|Colômbia

Indígenas em assembleia permanente para reforçar greve na Colômbia

O Conselho Regional Indígena de Huila continua em minga permanente, tendo como objectivo reforçar o movimento de greve e protesto iniciado a 28 de Abril contra as políticas neoliberais de Iván Duque.

A minga indígena diz «não » ao governo de Iván Duque (imagem de arquivo) 
Créditos / radionacional.co

No actual contexto, cabe aos povos indígenas do departamento de Huila mobilizar-se e, como gesto de irmandade e solidariedade para com o povo colombiano, exigem o governo que não cobre portagens enquanto se realizar a minga (assembleia), sublinhou o Conselho Regional Indígena de Huila (CRIHU).

Se isso não acontecer, a minga levaria a cabo a tomada das portagens na chamada Ruta 45 (estrada nacional, que atravessa o país de norte a sul), advertiu, num comunicado divulgado pela Organização Nacional Indígena da Colômbia (ONIC).

Além disso, informa a Revista Hekatombe, o povo Misak anunciou durante uma iniciativa em Bogotá, este domingo, que irá continuar a resistir contra a política de um governo que invisibiliza militarmente todas as formas de luta existentes nas regiões.

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Mobilização continua imparável na Colômbia

Centenas de milhares voltaram a encher as ruas em protesto contra o governo de Iván Duque e para exigir mudanças estruturais no país, numa jornada de mobilização designada «Tomada das Cidades Capitais».

Apesar da intensa repressão policial, as mobilizações não param na Colômbia 
Créditos / bluradio.com

O Comité da Greve, envolvido em negociações com o governo de Iván Duque, tinha pedido à população que fizesse desta quarta-feira a maior jornada de mobilização na Colômbia, de modo a reforçar a posição do Comité, que integra vários organismos, junto do executivo.

Francisco Maltés Tello, presidente da Central Unitária dos Trabalhadores (CUT), pediu à população que viesse para as ruas em força nesta quarta-feira e também amanhã, quando passa um mês desde o início dos protestos no âmbito da greve geral contra o governo colombiano.

Ontem, os manifestantes responderam ao apelo mobilizando-se aos milhares nas capitais dos municípios e dos departamentos do país, tendo denunciado, também com recurso a marchas tradicionais e expressões artísticas, o modo como o governo de Duque tem lidado com protesto social, como se fosse «uma guerra».

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«A Colômbia está a viver uma autêntica revolta»

A greve geral que se mantém há 20 dias na Colômbia é «um verdadeiro levantamento, como não se via há décadas, nem em abrangência nem em duração», disse Sergio Marín, membro da Câmara dos Representantes.

No sábado, milhares de pessoas voltaram a protestar contra o governo de Iván Duque e a treptressão 
Créditos / Prensa Latina

No sábado passado, centenas de milhares de colombianos vieram novamente para as ruas exigir mudanças e deixar clara a oposição ao governo de Iván Duque.

Numa entrevista via Internet à jornalista Odalys Troya Flores, da agência Prensa Latina, Sergio Marín, do partido Comunes, explicou que o principal motivo da greve iniciada a 28 de Abril – convocada pelo movimento sindical, social, étnico, estudantil e juvenil – foi o anúncio do projecto de reforma tributária por parte de Iván Duque e do seu ex-ministro das Finanças, Alberto Carrasquilla.

O deputado disse que a polémica proposta basicamente aumentava o IVA sobre todos os bens essenciais e serviços mais necessários à vida de todos os colombianos.

Aumentava igualmente a base tributária a partir da qual o imposto sobre os rendimentos começava a ser pago no país, que, precisou, actualmente ronda os mil dólares por mês. «Era algo que punia as classes médias, os profissionais, os trabalhadores independentes, a grande maioria da força de trabalho no país sul-americano», disse.

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Quatro dias seguidos de protestos e forte repressão na Colômbia

Iniciada a 28 de Abril, a greve geral contra a reforma tributária de Duque mantém-se há 4 dias nas ruas. A Rede Francisco Isaías Cifuentes dá conta de 8 mortos, vários desaparecidos e dezenas de detenções.

No Dia do Trabalhador, Cáli respondeu à repressão com uma manifestação massiva 
Créditos / @TobarteleSUR

Convocadas por sindicatos, partidos políticos e organizações sociais, muitos milhares de pessoas vieram para as ruas, no Dia Internacional dos Trabalhadores, para continuarem a dizer «não» à Lei de Solidariedade Sustentável (reforma tributária) avançada pelo governo de Iván Duque e repudiar a forte repressão policial dos últimos dias.

Ao descontentamento e à revolta popular com o projecto de lei juntou-se o «mal-estar» provocado pelo apelo do ex-presidente Álvaro Uribe (2002-2010), expresso na sexta-feira, para que o Exército interviesse contra os manifestantes.

Apesar de o Twitter ter apagado, algumas horas depois, o apelo de Uribe às armas, nas ruas e nas redes sociais o repúdio fez ouvir: «O povo não te quer, assassino criminoso» foi uma de várias expressões sintomáticas veiculadas contra o uribista.

Ontem, Bogotá foi um dos palcos das mobilizações em defesa dos direitos dos trabalhadores, contra a reforma de Duque e a repressão policial. «Aqui está o povo nas ruas organizado, a lutar por uma vida digna», afirmaram na capital.

Na sua conta de Twitter, o Congresso de los Pueblos informou que, neste «Primeiro de Maio, no Sul de Bogotá o povo continua nas ruas, apesar da ameaça das forças de segurança e do governo nacional».

A organização denunciou a repressão exercida pela Polícia em vários pontos do país sul-americano, nomeadamente na cidade de Pereira, no departamento de Risaralda. «Fazemos um apelo para que sejam dadas garantias à mobilização social. Protestar é um direito», referiu.

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Prossegue na Colômbia a paralisação nacional contra a reforma tributária

A Central Unitária dos Trabalhadores anunciou o prosseguimento da Paralisação Nacional iniciada esta quarta-feira contra a proposta de legislação que visa aumentar impostos para «financiar a crise».

Milhares de pessoas mobilizaram-se contra as medidas neoliberais de Duque e a violência na Colômbia 
Créditos / co.marca.com

«A greve desta quinta-feira insistirá na oposição à Reforma Tributária, prosseguirá dia 19 de Maio e continuará enquanto o governo persistir na proposta actual», disse Francisco Maltés, dirigente da Central Unitária dos Trabalhadores (CUT).

Além de «marchas massivas, vigorosas e pacíficas» nesse âmbito, também em defesa de apoios sociais e às pequenas e médias empresas, estão igualmente previstas mobilizações para o Primeiro de Maio.

Ontem, desde cedo, milhares de pessoas vieram para as ruas em diferentes cidades e em mais de 500 municípios do país sul-americano, em protesto contra a proposta do governo de Duque, que os manifestantes acusam de estar a passar aos trabalhadores a factura da crise sanitária e económica.

A jornada de protesto, convocada pelo Comité Nacional de Greve, visava igualmente denunciar a violência no país, sobretudo os massacres e os assassinatos de dirigentes sociais, de defensores da paz e dos direitos humanos, bem como de ex-combatentes das FARC-EP signatários do acordo de paz de 2016.

Bogotá, Medellín, Cáli, Barranquilla e Cartagena foram palco das maiores mobilizações, e ali foram reportados vários confrontos com as forças de segurança. De acordo com a Prensa Latina, o governo destacou mais de 47 mil agentes para as ruas.

Na crise sanitária, aprofundar o neoliberalismo

«A Colômbia está mergulhada numa crise económica muito profunda e propõe-se uma reforma tributária para acabar de empobrecer a classe média, encarecer os alimentos, quando 30% da população, segundo o Departamento Administrativo Nacional de Estatística, não está a fazer três refeições diárias», disse a vice-presidente da Federação Médica Colombiana, Carolina Corcho, citada pela Prensa Latina.

De acordo com os promotores da jornada de greve, milhões de pessoas mobilizaram-se em mais de 500 municípios / co.marca.com

Por seu lado, o presidente da CUT em Antioquia, Jaime Montoya, classificou a reforma como «a mais regressiva de todas», além de favorecer as grandes empresas e o capital financeiro.

A reforma tributária, designada como Lei de Solidariedade Sustentável, contempla o aumento dos impostos sobre produtos e serviços, a instalação de portagens urbanas, e altera o regime de isenções fiscais, o que agravaria a situação de assalariados, pensionistas e população com baixos rendimentos.

Denúncias de repressão

Em comunicado, o Comité Nacional de Greve, que integra várias organizações sindicais, movimentos sociais e partidos, sublinhou «a profunda rejeição da população pelas medidas neoliberais de Duque», apesar do «pico da pandemia, da estigmatização da greve promovida pelo governo e alguns órgãos de comunicação», informa a TeleSur.

O Comité denunciou as medidas de recolher obrigatório e a ausência de transportes públicos, adoptadas por algumas autoridades locais para impedir o protesto, bem como as acções de repressão perpetradas por agentes da Polícia e do Esquadrão Móvel Antidistúrbios (Esmad) em várias cidades, que se saldaram com um morto, dezenas de feridos e de detidos.

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Órgãos de comunicação locais e internautas deram conta de manifestações, este sábado, também em Barraquilla, Medellín, Bucamaranga, Cartagena e Cáli, com forte presença de forças policiais, militares e de agentes do Esquadrão Móvel Antidistúrbios (Esmad), registando-se vários episódios de repressão sobre os manifestantes.

Houve igualmente mobilizações na região do Catatumbo e na cidade de Popayán, no Cauca. Nesta última, refere a TeleSur, a manifestação do Primeiro de Maio – contra a reforma tributária e a repressão do governo de Duque – é a primeira em mais de 80 anos.

Em Cáli, no departamento de Valle del Cauca, a manifestação do Dia do Trabalhador foi massiva, como resposta à grande repressão exercida sobre os manifestantes nos dias anteriores.

De acordo com um relatório divulgado pela Rede de Direitos Humanos Francisco Isaías Cifuentes na sexta-feira à noite, pelo menos oito pessoas foram mortas em Cáli durante as mobilizações. Além disso, o organismo registou a detenção de pelo menos 84 pessoas, 28 feridos, três manifestantes desaparecidos, três casos de pessoas que perderam um olho e o de uma mulher que foi abusada sexualmente por um agente do Esmad.

Duque move-se

Ainda na sexta-feira, confrontado com a grande oposição nas ruas ao polémico projecto para reajustar as contas em tempos de «crise», Iván Duque anunciou que ordenou ao Ministério das Finanças proceder à sua reformulação.

Já ontem, ao final do dia, na sequência de nova jornada de intensas mobilizações no país, o presidente colombiano anunciou que irá destacar o Exército e outros componentes das Forças Armadas para controlar os protestos nas principais cidades.

Para tal, explica a TeleSur, irá recorrer à figura da «assistência militar», que, disse, está contemplada na Constituição e que manterá, em coordenação com autarcas e governadores, até que as manifestações acabem.

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Em seu entender, tratava-se de uma reforma tributária destinada a castigar os mais pobres e as classes médias, mantendo e inclusive aumentando as isenções tributárias ao grande capital nacional e transnacional.

«A proposta não contemplava medidas decisivas para combater a evasão fiscal, que na Colômbia é um problema gravíssimo, porque o grande capital não só conta com grandes isenções, mas também não paga os impostos que deve», destacou.

Também não era um projecto que contemplasse qualquer tipo de combate à corrupção, que no país é uma verdadeira pandemia que consome uma parte substancial do Orçamento nacional, disse à Prensa Latina.

«Estima-se que entre 10% e 15% desse Orçamento seja consumido pelos corruptos», denunciou Marín.

«Toda esta situação gerou um apelo à mobilização a que aspirávamos, que fosse importante e tivesse uma ampla repercussão, mas a verdade é que o movimento social e popular ultrapassou todas as expectativas», afirmou.

Greve geral

«A greve mostrou o sentimento reprimido nos últimos dois ou três anos pelas inúmeras reformas tributárias que já tinham atingido os bolsos dos colombianos», afirmou, acrescentando que, «devido à absoluta ineficiência e às propostas do governo para enfrentar a crise associada à pandemia Covid-19, se agravou a situação económica do país».

Em seu entender, todos estos elementos se conjugaram para gerar «um verdadeiro levantamento, como não se via há décadas na Colômbia, nem em abrangência nem em duração», afirmou, sublinhando que o protesto se mantém há mais de duas semanas, quando o habitual era as greves ficarem restritas a certos sectores e territórios, e durarem apenas alguns dias.

«Em geral, os governos conseguiam manobrar [as greves] combinando a forte repressão com promessas que de facto não cumpriam, desactivando esses movimentos de luta social», disse.

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Ao 15.º dia de greve, enormes manifestações contra o governo de Duque

Centenas de milhares participaram esta quarta-feira nas mobilizações convocadas pelo Comité Nacional da Greve para denunciar o aprofundamento dos problemas estruturais da Colômbia no mandato de Duque.

As mobilizações contra as políticas neoliberais de Iván Duque fizeram-se sentir em muitas cidades do país sul-americano 
Créditos / Prensa Latina

A greve geral da Colômbia, iniciada no passado dia 28 de Abril, tem sido marcada pela forte repressão de uma Polícia «feita para a guerra», como afirma na sua conta de Twitter a organização não governamental (ONG) Temblores, mas ontem decorreu quase tudo de forma tranquila – pelo menos até certo ponto.

A representante na Colômbia da Alta Comissária dos Direitos Humanos da ONU, Juliette de Rivero, percorreu várias cidades do país, tendo afirmado que as marchas foram pacíficas, informa a Prensa Latina.

Além dos sectores que têm estado mais mobilizados nas últimas duas semanas, aderiram aos protestos habitantes que apoiam a luta em várias cidades, como aconteceu em Barranquilla, Bogotá, Catatumbo, Cartagena, Ibagué, Medellín, Pereira, Popayán e até em Cáli, apesar de se encontrar militarizada, manifestando a sua oposição às políticas neoliberais do actual governo.

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Colômbia: noite de forte repressão provoca vários mortos e feridos

Organizações de direitos humanos referiram que a Polícia disparou contra os manifestantes a partir de viaturas com vidros escurecidos. O MP anunciou que vai incriminar vários agentes por homicídio.

Créditos / sputniknews.com

Na noite de quarta-feira, voltou a registar-se intensa repressão por parte das forças de segurança na Colômbia, e pelo menos dois jovens foram mortos na localidade de Pereira (departamento de Risaralda).

Vídeos que circulam nas redes sociais mostram polícias a disparar junto a um viaduto contra uma concentração de jovens que se manifestavam contra o governo de Iván Duque.

Estes vídeos seguem-se a outros, referentes à noite anterior, em que se vê a Polícia e os militares a dispararem fogo pesado e também a partir de helicópteros contra manifestantes, no âmbito dos protestos relacionados com a greve geral iniciada no passado dia 28 de Abril.

Além dos jovens mortos, que se soube serem Lucas Villa e Miguel Ciro, estudantes de Desporto na Universidade Tecnológica de Pereira, registaram-se vários feridos, na sequência das cargas e disparos policiais. Organizações de direitos humanos indicaram que a Polícia disparou contra os manifestantes a partir de viaturas com vidros escurecidos.

Neste contexto, o Ministério Público (MP) colombiano anunciou, esta quarta-feira, que irá incriminar diversos agentes pelos homicídios de três civis durante as manifestações. De acordo com o MP, o saldo é de 11 vítimas mortais até ao momento, bastante inferior ao registado por diversas ONG, como a Temblores ou a Grita, que afirmam terem ocorrido 37 mortes de manifestantes às mãos da Polícia entre 28 de Abril e 5 de Maio, refere a TeleSur.

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Concentrações lembraram dezenas de mortos pela Polícia na Colômbia

Desde o dia 28 de Abril até esta terça-feira, a organização Grita registou 31 casos de pessoas mortas pela Polícia em vários pontos da Colômbia. Entretanto, novas reivindicações surgem na greve geral.

Créditos / jornaltornado.pt

Ontem à noite, realizaram-se concentrações em diversas cidades, com velas para evocar os «assassinados em território nacional» durante as jornadas de protesto, que inicialmente visavam a Lei de Solidariedade Sustentável (reforma tributária) proposta pelo governo de Iván Duque, mas depois alastraram para outras reivindicações.

Na sua conta de Twitter, o movimento Congreso de los Pueblos, deu conta do ajuntamento na capital, Bogotá, para denunciar a brutalidade policial no país, que, segundo dados divulgados por diversos organismos, ultrapassa os 1443 casos de violência ao longo da greve geral.

A plataforma Grita revelou que, entre as 6h (hora local) de 28 de Abril e as 8h de 4 de Maio, há registo de 216 vítimas de física por parte da Polícia. A mesma fonte indicou que 31 pessoas foram assassinadas, 21 sofreram agressões nos olhos e dez foram vítimas de violência sexual, igualmente por parte da Polícia. No mesmo período, foram registados 814 casos de detenções arbitrárias e 77 de disparos com armas de fogo.

Para além disto, a Provedoria de Justiça emitiu um comunicado em que dá conta de 87 pessoas desaparecidas até ao momento.

«Estamos a fazer as coisas bem»

O general colombiano Eduardo Enrique Zapateiro instou um grupo de polícias a prosseguir a sua acção na cidade de Cáli, tendo-lhes dito que «estamos a fazer as coisas bem» e que estão a «salvar a democracia que alguns querem destruir», refere a TeleSur.

Estas declarações de Zapateiro foram proferidas depois de, na noite de segunda-feira, membros do Exército e do Esquadrão Móvel Antidistúrbios (Esmad) terem esntrado no Bairro de Siloé, em Cáli, onde atacaram à bala grupos de jovens que participavam na greve geral.

O Exército assumiu o controlo da cidade, no departamento de Valle del Cauca, e foi decretado o recolher obrigatório.

Concentrações esta terça-feira

Em Chinácota (departamento de Norte de Santander), foi convocada para ontem um protesto com velas «contra a brutalidade policial que matou tantos jovens nestes últimos dias», informa a TeleSur.

Por seu lado, o Colombia Informa revelou que o Esmad interveio de forma violenta em Bucaramanga (Santander), havendo a registar pelo menos dois feridos.

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Quatro dias seguidos de protestos e forte repressão na Colômbia

Iniciada a 28 de Abril, a greve geral contra a reforma tributária de Duque mantém-se há 4 dias nas ruas. A Rede Francisco Isaías Cifuentes dá conta de 8 mortos, vários desaparecidos e dezenas de detenções.

No Dia do Trabalhador, Cáli respondeu à repressão com uma manifestação massiva 
Créditos / @TobarteleSUR

Convocadas por sindicatos, partidos políticos e organizações sociais, muitos milhares de pessoas vieram para as ruas, no Dia Internacional dos Trabalhadores, para continuarem a dizer «não» à Lei de Solidariedade Sustentável (reforma tributária) avançada pelo governo de Iván Duque e repudiar a forte repressão policial dos últimos dias.

Ao descontentamento e à revolta popular com o projecto de lei juntou-se o «mal-estar» provocado pelo apelo do ex-presidente Álvaro Uribe (2002-2010), expresso na sexta-feira, para que o Exército interviesse contra os manifestantes.

Apesar de o Twitter ter apagado, algumas horas depois, o apelo de Uribe às armas, nas ruas e nas redes sociais o repúdio fez ouvir: «O povo não te quer, assassino criminoso» foi uma de várias expressões sintomáticas veiculadas contra o uribista.

Ontem, Bogotá foi um dos palcos das mobilizações em defesa dos direitos dos trabalhadores, contra a reforma de Duque e a repressão policial. «Aqui está o povo nas ruas organizado, a lutar por uma vida digna», afirmaram na capital.

Na sua conta de Twitter, o Congresso de los Pueblos informou que, neste «Primeiro de Maio, no Sul de Bogotá o povo continua nas ruas, apesar da ameaça das forças de segurança e do governo nacional».

A organização denunciou a repressão exercida pela Polícia em vários pontos do país sul-americano, nomeadamente na cidade de Pereira, no departamento de Risaralda. «Fazemos um apelo para que sejam dadas garantias à mobilização social. Protestar é um direito», referiu.

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Prossegue na Colômbia a paralisação nacional contra a reforma tributária

A Central Unitária dos Trabalhadores anunciou o prosseguimento da Paralisação Nacional iniciada esta quarta-feira contra a proposta de legislação que visa aumentar impostos para «financiar a crise».

Milhares de pessoas mobilizaram-se contra as medidas neoliberais de Duque e a violência na Colômbia 
Créditos / co.marca.com

«A greve desta quinta-feira insistirá na oposição à Reforma Tributária, prosseguirá dia 19 de Maio e continuará enquanto o governo persistir na proposta actual», disse Francisco Maltés, dirigente da Central Unitária dos Trabalhadores (CUT).

Além de «marchas massivas, vigorosas e pacíficas» nesse âmbito, também em defesa de apoios sociais e às pequenas e médias empresas, estão igualmente previstas mobilizações para o Primeiro de Maio.

Ontem, desde cedo, milhares de pessoas vieram para as ruas em diferentes cidades e em mais de 500 municípios do país sul-americano, em protesto contra a proposta do governo de Duque, que os manifestantes acusam de estar a passar aos trabalhadores a factura da crise sanitária e económica.

A jornada de protesto, convocada pelo Comité Nacional de Greve, visava igualmente denunciar a violência no país, sobretudo os massacres e os assassinatos de dirigentes sociais, de defensores da paz e dos direitos humanos, bem como de ex-combatentes das FARC-EP signatários do acordo de paz de 2016.

Bogotá, Medellín, Cáli, Barranquilla e Cartagena foram palco das maiores mobilizações, e ali foram reportados vários confrontos com as forças de segurança. De acordo com a Prensa Latina, o governo destacou mais de 47 mil agentes para as ruas.

Na crise sanitária, aprofundar o neoliberalismo

«A Colômbia está mergulhada numa crise económica muito profunda e propõe-se uma reforma tributária para acabar de empobrecer a classe média, encarecer os alimentos, quando 30% da população, segundo o Departamento Administrativo Nacional de Estatística, não está a fazer três refeições diárias», disse a vice-presidente da Federação Médica Colombiana, Carolina Corcho, citada pela Prensa Latina.

De acordo com os promotores da jornada de greve, milhões de pessoas mobilizaram-se em mais de 500 municípios / co.marca.com

Por seu lado, o presidente da CUT em Antioquia, Jaime Montoya, classificou a reforma como «a mais regressiva de todas», além de favorecer as grandes empresas e o capital financeiro.

A reforma tributária, designada como Lei de Solidariedade Sustentável, contempla o aumento dos impostos sobre produtos e serviços, a instalação de portagens urbanas, e altera o regime de isenções fiscais, o que agravaria a situação de assalariados, pensionistas e população com baixos rendimentos.

Denúncias de repressão

Em comunicado, o Comité Nacional de Greve, que integra várias organizações sindicais, movimentos sociais e partidos, sublinhou «a profunda rejeição da população pelas medidas neoliberais de Duque», apesar do «pico da pandemia, da estigmatização da greve promovida pelo governo e alguns órgãos de comunicação», informa a TeleSur.

O Comité denunciou as medidas de recolher obrigatório e a ausência de transportes públicos, adoptadas por algumas autoridades locais para impedir o protesto, bem como as acções de repressão perpetradas por agentes da Polícia e do Esquadrão Móvel Antidistúrbios (Esmad) em várias cidades, que se saldaram com um morto, dezenas de feridos e de detidos.

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Houve igualmente mobilizações na região do Catatumbo e na cidade de Popayán, no Cauca. Nesta última, refere a TeleSur, a manifestação do Primeiro de Maio – contra a reforma tributária e a repressão do governo de Duque – é a primeira em mais de 80 anos.

Em Cáli, no departamento de Valle del Cauca, a manifestação do Dia do Trabalhador foi massiva, como resposta à grande repressão exercida sobre os manifestantes nos dias anteriores.

De acordo com um relatório divulgado pela Rede de Direitos Humanos Francisco Isaías Cifuentes na sexta-feira à noite, pelo menos oito pessoas foram mortas em Cáli durante as mobilizações. Além disso, o organismo registou a detenção de pelo menos 84 pessoas, 28 feridos, três manifestantes desaparecidos, três casos de pessoas que perderam um olho e o de uma mulher que foi abusada sexualmente por um agente do Esmad.

Duque move-se

Ainda na sexta-feira, confrontado com a grande oposição nas ruas ao polémico projecto para reajustar as contas em tempos de «crise», Iván Duque anunciou que ordenou ao Ministério das Finanças proceder à sua reformulação.

Já ontem, ao final do dia, na sequência de nova jornada de intensas mobilizações no país, o presidente colombiano anunciou que irá destacar o Exército e outros componentes das Forças Armadas para controlar os protestos nas principais cidades.

