terá «consequências desastrosas para centenas de casas palestinianas em Abu Thor» e tem o «potencial para fazer escalar as tensões, dada a localização altamente sensível». O controlo de Israel sobre Jerusalém Oriental, incluindo a Cidade Velha, viola o direito internacional, que estipula que a potência ocupante não tem soberania no território que ocupa e não pode realizar ali quaisquer mudanças de carácter permanente, afirma o Middle East Eye, como já o fez o MPPM – Movimento pelos Direitos do Povo Palestino e pela Paz no Médio Oriente. Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz. O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença.Internacional|
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Em Junho último, o Ministério palestiniano dos Negócios Estrangeiros emitiu um comunicado de alerta para a «israelização da educação nas escolas árabes», sublinhando que, com as leis aprovadas no Knesset, se tenta «impor a narrativa israelita à consciência das gerações palestinianas, por via da intensificação de medidas restritivas contra professores e estudantes, e da chantagem às escolas árabes que não adoptam os currículos israelitas».
No comunicado, divulgado pela agência Wafa, o Ministério alertou para a tentativa de legitimação da «perseguição das figuras nacionalistas palestinianas», bem como para a tentativa de «controlar e dominar a consciência de gerações, pressionando-as a aceitar os procedimentos e medidas da ocupação».
Neste sentido, o Ministério dos Negócios Estrangeiros apelou às organizações internacionais, sobretudo à Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), para que se oponham a «esta violação flagrante ao direito de um povo a manter a sua identidade, património, cultura e causa».
Instou-as também a intervir, tendo em conta a defesa da liberdade de expressão e de ideias por meios pacíficos e através da educação.
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