Para tal, explica a TeleSur, irá recorrer à figura da «assistência militar», que, disse, está contemplada na Constituição e que manterá, em coordenação com autarcas e governadores, até que as manifestações acabem.

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Em Cúcuta, a greve prossegue, tendo os manifestantes realizado um minuto de silêncio pelas pessoas assassinadas pela Polícia nos protestos destes últimos dias na Colômbia.

O porta-voz nacional do Congreso de los Pueblos, Jimmy Moreno, disse, em alusão ao povo colombiano, que «a dignidade se expressa nas ruas e estradas contra este governo criminoso e corrupto de Iván Duque», cuja renúncia imediata exigiu.

De acordo com o movimento, «a greve geral pretende superar a crise sanitária, educativa, de habitação, emprego, alimentação, transporte, feminicídios» na Colômbia e rejeita «as práticas sociais genocidas contra o movimento social: assassinato, judicialização, ameaça e perseguição por parte do Estado colombiano há décadas».

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As manifestações começaram há uma semana tendo como principal objectivo a retirada da reforma tributária proposta pelo governo de Duque e agora continuam nas ruas com um espectro de reivindicações muito mais amplo, em que se inclui a rejeição da violência estrututal e da brutalidade policial no país.

De acordo com o balanço divulgado pela Plataforma Grita, relativo à repressão exercida sobre os manifestantes pelos agentes do Esquadrão Móvel Antidistúrbios (Esmad) e elementos do Exército colombiano, no período referido registaram-se 1708 casos de violência, com os mais recentes a ocorrerem em cidades como Pereira, Cáli, Medellín, Barranquilla, Buga, Palmira e Bogotá.

O balanço da repressão policial e militar aponta ainda para 222 casos de vítimas de violência física, 37 homicídios, 831 detenções arbitrárias, 312 intervenções violentas, 22 pessoas com lesões oculares, 110 vítimas de balas disparadas por polícias e dez casos de violência sexual.

ALBA-TCP condena a violência na Colômbia

Os países que integram a Aliança Bolivariana para os Povos da Nossa América – Tratado de Comércio dos Povos (ALBA-TCP) emitiram ontem um comunicado em manifestam a sua preocupação com as vítimas da violência física, das detenções arbitrárias, de desaparecimento, de abuso sexual durante a repressão dos protestos sociais.

O bloco repudiou o uso excessivo da força por parte dos agentes de segurança na Colômbia, tendo feito um apelo às autoridades para velarem pelo dever de proteger os direitos humanos, o direito à vida e à segurança pessoal, refere a agência Prensa Latina.

No texto, a ALBA-TCP destaca que a violência, por parte das forças do Estado, não resolve as causas estruturais das situações de injustiça social, e fez votos pela paz do povo da Colômbia e para que prevaleça o diálogo e a sensatez.

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Os manifestantes exibiram bandeiras, cartazes e fizeram ouvir palavras de ordem, de forma pacífica, em defesa de várias reivindicações. Nalgumas marchas, como a que teve lugar junto ao monumento aos Heróis, em Bogotá, foram evocados os 6402 «falsos positivos» (pessoas assassinadas para depois serem apresentadas como guerrilheiros abatidos).

Em Manizales, os manifestantes homenagearam quem se transformou em mártir nesta greve geral. Um deles foi Lucas Villa, estudante atingido a tiro no passado dia 5 e que morreu esta terça-feira, dia 11.

Os povos originários também aderiram à jornada de mobilizações, refere a Prensa Latina, para «avançar na defesa da vida, da paz, da justiça, da autonomia e da qualidade de vida para os colombianos». Por seu lado, ex-guerrilheiros mobilizaram-se pela implementação total do acordo de paz, o fim dos assassinatos dos seus signatários e dos dirigentes sociais, e por um rendimento mínimo universal.

O fim da violência e da militarização, bem como a revogação de um projecto de reforma do sector da Saúde com carácter privatizador foram algumas das exigências comuns às centenas de milhares de manifestantes que ontem vieram para as ruas da Colômbia.

Pobreza, fome, abandono da população pelo Estado

Segundo o Comité Nacional da Greve, as jornadas de luta recentes surgiram do «desespero provocado pela pobreza e o abandono estatal» a que se viu votada a população colombiana.

«Enquanto a fome se tornava uma rotina trágica com o símbolo do trapo vermelho pendurado nas portas e janelas de milhares de casas, a resposta do governo foi aumentar a sua despesa e olhar para o lado», afirmaram os organizadores do protesto, citados pela Prensa Latina.

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Governo colombiano deu ordens para militarizar Cáli

A cidade de Cáli, que tem sido um dos pontos mais activos da greve geral, encontra-se cercada por militares e polícias, após uma decisão de Duque para acabar com os protestos contra o governo.

O governo colombiano tem respondido com grande repressão aos protestos que se mantêm há 13 dias contra as políticas neoliberais de Duque e a violência estrutural no país 
Créditos / @CasAmericas

Iván Duque, o presidente da Colômbia, deu ontem ordens aos ministros do Interior e da Defesa, Daniel Palacios e Diego Molano, respectivamente, para militarizar a capital do departamento de Valle del Cauca e «garantir» a manutenção da ordem por parte das forças de segurança.

Instou à aplicação da lei seca, ao levantamento dos bloqueios nas ruas e ao regresso às suas zonas dos membros do Conselho Regional Indígena do Cauca (CRIC), qe ontem se tinham dirigido a Cáli em protesto e foram atacados a tiro.

Horas depois, o ministro da Defesa confirmou o destacamento de 10 mil polícias e 2100 soldados para Cáli, de modo a «garantir a segurança», refere a TeleSur, tendo sublinhado que «não pode haver violência» e que os bloqueios «são um crime».

À meia-noite (hora local), o departamento de Valle del Cauca ficou fechado ao exterior e a mobilidade foi restringida, medidas que, segundo a Prensa Latina, devem permanecer em vigor até ao próximo sábado. O Exército anunciou que soldados da Terceira Brigada estão a realizar controlos em várias zonas de Cáli, Jamundí e Yumbo, «procurando garantir o bem-estar dos cidadãos».

Comunidades indígenas atacadas a tiro

A ordem foi decretada depois da violência ocorrida ontem na cidade, quando «civis», apoiados pela Polícia, dispararam sobre indígenas reunidos no contexto da greve geral, segundo denúncias por estes veiculadas e vídeos que foram postos a circular nas redes sociais.

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Colômbia: noite de forte repressão provoca vários mortos e feridos

Organizações de direitos humanos referiram que a Polícia disparou contra os manifestantes a partir de viaturas com vidros escurecidos. O MP anunciou que vai incriminar vários agentes por homicídio.

Créditos / sputniknews.com

Na noite de quarta-feira, voltou a registar-se intensa repressão por parte das forças de segurança na Colômbia, e pelo menos dois jovens foram mortos na localidade de Pereira (departamento de Risaralda).

Vídeos que circulam nas redes sociais mostram polícias a disparar junto a um viaduto contra uma concentração de jovens que se manifestavam contra o governo de Iván Duque.

Estes vídeos seguem-se a outros, referentes à noite anterior, em que se vê a Polícia e os militares a dispararem fogo pesado e também a partir de helicópteros contra manifestantes, no âmbito dos protestos relacionados com a greve geral iniciada no passado dia 28 de Abril.

Além dos jovens mortos, que se soube serem Lucas Villa e Miguel Ciro, estudantes de Desporto na Universidade Tecnológica de Pereira, registaram-se vários feridos, na sequência das cargas e disparos policiais. Organizações de direitos humanos indicaram que a Polícia disparou contra os manifestantes a partir de viaturas com vidros escurecidos.

Neste contexto, o Ministério Público (MP) colombiano anunciou, esta quarta-feira, que irá incriminar diversos agentes pelos homicídios de três civis durante as manifestações. De acordo com o MP, o saldo é de 11 vítimas mortais até ao momento, bastante inferior ao registado por diversas ONG, como a Temblores ou a Grita, que afirmam terem ocorrido 37 mortes de manifestantes às mãos da Polícia entre 28 de Abril e 5 de Maio, refere a TeleSur.

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Concentrações lembraram dezenas de mortos pela Polícia na Colômbia

Desde o dia 28 de Abril até esta terça-feira, a organização Grita registou 31 casos de pessoas mortas pela Polícia em vários pontos da Colômbia. Entretanto, novas reivindicações surgem na greve geral.

Créditos / jornaltornado.pt

Ontem à noite, realizaram-se concentrações em diversas cidades, com velas para evocar os «assassinados em território nacional» durante as jornadas de protesto, que inicialmente visavam a Lei de Solidariedade Sustentável (reforma tributária) proposta pelo governo de Iván Duque, mas depois alastraram para outras reivindicações.

Na sua conta de Twitter, o movimento Congreso de los Pueblos, deu conta do ajuntamento na capital, Bogotá, para denunciar a brutalidade policial no país, que, segundo dados divulgados por diversos organismos, ultrapassa os 1443 casos de violência ao longo da greve geral.

A plataforma Grita revelou que, entre as 6h (hora local) de 28 de Abril e as 8h de 4 de Maio, há registo de 216 vítimas de física por parte da Polícia. A mesma fonte indicou que 31 pessoas foram assassinadas, 21 sofreram agressões nos olhos e dez foram vítimas de violência sexual, igualmente por parte da Polícia. No mesmo período, foram registados 814 casos de detenções arbitrárias e 77 de disparos com armas de fogo.

Para além disto, a Provedoria de Justiça emitiu um comunicado em que dá conta de 87 pessoas desaparecidas até ao momento.

«Estamos a fazer as coisas bem»

O general colombiano Eduardo Enrique Zapateiro instou um grupo de polícias a prosseguir a sua acção na cidade de Cáli, tendo-lhes dito que «estamos a fazer as coisas bem» e que estão a «salvar a democracia que alguns querem destruir», refere a TeleSur.

Estas declarações de Zapateiro foram proferidas depois de, na noite de segunda-feira, membros do Exército e do Esquadrão Móvel Antidistúrbios (Esmad) terem esntrado no Bairro de Siloé, em Cáli, onde atacaram à bala grupos de jovens que participavam na greve geral.

O Exército assumiu o controlo da cidade, no departamento de Valle del Cauca, e foi decretado o recolher obrigatório.

Concentrações esta terça-feira

Em Chinácota (departamento de Norte de Santander), foi convocada para ontem um protesto com velas «contra a brutalidade policial que matou tantos jovens nestes últimos dias», informa a TeleSur.

Por seu lado, o Colombia Informa revelou que o Esmad interveio de forma violenta em Bucaramanga (Santander), havendo a registar pelo menos dois feridos.

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Quatro dias seguidos de protestos e forte repressão na Colômbia

Iniciada a 28 de Abril, a greve geral contra a reforma tributária de Duque mantém-se há 4 dias nas ruas. A Rede Francisco Isaías Cifuentes dá conta de 8 mortos, vários desaparecidos e dezenas de detenções.

No Dia do Trabalhador, Cáli respondeu à repressão com uma manifestação massiva 
Créditos / @TobarteleSUR

Convocadas por sindicatos, partidos políticos e organizações sociais, muitos milhares de pessoas vieram para as ruas, no Dia Internacional dos Trabalhadores, para continuarem a dizer «não» à Lei de Solidariedade Sustentável (reforma tributária) avançada pelo governo de Iván Duque e repudiar a forte repressão policial dos últimos dias.

Ao descontentamento e à revolta popular com o projecto de lei juntou-se o «mal-estar» provocado pelo apelo do ex-presidente Álvaro Uribe (2002-2010), expresso na sexta-feira, para que o Exército interviesse contra os manifestantes.

Apesar de o Twitter ter apagado, algumas horas depois, o apelo de Uribe às armas, nas ruas e nas redes sociais o repúdio fez ouvir: «O povo não te quer, assassino criminoso» foi uma de várias expressões sintomáticas veiculadas contra o uribista.

Ontem, Bogotá foi um dos palcos das mobilizações em defesa dos direitos dos trabalhadores, contra a reforma de Duque e a repressão policial. «Aqui está o povo nas ruas organizado, a lutar por uma vida digna», afirmaram na capital.

Na sua conta de Twitter, o Congresso de los Pueblos informou que, neste «Primeiro de Maio, no Sul de Bogotá o povo continua nas ruas, apesar da ameaça das forças de segurança e do governo nacional».

A organização denunciou a repressão exercida pela Polícia em vários pontos do país sul-americano, nomeadamente na cidade de Pereira, no departamento de Risaralda. «Fazemos um apelo para que sejam dadas garantias à mobilização social. Protestar é um direito», referiu.

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Prossegue na Colômbia a paralisação nacional contra a reforma tributária

A Central Unitária dos Trabalhadores anunciou o prosseguimento da Paralisação Nacional iniciada esta quarta-feira contra a proposta de legislação que visa aumentar impostos para «financiar a crise».

Milhares de pessoas mobilizaram-se contra as medidas neoliberais de Duque e a violência na Colômbia 
Créditos / co.marca.com

«A greve desta quinta-feira insistirá na oposição à Reforma Tributária, prosseguirá dia 19 de Maio e continuará enquanto o governo persistir na proposta actual», disse Francisco Maltés, dirigente da Central Unitária dos Trabalhadores (CUT).

Além de «marchas massivas, vigorosas e pacíficas» nesse âmbito, também em defesa de apoios sociais e às pequenas e médias empresas, estão igualmente previstas mobilizações para o Primeiro de Maio.

Ontem, desde cedo, milhares de pessoas vieram para as ruas em diferentes cidades e em mais de 500 municípios do país sul-americano, em protesto contra a proposta do governo de Duque, que os manifestantes acusam de estar a passar aos trabalhadores a factura da crise sanitária e económica.

A jornada de protesto, convocada pelo Comité Nacional de Greve, visava igualmente denunciar a violência no país, sobretudo os massacres e os assassinatos de dirigentes sociais, de defensores da paz e dos direitos humanos, bem como de ex-combatentes das FARC-EP signatários do acordo de paz de 2016.

Bogotá, Medellín, Cáli, Barranquilla e Cartagena foram palco das maiores mobilizações, e ali foram reportados vários confrontos com as forças de segurança. De acordo com a Prensa Latina, o governo destacou mais de 47 mil agentes para as ruas.

Na crise sanitária, aprofundar o neoliberalismo

«A Colômbia está mergulhada numa crise económica muito profunda e propõe-se uma reforma tributária para acabar de empobrecer a classe média, encarecer os alimentos, quando 30% da população, segundo o Departamento Administrativo Nacional de Estatística, não está a fazer três refeições diárias», disse a vice-presidente da Federação Médica Colombiana, Carolina Corcho, citada pela Prensa Latina.

De acordo com os promotores da jornada de greve, milhões de pessoas mobilizaram-se em mais de 500 municípios / co.marca.com

Por seu lado, o presidente da CUT em Antioquia, Jaime Montoya, classificou a reforma como «a mais regressiva de todas», além de favorecer as grandes empresas e o capital financeiro.

A reforma tributária, designada como Lei de Solidariedade Sustentável, contempla o aumento dos impostos sobre produtos e serviços, a instalação de portagens urbanas, e altera o regime de isenções fiscais, o que agravaria a situação de assalariados, pensionistas e população com baixos rendimentos.

Denúncias de repressão

Em comunicado, o Comité Nacional de Greve, que integra várias organizações sindicais, movimentos sociais e partidos, sublinhou «a profunda rejeição da população pelas medidas neoliberais de Duque», apesar do «pico da pandemia, da estigmatização da greve promovida pelo governo e alguns órgãos de comunicação», informa a TeleSur.

O Comité denunciou as medidas de recolher obrigatório e a ausência de transportes públicos, adoptadas por algumas autoridades locais para impedir o protesto, bem como as acções de repressão perpetradas por agentes da Polícia e do Esquadrão Móvel Antidistúrbios (Esmad) em várias cidades, que se saldaram com um morto, dezenas de feridos e de detidos.

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Órgãos de comunicação locais e internautas deram conta de manifestações, este sábado, também em Barraquilla, Medellín, Bucamaranga, Cartagena e Cáli, com forte presença de forças policiais, militares e de agentes do Esquadrão Móvel Antidistúrbios (Esmad), registando-se vários episódios de repressão sobre os manifestantes.

Houve igualmente mobilizações na região do Catatumbo e na cidade de Popayán, no Cauca. Nesta última, refere a TeleSur, a manifestação do Primeiro de Maio – contra a reforma tributária e a repressão do governo de Duque – é a primeira em mais de 80 anos.

Em Cáli, no departamento de Valle del Cauca, a manifestação do Dia do Trabalhador foi massiva, como resposta à grande repressão exercida sobre os manifestantes nos dias anteriores.

De acordo com um relatório divulgado pela Rede de Direitos Humanos Francisco Isaías Cifuentes na sexta-feira à noite, pelo menos oito pessoas foram mortas em Cáli durante as mobilizações. Além disso, o organismo registou a detenção de pelo menos 84 pessoas, 28 feridos, três manifestantes desaparecidos, três casos de pessoas que perderam um olho e o de uma mulher que foi abusada sexualmente por um agente do Esmad.

Duque move-se

Ainda na sexta-feira, confrontado com a grande oposição nas ruas ao polémico projecto para reajustar as contas em tempos de «crise», Iván Duque anunciou que ordenou ao Ministério das Finanças proceder à sua reformulação.

Já ontem, ao final do dia, na sequência de nova jornada de intensas mobilizações no país, o presidente colombiano anunciou que irá destacar o Exército e outros componentes das Forças Armadas para controlar os protestos nas principais cidades.

Para tal, explica a TeleSur, irá recorrer à figura da «assistência militar», que, disse, está contemplada na Constituição e que manterá, em coordenação com autarcas e governadores, até que as manifestações acabem.

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Em Cúcuta, a greve prossegue, tendo os manifestantes realizado um minuto de silêncio pelas pessoas assassinadas pela Polícia nos protestos destes últimos dias na Colômbia.

O porta-voz nacional do Congreso de los Pueblos, Jimmy Moreno, disse, em alusão ao povo colombiano, que «a dignidade se expressa nas ruas e estradas contra este governo criminoso e corrupto de Iván Duque», cuja renúncia imediata exigiu.

De acordo com o movimento, «a greve geral pretende superar a crise sanitária, educativa, de habitação, emprego, alimentação, transporte, feminicídios» na Colômbia e rejeita «as práticas sociais genocidas contra o movimento social: assassinato, judicialização, ameaça e perseguição por parte do Estado colombiano há décadas».

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As manifestações começaram há uma semana tendo como principal objectivo a retirada da reforma tributária proposta pelo governo de Duque e agora continuam nas ruas com um espectro de reivindicações muito mais amplo, em que se inclui a rejeição da violência estrututal e da brutalidade policial no país.

De acordo com o balanço divulgado pela Plataforma Grita, relativo à repressão exercida sobre os manifestantes pelos agentes do Esquadrão Móvel Antidistúrbios (Esmad) e elementos do Exército colombiano, no período referido registaram-se 1708 casos de violência, com os mais recentes a ocorrerem em cidades como Pereira, Cáli, Medellín, Barranquilla, Buga, Palmira e Bogotá.

O balanço da repressão policial e militar aponta ainda para 222 casos de vítimas de violência física, 37 homicídios, 831 detenções arbitrárias, 312 intervenções violentas, 22 pessoas com lesões oculares, 110 vítimas de balas disparadas por polícias e dez casos de violência sexual.

ALBA-TCP condena a violência na Colômbia

Os países que integram a Aliança Bolivariana para os Povos da Nossa América – Tratado de Comércio dos Povos (ALBA-TCP) emitiram ontem um comunicado em manifestam a sua preocupação com as vítimas da violência física, das detenções arbitrárias, de desaparecimento, de abuso sexual durante a repressão dos protestos sociais.

O bloco repudiou o uso excessivo da força por parte dos agentes de segurança na Colômbia, tendo feito um apelo às autoridades para velarem pelo dever de proteger os direitos humanos, o direito à vida e à segurança pessoal, refere a agência Prensa Latina.

No texto, a ALBA-TCP destaca que a violência, por parte das forças do Estado, não resolve as causas estruturais das situações de injustiça social, e fez votos pela paz do povo da Colômbia e para que prevaleça o diálogo e a sensatez.

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Não é a primeira vez que alegados civis, denunciados por algumas fontes como paramilitares, disparam sobre manifestantes na greve geral. A Polícia responsabilizou as comunidades ancestrais pelo facto, mas Feliciano Valencia, senador do Movimento Alternativo Social e Indígena, desmentiu essas acusações, tendo afirmado que os indígenas estavam desarmados e foram atacados.

Em comunicado, o CRIC denunciou o ataque «por homens vestidos à civil», que deixou oito indígenas feridos à entrada de Cáli, no 12.º dia da greve geral na Colômbia. Fez ainda um apelo ao governo de Iván Duque para que acabe com a militarização das forças policiais e com a criminalização do protesto no país, indica a TeleSur.

A mesma fonte informa que, nas redes sociais, surgiram denúncias de que o Esquadrão Móvel Antidistúrbios (Esmad) «atacou e sequestrou jovens» em Cáli, tendo levado oito do Bairro Meléndez, já depois do anúncio de Duque de que iria aumentar a presença policial e militar na cidade.

O fim da militarização das ruas e o fim da repressão sobre os manifestantes são duas reivindicações que o povo colombiano assumiu nestes dias de protestos intensos, que começaram a 28 de Abril, contra a reforma tributária e as políticas neoliberais implementadas pelo governo de Duque, e depois alastraram para a defesa de uma mudança do sistema político e dos direitos fundamentais, em que se incluem saúde, habitação e trabalho.

Mobilização solidária com o povo colombiano este sábado no Porto / Carlos Menezes

Mão pesada de Duque e solidariedade internacional

O governo respondeu aos manifestantes com mão pesada e, ao cabo de 12 dias de mobilizações, a ONG Temblores registava 47 mortos no contexto da greve geral, 963 detenções arbitrárias, 12 casos de violência sexual, 548 desaparecidos, 28 pessoas com feridas oculares.

Perante este cenário, várias cidades espalhadas pelo mundo acolheram, este sábado, mobilizações solidárias com o povo colombiano, de apoio ao movimento social e sindical do país sul-americano e para denunciar a repressão e a violência exercidas sobre os manifestantes.

Foi o caso de cidades em França, em Espanha, nos Estados Unidos, na Bélgica, na Suíça, na Austrália, na Argentina, no México e em Portugal, entre outros países. Em Portugal, a mobilização ocorreu este sábado na cidade do Porto e reuniu cerca de 70 pessoas, que denunciaram a repressão e «o governo reaccionário de Iván Duque».

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A miséria e a desigualdade social já se faziam notar bem antes da pandemia, mas agudizaram-se e mostraram toda a sua intensidade com um governo que aumentava a despesa militar, acrescentaram.

Os «números da infâmia» já foram divulgados pelo Departamento Administrativo Nacional de Estatística: mais de sete milhões de pessoas só comem duas vezes por dia e mais de 500 mil colombianos só o fazem uma vez, destacaram os convocantes.

Ainda para mais, quando, no ano passado, a pobreza atingiu 42,5% da população, o governo «propôs torpemente uma reforma tributária regressiva», enfatizam, acrescentando que o sistema deficitário de saúde e a falta de financiamento da educação são sentidos com mais dureza pelos afrodescendentes, os indígenas, as mulheres e os agricultores.

Repressão em Bogotá, Popayán e Barranquilla: «pão e circo» garantidos

Apesar das manifestações pacíficas, à noite o Esquadrão Móvel Antidistúrbios (Esmad) carregou sobre os manifestantes na capital, como o faz praticamente todos os dias.

Na capital do departamento do Cauca, Popayán, agentes do Esmad atacaram e prenderam vários manifestantes que se encontravam no Parque Caldas, incluindo o jornalista Kevin Acosta, da Red Alterna, revela a TeleSur.

Em Barranquilla, no departamento do Atlântico, disputou-se ontem a partida entre o Junior e o River Plate, a contar para Copa Libertadores, e o Esmad atacou os apoiantes que, nas imediações do Estádio Romelio Martínez, se juntaram à mobilização.

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Concentrações lembraram dezenas de mortos pela Polícia na Colômbia

Desde o dia 28 de Abril até esta terça-feira, a organização Grita registou 31 casos de pessoas mortas pela Polícia em vários pontos da Colômbia. Entretanto, novas reivindicações surgem na greve geral.

Créditos / jornaltornado.pt

Ontem à noite, realizaram-se concentrações em diversas cidades, com velas para evocar os «assassinados em território nacional» durante as jornadas de protesto, que inicialmente visavam a Lei de Solidariedade Sustentável (reforma tributária) proposta pelo governo de Iván Duque, mas depois alastraram para outras reivindicações.

Na sua conta de Twitter, o movimento Congreso de los Pueblos, deu conta do ajuntamento na capital, Bogotá, para denunciar a brutalidade policial no país, que, segundo dados divulgados por diversos organismos, ultrapassa os 1443 casos de violência ao longo da greve geral.

A plataforma Grita revelou que, entre as 6h (hora local) de 28 de Abril e as 8h de 4 de Maio, há registo de 216 vítimas de física por parte da Polícia. A mesma fonte indicou que 31 pessoas foram assassinadas, 21 sofreram agressões nos olhos e dez foram vítimas de violência sexual, igualmente por parte da Polícia. No mesmo período, foram registados 814 casos de detenções arbitrárias e 77 de disparos com armas de fogo.

Para além disto, a Provedoria de Justiça emitiu um comunicado em que dá conta de 87 pessoas desaparecidas até ao momento.

«Estamos a fazer as coisas bem»

O general colombiano Eduardo Enrique Zapateiro instou um grupo de polícias a prosseguir a sua acção na cidade de Cáli, tendo-lhes dito que «estamos a fazer as coisas bem» e que estão a «salvar a democracia que alguns querem destruir», refere a TeleSur.

Estas declarações de Zapateiro foram proferidas depois de, na noite de segunda-feira, membros do Exército e do Esquadrão Móvel Antidistúrbios (Esmad) terem esntrado no Bairro de Siloé, em Cáli, onde atacaram à bala grupos de jovens que participavam na greve geral.

O Exército assumiu o controlo da cidade, no departamento de Valle del Cauca, e foi decretado o recolher obrigatório.

Concentrações esta terça-feira

Em Chinácota (departamento de Norte de Santander), foi convocada para ontem um protesto com velas «contra a brutalidade policial que matou tantos jovens nestes últimos dias», informa a TeleSur.

Por seu lado, o Colombia Informa revelou que o Esmad interveio de forma violenta em Bucaramanga (Santander), havendo a registar pelo menos dois feridos.

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Quatro dias seguidos de protestos e forte repressão na Colômbia

Iniciada a 28 de Abril, a greve geral contra a reforma tributária de Duque mantém-se há 4 dias nas ruas. A Rede Francisco Isaías Cifuentes dá conta de 8 mortos, vários desaparecidos e dezenas de detenções.

No Dia do Trabalhador, Cáli respondeu à repressão com uma manifestação massiva 
Créditos / @TobarteleSUR

Convocadas por sindicatos, partidos políticos e organizações sociais, muitos milhares de pessoas vieram para as ruas, no Dia Internacional dos Trabalhadores, para continuarem a dizer «não» à Lei de Solidariedade Sustentável (reforma tributária) avançada pelo governo de Iván Duque e repudiar a forte repressão policial dos últimos dias.

Ao descontentamento e à revolta popular com o projecto de lei juntou-se o «mal-estar» provocado pelo apelo do ex-presidente Álvaro Uribe (2002-2010), expresso na sexta-feira, para que o Exército interviesse contra os manifestantes.

Apesar de o Twitter ter apagado, algumas horas depois, o apelo de Uribe às armas, nas ruas e nas redes sociais o repúdio fez ouvir: «O povo não te quer, assassino criminoso» foi uma de várias expressões sintomáticas veiculadas contra o uribista.

Ontem, Bogotá foi um dos palcos das mobilizações em defesa dos direitos dos trabalhadores, contra a reforma de Duque e a repressão policial. «Aqui está o povo nas ruas organizado, a lutar por uma vida digna», afirmaram na capital.

Na sua conta de Twitter, o Congresso de los Pueblos informou que, neste «Primeiro de Maio, no Sul de Bogotá o povo continua nas ruas, apesar da ameaça das forças de segurança e do governo nacional».

A organização denunciou a repressão exercida pela Polícia em vários pontos do país sul-americano, nomeadamente na cidade de Pereira, no departamento de Risaralda. «Fazemos um apelo para que sejam dadas garantias à mobilização social. Protestar é um direito», referiu.

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Prossegue na Colômbia a paralisação nacional contra a reforma tributária

A Central Unitária dos Trabalhadores anunciou o prosseguimento da Paralisação Nacional iniciada esta quarta-feira contra a proposta de legislação que visa aumentar impostos para «financiar a crise».

Milhares de pessoas mobilizaram-se contra as medidas neoliberais de Duque e a violência na Colômbia 
Créditos / co.marca.com

«A greve desta quinta-feira insistirá na oposição à Reforma Tributária, prosseguirá dia 19 de Maio e continuará enquanto o governo persistir na proposta actual», disse Francisco Maltés, dirigente da Central Unitária dos Trabalhadores (CUT).

Além de «marchas massivas, vigorosas e pacíficas» nesse âmbito, também em defesa de apoios sociais e às pequenas e médias empresas, estão igualmente previstas mobilizações para o Primeiro de Maio.

Ontem, desde cedo, milhares de pessoas vieram para as ruas em diferentes cidades e em mais de 500 municípios do país sul-americano, em protesto contra a proposta do governo de Duque, que os manifestantes acusam de estar a passar aos trabalhadores a factura da crise sanitária e económica.

A jornada de protesto, convocada pelo Comité Nacional de Greve, visava igualmente denunciar a violência no país, sobretudo os massacres e os assassinatos de dirigentes sociais, de defensores da paz e dos direitos humanos, bem como de ex-combatentes das FARC-EP signatários do acordo de paz de 2016.

Bogotá, Medellín, Cáli, Barranquilla e Cartagena foram palco das maiores mobilizações, e ali foram reportados vários confrontos com as forças de segurança. De acordo com a Prensa Latina, o governo destacou mais de 47 mil agentes para as ruas.

Na crise sanitária, aprofundar o neoliberalismo

«A Colômbia está mergulhada numa crise económica muito profunda e propõe-se uma reforma tributária para acabar de empobrecer a classe média, encarecer os alimentos, quando 30% da população, segundo o Departamento Administrativo Nacional de Estatística, não está a fazer três refeições diárias», disse a vice-presidente da Federação Médica Colombiana, Carolina Corcho, citada pela Prensa Latina.

De acordo com os promotores da jornada de greve, milhões de pessoas mobilizaram-se em mais de 500 municípios / co.marca.com

Por seu lado, o presidente da CUT em Antioquia, Jaime Montoya, classificou a reforma como «a mais regressiva de todas», além de favorecer as grandes empresas e o capital financeiro.

A reforma tributária, designada como Lei de Solidariedade Sustentável, contempla o aumento dos impostos sobre produtos e serviços, a instalação de portagens urbanas, e altera o regime de isenções fiscais, o que agravaria a situação de assalariados, pensionistas e população com baixos rendimentos.

Denúncias de repressão

Em comunicado, o Comité Nacional de Greve, que integra várias organizações sindicais, movimentos sociais e partidos, sublinhou «a profunda rejeição da população pelas medidas neoliberais de Duque», apesar do «pico da pandemia, da estigmatização da greve promovida pelo governo e alguns órgãos de comunicação», informa a TeleSur.

O Comité denunciou as medidas de recolher obrigatório e a ausência de transportes públicos, adoptadas por algumas autoridades locais para impedir o protesto, bem como as acções de repressão perpetradas por agentes da Polícia e do Esquadrão Móvel Antidistúrbios (Esmad) em várias cidades, que se saldaram com um morto, dezenas de feridos e de detidos.

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Órgãos de comunicação locais e internautas deram conta de manifestações, este sábado, também em Barraquilla, Medellín, Bucamaranga, Cartagena e Cáli, com forte presença de forças policiais, militares e de agentes do Esquadrão Móvel Antidistúrbios (Esmad), registando-se vários episódios de repressão sobre os manifestantes.

Houve igualmente mobilizações na região do Catatumbo e na cidade de Popayán, no Cauca. Nesta última, refere a TeleSur, a manifestação do Primeiro de Maio – contra a reforma tributária e a repressão do governo de Duque – é a primeira em mais de 80 anos.

Em Cáli, no departamento de Valle del Cauca, a manifestação do Dia do Trabalhador foi massiva, como resposta à grande repressão exercida sobre os manifestantes nos dias anteriores.

De acordo com um relatório divulgado pela Rede de Direitos Humanos Francisco Isaías Cifuentes na sexta-feira à noite, pelo menos oito pessoas foram mortas em Cáli durante as mobilizações. Além disso, o organismo registou a detenção de pelo menos 84 pessoas, 28 feridos, três manifestantes desaparecidos, três casos de pessoas que perderam um olho e o de uma mulher que foi abusada sexualmente por um agente do Esmad.

Duque move-se

Ainda na sexta-feira, confrontado com a grande oposição nas ruas ao polémico projecto para reajustar as contas em tempos de «crise», Iván Duque anunciou que ordenou ao Ministério das Finanças proceder à sua reformulação.

Já ontem, ao final do dia, na sequência de nova jornada de intensas mobilizações no país, o presidente colombiano anunciou que irá destacar o Exército e outros componentes das Forças Armadas para controlar os protestos nas principais cidades.

Para tal, explica a TeleSur, irá recorrer à figura da «assistência militar», que, disse, está contemplada na Constituição e que manterá, em coordenação com autarcas e governadores, até que as manifestações acabem.

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Em Cúcuta, a greve prossegue, tendo os manifestantes realizado um minuto de silêncio pelas pessoas assassinadas pela Polícia nos protestos destes últimos dias na Colômbia.

O porta-voz nacional do Congreso de los Pueblos, Jimmy Moreno, disse, em alusão ao povo colombiano, que «a dignidade se expressa nas ruas e estradas contra este governo criminoso e corrupto de Iván Duque», cuja renúncia imediata exigiu.

De acordo com o movimento, «a greve geral pretende superar a crise sanitária, educativa, de habitação, emprego, alimentação, transporte, feminicídios» na Colômbia e rejeita «as práticas sociais genocidas contra o movimento social: assassinato, judicialização, ameaça e perseguição por parte do Estado colombiano há décadas».

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De acordo as denúncias de organizações sociais e os vídeos publicados nas redes sociais, o Esmad atacou com gás lacrimogéneo e bombas atordoantes centenas de jovens que se concentraram no lado de fora do estádio e se uniram aos protestos da greve geral, enquanto decorria o jogo, indica a TeleSur.

Sergio Marín, do partido Comunes, destacou como, enquanto a normalidade futebolística decorria lá dentro, cá fora o povo que se mobilizava pelos direitos levava tareia. «Pão e circo, ao melhor estilo das ditaduras do Cone Sul», denunciou na sua conta de Twitter.

No mais recente relatório, a ONG Temblores informou que, entre 28 de Abril e 10 de Maio, foram mortas pelo menos 40 pessoas na Colômbia, no âmbito da greve geral, e se registaram 1956 casos de violência policial.

A Temblores, que irá actualizar os seus dados hoje, revelou ainda que, no período referido, 1003 cidadãos foram detidos arbitrariamente, se registaram 12 casos de pessoas agredidas sexualmente pela Polícia e 28 de pessoas com lesões oculares.

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Mas desta vez, defendeu Marín, estamos perante uma situação totalmente nova, diferente e qualitativamente superior. «O povo já entendeu que só a luta nas ruas, unida em torno de algumas reivindicações e mantendo a pressão, faz o governo ceder.»

Acrescentou que isto ocorre num contexto de repressão que põe os números «praticamente ao nível de um verdadeiro massacre, com cerca de 50 colombianos mortos». «Fala-se em mais de 500 desaparecidos, de mil pessoas presas, processadas e levadas para a prisão, por isso poderíamos dizer que são verdadeiros presos políticos», alertou.

Desta forma, as autoridades agravaram a «inconformidade» e elevaram o nível de resposta da luta dos colombianos, principalmente dos mais jovens, nas ruas do país, argumentou.

Alguns resultados importantes

«Até agora, foram alcançados alguns resultados extremamente importantes: a proposta de reforma tributária foi desmantelada, dois ministros demitiram-se, o governo anunciou que está em condições de garantir a gratuitidade do Ensino Superior aos estratos I, II e III», enumerou.

Ou seja, matrícula zero para as camadas mais pobres da população, tendo em conta que o governo dividiu os colombianos em seis níveis para esse efeito. «O nível I é o mais baixo, de pessoas que vivem praticamente na miséria, e o nível VI é o dos sectores mais ricos da população».

Isto é algo que o movimento estudantil andava a pedir ou a exigir há muitos anos, com o governo a insistir na resposta negativa, explicou. «Um dos resultados desta greve foi o anúncio de que era possível; era uma decisão política e bastava simplesmente ter vontade de o fazer.»

A repressão aumenta

O cenário é bastante complexo. A repressão, como todos sabem, está a piorar, alertou. «Estamos a enfrentar praticamente uma política de terra queimada por parte das forças de segurança do Estado, da Polícia em particular e do seu Esquadrão Móvel Antidistúrbios (Esmad), que é um verdadeiro corpo de repressão, morte e perseguição», denunciou.

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Colômbia: noite de forte repressão provoca vários mortos e feridos

Organizações de direitos humanos referiram que a Polícia disparou contra os manifestantes a partir de viaturas com vidros escurecidos. O MP anunciou que vai incriminar vários agentes por homicídio.

Créditos / sputniknews.com

Na noite de quarta-feira, voltou a registar-se intensa repressão por parte das forças de segurança na Colômbia, e pelo menos dois jovens foram mortos na localidade de Pereira (departamento de Risaralda).

Vídeos que circulam nas redes sociais mostram polícias a disparar junto a um viaduto contra uma concentração de jovens que se manifestavam contra o governo de Iván Duque.

Estes vídeos seguem-se a outros, referentes à noite anterior, em que se vê a Polícia e os militares a dispararem fogo pesado e também a partir de helicópteros contra manifestantes, no âmbito dos protestos relacionados com a greve geral iniciada no passado dia 28 de Abril.

Além dos jovens mortos, que se soube serem Lucas Villa e Miguel Ciro, estudantes de Desporto na Universidade Tecnológica de Pereira, registaram-se vários feridos, na sequência das cargas e disparos policiais. Organizações de direitos humanos indicaram que a Polícia disparou contra os manifestantes a partir de viaturas com vidros escurecidos.

Neste contexto, o Ministério Público (MP) colombiano anunciou, esta quarta-feira, que irá incriminar diversos agentes pelos homicídios de três civis durante as manifestações. De acordo com o MP, o saldo é de 11 vítimas mortais até ao momento, bastante inferior ao registado por diversas ONG, como a Temblores ou a Grita, que afirmam terem ocorrido 37 mortes de manifestantes às mãos da Polícia entre 28 de Abril e 5 de Maio, refere a TeleSur.

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Concentrações lembraram dezenas de mortos pela Polícia na Colômbia

Desde o dia 28 de Abril até esta terça-feira, a organização Grita registou 31 casos de pessoas mortas pela Polícia em vários pontos da Colômbia. Entretanto, novas reivindicações surgem na greve geral.

Créditos / jornaltornado.pt

Ontem à noite, realizaram-se concentrações em diversas cidades, com velas para evocar os «assassinados em território nacional» durante as jornadas de protesto, que inicialmente visavam a Lei de Solidariedade Sustentável (reforma tributária) proposta pelo governo de Iván Duque, mas depois alastraram para outras reivindicações.

Na sua conta de Twitter, o movimento Congreso de los Pueblos, deu conta do ajuntamento na capital, Bogotá, para denunciar a brutalidade policial no país, que, segundo dados divulgados por diversos organismos, ultrapassa os 1443 casos de violência ao longo da greve geral.

A plataforma Grita revelou que, entre as 6h (hora local) de 28 de Abril e as 8h de 4 de Maio, há registo de 216 vítimas de física por parte da Polícia. A mesma fonte indicou que 31 pessoas foram assassinadas, 21 sofreram agressões nos olhos e dez foram vítimas de violência sexual, igualmente por parte da Polícia. No mesmo período, foram registados 814 casos de detenções arbitrárias e 77 de disparos com armas de fogo.

Para além disto, a Provedoria de Justiça emitiu um comunicado em que dá conta de 87 pessoas desaparecidas até ao momento.

«Estamos a fazer as coisas bem»

O general colombiano Eduardo Enrique Zapateiro instou um grupo de polícias a prosseguir a sua acção na cidade de Cáli, tendo-lhes dito que «estamos a fazer as coisas bem» e que estão a «salvar a democracia que alguns querem destruir», refere a TeleSur.

Estas declarações de Zapateiro foram proferidas depois de, na noite de segunda-feira, membros do Exército e do Esquadrão Móvel Antidistúrbios (Esmad) terem esntrado no Bairro de Siloé, em Cáli, onde atacaram à bala grupos de jovens que participavam na greve geral.

O Exército assumiu o controlo da cidade, no departamento de Valle del Cauca, e foi decretado o recolher obrigatório.

Concentrações esta terça-feira

Em Chinácota (departamento de Norte de Santander), foi convocada para ontem um protesto com velas «contra a brutalidade policial que matou tantos jovens nestes últimos dias», informa a TeleSur.

Por seu lado, o Colombia Informa revelou que o Esmad interveio de forma violenta em Bucaramanga (Santander), havendo a registar pelo menos dois feridos.

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Quatro dias seguidos de protestos e forte repressão na Colômbia

Iniciada a 28 de Abril, a greve geral contra a reforma tributária de Duque mantém-se há 4 dias nas ruas. A Rede Francisco Isaías Cifuentes dá conta de 8 mortos, vários desaparecidos e dezenas de detenções.

No Dia do Trabalhador, Cáli respondeu à repressão com uma manifestação massiva 
Créditos / @TobarteleSUR

Convocadas por sindicatos, partidos políticos e organizações sociais, muitos milhares de pessoas vieram para as ruas, no Dia Internacional dos Trabalhadores, para continuarem a dizer «não» à Lei de Solidariedade Sustentável (reforma tributária) avançada pelo governo de Iván Duque e repudiar a forte repressão policial dos últimos dias.

Ao descontentamento e à revolta popular com o projecto de lei juntou-se o «mal-estar» provocado pelo apelo do ex-presidente Álvaro Uribe (2002-2010), expresso na sexta-feira, para que o Exército interviesse contra os manifestantes.

Apesar de o Twitter ter apagado, algumas horas depois, o apelo de Uribe às armas, nas ruas e nas redes sociais o repúdio fez ouvir: «O povo não te quer, assassino criminoso» foi uma de várias expressões sintomáticas veiculadas contra o uribista.

Ontem, Bogotá foi um dos palcos das mobilizações em defesa dos direitos dos trabalhadores, contra a reforma de Duque e a repressão policial. «Aqui está o povo nas ruas organizado, a lutar por uma vida digna», afirmaram na capital.

Na sua conta de Twitter, o Congresso de los Pueblos informou que, neste «Primeiro de Maio, no Sul de Bogotá o povo continua nas ruas, apesar da ameaça das forças de segurança e do governo nacional».

A organização denunciou a repressão exercida pela Polícia em vários pontos do país sul-americano, nomeadamente na cidade de Pereira, no departamento de Risaralda. «Fazemos um apelo para que sejam dadas garantias à mobilização social. Protestar é um direito», referiu.

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Prossegue na Colômbia a paralisação nacional contra a reforma tributária

A Central Unitária dos Trabalhadores anunciou o prosseguimento da Paralisação Nacional iniciada esta quarta-feira contra a proposta de legislação que visa aumentar impostos para «financiar a crise».

Milhares de pessoas mobilizaram-se contra as medidas neoliberais de Duque e a violência na Colômbia 
Créditos / co.marca.com

«A greve desta quinta-feira insistirá na oposição à Reforma Tributária, prosseguirá dia 19 de Maio e continuará enquanto o governo persistir na proposta actual», disse Francisco Maltés, dirigente da Central Unitária dos Trabalhadores (CUT).

Além de «marchas massivas, vigorosas e pacíficas» nesse âmbito, também em defesa de apoios sociais e às pequenas e médias empresas, estão igualmente previstas mobilizações para o Primeiro de Maio.

Ontem, desde cedo, milhares de pessoas vieram para as ruas em diferentes cidades e em mais de 500 municípios do país sul-americano, em protesto contra a proposta do governo de Duque, que os manifestantes acusam de estar a passar aos trabalhadores a factura da crise sanitária e económica.

A jornada de protesto, convocada pelo Comité Nacional de Greve, visava igualmente denunciar a violência no país, sobretudo os massacres e os assassinatos de dirigentes sociais, de defensores da paz e dos direitos humanos, bem como de ex-combatentes das FARC-EP signatários do acordo de paz de 2016.

Bogotá, Medellín, Cáli, Barranquilla e Cartagena foram palco das maiores mobilizações, e ali foram reportados vários confrontos com as forças de segurança. De acordo com a Prensa Latina, o governo destacou mais de 47 mil agentes para as ruas.

Na crise sanitária, aprofundar o neoliberalismo

«A Colômbia está mergulhada numa crise económica muito profunda e propõe-se uma reforma tributária para acabar de empobrecer a classe média, encarecer os alimentos, quando 30% da população, segundo o Departamento Administrativo Nacional de Estatística, não está a fazer três refeições diárias», disse a vice-presidente da Federação Médica Colombiana, Carolina Corcho, citada pela Prensa Latina.

De acordo com os promotores da jornada de greve, milhões de pessoas mobilizaram-se em mais de 500 municípios / co.marca.com

Por seu lado, o presidente da CUT em Antioquia, Jaime Montoya, classificou a reforma como «a mais regressiva de todas», além de favorecer as grandes empresas e o capital financeiro.

A reforma tributária, designada como Lei de Solidariedade Sustentável, contempla o aumento dos impostos sobre produtos e serviços, a instalação de portagens urbanas, e altera o regime de isenções fiscais, o que agravaria a situação de assalariados, pensionistas e população com baixos rendimentos.

Denúncias de repressão

Em comunicado, o Comité Nacional de Greve, que integra várias organizações sindicais, movimentos sociais e partidos, sublinhou «a profunda rejeição da população pelas medidas neoliberais de Duque», apesar do «pico da pandemia, da estigmatização da greve promovida pelo governo e alguns órgãos de comunicação», informa a TeleSur.

O Comité denunciou as medidas de recolher obrigatório e a ausência de transportes públicos, adoptadas por algumas autoridades locais para impedir o protesto, bem como as acções de repressão perpetradas por agentes da Polícia e do Esquadrão Móvel Antidistúrbios (Esmad) em várias cidades, que se saldaram com um morto, dezenas de feridos e de detidos.

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Houve igualmente mobilizações na região do Catatumbo e na cidade de Popayán, no Cauca. Nesta última, refere a TeleSur, a manifestação do Primeiro de Maio – contra a reforma tributária e a repressão do governo de Duque – é a primeira em mais de 80 anos.

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As manifestações começaram há uma semana tendo como principal objectivo a retirada da reforma tributária proposta pelo governo de Duque e agora continuam nas ruas com um espectro de reivindicações muito mais amplo, em que se inclui a rejeição da violência estrututal e da brutalidade policial no país.

De acordo com o balanço divulgado pela Plataforma Grita, relativo à repressão exercida sobre os manifestantes pelos agentes do Esquadrão Móvel Antidistúrbios (Esmad) e elementos do Exército colombiano, no período referido registaram-se 1708 casos de violência, com os mais recentes a ocorrerem em cidades como Pereira, Cáli, Medellín, Barranquilla, Buga, Palmira e Bogotá.

O balanço da repressão policial e militar aponta ainda para 222 casos de vítimas de violência física, 37 homicídios, 831 detenções arbitrárias, 312 intervenções violentas, 22 pessoas com lesões oculares, 110 vítimas de balas disparadas por polícias e dez casos de violência sexual.

ALBA-TCP condena a violência na Colômbia

Os países que integram a Aliança Bolivariana para os Povos da Nossa América – Tratado de Comércio dos Povos (ALBA-TCP) emitiram ontem um comunicado em manifestam a sua preocupação com as vítimas da violência física, das detenções arbitrárias, de desaparecimento, de abuso sexual durante a repressão dos protestos sociais.

O bloco repudiou o uso excessivo da força por parte dos agentes de segurança na Colômbia, tendo feito um apelo às autoridades para velarem pelo dever de proteger os direitos humanos, o direito à vida e à segurança pessoal, refere a agência Prensa Latina.

No texto, a ALBA-TCP destaca que a violência, por parte das forças do Estado, não resolve as causas estruturais das situações de injustiça social, e fez votos pela paz do povo da Colômbia e para que prevaleça o diálogo e a sensatez.

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Na Colômbia – destacou – existe uma polícia política com recursos de guerra para «enfrentar» os problemas sociais. «O anúncio do envolvimento do Exército nesta repressão constitui um quadro sério», disse Marín, lembrando que as mobilizações, a pressão social e popular, «aumentam na medida em que não são dadas soluções para as demandas do povo».

«Lamentamos, como lamenta a América Latina, que a OEA chefiada por Luis Almagro continue a desenvolver uma agenda contrária aos interesses dos povos do continente, totalmente servil aos interesses dos Estados Unidos e das oligarquias da região», afirmou, destacando que a OEA e Almagro mantêm um silêncio cúmplice pelo qual devem responder, no contexto da situação dramática que a Colômbia atravessa.

Pão e circo

Está em jogo a possibilidade de cancelar a realização da Copa América na Colômbia, que deve começar daqui a um mês. «As barras das equipas mais fortes da Colômbia uniram-se em torno do lema de que o que o povo colombiano exige não é circo, mas pão», explicou.

«O que as pessoas exigem nas ruas, com dignidade, são melhores condições de vida e não mais espectáculos para tentar encobrir o sangue, o massacre, a morte, os desaparecimentos e as torturas na nossa pátria», frisou.

«Há relutância em atender ao apelo ao diálogo por parte do governo; o que o povo quer é uma negociação assente numa agenda que inclua reivindicações», disse, acrescentando que as pessoas exigem que o governo diga com clareza aquilo que vai cumprir, e é isso que irá determinar se haverá um acordo.

Se for assim, a situação poderia estabilizar-se «enquanto se aguarda as eleições presidenciais de 2022 e a eleição de um governo democrático que responda às necessidades do povo, governe para o povo e não para os monopólios, os latifundiários, os narcotraficantes e as máfias», defendeu Marín.

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Por isso, exigiram o fim do Esquadrão Móvel Anti-Distúrbios (Esmad), um corpo policial bem conhecido (e temido) no país sul-americano pelos abusos cometidos contra os manifestantes, no actual contexto, mas também contra a população em geral, em contextos anteriores.

Outra exigência dos manifestantes foi a demissão do ministro da Defesa, Diego Molano, que esta semana foi apontado no Senado e na Câmara dos Representantes como responsável político pela violência policial contra os mobilizados na greve.

Denunciaram igualmente o «uso excessivo da força» por parte de forças militares e policiais desde o início da greve geral, visando em particular os jovens, refere a Prensa Latina.

Comissão governamental adiou assinatura de acordo

Depois de ter alcançado, na segunda-feira, um pré-acordo com o governo sobre garantias para o exercício do direito à manifestação e prosseguir com as negociações, o Comité da Greve acusou o presidente Iván Duque de adiar o diálogo com vista a encontrar respostas para as reivindicações populares.

Fabio Arias (CUT), que integra o Comité, disse que a comissão governamental adiou para esta quinta-feira a assinatura de um acordo, a partir do qual seja possível iniciar a negociação do caderno reivindicativo de emergência que foi apresentado há um ano, revela a TeleSur.

Embora o governo tenha anunciado a retirada da reforma tributária que propôs, em virtude da mobilização popular, e tenha implementado algumas medidas há muito reclamadas pela população, nomeadamente no sector da Educação, os protestos contra as políticas neoliberais de Duque mantêm-se, com um leque de reivindicações crescente.

Isso mesmo voltou a ficar vincado nas mobilizações de ontem, com agricultores, indígenas, ex-guerrilheiros das FARC-EP, entre outros, a reclamarem o direito à terra e a reforma agrária; o fim da violência e da estigmatização; a implementação dos acordos de paz e o fim dos assassinatos.

Forte repressão policial na terça e quarta-feira

A noite de terça-feira ficou marcada por grande violência policial na zona do Portal de las Américas, em Bogotá, que se tornou um símbolo de resistência contra o governo de Duque.

O mais grave, na terça-feira, ocorreu em Tuluá, cidade do departamento de Valle del Cauca, onde um jovem de 19 anos foi morto por agentes do Esmad. De acordo com o Colombia Informa, trata-se da quinta vítima mortal no município desde o início da greve geral, a 28 de Abril.

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ONG alertam para locais de tortura e valas comuns em Cáli

De acordo com um relatório publicado este domingo por três organizações, desde o início da greve geral 120 pessoas desapareceram em Cáli, no departamento colombiano de Valle del Cauca.

ONG reportam a existência de pelo menos 500 desaparecidos desde o início da greve geral na Colômbia, 120 dos quais só na cidade de Cáli 
Créditos / Twitter

As organizações não governamentais (ONG) Equipo Jurídico y Humanitario 21N, Corporación Justicia y Dignidad, e Comisión Intereclesial de Justicia y Paz publicaram este domingo um relatório no qual dão conta de denúncias relativas à existência de locais utilizados por paramilitares e Polícia para a detenção, tortura e, inclusive, o desaparecimento de manifestantes na cidade de Cáli, que tem sido uma das cidades mais dinâmicas na mobilização contra o governo de Iván Duque.

«Desde o passado dia 13 de Maio, as nossas organizações receberam relatos absolutamente escabrosos e delicados que ferem a consciência da humanidade pelo comportamento e as práticas policiais», alerta o informe, citado pela TeleSur.

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Nova noite de intensa repressão policial na Colômbia

Agentes do Esmad atacaram manifestantes que se mobilizaram esta quarta-feira no contexto da greve geral, que dura há 23 dias. O Comunes acusou Duque de temer ouvir o povo que confronta o seu governo.

A Polícia e, em especial, o há muito conhecido e temido Esquadrão Móvel Anti-Distúrdios (Esmad) têm sido alvo de denúncias frequentes ao longo da greve pela violência exercida sobre os manifestantes 
Créditos / Prensa Latina

Centenas de milhares de pessoas participaram ontem na chamada «marcha do milhão», convocada pelo Comité Nacional da Greve, depois da tentativa falhada de negociação entre este organismo e o governo colombiano com vista a encontrar uma saída para a crise que o país enfrenta, dar resposta aos problemas dos colombianos e garantir o direito à manifestação.

Anunciando o carácter pacífico das mobilizações e o cumprimento das normas sanitárias, o Comité apelou à participação de todos, para denunciar as políticas neoliberais de Iván Duque, exigir respostas para os problemas estruturais do país, a violência sistemática e a repressão exercida sobre os manifestantes.

Na cidade de Cáli, que tem sido um dos principais focos de contestação ao governo de Duque e um dos epicentros da repressão policial e militar, milhares de pessoas voltaram a manifestar-se, refere a TeleSur.

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«A Colômbia está a viver uma autêntica revolta»

A greve geral que se mantém há 20 dias na Colômbia é «um verdadeiro levantamento, como não se via há décadas, nem em abrangência nem em duração», disse Sergio Marín, membro da Câmara dos Representantes.

No sábado, milhares de pessoas voltaram a protestar contra o governo de Iván Duque e a treptressão 
Créditos / Prensa Latina

No sábado passado, centenas de milhares de colombianos vieram novamente para as ruas exigir mudanças e deixar clara a oposição ao governo de Iván Duque.

Numa entrevista via Internet à jornalista Odalys Troya Flores, da agência Prensa Latina, Sergio Marín, do partido Comunes, explicou que o principal motivo da greve iniciada a 28 de Abril – convocada pelo movimento sindical, social, étnico, estudantil e juvenil – foi o anúncio do projecto de reforma tributária por parte de Iván Duque e do seu ex-ministro das Finanças, Alberto Carrasquilla.

O deputado disse que a polémica proposta basicamente aumentava o IVA sobre todos os bens essenciais e serviços mais necessários à vida de todos os colombianos.

Aumentava igualmente a base tributária a partir da qual o imposto sobre os rendimentos começava a ser pago no país, que, precisou, actualmente ronda os mil dólares por mês. «Era algo que punia as classes médias, os profissionais, os trabalhadores independentes, a grande maioria da força de trabalho no país sul-americano», disse.

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Quatro dias seguidos de protestos e forte repressão na Colômbia

Iniciada a 28 de Abril, a greve geral contra a reforma tributária de Duque mantém-se há 4 dias nas ruas. A Rede Francisco Isaías Cifuentes dá conta de 8 mortos, vários desaparecidos e dezenas de detenções.

No Dia do Trabalhador, Cáli respondeu à repressão com uma manifestação massiva 
Créditos / @TobarteleSUR

Convocadas por sindicatos, partidos políticos e organizações sociais, muitos milhares de pessoas vieram para as ruas, no Dia Internacional dos Trabalhadores, para continuarem a dizer «não» à Lei de Solidariedade Sustentável (reforma tributária) avançada pelo governo de Iván Duque e repudiar a forte repressão policial dos últimos dias.

Ao descontentamento e à revolta popular com o projecto de lei juntou-se o «mal-estar» provocado pelo apelo do ex-presidente Álvaro Uribe (2002-2010), expresso na sexta-feira, para que o Exército interviesse contra os manifestantes.

Apesar de o Twitter ter apagado, algumas horas depois, o apelo de Uribe às armas, nas ruas e nas redes sociais o repúdio fez ouvir: «O povo não te quer, assassino criminoso» foi uma de várias expressões sintomáticas veiculadas contra o uribista.

Ontem, Bogotá foi um dos palcos das mobilizações em defesa dos direitos dos trabalhadores, contra a reforma de Duque e a repressão policial. «Aqui está o povo nas ruas organizado, a lutar por uma vida digna», afirmaram na capital.

Na sua conta de Twitter, o Congresso de los Pueblos informou que, neste «Primeiro de Maio, no Sul de Bogotá o povo continua nas ruas, apesar da ameaça das forças de segurança e do governo nacional».

A organização denunciou a repressão exercida pela Polícia em vários pontos do país sul-americano, nomeadamente na cidade de Pereira, no departamento de Risaralda. «Fazemos um apelo para que sejam dadas garantias à mobilização social. Protestar é um direito», referiu.

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Prossegue na Colômbia a paralisação nacional contra a reforma tributária

A Central Unitária dos Trabalhadores anunciou o prosseguimento da Paralisação Nacional iniciada esta quarta-feira contra a proposta de legislação que visa aumentar impostos para «financiar a crise».

Milhares de pessoas mobilizaram-se contra as medidas neoliberais de Duque e a violência na Colômbia 
Créditos / co.marca.com

«A greve desta quinta-feira insistirá na oposição à Reforma Tributária, prosseguirá dia 19 de Maio e continuará enquanto o governo persistir na proposta actual», disse Francisco Maltés, dirigente da Central Unitária dos Trabalhadores (CUT).

Além de «marchas massivas, vigorosas e pacíficas» nesse âmbito, também em defesa de apoios sociais e às pequenas e médias empresas, estão igualmente previstas mobilizações para o Primeiro de Maio.

Ontem, desde cedo, milhares de pessoas vieram para as ruas em diferentes cidades e em mais de 500 municípios do país sul-americano, em protesto contra a proposta do governo de Duque, que os manifestantes acusam de estar a passar aos trabalhadores a factura da crise sanitária e económica.

A jornada de protesto, convocada pelo Comité Nacional de Greve, visava igualmente denunciar a violência no país, sobretudo os massacres e os assassinatos de dirigentes sociais, de defensores da paz e dos direitos humanos, bem como de ex-combatentes das FARC-EP signatários do acordo de paz de 2016.

Bogotá, Medellín, Cáli, Barranquilla e Cartagena foram palco das maiores mobilizações, e ali foram reportados vários confrontos com as forças de segurança. De acordo com a Prensa Latina, o governo destacou mais de 47 mil agentes para as ruas.

Na crise sanitária, aprofundar o neoliberalismo

«A Colômbia está mergulhada numa crise económica muito profunda e propõe-se uma reforma tributária para acabar de empobrecer a classe média, encarecer os alimentos, quando 30% da população, segundo o Departamento Administrativo Nacional de Estatística, não está a fazer três refeições diárias», disse a vice-presidente da Federação Médica Colombiana, Carolina Corcho, citada pela Prensa Latina.

De acordo com os promotores da jornada de greve, milhões de pessoas mobilizaram-se em mais de 500 municípios / co.marca.com

Por seu lado, o presidente da CUT em Antioquia, Jaime Montoya, classificou a reforma como «a mais regressiva de todas», além de favorecer as grandes empresas e o capital financeiro.

A reforma tributária, designada como Lei de Solidariedade Sustentável, contempla o aumento dos impostos sobre produtos e serviços, a instalação de portagens urbanas, e altera o regime de isenções fiscais, o que agravaria a situação de assalariados, pensionistas e população com baixos rendimentos.

Denúncias de repressão

Em comunicado, o Comité Nacional de Greve, que integra várias organizações sindicais, movimentos sociais e partidos, sublinhou «a profunda rejeição da população pelas medidas neoliberais de Duque», apesar do «pico da pandemia, da estigmatização da greve promovida pelo governo e alguns órgãos de comunicação», informa a TeleSur.

O Comité denunciou as medidas de recolher obrigatório e a ausência de transportes públicos, adoptadas por algumas autoridades locais para impedir o protesto, bem como as acções de repressão perpetradas por agentes da Polícia e do Esquadrão Móvel Antidistúrbios (Esmad) em várias cidades, que se saldaram com um morto, dezenas de feridos e de detidos.

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Órgãos de comunicação locais e internautas deram conta de manifestações, este sábado, também em Barraquilla, Medellín, Bucamaranga, Cartagena e Cáli, com forte presença de forças policiais, militares e de agentes do Esquadrão Móvel Antidistúrbios (Esmad), registando-se vários episódios de repressão sobre os manifestantes.

Houve igualmente mobilizações na região do Catatumbo e na cidade de Popayán, no Cauca. Nesta última, refere a TeleSur, a manifestação do Primeiro de Maio – contra a reforma tributária e a repressão do governo de Duque – é a primeira em mais de 80 anos.

Em Cáli, no departamento de Valle del Cauca, a manifestação do Dia do Trabalhador foi massiva, como resposta à grande repressão exercida sobre os manifestantes nos dias anteriores.

De acordo com um relatório divulgado pela Rede de Direitos Humanos Francisco Isaías Cifuentes na sexta-feira à noite, pelo menos oito pessoas foram mortas em Cáli durante as mobilizações. Além disso, o organismo registou a detenção de pelo menos 84 pessoas, 28 feridos, três manifestantes desaparecidos, três casos de pessoas que perderam um olho e o de uma mulher que foi abusada sexualmente por um agente do Esmad.

Duque move-se

Ainda na sexta-feira, confrontado com a grande oposição nas ruas ao polémico projecto para reajustar as contas em tempos de «crise», Iván Duque anunciou que ordenou ao Ministério das Finanças proceder à sua reformulação.

Já ontem, ao final do dia, na sequência de nova jornada de intensas mobilizações no país, o presidente colombiano anunciou que irá destacar o Exército e outros componentes das Forças Armadas para controlar os protestos nas principais cidades.

Para tal, explica a TeleSur, irá recorrer à figura da «assistência militar», que, disse, está contemplada na Constituição e que manterá, em coordenação com autarcas e governadores, até que as manifestações acabem.

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Em seu entender, tratava-se de uma reforma tributária destinada a castigar os mais pobres e as classes médias, mantendo e inclusive aumentando as isenções tributárias ao grande capital nacional e transnacional.

«A proposta não contemplava medidas decisivas para combater a evasão fiscal, que na Colômbia é um problema gravíssimo, porque o grande capital não só conta com grandes isenções, mas também não paga os impostos que deve», destacou.

Também não era um projecto que contemplasse qualquer tipo de combate à corrupção, que no país é uma verdadeira pandemia que consome uma parte substancial do Orçamento nacional, disse à Prensa Latina.

«Estima-se que entre 10% e 15% desse Orçamento seja consumido pelos corruptos», denunciou Marín.

«Toda esta situação gerou um apelo à mobilização a que aspirávamos, que fosse importante e tivesse uma ampla repercussão, mas a verdade é que o movimento social e popular ultrapassou todas as expectativas», afirmou.

Greve geral

«A greve mostrou o sentimento reprimido nos últimos dois ou três anos pelas inúmeras reformas tributárias que já tinham atingido os bolsos dos colombianos», afirmou, acrescentando que, «devido à absoluta ineficiência e às propostas do governo para enfrentar a crise associada à pandemia Covid-19, se agravou a situação económica do país».

Em seu entender, todos estos elementos se conjugaram para gerar «um verdadeiro levantamento, como não se via há décadas na Colômbia, nem em abrangência nem em duração», afirmou, sublinhando que o protesto se mantém há mais de duas semanas, quando o habitual era as greves ficarem restritas a certos sectores e territórios, e durarem apenas alguns dias.

«Em geral, os governos conseguiam manobrar [as greves] combinando a forte repressão com promessas que de facto não cumpriam, desactivando esses movimentos de luta social», disse.

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Ao 15.º dia de greve, enormes manifestações contra o governo de Duque

Centenas de milhares participaram esta quarta-feira nas mobilizações convocadas pelo Comité Nacional da Greve para denunciar o aprofundamento dos problemas estruturais da Colômbia no mandato de Duque.

As mobilizações contra as políticas neoliberais de Iván Duque fizeram-se sentir em muitas cidades do país sul-americano 
Créditos / Prensa Latina

A greve geral da Colômbia, iniciada no passado dia 28 de Abril, tem sido marcada pela forte repressão de uma Polícia «feita para a guerra», como afirma na sua conta de Twitter a organização não governamental (ONG) Temblores, mas ontem decorreu quase tudo de forma tranquila – pelo menos até certo ponto.

A representante na Colômbia da Alta Comissária dos Direitos Humanos da ONU, Juliette de Rivero, percorreu várias cidades do país, tendo afirmado que as marchas foram pacíficas, informa a Prensa Latina.

Além dos sectores que têm estado mais mobilizados nas últimas duas semanas, aderiram aos protestos habitantes que apoiam a luta em várias cidades, como aconteceu em Barranquilla, Bogotá, Catatumbo, Cartagena, Ibagué, Medellín, Pereira, Popayán e até em Cáli, apesar de se encontrar militarizada, manifestando a sua oposição às políticas neoliberais do actual governo.

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Colômbia: noite de forte repressão provoca vários mortos e feridos

Organizações de direitos humanos referiram que a Polícia disparou contra os manifestantes a partir de viaturas com vidros escurecidos. O MP anunciou que vai incriminar vários agentes por homicídio.

Créditos / sputniknews.com

Na noite de quarta-feira, voltou a registar-se intensa repressão por parte das forças de segurança na Colômbia, e pelo menos dois jovens foram mortos na localidade de Pereira (departamento de Risaralda).

Vídeos que circulam nas redes sociais mostram polícias a disparar junto a um viaduto contra uma concentração de jovens que se manifestavam contra o governo de Iván Duque.

Estes vídeos seguem-se a outros, referentes à noite anterior, em que se vê a Polícia e os militares a dispararem fogo pesado e também a partir de helicópteros contra manifestantes, no âmbito dos protestos relacionados com a greve geral iniciada no passado dia 28 de Abril.

Além dos jovens mortos, que se soube serem Lucas Villa e Miguel Ciro, estudantes de Desporto na Universidade Tecnológica de Pereira, registaram-se vários feridos, na sequência das cargas e disparos policiais. Organizações de direitos humanos indicaram que a Polícia disparou contra os manifestantes a partir de viaturas com vidros escurecidos.

Neste contexto, o Ministério Público (MP) colombiano anunciou, esta quarta-feira, que irá incriminar diversos agentes pelos homicídios de três civis durante as manifestações. De acordo com o MP, o saldo é de 11 vítimas mortais até ao momento, bastante inferior ao registado por diversas ONG, como a Temblores ou a Grita, que afirmam terem ocorrido 37 mortes de manifestantes às mãos da Polícia entre 28 de Abril e 5 de Maio, refere a TeleSur.

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Concentrações lembraram dezenas de mortos pela Polícia na Colômbia

Desde o dia 28 de Abril até esta terça-feira, a organização Grita registou 31 casos de pessoas mortas pela Polícia em vários pontos da Colômbia. Entretanto, novas reivindicações surgem na greve geral.

Créditos / jornaltornado.pt

Ontem à noite, realizaram-se concentrações em diversas cidades, com velas para evocar os «assassinados em território nacional» durante as jornadas de protesto, que inicialmente visavam a Lei de Solidariedade Sustentável (reforma tributária) proposta pelo governo de Iván Duque, mas depois alastraram para outras reivindicações.

Na sua conta de Twitter, o movimento Congreso de los Pueblos, deu conta do ajuntamento na capital, Bogotá, para denunciar a brutalidade policial no país, que, segundo dados divulgados por diversos organismos, ultrapassa os 1443 casos de violência ao longo da greve geral.

A plataforma Grita revelou que, entre as 6h (hora local) de 28 de Abril e as 8h de 4 de Maio, há registo de 216 vítimas de física por parte da Polícia. A mesma fonte indicou que 31 pessoas foram assassinadas, 21 sofreram agressões nos olhos e dez foram vítimas de violência sexual, igualmente por parte da Polícia. No mesmo período, foram registados 814 casos de detenções arbitrárias e 77 de disparos com armas de fogo.

Para além disto, a Provedoria de Justiça emitiu um comunicado em que dá conta de 87 pessoas desaparecidas até ao momento.

«Estamos a fazer as coisas bem»

O general colombiano Eduardo Enrique Zapateiro instou um grupo de polícias a prosseguir a sua acção na cidade de Cáli, tendo-lhes dito que «estamos a fazer as coisas bem» e que estão a «salvar a democracia que alguns querem destruir», refere a TeleSur.

Estas declarações de Zapateiro foram proferidas depois de, na noite de segunda-feira, membros do Exército e do Esquadrão Móvel Antidistúrbios (Esmad) terem esntrado no Bairro de Siloé, em Cáli, onde atacaram à bala grupos de jovens que participavam na greve geral.

O Exército assumiu o controlo da cidade, no departamento de Valle del Cauca, e foi decretado o recolher obrigatório.

Concentrações esta terça-feira

Em Chinácota (departamento de Norte de Santander), foi convocada para ontem um protesto com velas «contra a brutalidade policial que matou tantos jovens nestes últimos dias», informa a TeleSur.

Por seu lado, o Colombia Informa revelou que o Esmad interveio de forma violenta em Bucaramanga (Santander), havendo a registar pelo menos dois feridos.

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Quatro dias seguidos de protestos e forte repressão na Colômbia

Iniciada a 28 de Abril, a greve geral contra a reforma tributária de Duque mantém-se há 4 dias nas ruas. A Rede Francisco Isaías Cifuentes dá conta de 8 mortos, vários desaparecidos e dezenas de detenções.

No Dia do Trabalhador, Cáli respondeu à repressão com uma manifestação massiva 
Créditos / @TobarteleSUR

Convocadas por sindicatos, partidos políticos e organizações sociais, muitos milhares de pessoas vieram para as ruas, no Dia Internacional dos Trabalhadores, para continuarem a dizer «não» à Lei de Solidariedade Sustentável (reforma tributária) avançada pelo governo de Iván Duque e repudiar a forte repressão policial dos últimos dias.

Ao descontentamento e à revolta popular com o projecto de lei juntou-se o «mal-estar» provocado pelo apelo do ex-presidente Álvaro Uribe (2002-2010), expresso na sexta-feira, para que o Exército interviesse contra os manifestantes.

Apesar de o Twitter ter apagado, algumas horas depois, o apelo de Uribe às armas, nas ruas e nas redes sociais o repúdio fez ouvir: «O povo não te quer, assassino criminoso» foi uma de várias expressões sintomáticas veiculadas contra o uribista.

Ontem, Bogotá foi um dos palcos das mobilizações em defesa dos direitos dos trabalhadores, contra a reforma de Duque e a repressão policial. «Aqui está o povo nas ruas organizado, a lutar por uma vida digna», afirmaram na capital.

Na sua conta de Twitter, o Congresso de los Pueblos informou que, neste «Primeiro de Maio, no Sul de Bogotá o povo continua nas ruas, apesar da ameaça das forças de segurança e do governo nacional».

A organização denunciou a repressão exercida pela Polícia em vários pontos do país sul-americano, nomeadamente na cidade de Pereira, no departamento de Risaralda. «Fazemos um apelo para que sejam dadas garantias à mobilização social. Protestar é um direito», referiu.

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Prossegue na Colômbia a paralisação nacional contra a reforma tributária

A Central Unitária dos Trabalhadores anunciou o prosseguimento da Paralisação Nacional iniciada esta quarta-feira contra a proposta de legislação que visa aumentar impostos para «financiar a crise».

Milhares de pessoas mobilizaram-se contra as medidas neoliberais de Duque e a violência na Colômbia 
Créditos / co.marca.com

«A greve desta quinta-feira insistirá na oposição à Reforma Tributária, prosseguirá dia 19 de Maio e continuará enquanto o governo persistir na proposta actual», disse Francisco Maltés, dirigente da Central Unitária dos Trabalhadores (CUT).

Além de «marchas massivas, vigorosas e pacíficas» nesse âmbito, também em defesa de apoios sociais e às pequenas e médias empresas, estão igualmente previstas mobilizações para o Primeiro de Maio.

Ontem, desde cedo, milhares de pessoas vieram para as ruas em diferentes cidades e em mais de 500 municípios do país sul-americano, em protesto contra a proposta do governo de Duque, que os manifestantes acusam de estar a passar aos trabalhadores a factura da crise sanitária e económica.

A jornada de protesto, convocada pelo Comité Nacional de Greve, visava igualmente denunciar a violência no país, sobretudo os massacres e os assassinatos de dirigentes sociais, de defensores da paz e dos direitos humanos, bem como de ex-combatentes das FARC-EP signatários do acordo de paz de 2016.

Bogotá, Medellín, Cáli, Barranquilla e Cartagena foram palco das maiores mobilizações, e ali foram reportados vários confrontos com as forças de segurança. De acordo com a Prensa Latina, o governo destacou mais de 47 mil agentes para as ruas.

Na crise sanitária, aprofundar o neoliberalismo

«A Colômbia está mergulhada numa crise económica muito profunda e propõe-se uma reforma tributária para acabar de empobrecer a classe média, encarecer os alimentos, quando 30% da população, segundo o Departamento Administrativo Nacional de Estatística, não está a fazer três refeições diárias», disse a vice-presidente da Federação Médica Colombiana, Carolina Corcho, citada pela Prensa Latina.

De acordo com os promotores da jornada de greve, milhões de pessoas mobilizaram-se em mais de 500 municípios / co.marca.com

Por seu lado, o presidente da CUT em Antioquia, Jaime Montoya, classificou a reforma como «a mais regressiva de todas», além de favorecer as grandes empresas e o capital financeiro.

A reforma tributária, designada como Lei de Solidariedade Sustentável, contempla o aumento dos impostos sobre produtos e serviços, a instalação de portagens urbanas, e altera o regime de isenções fiscais, o que agravaria a situação de assalariados, pensionistas e população com baixos rendimentos.

Denúncias de repressão

Em comunicado, o Comité Nacional de Greve, que integra várias organizações sindicais, movimentos sociais e partidos, sublinhou «a profunda rejeição da população pelas medidas neoliberais de Duque», apesar do «pico da pandemia, da estigmatização da greve promovida pelo governo e alguns órgãos de comunicação», informa a TeleSur.

O Comité denunciou as medidas de recolher obrigatório e a ausência de transportes públicos, adoptadas por algumas autoridades locais para impedir o protesto, bem como as acções de repressão perpetradas por agentes da Polícia e do Esquadrão Móvel Antidistúrbios (Esmad) em várias cidades, que se saldaram com um morto, dezenas de feridos e de detidos.

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Houve igualmente mobilizações na região do Catatumbo e na cidade de Popayán, no Cauca. Nesta última, refere a TeleSur, a manifestação do Primeiro de Maio – contra a reforma tributária e a repressão do governo de Duque – é a primeira em mais de 80 anos.

Em Cáli, no departamento de Valle del Cauca, a manifestação do Dia do Trabalhador foi massiva, como resposta à grande repressão exercida sobre os manifestantes nos dias anteriores.

De acordo com um relatório divulgado pela Rede de Direitos Humanos Francisco Isaías Cifuentes na sexta-feira à noite, pelo menos oito pessoas foram mortas em Cáli durante as mobilizações. Além disso, o organismo registou a detenção de pelo menos 84 pessoas, 28 feridos, três manifestantes desaparecidos, três casos de pessoas que perderam um olho e o de uma mulher que foi abusada sexualmente por um agente do Esmad.

Duque move-se

Ainda na sexta-feira, confrontado com a grande oposição nas ruas ao polémico projecto para reajustar as contas em tempos de «crise», Iván Duque anunciou que ordenou ao Ministério das Finanças proceder à sua reformulação.

Já ontem, ao final do dia, na sequência de nova jornada de intensas mobilizações no país, o presidente colombiano anunciou que irá destacar o Exército e outros componentes das Forças Armadas para controlar os protestos nas principais cidades.

Para tal, explica a TeleSur, irá recorrer à figura da «assistência militar», que, disse, está contemplada na Constituição e que manterá, em coordenação com autarcas e governadores, até que as manifestações acabem.

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Em Cúcuta, a greve prossegue, tendo os manifestantes realizado um minuto de silêncio pelas pessoas assassinadas pela Polícia nos protestos destes últimos dias na Colômbia.

O porta-voz nacional do Congreso de los Pueblos, Jimmy Moreno, disse, em alusão ao povo colombiano, que «a dignidade se expressa nas ruas e estradas contra este governo criminoso e corrupto de Iván Duque», cuja renúncia imediata exigiu.

De acordo com o movimento, «a greve geral pretende superar a crise sanitária, educativa, de habitação, emprego, alimentação, transporte, feminicídios» na Colômbia e rejeita «as práticas sociais genocidas contra o movimento social: assassinato, judicialização, ameaça e perseguição por parte do Estado colombiano há décadas».

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As manifestações começaram há uma semana tendo como principal objectivo a retirada da reforma tributária proposta pelo governo de Duque e agora continuam nas ruas com um espectro de reivindicações muito mais amplo, em que se inclui a rejeição da violência estrututal e da brutalidade policial no país.

De acordo com o balanço divulgado pela Plataforma Grita, relativo à repressão exercida sobre os manifestantes pelos agentes do Esquadrão Móvel Antidistúrbios (Esmad) e elementos do Exército colombiano, no período referido registaram-se 1708 casos de violência, com os mais recentes a ocorrerem em cidades como Pereira, Cáli, Medellín, Barranquilla, Buga, Palmira e Bogotá.

O balanço da repressão policial e militar aponta ainda para 222 casos de vítimas de violência física, 37 homicídios, 831 detenções arbitrárias, 312 intervenções violentas, 22 pessoas com lesões oculares, 110 vítimas de balas disparadas por polícias e dez casos de violência sexual.

ALBA-TCP condena a violência na Colômbia

Os países que integram a Aliança Bolivariana para os Povos da Nossa América – Tratado de Comércio dos Povos (ALBA-TCP) emitiram ontem um comunicado em manifestam a sua preocupação com as vítimas da violência física, das detenções arbitrárias, de desaparecimento, de abuso sexual durante a repressão dos protestos sociais.

O bloco repudiou o uso excessivo da força por parte dos agentes de segurança na Colômbia, tendo feito um apelo às autoridades para velarem pelo dever de proteger os direitos humanos, o direito à vida e à segurança pessoal, refere a agência Prensa Latina.

No texto, a ALBA-TCP destaca que a violência, por parte das forças do Estado, não resolve as causas estruturais das situações de injustiça social, e fez votos pela paz do povo da Colômbia e para que prevaleça o diálogo e a sensatez.

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Os manifestantes exibiram bandeiras, cartazes e fizeram ouvir palavras de ordem, de forma pacífica, em defesa de várias reivindicações. Nalgumas marchas, como a que teve lugar junto ao monumento aos Heróis, em Bogotá, foram evocados os 6402 «falsos positivos» (pessoas assassinadas para depois serem apresentadas como guerrilheiros abatidos).

Em Manizales, os manifestantes homenagearam quem se transformou em mártir nesta greve geral. Um deles foi Lucas Villa, estudante atingido a tiro no passado dia 5 e que morreu esta terça-feira, dia 11.

Os povos originários também aderiram à jornada de mobilizações, refere a Prensa Latina, para «avançar na defesa da vida, da paz, da justiça, da autonomia e da qualidade de vida para os colombianos». Por seu lado, ex-guerrilheiros mobilizaram-se pela implementação total do acordo de paz, o fim dos assassinatos dos seus signatários e dos dirigentes sociais, e por um rendimento mínimo universal.

O fim da violência e da militarização, bem como a revogação de um projecto de reforma do sector da Saúde com carácter privatizador foram algumas das exigências comuns às centenas de milhares de manifestantes que ontem vieram para as ruas da Colômbia.

Pobreza, fome, abandono da população pelo Estado

Segundo o Comité Nacional da Greve, as jornadas de luta recentes surgiram do «desespero provocado pela pobreza e o abandono estatal» a que se viu votada a população colombiana.

«Enquanto a fome se tornava uma rotina trágica com o símbolo do trapo vermelho pendurado nas portas e janelas de milhares de casas, a resposta do governo foi aumentar a sua despesa e olhar para o lado», afirmaram os organizadores do protesto, citados pela Prensa Latina.

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Governo colombiano deu ordens para militarizar Cáli

A cidade de Cáli, que tem sido um dos pontos mais activos da greve geral, encontra-se cercada por militares e polícias, após uma decisão de Duque para acabar com os protestos contra o governo.

O governo colombiano tem respondido com grande repressão aos protestos que se mantêm há 13 dias contra as políticas neoliberais de Duque e a violência estrutural no país 
Créditos / @CasAmericas

Iván Duque, o presidente da Colômbia, deu ontem ordens aos ministros do Interior e da Defesa, Daniel Palacios e Diego Molano, respectivamente, para militarizar a capital do departamento de Valle del Cauca e «garantir» a manutenção da ordem por parte das forças de segurança.

Instou à aplicação da lei seca, ao levantamento dos bloqueios nas ruas e ao regresso às suas zonas dos membros do Conselho Regional Indígena do Cauca (CRIC), qe ontem se tinham dirigido a Cáli em protesto e foram atacados a tiro.

Horas depois, o ministro da Defesa confirmou o destacamento de 10 mil polícias e 2100 soldados para Cáli, de modo a «garantir a segurança», refere a TeleSur, tendo sublinhado que «não pode haver violência» e que os bloqueios «são um crime».

À meia-noite (hora local), o departamento de Valle del Cauca ficou fechado ao exterior e a mobilidade foi restringida, medidas que, segundo a Prensa Latina, devem permanecer em vigor até ao próximo sábado. O Exército anunciou que soldados da Terceira Brigada estão a realizar controlos em várias zonas de Cáli, Jamundí e Yumbo, «procurando garantir o bem-estar dos cidadãos».

Comunidades indígenas atacadas a tiro

A ordem foi decretada depois da violência ocorrida ontem na cidade, quando «civis», apoiados pela Polícia, dispararam sobre indígenas reunidos no contexto da greve geral, segundo denúncias por estes veiculadas e vídeos que foram postos a circular nas redes sociais.

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Colômbia: noite de forte repressão provoca vários mortos e feridos

Organizações de direitos humanos referiram que a Polícia disparou contra os manifestantes a partir de viaturas com vidros escurecidos. O MP anunciou que vai incriminar vários agentes por homicídio.

Créditos / sputniknews.com

Na noite de quarta-feira, voltou a registar-se intensa repressão por parte das forças de segurança na Colômbia, e pelo menos dois jovens foram mortos na localidade de Pereira (departamento de Risaralda).

Vídeos que circulam nas redes sociais mostram polícias a disparar junto a um viaduto contra uma concentração de jovens que se manifestavam contra o governo de Iván Duque.

Estes vídeos seguem-se a outros, referentes à noite anterior, em que se vê a Polícia e os militares a dispararem fogo pesado e também a partir de helicópteros contra manifestantes, no âmbito dos protestos relacionados com a greve geral iniciada no passado dia 28 de Abril.

Além dos jovens mortos, que se soube serem Lucas Villa e Miguel Ciro, estudantes de Desporto na Universidade Tecnológica de Pereira, registaram-se vários feridos, na sequência das cargas e disparos policiais. Organizações de direitos humanos indicaram que a Polícia disparou contra os manifestantes a partir de viaturas com vidros escurecidos.

Neste contexto, o Ministério Público (MP) colombiano anunciou, esta quarta-feira, que irá incriminar diversos agentes pelos homicídios de três civis durante as manifestações. De acordo com o MP, o saldo é de 11 vítimas mortais até ao momento, bastante inferior ao registado por diversas ONG, como a Temblores ou a Grita, que afirmam terem ocorrido 37 mortes de manifestantes às mãos da Polícia entre 28 de Abril e 5 de Maio, refere a TeleSur.

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Concentrações lembraram dezenas de mortos pela Polícia na Colômbia

Desde o dia 28 de Abril até esta terça-feira, a organização Grita registou 31 casos de pessoas mortas pela Polícia em vários pontos da Colômbia. Entretanto, novas reivindicações surgem na greve geral.

Créditos / jornaltornado.pt

Ontem à noite, realizaram-se concentrações em diversas cidades, com velas para evocar os «assassinados em território nacional» durante as jornadas de protesto, que inicialmente visavam a Lei de Solidariedade Sustentável (reforma tributária) proposta pelo governo de Iván Duque, mas depois alastraram para outras reivindicações.

Na sua conta de Twitter, o movimento Congreso de los Pueblos, deu conta do ajuntamento na capital, Bogotá, para denunciar a brutalidade policial no país, que, segundo dados divulgados por diversos organismos, ultrapassa os 1443 casos de violência ao longo da greve geral.

A plataforma Grita revelou que, entre as 6h (hora local) de 28 de Abril e as 8h de 4 de Maio, há registo de 216 vítimas de física por parte da Polícia. A mesma fonte indicou que 31 pessoas foram assassinadas, 21 sofreram agressões nos olhos e dez foram vítimas de violência sexual, igualmente por parte da Polícia. No mesmo período, foram registados 814 casos de detenções arbitrárias e 77 de disparos com armas de fogo.

Para além disto, a Provedoria de Justiça emitiu um comunicado em que dá conta de 87 pessoas desaparecidas até ao momento.

«Estamos a fazer as coisas bem»

O general colombiano Eduardo Enrique Zapateiro instou um grupo de polícias a prosseguir a sua acção na cidade de Cáli, tendo-lhes dito que «estamos a fazer as coisas bem» e que estão a «salvar a democracia que alguns querem destruir», refere a TeleSur.

Estas declarações de Zapateiro foram proferidas depois de, na noite de segunda-feira, membros do Exército e do Esquadrão Móvel Antidistúrbios (Esmad) terem esntrado no Bairro de Siloé, em Cáli, onde atacaram à bala grupos de jovens que participavam na greve geral.

O Exército assumiu o controlo da cidade, no departamento de Valle del Cauca, e foi decretado o recolher obrigatório.

Concentrações esta terça-feira

Em Chinácota (departamento de Norte de Santander), foi convocada para ontem um protesto com velas «contra a brutalidade policial que matou tantos jovens nestes últimos dias», informa a TeleSur.

Por seu lado, o Colombia Informa revelou que o Esmad interveio de forma violenta em Bucaramanga (Santander), havendo a registar pelo menos dois feridos.

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Quatro dias seguidos de protestos e forte repressão na Colômbia

Iniciada a 28 de Abril, a greve geral contra a reforma tributária de Duque mantém-se há 4 dias nas ruas. A Rede Francisco Isaías Cifuentes dá conta de 8 mortos, vários desaparecidos e dezenas de detenções.

No Dia do Trabalhador, Cáli respondeu à repressão com uma manifestação massiva 
Créditos / @TobarteleSUR

Convocadas por sindicatos, partidos políticos e organizações sociais, muitos milhares de pessoas vieram para as ruas, no Dia Internacional dos Trabalhadores, para continuarem a dizer «não» à Lei de Solidariedade Sustentável (reforma tributária) avançada pelo governo de Iván Duque e repudiar a forte repressão policial dos últimos dias.

Ao descontentamento e à revolta popular com o projecto de lei juntou-se o «mal-estar» provocado pelo apelo do ex-presidente Álvaro Uribe (2002-2010), expresso na sexta-feira, para que o Exército interviesse contra os manifestantes.

Apesar de o Twitter ter apagado, algumas horas depois, o apelo de Uribe às armas, nas ruas e nas redes sociais o repúdio fez ouvir: «O povo não te quer, assassino criminoso» foi uma de várias expressões sintomáticas veiculadas contra o uribista.

Ontem, Bogotá foi um dos palcos das mobilizações em defesa dos direitos dos trabalhadores, contra a reforma de Duque e a repressão policial. «Aqui está o povo nas ruas organizado, a lutar por uma vida digna», afirmaram na capital.

Na sua conta de Twitter, o Congresso de los Pueblos informou que, neste «Primeiro de Maio, no Sul de Bogotá o povo continua nas ruas, apesar da ameaça das forças de segurança e do governo nacional».

A organização denunciou a repressão exercida pela Polícia em vários pontos do país sul-americano, nomeadamente na cidade de Pereira, no departamento de Risaralda. «Fazemos um apelo para que sejam dadas garantias à mobilização social. Protestar é um direito», referiu.

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Prossegue na Colômbia a paralisação nacional contra a reforma tributária

A Central Unitária dos Trabalhadores anunciou o prosseguimento da Paralisação Nacional iniciada esta quarta-feira contra a proposta de legislação que visa aumentar impostos para «financiar a crise».

Milhares de pessoas mobilizaram-se contra as medidas neoliberais de Duque e a violência na Colômbia 
Créditos / co.marca.com

«A greve desta quinta-feira insistirá na oposição à Reforma Tributária, prosseguirá dia 19 de Maio e continuará enquanto o governo persistir na proposta actual», disse Francisco Maltés, dirigente da Central Unitária dos Trabalhadores (CUT).

Além de «marchas massivas, vigorosas e pacíficas» nesse âmbito, também em defesa de apoios sociais e às pequenas e médias empresas, estão igualmente previstas mobilizações para o Primeiro de Maio.

Ontem, desde cedo, milhares de pessoas vieram para as ruas em diferentes cidades e em mais de 500 municípios do país sul-americano, em protesto contra a proposta do governo de Duque, que os manifestantes acusam de estar a passar aos trabalhadores a factura da crise sanitária e económica.

A jornada de protesto, convocada pelo Comité Nacional de Greve, visava igualmente denunciar a violência no país, sobretudo os massacres e os assassinatos de dirigentes sociais, de defensores da paz e dos direitos humanos, bem como de ex-combatentes das FARC-EP signatários do acordo de paz de 2016.

Bogotá, Medellín, Cáli, Barranquilla e Cartagena foram palco das maiores mobilizações, e ali foram reportados vários confrontos com as forças de segurança. De acordo com a Prensa Latina, o governo destacou mais de 47 mil agentes para as ruas.

Na crise sanitária, aprofundar o neoliberalismo

«A Colômbia está mergulhada numa crise económica muito profunda e propõe-se uma reforma tributária para acabar de empobrecer a classe média, encarecer os alimentos, quando 30% da população, segundo o Departamento Administrativo Nacional de Estatística, não está a fazer três refeições diárias», disse a vice-presidente da Federação Médica Colombiana, Carolina Corcho, citada pela Prensa Latina.

De acordo com os promotores da jornada de greve, milhões de pessoas mobilizaram-se em mais de 500 municípios / co.marca.com

Por seu lado, o presidente da CUT em Antioquia, Jaime Montoya, classificou a reforma como «a mais regressiva de todas», além de favorecer as grandes empresas e o capital financeiro.

A reforma tributária, designada como Lei de Solidariedade Sustentável, contempla o aumento dos impostos sobre produtos e serviços, a instalação de portagens urbanas, e altera o regime de isenções fiscais, o que agravaria a situação de assalariados, pensionistas e população com baixos rendimentos.

Denúncias de repressão

Em comunicado, o Comité Nacional de Greve, que integra várias organizações sindicais, movimentos sociais e partidos, sublinhou «a profunda rejeição da população pelas medidas neoliberais de Duque», apesar do «pico da pandemia, da estigmatização da greve promovida pelo governo e alguns órgãos de comunicação», informa a TeleSur.

O Comité denunciou as medidas de recolher obrigatório e a ausência de transportes públicos, adoptadas por algumas autoridades locais para impedir o protesto, bem como as acções de repressão perpetradas por agentes da Polícia e do Esquadrão Móvel Antidistúrbios (Esmad) em várias cidades, que se saldaram com um morto, dezenas de feridos e de detidos.

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Órgãos de comunicação locais e internautas deram conta de manifestações, este sábado, também em Barraquilla, Medellín, Bucamaranga, Cartagena e Cáli, com forte presença de forças policiais, militares e de agentes do Esquadrão Móvel Antidistúrbios (Esmad), registando-se vários episódios de repressão sobre os manifestantes.

Houve igualmente mobilizações na região do Catatumbo e na cidade de Popayán, no Cauca. Nesta última, refere a TeleSur, a manifestação do Primeiro de Maio – contra a reforma tributária e a repressão do governo de Duque – é a primeira em mais de 80 anos.

Em Cáli, no departamento de Valle del Cauca, a manifestação do Dia do Trabalhador foi massiva, como resposta à grande repressão exercida sobre os manifestantes nos dias anteriores.

De acordo com um relatório divulgado pela Rede de Direitos Humanos Francisco Isaías Cifuentes na sexta-feira à noite, pelo menos oito pessoas foram mortas em Cáli durante as mobilizações. Além disso, o organismo registou a detenção de pelo menos 84 pessoas, 28 feridos, três manifestantes desaparecidos, três casos de pessoas que perderam um olho e o de uma mulher que foi abusada sexualmente por um agente do Esmad.

Duque move-se

Ainda na sexta-feira, confrontado com a grande oposição nas ruas ao polémico projecto para reajustar as contas em tempos de «crise», Iván Duque anunciou que ordenou ao Ministério das Finanças proceder à sua reformulação.

Já ontem, ao final do dia, na sequência de nova jornada de intensas mobilizações no país, o presidente colombiano anunciou que irá destacar o Exército e outros componentes das Forças Armadas para controlar os protestos nas principais cidades.

Para tal, explica a TeleSur, irá recorrer à figura da «assistência militar», que, disse, está contemplada na Constituição e que manterá, em coordenação com autarcas e governadores, até que as manifestações acabem.

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Em Cúcuta, a greve prossegue, tendo os manifestantes realizado um minuto de silêncio pelas pessoas assassinadas pela Polícia nos protestos destes últimos dias na Colômbia.

O porta-voz nacional do Congreso de los Pueblos, Jimmy Moreno, disse, em alusão ao povo colombiano, que «a dignidade se expressa nas ruas e estradas contra este governo criminoso e corrupto de Iván Duque», cuja renúncia imediata exigiu.

De acordo com o movimento, «a greve geral pretende superar a crise sanitária, educativa, de habitação, emprego, alimentação, transporte, feminicídios» na Colômbia e rejeita «as práticas sociais genocidas contra o movimento social: assassinato, judicialização, ameaça e perseguição por parte do Estado colombiano há décadas».

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As manifestações começaram há uma semana tendo como principal objectivo a retirada da reforma tributária proposta pelo governo de Duque e agora continuam nas ruas com um espectro de reivindicações muito mais amplo, em que se inclui a rejeição da violência estrututal e da brutalidade policial no país.

De acordo com o balanço divulgado pela Plataforma Grita, relativo à repressão exercida sobre os manifestantes pelos agentes do Esquadrão Móvel Antidistúrbios (Esmad) e elementos do Exército colombiano, no período referido registaram-se 1708 casos de violência, com os mais recentes a ocorrerem em cidades como Pereira, Cáli, Medellín, Barranquilla, Buga, Palmira e Bogotá.

O balanço da repressão policial e militar aponta ainda para 222 casos de vítimas de violência física, 37 homicídios, 831 detenções arbitrárias, 312 intervenções violentas, 22 pessoas com lesões oculares, 110 vítimas de balas disparadas por polícias e dez casos de violência sexual.

ALBA-TCP condena a violência na Colômbia

Os países que integram a Aliança Bolivariana para os Povos da Nossa América – Tratado de Comércio dos Povos (ALBA-TCP) emitiram ontem um comunicado em manifestam a sua preocupação com as vítimas da violência física, das detenções arbitrárias, de desaparecimento, de abuso sexual durante a repressão dos protestos sociais.

O bloco repudiou o uso excessivo da força por parte dos agentes de segurança na Colômbia, tendo feito um apelo às autoridades para velarem pelo dever de proteger os direitos humanos, o direito à vida e à segurança pessoal, refere a agência Prensa Latina.

No texto, a ALBA-TCP destaca que a violência, por parte das forças do Estado, não resolve as causas estruturais das situações de injustiça social, e fez votos pela paz do povo da Colômbia e para que prevaleça o diálogo e a sensatez.

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Não é a primeira vez que alegados civis, denunciados por algumas fontes como paramilitares, disparam sobre manifestantes na greve geral. A Polícia responsabilizou as comunidades ancestrais pelo facto, mas Feliciano Valencia, senador do Movimento Alternativo Social e Indígena, desmentiu essas acusações, tendo afirmado que os indígenas estavam desarmados e foram atacados.

Em comunicado, o CRIC denunciou o ataque «por homens vestidos à civil», que deixou oito indígenas feridos à entrada de Cáli, no 12.º dia da greve geral na Colômbia. Fez ainda um apelo ao governo de Iván Duque para que acabe com a militarização das forças policiais e com a criminalização do protesto no país, indica a TeleSur.

A mesma fonte informa que, nas redes sociais, surgiram denúncias de que o Esquadrão Móvel Antidistúrbios (Esmad) «atacou e sequestrou jovens» em Cáli, tendo levado oito do Bairro Meléndez, já depois do anúncio de Duque de que iria aumentar a presença policial e militar na cidade.

O fim da militarização das ruas e o fim da repressão sobre os manifestantes são duas reivindicações que o povo colombiano assumiu nestes dias de protestos intensos, que começaram a 28 de Abril, contra a reforma tributária e as políticas neoliberais implementadas pelo governo de Duque, e depois alastraram para a defesa de uma mudança do sistema político e dos direitos fundamentais, em que se incluem saúde, habitação e trabalho.

Mobilização solidária com o povo colombiano este sábado no Porto / Carlos Menezes

Mão pesada de Duque e solidariedade internacional

O governo respondeu aos manifestantes com mão pesada e, ao cabo de 12 dias de mobilizações, a ONG Temblores registava 47 mortos no contexto da greve geral, 963 detenções arbitrárias, 12 casos de violência sexual, 548 desaparecidos, 28 pessoas com feridas oculares.

Perante este cenário, várias cidades espalhadas pelo mundo acolheram, este sábado, mobilizações solidárias com o povo colombiano, de apoio ao movimento social e sindical do país sul-americano e para denunciar a repressão e a violência exercidas sobre os manifestantes.

Foi o caso de cidades em França, em Espanha, nos Estados Unidos, na Bélgica, na Suíça, na Austrália, na Argentina, no México e em Portugal, entre outros países. Em Portugal, a mobilização ocorreu este sábado na cidade do Porto e reuniu cerca de 70 pessoas, que denunciaram a repressão e «o governo reaccionário de Iván Duque».

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A miséria e a desigualdade social já se faziam notar bem antes da pandemia, mas agudizaram-se e mostraram toda a sua intensidade com um governo que aumentava a despesa militar, acrescentaram.

Os «números da infâmia» já foram divulgados pelo Departamento Administrativo Nacional de Estatística: mais de sete milhões de pessoas só comem duas vezes por dia e mais de 500 mil colombianos só o fazem uma vez, destacaram os convocantes.

Ainda para mais, quando, no ano passado, a pobreza atingiu 42,5% da população, o governo «propôs torpemente uma reforma tributária regressiva», enfatizam, acrescentando que o sistema deficitário de saúde e a falta de financiamento da educação são sentidos com mais dureza pelos afrodescendentes, os indígenas, as mulheres e os agricultores.

Repressão em Bogotá, Popayán e Barranquilla: «pão e circo» garantidos

Apesar das manifestações pacíficas, à noite o Esquadrão Móvel Antidistúrbios (Esmad) carregou sobre os manifestantes na capital, como o faz praticamente todos os dias.

Na capital do departamento do Cauca, Popayán, agentes do Esmad atacaram e prenderam vários manifestantes que se encontravam no Parque Caldas, incluindo o jornalista Kevin Acosta, da Red Alterna, revela a TeleSur.

Em Barranquilla, no departamento do Atlântico, disputou-se ontem a partida entre o Junior e o River Plate, a contar para Copa Libertadores, e o Esmad atacou os apoiantes que, nas imediações do Estádio Romelio Martínez, se juntaram à mobilização.

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Concentrações lembraram dezenas de mortos pela Polícia na Colômbia

Desde o dia 28 de Abril até esta terça-feira, a organização Grita registou 31 casos de pessoas mortas pela Polícia em vários pontos da Colômbia. Entretanto, novas reivindicações surgem na greve geral.

Créditos / jornaltornado.pt

Ontem à noite, realizaram-se concentrações em diversas cidades, com velas para evocar os «assassinados em território nacional» durante as jornadas de protesto, que inicialmente visavam a Lei de Solidariedade Sustentável (reforma tributária) proposta pelo governo de Iván Duque, mas depois alastraram para outras reivindicações.

Na sua conta de Twitter, o movimento Congreso de los Pueblos, deu conta do ajuntamento na capital, Bogotá, para denunciar a brutalidade policial no país, que, segundo dados divulgados por diversos organismos, ultrapassa os 1443 casos de violência ao longo da greve geral.

A plataforma Grita revelou que, entre as 6h (hora local) de 28 de Abril e as 8h de 4 de Maio, há registo de 216 vítimas de física por parte da Polícia. A mesma fonte indicou que 31 pessoas foram assassinadas, 21 sofreram agressões nos olhos e dez foram vítimas de violência sexual, igualmente por parte da Polícia. No mesmo período, foram registados 814 casos de detenções arbitrárias e 77 de disparos com armas de fogo.

Para além disto, a Provedoria de Justiça emitiu um comunicado em que dá conta de 87 pessoas desaparecidas até ao momento.

«Estamos a fazer as coisas bem»

O general colombiano Eduardo Enrique Zapateiro instou um grupo de polícias a prosseguir a sua acção na cidade de Cáli, tendo-lhes dito que «estamos a fazer as coisas bem» e que estão a «salvar a democracia que alguns querem destruir», refere a TeleSur.

Estas declarações de Zapateiro foram proferidas depois de, na noite de segunda-feira, membros do Exército e do Esquadrão Móvel Antidistúrbios (Esmad) terem esntrado no Bairro de Siloé, em Cáli, onde atacaram à bala grupos de jovens que participavam na greve geral.

O Exército assumiu o controlo da cidade, no departamento de Valle del Cauca, e foi decretado o recolher obrigatório.

Concentrações esta terça-feira

Em Chinácota (departamento de Norte de Santander), foi convocada para ontem um protesto com velas «contra a brutalidade policial que matou tantos jovens nestes últimos dias», informa a TeleSur.

Por seu lado, o Colombia Informa revelou que o Esmad interveio de forma violenta em Bucaramanga (Santander), havendo a registar pelo menos dois feridos.

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Quatro dias seguidos de protestos e forte repressão na Colômbia

Iniciada a 28 de Abril, a greve geral contra a reforma tributária de Duque mantém-se há 4 dias nas ruas. A Rede Francisco Isaías Cifuentes dá conta de 8 mortos, vários desaparecidos e dezenas de detenções.

No Dia do Trabalhador, Cáli respondeu à repressão com uma manifestação massiva 
Créditos / @TobarteleSUR

Convocadas por sindicatos, partidos políticos e organizações sociais, muitos milhares de pessoas vieram para as ruas, no Dia Internacional dos Trabalhadores, para continuarem a dizer «não» à Lei de Solidariedade Sustentável (reforma tributária) avançada pelo governo de Iván Duque e repudiar a forte repressão policial dos últimos dias.

Ao descontentamento e à revolta popular com o projecto de lei juntou-se o «mal-estar» provocado pelo apelo do ex-presidente Álvaro Uribe (2002-2010), expresso na sexta-feira, para que o Exército interviesse contra os manifestantes.

Apesar de o Twitter ter apagado, algumas horas depois, o apelo de Uribe às armas, nas ruas e nas redes sociais o repúdio fez ouvir: «O povo não te quer, assassino criminoso» foi uma de várias expressões sintomáticas veiculadas contra o uribista.

Ontem, Bogotá foi um dos palcos das mobilizações em defesa dos direitos dos trabalhadores, contra a reforma de Duque e a repressão policial. «Aqui está o povo nas ruas organizado, a lutar por uma vida digna», afirmaram na capital.

Na sua conta de Twitter, o Congresso de los Pueblos informou que, neste «Primeiro de Maio, no Sul de Bogotá o povo continua nas ruas, apesar da ameaça das forças de segurança e do governo nacional».

A organização denunciou a repressão exercida pela Polícia em vários pontos do país sul-americano, nomeadamente na cidade de Pereira, no departamento de Risaralda. «Fazemos um apelo para que sejam dadas garantias à mobilização social. Protestar é um direito», referiu.

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Prossegue na Colômbia a paralisação nacional contra a reforma tributária

A Central Unitária dos Trabalhadores anunciou o prosseguimento da Paralisação Nacional iniciada esta quarta-feira contra a proposta de legislação que visa aumentar impostos para «financiar a crise».

Milhares de pessoas mobilizaram-se contra as medidas neoliberais de Duque e a violência na Colômbia 
Créditos / co.marca.com

«A greve desta quinta-feira insistirá na oposição à Reforma Tributária, prosseguirá dia 19 de Maio e continuará enquanto o governo persistir na proposta actual», disse Francisco Maltés, dirigente da Central Unitária dos Trabalhadores (CUT).

Além de «marchas massivas, vigorosas e pacíficas» nesse âmbito, também em defesa de apoios sociais e às pequenas e médias empresas, estão igualmente previstas mobilizações para o Primeiro de Maio.

Ontem, desde cedo, milhares de pessoas vieram para as ruas em diferentes cidades e em mais de 500 municípios do país sul-americano, em protesto contra a proposta do governo de Duque, que os manifestantes acusam de estar a passar aos trabalhadores a factura da crise sanitária e económica.

A jornada de protesto, convocada pelo Comité Nacional de Greve, visava igualmente denunciar a violência no país, sobretudo os massacres e os assassinatos de dirigentes sociais, de defensores da paz e dos direitos humanos, bem como de ex-combatentes das FARC-EP signatários do acordo de paz de 2016.

Bogotá, Medellín, Cáli, Barranquilla e Cartagena foram palco das maiores mobilizações, e ali foram reportados vários confrontos com as forças de segurança. De acordo com a Prensa Latina, o governo destacou mais de 47 mil agentes para as ruas.

Na crise sanitária, aprofundar o neoliberalismo

«A Colômbia está mergulhada numa crise económica muito profunda e propõe-se uma reforma tributária para acabar de empobrecer a classe média, encarecer os alimentos, quando 30% da população, segundo o Departamento Administrativo Nacional de Estatística, não está a fazer três refeições diárias», disse a vice-presidente da Federação Médica Colombiana, Carolina Corcho, citada pela Prensa Latina.

De acordo com os promotores da jornada de greve, milhões de pessoas mobilizaram-se em mais de 500 municípios / co.marca.com

Por seu lado, o presidente da CUT em Antioquia, Jaime Montoya, classificou a reforma como «a mais regressiva de todas», além de favorecer as grandes empresas e o capital financeiro.

A reforma tributária, designada como Lei de Solidariedade Sustentável, contempla o aumento dos impostos sobre produtos e serviços, a instalação de portagens urbanas, e altera o regime de isenções fiscais, o que agravaria a situação de assalariados, pensionistas e população com baixos rendimentos.

Denúncias de repressão

Em comunicado, o Comité Nacional de Greve, que integra várias organizações sindicais, movimentos sociais e partidos, sublinhou «a profunda rejeição da população pelas medidas neoliberais de Duque», apesar do «pico da pandemia, da estigmatização da greve promovida pelo governo e alguns órgãos de comunicação», informa a TeleSur.

O Comité denunciou as medidas de recolher obrigatório e a ausência de transportes públicos, adoptadas por algumas autoridades locais para impedir o protesto, bem como as acções de repressão perpetradas por agentes da Polícia e do Esquadrão Móvel Antidistúrbios (Esmad) em várias cidades, que se saldaram com um morto, dezenas de feridos e de detidos.

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Órgãos de comunicação locais e internautas deram conta de manifestações, este sábado, também em Barraquilla, Medellín, Bucamaranga, Cartagena e Cáli, com forte presença de forças policiais, militares e de agentes do Esquadrão Móvel Antidistúrbios (Esmad), registando-se vários episódios de repressão sobre os manifestantes.

Houve igualmente mobilizações na região do Catatumbo e na cidade de Popayán, no Cauca. Nesta última, refere a TeleSur, a manifestação do Primeiro de Maio – contra a reforma tributária e a repressão do governo de Duque – é a primeira em mais de 80 anos.

Em Cáli, no departamento de Valle del Cauca, a manifestação do Dia do Trabalhador foi massiva, como resposta à grande repressão exercida sobre os manifestantes nos dias anteriores.

De acordo com um relatório divulgado pela Rede de Direitos Humanos Francisco Isaías Cifuentes na sexta-feira à noite, pelo menos oito pessoas foram mortas em Cáli durante as mobilizações. Além disso, o organismo registou a detenção de pelo menos 84 pessoas, 28 feridos, três manifestantes desaparecidos, três casos de pessoas que perderam um olho e o de uma mulher que foi abusada sexualmente por um agente do Esmad.

Duque move-se

Ainda na sexta-feira, confrontado com a grande oposição nas ruas ao polémico projecto para reajustar as contas em tempos de «crise», Iván Duque anunciou que ordenou ao Ministério das Finanças proceder à sua reformulação.

Já ontem, ao final do dia, na sequência de nova jornada de intensas mobilizações no país, o presidente colombiano anunciou que irá destacar o Exército e outros componentes das Forças Armadas para controlar os protestos nas principais cidades.

Para tal, explica a TeleSur, irá recorrer à figura da «assistência militar», que, disse, está contemplada na Constituição e que manterá, em coordenação com autarcas e governadores, até que as manifestações acabem.

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Em Cúcuta, a greve prossegue, tendo os manifestantes realizado um minuto de silêncio pelas pessoas assassinadas pela Polícia nos protestos destes últimos dias na Colômbia.

O porta-voz nacional do Congreso de los Pueblos, Jimmy Moreno, disse, em alusão ao povo colombiano, que «a dignidade se expressa nas ruas e estradas contra este governo criminoso e corrupto de Iván Duque», cuja renúncia imediata exigiu.

De acordo com o movimento, «a greve geral pretende superar a crise sanitária, educativa, de habitação, emprego, alimentação, transporte, feminicídios» na Colômbia e rejeita «as práticas sociais genocidas contra o movimento social: assassinato, judicialização, ameaça e perseguição por parte do Estado colombiano há décadas».

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De acordo as denúncias de organizações sociais e os vídeos publicados nas redes sociais, o Esmad atacou com gás lacrimogéneo e bombas atordoantes centenas de jovens que se concentraram no lado de fora do estádio e se uniram aos protestos da greve geral, enquanto decorria o jogo, indica a TeleSur.

Sergio Marín, do partido Comunes, destacou como, enquanto a normalidade futebolística decorria lá dentro, cá fora o povo que se mobilizava pelos direitos levava tareia. «Pão e circo, ao melhor estilo das ditaduras do Cone Sul», denunciou na sua conta de Twitter.

No mais recente relatório, a ONG Temblores informou que, entre 28 de Abril e 10 de Maio, foram mortas pelo menos 40 pessoas na Colômbia, no âmbito da greve geral, e se registaram 1956 casos de violência policial.

A Temblores, que irá actualizar os seus dados hoje, revelou ainda que, no período referido, 1003 cidadãos foram detidos arbitrariamente, se registaram 12 casos de pessoas agredidas sexualmente pela Polícia e 28 de pessoas com lesões oculares.

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Mas desta vez, defendeu Marín, estamos perante uma situação totalmente nova, diferente e qualitativamente superior. «O povo já entendeu que só a luta nas ruas, unida em torno de algumas reivindicações e mantendo a pressão, faz o governo ceder.»

Acrescentou que isto ocorre num contexto de repressão que põe os números «praticamente ao nível de um verdadeiro massacre, com cerca de 50 colombianos mortos». «Fala-se em mais de 500 desaparecidos, de mil pessoas presas, processadas e levadas para a prisão, por isso poderíamos dizer que são verdadeiros presos políticos», alertou.

Desta forma, as autoridades agravaram a «inconformidade» e elevaram o nível de resposta da luta dos colombianos, principalmente dos mais jovens, nas ruas do país, argumentou.

Alguns resultados importantes

«Até agora, foram alcançados alguns resultados extremamente importantes: a proposta de reforma tributária foi desmantelada, dois ministros demitiram-se, o governo anunciou que está em condições de garantir a gratuitidade do Ensino Superior aos estratos I, II e III», enumerou.

Ou seja, matrícula zero para as camadas mais pobres da população, tendo em conta que o governo dividiu os colombianos em seis níveis para esse efeito. «O nível I é o mais baixo, de pessoas que vivem praticamente na miséria, e o nível VI é o dos sectores mais ricos da população».

Isto é algo que o movimento estudantil andava a pedir ou a exigir há muitos anos, com o governo a insistir na resposta negativa, explicou. «Um dos resultados desta greve foi o anúncio de que era possível; era uma decisão política e bastava simplesmente ter vontade de o fazer.»

A repressão aumenta

O cenário é bastante complexo. A repressão, como todos sabem, está a piorar, alertou. «Estamos a enfrentar praticamente uma política de terra queimada por parte das forças de segurança do Estado, da Polícia em particular e do seu Esquadrão Móvel Antidistúrbios (Esmad), que é um verdadeiro corpo de repressão, morte e perseguição», denunciou.

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Colômbia: noite de forte repressão provoca vários mortos e feridos

Organizações de direitos humanos referiram que a Polícia disparou contra os manifestantes a partir de viaturas com vidros escurecidos. O MP anunciou que vai incriminar vários agentes por homicídio.

Créditos / sputniknews.com

Na noite de quarta-feira, voltou a registar-se intensa repressão por parte das forças de segurança na Colômbia, e pelo menos dois jovens foram mortos na localidade de Pereira (departamento de Risaralda).

Vídeos que circulam nas redes sociais mostram polícias a disparar junto a um viaduto contra uma concentração de jovens que se manifestavam contra o governo de Iván Duque.

Estes vídeos seguem-se a outros, referentes à noite anterior, em que se vê a Polícia e os militares a dispararem fogo pesado e também a partir de helicópteros contra manifestantes, no âmbito dos protestos relacionados com a greve geral iniciada no passado dia 28 de Abril.

Além dos jovens mortos, que se soube serem Lucas Villa e Miguel Ciro, estudantes de Desporto na Universidade Tecnológica de Pereira, registaram-se vários feridos, na sequência das cargas e disparos policiais. Organizações de direitos humanos indicaram que a Polícia disparou contra os manifestantes a partir de viaturas com vidros escurecidos.

Neste contexto, o Ministério Público (MP) colombiano anunciou, esta quarta-feira, que irá incriminar diversos agentes pelos homicídios de três civis durante as manifestações. De acordo com o MP, o saldo é de 11 vítimas mortais até ao momento, bastante inferior ao registado por diversas ONG, como a Temblores ou a Grita, que afirmam terem ocorrido 37 mortes de manifestantes às mãos da Polícia entre 28 de Abril e 5 de Maio, refere a TeleSur.

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Concentrações lembraram dezenas de mortos pela Polícia na Colômbia

Desde o dia 28 de Abril até esta terça-feira, a organização Grita registou 31 casos de pessoas mortas pela Polícia em vários pontos da Colômbia. Entretanto, novas reivindicações surgem na greve geral.

Créditos / jornaltornado.pt

Ontem à noite, realizaram-se concentrações em diversas cidades, com velas para evocar os «assassinados em território nacional» durante as jornadas de protesto, que inicialmente visavam a Lei de Solidariedade Sustentável (reforma tributária) proposta pelo governo de Iván Duque, mas depois alastraram para outras reivindicações.

Na sua conta de Twitter, o movimento Congreso de los Pueblos, deu conta do ajuntamento na capital, Bogotá, para denunciar a brutalidade policial no país, que, segundo dados divulgados por diversos organismos, ultrapassa os 1443 casos de violência ao longo da greve geral.

A plataforma Grita revelou que, entre as 6h (hora local) de 28 de Abril e as 8h de 4 de Maio, há registo de 216 vítimas de física por parte da Polícia. A mesma fonte indicou que 31 pessoas foram assassinadas, 21 sofreram agressões nos olhos e dez foram vítimas de violência sexual, igualmente por parte da Polícia. No mesmo período, foram registados 814 casos de detenções arbitrárias e 77 de disparos com armas de fogo.

Para além disto, a Provedoria de Justiça emitiu um comunicado em que dá conta de 87 pessoas desaparecidas até ao momento.

«Estamos a fazer as coisas bem»

O general colombiano Eduardo Enrique Zapateiro instou um grupo de polícias a prosseguir a sua acção na cidade de Cáli, tendo-lhes dito que «estamos a fazer as coisas bem» e que estão a «salvar a democracia que alguns querem destruir», refere a TeleSur.

Estas declarações de Zapateiro foram proferidas depois de, na noite de segunda-feira, membros do Exército e do Esquadrão Móvel Antidistúrbios (Esmad) terem esntrado no Bairro de Siloé, em Cáli, onde atacaram à bala grupos de jovens que participavam na greve geral.

O Exército assumiu o controlo da cidade, no departamento de Valle del Cauca, e foi decretado o recolher obrigatório.

Concentrações esta terça-feira

Em Chinácota (departamento de Norte de Santander), foi convocada para ontem um protesto com velas «contra a brutalidade policial que matou tantos jovens nestes últimos dias», informa a TeleSur.

Por seu lado, o Colombia Informa revelou que o Esmad interveio de forma violenta em Bucaramanga (Santander), havendo a registar pelo menos dois feridos.

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Quatro dias seguidos de protestos e forte repressão na Colômbia

Iniciada a 28 de Abril, a greve geral contra a reforma tributária de Duque mantém-se há 4 dias nas ruas. A Rede Francisco Isaías Cifuentes dá conta de 8 mortos, vários desaparecidos e dezenas de detenções.

No Dia do Trabalhador, Cáli respondeu à repressão com uma manifestação massiva 
Créditos / @TobarteleSUR

Convocadas por sindicatos, partidos políticos e organizações sociais, muitos milhares de pessoas vieram para as ruas, no Dia Internacional dos Trabalhadores, para continuarem a dizer «não» à Lei de Solidariedade Sustentável (reforma tributária) avançada pelo governo de Iván Duque e repudiar a forte repressão policial dos últimos dias.

Ao descontentamento e à revolta popular com o projecto de lei juntou-se o «mal-estar» provocado pelo apelo do ex-presidente Álvaro Uribe (2002-2010), expresso na sexta-feira, para que o Exército interviesse contra os manifestantes.

Apesar de o Twitter ter apagado, algumas horas depois, o apelo de Uribe às armas, nas ruas e nas redes sociais o repúdio fez ouvir: «O povo não te quer, assassino criminoso» foi uma de várias expressões sintomáticas veiculadas contra o uribista.

Ontem, Bogotá foi um dos palcos das mobilizações em defesa dos direitos dos trabalhadores, contra a reforma de Duque e a repressão policial. «Aqui está o povo nas ruas organizado, a lutar por uma vida digna», afirmaram na capital.

Na sua conta de Twitter, o Congresso de los Pueblos informou que, neste «Primeiro de Maio, no Sul de Bogotá o povo continua nas ruas, apesar da ameaça das forças de segurança e do governo nacional».

A organização denunciou a repressão exercida pela Polícia em vários pontos do país sul-americano, nomeadamente na cidade de Pereira, no departamento de Risaralda. «Fazemos um apelo para que sejam dadas garantias à mobilização social. Protestar é um direito», referiu.

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Prossegue na Colômbia a paralisação nacional contra a reforma tributária

A Central Unitária dos Trabalhadores anunciou o prosseguimento da Paralisação Nacional iniciada esta quarta-feira contra a proposta de legislação que visa aumentar impostos para «financiar a crise».

Milhares de pessoas mobilizaram-se contra as medidas neoliberais de Duque e a violência na Colômbia 
Créditos / co.marca.com

«A greve desta quinta-feira insistirá na oposição à Reforma Tributária, prosseguirá dia 19 de Maio e continuará enquanto o governo persistir na proposta actual», disse Francisco Maltés, dirigente da Central Unitária dos Trabalhadores (CUT).

Além de «marchas massivas, vigorosas e pacíficas» nesse âmbito, também em defesa de apoios sociais e às pequenas e médias empresas, estão igualmente previstas mobilizações para o Primeiro de Maio.

Ontem, desde cedo, milhares de pessoas vieram para as ruas em diferentes cidades e em mais de 500 municípios do país sul-americano, em protesto contra a proposta do governo de Duque, que os manifestantes acusam de estar a passar aos trabalhadores a factura da crise sanitária e económica.

A jornada de protesto, convocada pelo Comité Nacional de Greve, visava igualmente denunciar a violência no país, sobretudo os massacres e os assassinatos de dirigentes sociais, de defensores da paz e dos direitos humanos, bem como de ex-combatentes das FARC-EP signatários do acordo de paz de 2016.

Bogotá, Medellín, Cáli, Barranquilla e Cartagena foram palco das maiores mobilizações, e ali foram reportados vários confrontos com as forças de segurança. De acordo com a Prensa Latina, o governo destacou mais de 47 mil agentes para as ruas.

Na crise sanitária, aprofundar o neoliberalismo

«A Colômbia está mergulhada numa crise económica muito profunda e propõe-se uma reforma tributária para acabar de empobrecer a classe média, encarecer os alimentos, quando 30% da população, segundo o Departamento Administrativo Nacional de Estatística, não está a fazer três refeições diárias», disse a vice-presidente da Federação Médica Colombiana, Carolina Corcho, citada pela Prensa Latina.

De acordo com os promotores da jornada de greve, milhões de pessoas mobilizaram-se em mais de 500 municípios / co.marca.com

Por seu lado, o presidente da CUT em Antioquia, Jaime Montoya, classificou a reforma como «a mais regressiva de todas», além de favorecer as grandes empresas e o capital financeiro.

A reforma tributária, designada como Lei de Solidariedade Sustentável, contempla o aumento dos impostos sobre produtos e serviços, a instalação de portagens urbanas, e altera o regime de isenções fiscais, o que agravaria a situação de assalariados, pensionistas e população com baixos rendimentos.

Denúncias de repressão

Em comunicado, o Comité Nacional de Greve, que integra várias organizações sindicais, movimentos sociais e partidos, sublinhou «a profunda rejeição da população pelas medidas neoliberais de Duque», apesar do «pico da pandemia, da estigmatização da greve promovida pelo governo e alguns órgãos de comunicação», informa a TeleSur.

O Comité denunciou as medidas de recolher obrigatório e a ausência de transportes públicos, adoptadas por algumas autoridades locais para impedir o protesto, bem como as acções de repressão perpetradas por agentes da Polícia e do Esquadrão Móvel Antidistúrbios (Esmad) em várias cidades, que se saldaram com um morto, dezenas de feridos e de detidos.

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Houve igualmente mobilizações na região do Catatumbo e na cidade de Popayán, no Cauca. Nesta última, refere a TeleSur, a manifestação do Primeiro de Maio – contra a reforma tributária e a repressão do governo de Duque – é a primeira em mais de 80 anos.

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As manifestações começaram há uma semana tendo como principal objectivo a retirada da reforma tributária proposta pelo governo de Duque e agora continuam nas ruas com um espectro de reivindicações muito mais amplo, em que se inclui a rejeição da violência estrututal e da brutalidade policial no país.

De acordo com o balanço divulgado pela Plataforma Grita, relativo à repressão exercida sobre os manifestantes pelos agentes do Esquadrão Móvel Antidistúrbios (Esmad) e elementos do Exército colombiano, no período referido registaram-se 1708 casos de violência, com os mais recentes a ocorrerem em cidades como Pereira, Cáli, Medellín, Barranquilla, Buga, Palmira e Bogotá.

O balanço da repressão policial e militar aponta ainda para 222 casos de vítimas de violência física, 37 homicídios, 831 detenções arbitrárias, 312 intervenções violentas, 22 pessoas com lesões oculares, 110 vítimas de balas disparadas por polícias e dez casos de violência sexual.

ALBA-TCP condena a violência na Colômbia

Os países que integram a Aliança Bolivariana para os Povos da Nossa América – Tratado de Comércio dos Povos (ALBA-TCP) emitiram ontem um comunicado em manifestam a sua preocupação com as vítimas da violência física, das detenções arbitrárias, de desaparecimento, de abuso sexual durante a repressão dos protestos sociais.

O bloco repudiou o uso excessivo da força por parte dos agentes de segurança na Colômbia, tendo feito um apelo às autoridades para velarem pelo dever de proteger os direitos humanos, o direito à vida e à segurança pessoal, refere a agência Prensa Latina.

No texto, a ALBA-TCP destaca que a violência, por parte das forças do Estado, não resolve as causas estruturais das situações de injustiça social, e fez votos pela paz do povo da Colômbia e para que prevaleça o diálogo e a sensatez.

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Na Colômbia – destacou – existe uma polícia política com recursos de guerra para «enfrentar» os problemas sociais. «O anúncio do envolvimento do Exército nesta repressão constitui um quadro sério», disse Marín, lembrando que as mobilizações, a pressão social e popular, «aumentam na medida em que não são dadas soluções para as demandas do povo».

«Lamentamos, como lamenta a América Latina, que a OEA chefiada por Luis Almagro continue a desenvolver uma agenda contrária aos interesses dos povos do continente, totalmente servil aos interesses dos Estados Unidos e das oligarquias da região», afirmou, destacando que a OEA e Almagro mantêm um silêncio cúmplice pelo qual devem responder, no contexto da situação dramática que a Colômbia atravessa.

Pão e circo

Está em jogo a possibilidade de cancelar a realização da Copa América na Colômbia, que deve começar daqui a um mês. «As barras das equipas mais fortes da Colômbia uniram-se em torno do lema de que o que o povo colombiano exige não é circo, mas pão», explicou.

«O que as pessoas exigem nas ruas, com dignidade, são melhores condições de vida e não mais espectáculos para tentar encobrir o sangue, o massacre, a morte, os desaparecimentos e as torturas na nossa pátria», frisou.

«Há relutância em atender ao apelo ao diálogo por parte do governo; o que o povo quer é uma negociação assente numa agenda que inclua reivindicações», disse, acrescentando que as pessoas exigem que o governo diga com clareza aquilo que vai cumprir, e é isso que irá determinar se haverá um acordo.

Se for assim, a situação poderia estabilizar-se «enquanto se aguarda as eleições presidenciais de 2022 e a eleição de um governo democrático que responda às necessidades do povo, governe para o povo e não para os monopólios, os latifundiários, os narcotraficantes e as máfias», defendeu Marín.

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Também na capital do departamento do Cauca, Popayán, os manifestantes vieram em massa para as ruas, de forma pacífica, exigindo justiça para os casos de repressão policial ocorridos na semana passada e protestando, também usando a cultura como ferramenta, contra «o governo criminoso de Iván Duque».

Em Medellín, outra grande cidade que tem sido palco de intensos protestos, a minga indígena tomou as ruas de forma pacífica. O presidente da Câmara, Daniel Quintero, manteve um encontro com dirigentes populares e indígenas, tendo depois instado o presidente colombiano a dialogar abertamente, de modo transparente e inclusivo com as comunidades.

No departamento de Magdalena, os protagonistas foram os agricultores, que exigiram o cumprimento dos direitos fundamentais, em especial o acesso a serviços básicos como a água e a electricidade.

Também houve mobilizações em Bogotá, Barranquilla, Ibagué, Manizales, Cartago, Bucaramanga, Villavicencio, Neiva, entre outros pontos do país sul-americano, nos quais as populações exigiram soluções para os seus problemas, denunciaram a desigualdade e a violência, e solicitaram ao governo que se envolva num grande diálogo com os representantes das camadas populares e dos trabalhadores.

O presidente da Central Unitária dos Trabalhadores (CUT), Francisco Maltés, disse que «Duque declara a guerra à greve quando manda destacar o máximo de forças militares e policiais para os sítios de concentração pacífica que há hoje no país», indica a TeleSur.

Repressão do Esmad em várias cidades

Ao final da tarde e, sobretudo, à noite, registaram-se múltiplos episódios de violência exercida pelo Esquadrão Móvel Anti-Distúrbios (Esmad), muitos dos quais denunciados nas redes sociais. De acordo com organizações de direitos humanos, várias pessoas ficaram feridas.

Em Popayán, o Esmad lançou bombas de gás lacrimogéneo contra os manifestantes junto ao hospital, atingindo doentes e trabalhadores da Saúde.

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Ao 15.º dia de greve, enormes manifestações contra o governo de Duque

Centenas de milhares participaram esta quarta-feira nas mobilizações convocadas pelo Comité Nacional da Greve para denunciar o aprofundamento dos problemas estruturais da Colômbia no mandato de Duque.

As mobilizações contra as políticas neoliberais de Iván Duque fizeram-se sentir em muitas cidades do país sul-americano 
Créditos / Prensa Latina

A greve geral da Colômbia, iniciada no passado dia 28 de Abril, tem sido marcada pela forte repressão de uma Polícia «feita para a guerra», como afirma na sua conta de Twitter a organização não governamental (ONG) Temblores, mas ontem decorreu quase tudo de forma tranquila – pelo menos até certo ponto.

A representante na Colômbia da Alta Comissária dos Direitos Humanos da ONU, Juliette de Rivero, percorreu várias cidades do país, tendo afirmado que as marchas foram pacíficas, informa a Prensa Latina.

Além dos sectores que têm estado mais mobilizados nas últimas duas semanas, aderiram aos protestos habitantes que apoiam a luta em várias cidades, como aconteceu em Barranquilla, Bogotá, Catatumbo, Cartagena, Ibagué, Medellín, Pereira, Popayán e até em Cáli, apesar de se encontrar militarizada, manifestando a sua oposição às políticas neoliberais do actual governo.

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Colômbia: noite de forte repressão provoca vários mortos e feridos

Organizações de direitos humanos referiram que a Polícia disparou contra os manifestantes a partir de viaturas com vidros escurecidos. O MP anunciou que vai incriminar vários agentes por homicídio.

Créditos / sputniknews.com

Na noite de quarta-feira, voltou a registar-se intensa repressão por parte das forças de segurança na Colômbia, e pelo menos dois jovens foram mortos na localidade de Pereira (departamento de Risaralda).

Vídeos que circulam nas redes sociais mostram polícias a disparar junto a um viaduto contra uma concentração de jovens que se manifestavam contra o governo de Iván Duque.

Estes vídeos seguem-se a outros, referentes à noite anterior, em que se vê a Polícia e os militares a dispararem fogo pesado e também a partir de helicópteros contra manifestantes, no âmbito dos protestos relacionados com a greve geral iniciada no passado dia 28 de Abril.

Além dos jovens mortos, que se soube serem Lucas Villa e Miguel Ciro, estudantes de Desporto na Universidade Tecnológica de Pereira, registaram-se vários feridos, na sequência das cargas e disparos policiais. Organizações de direitos humanos indicaram que a Polícia disparou contra os manifestantes a partir de viaturas com vidros escurecidos.

Neste contexto, o Ministério Público (MP) colombiano anunciou, esta quarta-feira, que irá incriminar diversos agentes pelos homicídios de três civis durante as manifestações. De acordo com o MP, o saldo é de 11 vítimas mortais até ao momento, bastante inferior ao registado por diversas ONG, como a Temblores ou a Grita, que afirmam terem ocorrido 37 mortes de manifestantes às mãos da Polícia entre 28 de Abril e 5 de Maio, refere a TeleSur.

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Concentrações lembraram dezenas de mortos pela Polícia na Colômbia

Desde o dia 28 de Abril até esta terça-feira, a organização Grita registou 31 casos de pessoas mortas pela Polícia em vários pontos da Colômbia. Entretanto, novas reivindicações surgem na greve geral.

Créditos / jornaltornado.pt

Ontem à noite, realizaram-se concentrações em diversas cidades, com velas para evocar os «assassinados em território nacional» durante as jornadas de protesto, que inicialmente visavam a Lei de Solidariedade Sustentável (reforma tributária) proposta pelo governo de Iván Duque, mas depois alastraram para outras reivindicações.

Na sua conta de Twitter, o movimento Congreso de los Pueblos, deu conta do ajuntamento na capital, Bogotá, para denunciar a brutalidade policial no país, que, segundo dados divulgados por diversos organismos, ultrapassa os 1443 casos de violência ao longo da greve geral.

A plataforma Grita revelou que, entre as 6h (hora local) de 28 de Abril e as 8h de 4 de Maio, há registo de 216 vítimas de física por parte da Polícia. A mesma fonte indicou que 31 pessoas foram assassinadas, 21 sofreram agressões nos olhos e dez foram vítimas de violência sexual, igualmente por parte da Polícia. No mesmo período, foram registados 814 casos de detenções arbitrárias e 77 de disparos com armas de fogo.

Para além disto, a Provedoria de Justiça emitiu um comunicado em que dá conta de 87 pessoas desaparecidas até ao momento.

«Estamos a fazer as coisas bem»

O general colombiano Eduardo Enrique Zapateiro instou um grupo de polícias a prosseguir a sua acção na cidade de Cáli, tendo-lhes dito que «estamos a fazer as coisas bem» e que estão a «salvar a democracia que alguns querem destruir», refere a TeleSur.

Estas declarações de Zapateiro foram proferidas depois de, na noite de segunda-feira, membros do Exército e do Esquadrão Móvel Antidistúrbios (Esmad) terem esntrado no Bairro de Siloé, em Cáli, onde atacaram à bala grupos de jovens que participavam na greve geral.

O Exército assumiu o controlo da cidade, no departamento de Valle del Cauca, e foi decretado o recolher obrigatório.

Concentrações esta terça-feira

Em Chinácota (departamento de Norte de Santander), foi convocada para ontem um protesto com velas «contra a brutalidade policial que matou tantos jovens nestes últimos dias», informa a TeleSur.

Por seu lado, o Colombia Informa revelou que o Esmad interveio de forma violenta em Bucaramanga (Santander), havendo a registar pelo menos dois feridos.

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Quatro dias seguidos de protestos e forte repressão na Colômbia

Iniciada a 28 de Abril, a greve geral contra a reforma tributária de Duque mantém-se há 4 dias nas ruas. A Rede Francisco Isaías Cifuentes dá conta de 8 mortos, vários desaparecidos e dezenas de detenções.

No Dia do Trabalhador, Cáli respondeu à repressão com uma manifestação massiva 
Créditos / @TobarteleSUR

Convocadas por sindicatos, partidos políticos e organizações sociais, muitos milhares de pessoas vieram para as ruas, no Dia Internacional dos Trabalhadores, para continuarem a dizer «não» à Lei de Solidariedade Sustentável (reforma tributária) avançada pelo governo de Iván Duque e repudiar a forte repressão policial dos últimos dias.

Ao descontentamento e à revolta popular com o projecto de lei juntou-se o «mal-estar» provocado pelo apelo do ex-presidente Álvaro Uribe (2002-2010), expresso na sexta-feira, para que o Exército interviesse contra os manifestantes.

Apesar de o Twitter ter apagado, algumas horas depois, o apelo de Uribe às armas, nas ruas e nas redes sociais o repúdio fez ouvir: «O povo não te quer, assassino criminoso» foi uma de várias expressões sintomáticas veiculadas contra o uribista.

Ontem, Bogotá foi um dos palcos das mobilizações em defesa dos direitos dos trabalhadores, contra a reforma de Duque e a repressão policial. «Aqui está o povo nas ruas organizado, a lutar por uma vida digna», afirmaram na capital.

Na sua conta de Twitter, o Congresso de los Pueblos informou que, neste «Primeiro de Maio, no Sul de Bogotá o povo continua nas ruas, apesar da ameaça das forças de segurança e do governo nacional».

A organização denunciou a repressão exercida pela Polícia em vários pontos do país sul-americano, nomeadamente na cidade de Pereira, no departamento de Risaralda. «Fazemos um apelo para que sejam dadas garantias à mobilização social. Protestar é um direito», referiu.

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Prossegue na Colômbia a paralisação nacional contra a reforma tributária

A Central Unitária dos Trabalhadores anunciou o prosseguimento da Paralisação Nacional iniciada esta quarta-feira contra a proposta de legislação que visa aumentar impostos para «financiar a crise».

Milhares de pessoas mobilizaram-se contra as medidas neoliberais de Duque e a violência na Colômbia 
Créditos / co.marca.com

«A greve desta quinta-feira insistirá na oposição à Reforma Tributária, prosseguirá dia 19 de Maio e continuará enquanto o governo persistir na proposta actual», disse Francisco Maltés, dirigente da Central Unitária dos Trabalhadores (CUT).

Além de «marchas massivas, vigorosas e pacíficas» nesse âmbito, também em defesa de apoios sociais e às pequenas e médias empresas, estão igualmente previstas mobilizações para o Primeiro de Maio.

Ontem, desde cedo, milhares de pessoas vieram para as ruas em diferentes cidades e em mais de 500 municípios do país sul-americano, em protesto contra a proposta do governo de Duque, que os manifestantes acusam de estar a passar aos trabalhadores a factura da crise sanitária e económica.

A jornada de protesto, convocada pelo Comité Nacional de Greve, visava igualmente denunciar a violência no país, sobretudo os massacres e os assassinatos de dirigentes sociais, de defensores da paz e dos direitos humanos, bem como de ex-combatentes das FARC-EP signatários do acordo de paz de 2016.

Bogotá, Medellín, Cáli, Barranquilla e Cartagena foram palco das maiores mobilizações, e ali foram reportados vários confrontos com as forças de segurança. De acordo com a Prensa Latina, o governo destacou mais de 47 mil agentes para as ruas.

Na crise sanitária, aprofundar o neoliberalismo

«A Colômbia está mergulhada numa crise económica muito profunda e propõe-se uma reforma tributária para acabar de empobrecer a classe média, encarecer os alimentos, quando 30% da população, segundo o Departamento Administrativo Nacional de Estatística, não está a fazer três refeições diárias», disse a vice-presidente da Federação Médica Colombiana, Carolina Corcho, citada pela Prensa Latina.

De acordo com os promotores da jornada de greve, milhões de pessoas mobilizaram-se em mais de 500 municípios / co.marca.com

Por seu lado, o presidente da CUT em Antioquia, Jaime Montoya, classificou a reforma como «a mais regressiva de todas», além de favorecer as grandes empresas e o capital financeiro.

A reforma tributária, designada como Lei de Solidariedade Sustentável, contempla o aumento dos impostos sobre produtos e serviços, a instalação de portagens urbanas, e altera o regime de isenções fiscais, o que agravaria a situação de assalariados, pensionistas e população com baixos rendimentos.

Denúncias de repressão

Em comunicado, o Comité Nacional de Greve, que integra várias organizações sindicais, movimentos sociais e partidos, sublinhou «a profunda rejeição da população pelas medidas neoliberais de Duque», apesar do «pico da pandemia, da estigmatização da greve promovida pelo governo e alguns órgãos de comunicação», informa a TeleSur.

O Comité denunciou as medidas de recolher obrigatório e a ausência de transportes públicos, adoptadas por algumas autoridades locais para impedir o protesto, bem como as acções de repressão perpetradas por agentes da Polícia e do Esquadrão Móvel Antidistúrbios (Esmad) em várias cidades, que se saldaram com um morto, dezenas de feridos e de detidos.

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Órgãos de comunicação locais e internautas deram conta de manifestações, este sábado, também em Barraquilla, Medellín, Bucamaranga, Cartagena e Cáli, com forte presença de forças policiais, militares e de agentes do Esquadrão Móvel Antidistúrbios (Esmad), registando-se vários episódios de repressão sobre os manifestantes.

Houve igualmente mobilizações na região do Catatumbo e na cidade de Popayán, no Cauca. Nesta última, refere a TeleSur, a manifestação do Primeiro de Maio – contra a reforma tributária e a repressão do governo de Duque – é a primeira em mais de 80 anos.

Em Cáli, no departamento de Valle del Cauca, a manifestação do Dia do Trabalhador foi massiva, como resposta à grande repressão exercida sobre os manifestantes nos dias anteriores.

De acordo com um relatório divulgado pela Rede de Direitos Humanos Francisco Isaías Cifuentes na sexta-feira à noite, pelo menos oito pessoas foram mortas em Cáli durante as mobilizações. Além disso, o organismo registou a detenção de pelo menos 84 pessoas, 28 feridos, três manifestantes desaparecidos, três casos de pessoas que perderam um olho e o de uma mulher que foi abusada sexualmente por um agente do Esmad.

Duque move-se

Ainda na sexta-feira, confrontado com a grande oposição nas ruas ao polémico projecto para reajustar as contas em tempos de «crise», Iván Duque anunciou que ordenou ao Ministério das Finanças proceder à sua reformulação.

Já ontem, ao final do dia, na sequência de nova jornada de intensas mobilizações no país, o presidente colombiano anunciou que irá destacar o Exército e outros componentes das Forças Armadas para controlar os protestos nas principais cidades.

Para tal, explica a TeleSur, irá recorrer à figura da «assistência militar», que, disse, está contemplada na Constituição e que manterá, em coordenação com autarcas e governadores, até que as manifestações acabem.

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Em Cúcuta, a greve prossegue, tendo os manifestantes realizado um minuto de silêncio pelas pessoas assassinadas pela Polícia nos protestos destes últimos dias na Colômbia.

O porta-voz nacional do Congreso de los Pueblos, Jimmy Moreno, disse, em alusão ao povo colombiano, que «a dignidade se expressa nas ruas e estradas contra este governo criminoso e corrupto de Iván Duque», cuja renúncia imediata exigiu.

De acordo com o movimento, «a greve geral pretende superar a crise sanitária, educativa, de habitação, emprego, alimentação, transporte, feminicídios» na Colômbia e rejeita «as práticas sociais genocidas contra o movimento social: assassinato, judicialização, ameaça e perseguição por parte do Estado colombiano há décadas».

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As manifestações começaram há uma semana tendo como principal objectivo a retirada da reforma tributária proposta pelo governo de Duque e agora continuam nas ruas com um espectro de reivindicações muito mais amplo, em que se inclui a rejeição da violência estrututal e da brutalidade policial no país.

De acordo com o balanço divulgado pela Plataforma Grita, relativo à repressão exercida sobre os manifestantes pelos agentes do Esquadrão Móvel Antidistúrbios (Esmad) e elementos do Exército colombiano, no período referido registaram-se 1708 casos de violência, com os mais recentes a ocorrerem em cidades como Pereira, Cáli, Medellín, Barranquilla, Buga, Palmira e Bogotá.

O balanço da repressão policial e militar aponta ainda para 222 casos de vítimas de violência física, 37 homicídios, 831 detenções arbitrárias, 312 intervenções violentas, 22 pessoas com lesões oculares, 110 vítimas de balas disparadas por polícias e dez casos de violência sexual.

ALBA-TCP condena a violência na Colômbia

Os países que integram a Aliança Bolivariana para os Povos da Nossa América – Tratado de Comércio dos Povos (ALBA-TCP) emitiram ontem um comunicado em manifestam a sua preocupação com as vítimas da violência física, das detenções arbitrárias, de desaparecimento, de abuso sexual durante a repressão dos protestos sociais.

O bloco repudiou o uso excessivo da força por parte dos agentes de segurança na Colômbia, tendo feito um apelo às autoridades para velarem pelo dever de proteger os direitos humanos, o direito à vida e à segurança pessoal, refere a agência Prensa Latina.

No texto, a ALBA-TCP destaca que a violência, por parte das forças do Estado, não resolve as causas estruturais das situações de injustiça social, e fez votos pela paz do povo da Colômbia e para que prevaleça o diálogo e a sensatez.

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Os manifestantes exibiram bandeiras, cartazes e fizeram ouvir palavras de ordem, de forma pacífica, em defesa de várias reivindicações. Nalgumas marchas, como a que teve lugar junto ao monumento aos Heróis, em Bogotá, foram evocados os 6402 «falsos positivos» (pessoas assassinadas para depois serem apresentadas como guerrilheiros abatidos).

Em Manizales, os manifestantes homenagearam quem se transformou em mártir nesta greve geral. Um deles foi Lucas Villa, estudante atingido a tiro no passado dia 5 e que morreu esta terça-feira, dia 11.

Os povos originários também aderiram à jornada de mobilizações, refere a Prensa Latina, para «avançar na defesa da vida, da paz, da justiça, da autonomia e da qualidade de vida para os colombianos». Por seu lado, ex-guerrilheiros mobilizaram-se pela implementação total do acordo de paz, o fim dos assassinatos dos seus signatários e dos dirigentes sociais, e por um rendimento mínimo universal.

O fim da violência e da militarização, bem como a revogação de um projecto de reforma do sector da Saúde com carácter privatizador foram algumas das exigências comuns às centenas de milhares de manifestantes que ontem vieram para as ruas da Colômbia.

Pobreza, fome, abandono da população pelo Estado

Segundo o Comité Nacional da Greve, as jornadas de luta recentes surgiram do «desespero provocado pela pobreza e o abandono estatal» a que se viu votada a população colombiana.

«Enquanto a fome se tornava uma rotina trágica com o símbolo do trapo vermelho pendurado nas portas e janelas de milhares de casas, a resposta do governo foi aumentar a sua despesa e olhar para o lado», afirmaram os organizadores do protesto, citados pela Prensa Latina.

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Governo colombiano deu ordens para militarizar Cáli

A cidade de Cáli, que tem sido um dos pontos mais activos da greve geral, encontra-se cercada por militares e polícias, após uma decisão de Duque para acabar com os protestos contra o governo.

O governo colombiano tem respondido com grande repressão aos protestos que se mantêm há 13 dias contra as políticas neoliberais de Duque e a violência estrutural no país 
Créditos / @CasAmericas

Iván Duque, o presidente da Colômbia, deu ontem ordens aos ministros do Interior e da Defesa, Daniel Palacios e Diego Molano, respectivamente, para militarizar a capital do departamento de Valle del Cauca e «garantir» a manutenção da ordem por parte das forças de segurança.

Instou à aplicação da lei seca, ao levantamento dos bloqueios nas ruas e ao regresso às suas zonas dos membros do Conselho Regional Indígena do Cauca (CRIC), qe ontem se tinham dirigido a Cáli em protesto e foram atacados a tiro.

Horas depois, o ministro da Defesa confirmou o destacamento de 10 mil polícias e 2100 soldados para Cáli, de modo a «garantir a segurança», refere a TeleSur, tendo sublinhado que «não pode haver violência» e que os bloqueios «são um crime».

À meia-noite (hora local), o departamento de Valle del Cauca ficou fechado ao exterior e a mobilidade foi restringida, medidas que, segundo a Prensa Latina, devem permanecer em vigor até ao próximo sábado. O Exército anunciou que soldados da Terceira Brigada estão a realizar controlos em várias zonas de Cáli, Jamundí e Yumbo, «procurando garantir o bem-estar dos cidadãos».

Comunidades indígenas atacadas a tiro

A ordem foi decretada depois da violência ocorrida ontem na cidade, quando «civis», apoiados pela Polícia, dispararam sobre indígenas reunidos no contexto da greve geral, segundo denúncias por estes veiculadas e vídeos que foram postos a circular nas redes sociais.

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Colômbia: noite de forte repressão provoca vários mortos e feridos

Organizações de direitos humanos referiram que a Polícia disparou contra os manifestantes a partir de viaturas com vidros escurecidos. O MP anunciou que vai incriminar vários agentes por homicídio.

Créditos / sputniknews.com

Na noite de quarta-feira, voltou a registar-se intensa repressão por parte das forças de segurança na Colômbia, e pelo menos dois jovens foram mortos na localidade de Pereira (departamento de Risaralda).

Vídeos que circulam nas redes sociais mostram polícias a disparar junto a um viaduto contra uma concentração de jovens que se manifestavam contra o governo de Iván Duque.

Estes vídeos seguem-se a outros, referentes à noite anterior, em que se vê a Polícia e os militares a dispararem fogo pesado e também a partir de helicópteros contra manifestantes, no âmbito dos protestos relacionados com a greve geral iniciada no passado dia 28 de Abril.

Além dos jovens mortos, que se soube serem Lucas Villa e Miguel Ciro, estudantes de Desporto na Universidade Tecnológica de Pereira, registaram-se vários feridos, na sequência das cargas e disparos policiais. Organizações de direitos humanos indicaram que a Polícia disparou contra os manifestantes a partir de viaturas com vidros escurecidos.

Neste contexto, o Ministério Público (MP) colombiano anunciou, esta quarta-feira, que irá incriminar diversos agentes pelos homicídios de três civis durante as manifestações. De acordo com o MP, o saldo é de 11 vítimas mortais até ao momento, bastante inferior ao registado por diversas ONG, como a Temblores ou a Grita, que afirmam terem ocorrido 37 mortes de manifestantes às mãos da Polícia entre 28 de Abril e 5 de Maio, refere a TeleSur.

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Concentrações lembraram dezenas de mortos pela Polícia na Colômbia

Desde o dia 28 de Abril até esta terça-feira, a organização Grita registou 31 casos de pessoas mortas pela Polícia em vários pontos da Colômbia. Entretanto, novas reivindicações surgem na greve geral.

Créditos / jornaltornado.pt

Ontem à noite, realizaram-se concentrações em diversas cidades, com velas para evocar os «assassinados em território nacional» durante as jornadas de protesto, que inicialmente visavam a Lei de Solidariedade Sustentável (reforma tributária) proposta pelo governo de Iván Duque, mas depois alastraram para outras reivindicações.

Na sua conta de Twitter, o movimento Congreso de los Pueblos, deu conta do ajuntamento na capital, Bogotá, para denunciar a brutalidade policial no país, que, segundo dados divulgados por diversos organismos, ultrapassa os 1443 casos de violência ao longo da greve geral.

A plataforma Grita revelou que, entre as 6h (hora local) de 28 de Abril e as 8h de 4 de Maio, há registo de 216 vítimas de física por parte da Polícia. A mesma fonte indicou que 31 pessoas foram assassinadas, 21 sofreram agressões nos olhos e dez foram vítimas de violência sexual, igualmente por parte da Polícia. No mesmo período, foram registados 814 casos de detenções arbitrárias e 77 de disparos com armas de fogo.

Para além disto, a Provedoria de Justiça emitiu um comunicado em que dá conta de 87 pessoas desaparecidas até ao momento.

«Estamos a fazer as coisas bem»

O general colombiano Eduardo Enrique Zapateiro instou um grupo de polícias a prosseguir a sua acção na cidade de Cáli, tendo-lhes dito que «estamos a fazer as coisas bem» e que estão a «salvar a democracia que alguns querem destruir», refere a TeleSur.

Estas declarações de Zapateiro foram proferidas depois de, na noite de segunda-feira, membros do Exército e do Esquadrão Móvel Antidistúrbios (Esmad) terem esntrado no Bairro de Siloé, em Cáli, onde atacaram à bala grupos de jovens que participavam na greve geral.

O Exército assumiu o controlo da cidade, no departamento de Valle del Cauca, e foi decretado o recolher obrigatório.

Concentrações esta terça-feira

Em Chinácota (departamento de Norte de Santander), foi convocada para ontem um protesto com velas «contra a brutalidade policial que matou tantos jovens nestes últimos dias», informa a TeleSur.

Por seu lado, o Colombia Informa revelou que o Esmad interveio de forma violenta em Bucaramanga (Santander), havendo a registar pelo menos dois feridos.

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Quatro dias seguidos de protestos e forte repressão na Colômbia

Iniciada a 28 de Abril, a greve geral contra a reforma tributária de Duque mantém-se há 4 dias nas ruas. A Rede Francisco Isaías Cifuentes dá conta de 8 mortos, vários desaparecidos e dezenas de detenções.

No Dia do Trabalhador, Cáli respondeu à repressão com uma manifestação massiva 
Créditos / @TobarteleSUR

Convocadas por sindicatos, partidos políticos e organizações sociais, muitos milhares de pessoas vieram para as ruas, no Dia Internacional dos Trabalhadores, para continuarem a dizer «não» à Lei de Solidariedade Sustentável (reforma tributária) avançada pelo governo de Iván Duque e repudiar a forte repressão policial dos últimos dias.

Ao descontentamento e à revolta popular com o projecto de lei juntou-se o «mal-estar» provocado pelo apelo do ex-presidente Álvaro Uribe (2002-2010), expresso na sexta-feira, para que o Exército interviesse contra os manifestantes.

Apesar de o Twitter ter apagado, algumas horas depois, o apelo de Uribe às armas, nas ruas e nas redes sociais o repúdio fez ouvir: «O povo não te quer, assassino criminoso» foi uma de várias expressões sintomáticas veiculadas contra o uribista.

Ontem, Bogotá foi um dos palcos das mobilizações em defesa dos direitos dos trabalhadores, contra a reforma de Duque e a repressão policial. «Aqui está o povo nas ruas organizado, a lutar por uma vida digna», afirmaram na capital.

Na sua conta de Twitter, o Congresso de los Pueblos informou que, neste «Primeiro de Maio, no Sul de Bogotá o povo continua nas ruas, apesar da ameaça das forças de segurança e do governo nacional».

A organização denunciou a repressão exercida pela Polícia em vários pontos do país sul-americano, nomeadamente na cidade de Pereira, no departamento de Risaralda. «Fazemos um apelo para que sejam dadas garantias à mobilização social. Protestar é um direito», referiu.

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Prossegue na Colômbia a paralisação nacional contra a reforma tributária

A Central Unitária dos Trabalhadores anunciou o prosseguimento da Paralisação Nacional iniciada esta quarta-feira contra a proposta de legislação que visa aumentar impostos para «financiar a crise».

Milhares de pessoas mobilizaram-se contra as medidas neoliberais de Duque e a violência na Colômbia 
Créditos / co.marca.com

«A greve desta quinta-feira insistirá na oposição à Reforma Tributária, prosseguirá dia 19 de Maio e continuará enquanto o governo persistir na proposta actual», disse Francisco Maltés, dirigente da Central Unitária dos Trabalhadores (CUT).

Além de «marchas massivas, vigorosas e pacíficas» nesse âmbito, também em defesa de apoios sociais e às pequenas e médias empresas, estão igualmente previstas mobilizações para o Primeiro de Maio.

Ontem, desde cedo, milhares de pessoas vieram para as ruas em diferentes cidades e em mais de 500 municípios do país sul-americano, em protesto contra a proposta do governo de Duque, que os manifestantes acusam de estar a passar aos trabalhadores a factura da crise sanitária e económica.

A jornada de protesto, convocada pelo Comité Nacional de Greve, visava igualmente denunciar a violência no país, sobretudo os massacres e os assassinatos de dirigentes sociais, de defensores da paz e dos direitos humanos, bem como de ex-combatentes das FARC-EP signatários do acordo de paz de 2016.

Bogotá, Medellín, Cáli, Barranquilla e Cartagena foram palco das maiores mobilizações, e ali foram reportados vários confrontos com as forças de segurança. De acordo com a Prensa Latina, o governo destacou mais de 47 mil agentes para as ruas.

Na crise sanitária, aprofundar o neoliberalismo

«A Colômbia está mergulhada numa crise económica muito profunda e propõe-se uma reforma tributária para acabar de empobrecer a classe média, encarecer os alimentos, quando 30% da população, segundo o Departamento Administrativo Nacional de Estatística, não está a fazer três refeições diárias», disse a vice-presidente da Federação Médica Colombiana, Carolina Corcho, citada pela Prensa Latina.

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Por seu lado, o presidente da CUT em Antioquia, Jaime Montoya, classificou a reforma como «a mais regressiva de todas», além de favorecer as grandes empresas e o capital financeiro.

A reforma tributária, designada como Lei de Solidariedade Sustentável, contempla o aumento dos impostos sobre produtos e serviços, a instalação de portagens urbanas, e altera o regime de isenções fiscais, o que agravaria a situação de assalariados, pensionistas e população com baixos rendimentos.

Denúncias de repressão

Em comunicado, o Comité Nacional de Greve, que integra várias organizações sindicais, movimentos sociais e partidos, sublinhou «a profunda rejeição da população pelas medidas neoliberais de Duque», apesar do «pico da pandemia, da estigmatização da greve promovida pelo governo e alguns órgãos de comunicação», informa a TeleSur.

O Comité denunciou as medidas de recolher obrigatório e a ausência de transportes públicos, adoptadas por algumas autoridades locais para impedir o protesto, bem como as acções de repressão perpetradas por agentes da Polícia e do Esquadrão Móvel Antidistúrbios (Esmad) em várias cidades, que se saldaram com um morto, dezenas de feridos e de detidos.

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Houve igualmente mobilizações na região do Catatumbo e na cidade de Popayán, no Cauca. Nesta última, refere a TeleSur, a manifestação do Primeiro de Maio – contra a reforma tributária e a repressão do governo de Duque – é a primeira em mais de 80 anos.

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Duque move-se

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De acordo com o movimento, «a greve geral pretende superar a crise sanitária, educativa, de habitação, emprego, alimentação, transporte, feminicídios» na Colômbia e rejeita «as práticas sociais genocidas contra o movimento social: assassinato, judicialização, ameaça e perseguição por parte do Estado colombiano há décadas».

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As manifestações começaram há uma semana tendo como principal objectivo a retirada da reforma tributária proposta pelo governo de Duque e agora continuam nas ruas com um espectro de reivindicações muito mais amplo, em que se inclui a rejeição da violência estrututal e da brutalidade policial no país.

De acordo com o balanço divulgado pela Plataforma Grita, relativo à repressão exercida sobre os manifestantes pelos agentes do Esquadrão Móvel Antidistúrbios (Esmad) e elementos do Exército colombiano, no período referido registaram-se 1708 casos de violência, com os mais recentes a ocorrerem em cidades como Pereira, Cáli, Medellín, Barranquilla, Buga, Palmira e Bogotá.

O balanço da repressão policial e militar aponta ainda para 222 casos de vítimas de violência física, 37 homicídios, 831 detenções arbitrárias, 312 intervenções violentas, 22 pessoas com lesões oculares, 110 vítimas de balas disparadas por polícias e dez casos de violência sexual.

ALBA-TCP condena a violência na Colômbia

Os países que integram a Aliança Bolivariana para os Povos da Nossa América – Tratado de Comércio dos Povos (ALBA-TCP) emitiram ontem um comunicado em manifestam a sua preocupação com as vítimas da violência física, das detenções arbitrárias, de desaparecimento, de abuso sexual durante a repressão dos protestos sociais.

O bloco repudiou o uso excessivo da força por parte dos agentes de segurança na Colômbia, tendo feito um apelo às autoridades para velarem pelo dever de proteger os direitos humanos, o direito à vida e à segurança pessoal, refere a agência Prensa Latina.

No texto, a ALBA-TCP destaca que a violência, por parte das forças do Estado, não resolve as causas estruturais das situações de injustiça social, e fez votos pela paz do povo da Colômbia e para que prevaleça o diálogo e a sensatez.

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Não é a primeira vez que alegados civis, denunciados por algumas fontes como paramilitares, disparam sobre manifestantes na greve geral. A Polícia responsabilizou as comunidades ancestrais pelo facto, mas Feliciano Valencia, senador do Movimento Alternativo Social e Indígena, desmentiu essas acusações, tendo afirmado que os indígenas estavam desarmados e foram atacados.

Em comunicado, o CRIC denunciou o ataque «por homens vestidos à civil», que deixou oito indígenas feridos à entrada de Cáli, no 12.º dia da greve geral na Colômbia. Fez ainda um apelo ao governo de Iván Duque para que acabe com a militarização das forças policiais e com a criminalização do protesto no país, indica a TeleSur.

A mesma fonte informa que, nas redes sociais, surgiram denúncias de que o Esquadrão Móvel Antidistúrbios (Esmad) «atacou e sequestrou jovens» em Cáli, tendo levado oito do Bairro Meléndez, já depois do anúncio de Duque de que iria aumentar a presença policial e militar na cidade.

O fim da militarização das ruas e o fim da repressão sobre os manifestantes são duas reivindicações que o povo colombiano assumiu nestes dias de protestos intensos, que começaram a 28 de Abril, contra a reforma tributária e as políticas neoliberais implementadas pelo governo de Duque, e depois alastraram para a defesa de uma mudança do sistema político e dos direitos fundamentais, em que se incluem saúde, habitação e trabalho.

Mobilização solidária com o povo colombiano este sábado no Porto / Carlos Menezes

Mão pesada de Duque e solidariedade internacional

O governo respondeu aos manifestantes com mão pesada e, ao cabo de 12 dias de mobilizações, a ONG Temblores registava 47 mortos no contexto da greve geral, 963 detenções arbitrárias, 12 casos de violência sexual, 548 desaparecidos, 28 pessoas com feridas oculares.

Perante este cenário, várias cidades espalhadas pelo mundo acolheram, este sábado, mobilizações solidárias com o povo colombiano, de apoio ao movimento social e sindical do país sul-americano e para denunciar a repressão e a violência exercidas sobre os manifestantes.

Foi o caso de cidades em França, em Espanha, nos Estados Unidos, na Bélgica, na Suíça, na Austrália, na Argentina, no México e em Portugal, entre outros países. Em Portugal, a mobilização ocorreu este sábado na cidade do Porto e reuniu cerca de 70 pessoas, que denunciaram a repressão e «o governo reaccionário de Iván Duque».

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A miséria e a desigualdade social já se faziam notar bem antes da pandemia, mas agudizaram-se e mostraram toda a sua intensidade com um governo que aumentava a despesa militar, acrescentaram.

Os «números da infâmia» já foram divulgados pelo Departamento Administrativo Nacional de Estatística: mais de sete milhões de pessoas só comem duas vezes por dia e mais de 500 mil colombianos só o fazem uma vez, destacaram os convocantes.

Ainda para mais, quando, no ano passado, a pobreza atingiu 42,5% da população, o governo «propôs torpemente uma reforma tributária regressiva», enfatizam, acrescentando que o sistema deficitário de saúde e a falta de financiamento da educação são sentidos com mais dureza pelos afrodescendentes, os indígenas, as mulheres e os agricultores.

Repressão em Bogotá, Popayán e Barranquilla: «pão e circo» garantidos

Apesar das manifestações pacíficas, à noite o Esquadrão Móvel Antidistúrbios (Esmad) carregou sobre os manifestantes na capital, como o faz praticamente todos os dias.

Na capital do departamento do Cauca, Popayán, agentes do Esmad atacaram e prenderam vários manifestantes que se encontravam no Parque Caldas, incluindo o jornalista Kevin Acosta, da Red Alterna, revela a TeleSur.

Em Barranquilla, no departamento do Atlântico, disputou-se ontem a partida entre o Junior e o River Plate, a contar para Copa Libertadores, e o Esmad atacou os apoiantes que, nas imediações do Estádio Romelio Martínez, se juntaram à mobilização.

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Concentrações lembraram dezenas de mortos pela Polícia na Colômbia

Desde o dia 28 de Abril até esta terça-feira, a organização Grita registou 31 casos de pessoas mortas pela Polícia em vários pontos da Colômbia. Entretanto, novas reivindicações surgem na greve geral.

Créditos / jornaltornado.pt

Ontem à noite, realizaram-se concentrações em diversas cidades, com velas para evocar os «assassinados em território nacional» durante as jornadas de protesto, que inicialmente visavam a Lei de Solidariedade Sustentável (reforma tributária) proposta pelo governo de Iván Duque, mas depois alastraram para outras reivindicações.

Na sua conta de Twitter, o movimento Congreso de los Pueblos, deu conta do ajuntamento na capital, Bogotá, para denunciar a brutalidade policial no país, que, segundo dados divulgados por diversos organismos, ultrapassa os 1443 casos de violência ao longo da greve geral.

A plataforma Grita revelou que, entre as 6h (hora local) de 28 de Abril e as 8h de 4 de Maio, há registo de 216 vítimas de física por parte da Polícia. A mesma fonte indicou que 31 pessoas foram assassinadas, 21 sofreram agressões nos olhos e dez foram vítimas de violência sexual, igualmente por parte da Polícia. No mesmo período, foram registados 814 casos de detenções arbitrárias e 77 de disparos com armas de fogo.

Para além disto, a Provedoria de Justiça emitiu um comunicado em que dá conta de 87 pessoas desaparecidas até ao momento.

«Estamos a fazer as coisas bem»

O general colombiano Eduardo Enrique Zapateiro instou um grupo de polícias a prosseguir a sua acção na cidade de Cáli, tendo-lhes dito que «estamos a fazer as coisas bem» e que estão a «salvar a democracia que alguns querem destruir», refere a TeleSur.

Estas declarações de Zapateiro foram proferidas depois de, na noite de segunda-feira, membros do Exército e do Esquadrão Móvel Antidistúrbios (Esmad) terem esntrado no Bairro de Siloé, em Cáli, onde atacaram à bala grupos de jovens que participavam na greve geral.

O Exército assumiu o controlo da cidade, no departamento de Valle del Cauca, e foi decretado o recolher obrigatório.

Concentrações esta terça-feira

Em Chinácota (departamento de Norte de Santander), foi convocada para ontem um protesto com velas «contra a brutalidade policial que matou tantos jovens nestes últimos dias», informa a TeleSur.

Por seu lado, o Colombia Informa revelou que o Esmad interveio de forma violenta em Bucaramanga (Santander), havendo a registar pelo menos dois feridos.

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Quatro dias seguidos de protestos e forte repressão na Colômbia

Iniciada a 28 de Abril, a greve geral contra a reforma tributária de Duque mantém-se há 4 dias nas ruas. A Rede Francisco Isaías Cifuentes dá conta de 8 mortos, vários desaparecidos e dezenas de detenções.

No Dia do Trabalhador, Cáli respondeu à repressão com uma manifestação massiva 
Créditos / @TobarteleSUR

Convocadas por sindicatos, partidos políticos e organizações sociais, muitos milhares de pessoas vieram para as ruas, no Dia Internacional dos Trabalhadores, para continuarem a dizer «não» à Lei de Solidariedade Sustentável (reforma tributária) avançada pelo governo de Iván Duque e repudiar a forte repressão policial dos últimos dias.

Ao descontentamento e à revolta popular com o projecto de lei juntou-se o «mal-estar» provocado pelo apelo do ex-presidente Álvaro Uribe (2002-2010), expresso na sexta-feira, para que o Exército interviesse contra os manifestantes.

Apesar de o Twitter ter apagado, algumas horas depois, o apelo de Uribe às armas, nas ruas e nas redes sociais o repúdio fez ouvir: «O povo não te quer, assassino criminoso» foi uma de várias expressões sintomáticas veiculadas contra o uribista.

Ontem, Bogotá foi um dos palcos das mobilizações em defesa dos direitos dos trabalhadores, contra a reforma de Duque e a repressão policial. «Aqui está o povo nas ruas organizado, a lutar por uma vida digna», afirmaram na capital.

Na sua conta de Twitter, o Congresso de los Pueblos informou que, neste «Primeiro de Maio, no Sul de Bogotá o povo continua nas ruas, apesar da ameaça das forças de segurança e do governo nacional».

A organização denunciou a repressão exercida pela Polícia em vários pontos do país sul-americano, nomeadamente na cidade de Pereira, no departamento de Risaralda. «Fazemos um apelo para que sejam dadas garantias à mobilização social. Protestar é um direito», referiu.

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Prossegue na Colômbia a paralisação nacional contra a reforma tributária

A Central Unitária dos Trabalhadores anunciou o prosseguimento da Paralisação Nacional iniciada esta quarta-feira contra a proposta de legislação que visa aumentar impostos para «financiar a crise».

Milhares de pessoas mobilizaram-se contra as medidas neoliberais de Duque e a violência na Colômbia 
Créditos / co.marca.com

«A greve desta quinta-feira insistirá na oposição à Reforma Tributária, prosseguirá dia 19 de Maio e continuará enquanto o governo persistir na proposta actual», disse Francisco Maltés, dirigente da Central Unitária dos Trabalhadores (CUT).

Além de «marchas massivas, vigorosas e pacíficas» nesse âmbito, também em defesa de apoios sociais e às pequenas e médias empresas, estão igualmente previstas mobilizações para o Primeiro de Maio.

Ontem, desde cedo, milhares de pessoas vieram para as ruas em diferentes cidades e em mais de 500 municípios do país sul-americano, em protesto contra a proposta do governo de Duque, que os manifestantes acusam de estar a passar aos trabalhadores a factura da crise sanitária e económica.

A jornada de protesto, convocada pelo Comité Nacional de Greve, visava igualmente denunciar a violência no país, sobretudo os massacres e os assassinatos de dirigentes sociais, de defensores da paz e dos direitos humanos, bem como de ex-combatentes das FARC-EP signatários do acordo de paz de 2016.

Bogotá, Medellín, Cáli, Barranquilla e Cartagena foram palco das maiores mobilizações, e ali foram reportados vários confrontos com as forças de segurança. De acordo com a Prensa Latina, o governo destacou mais de 47 mil agentes para as ruas.

Na crise sanitária, aprofundar o neoliberalismo

«A Colômbia está mergulhada numa crise económica muito profunda e propõe-se uma reforma tributária para acabar de empobrecer a classe média, encarecer os alimentos, quando 30% da população, segundo o Departamento Administrativo Nacional de Estatística, não está a fazer três refeições diárias», disse a vice-presidente da Federação Médica Colombiana, Carolina Corcho, citada pela Prensa Latina.

De acordo com os promotores da jornada de greve, milhões de pessoas mobilizaram-se em mais de 500 municípios / co.marca.com

Por seu lado, o presidente da CUT em Antioquia, Jaime Montoya, classificou a reforma como «a mais regressiva de todas», além de favorecer as grandes empresas e o capital financeiro.

A reforma tributária, designada como Lei de Solidariedade Sustentável, contempla o aumento dos impostos sobre produtos e serviços, a instalação de portagens urbanas, e altera o regime de isenções fiscais, o que agravaria a situação de assalariados, pensionistas e população com baixos rendimentos.

Denúncias de repressão

Em comunicado, o Comité Nacional de Greve, que integra várias organizações sindicais, movimentos sociais e partidos, sublinhou «a profunda rejeição da população pelas medidas neoliberais de Duque», apesar do «pico da pandemia, da estigmatização da greve promovida pelo governo e alguns órgãos de comunicação», informa a TeleSur.

O Comité denunciou as medidas de recolher obrigatório e a ausência de transportes públicos, adoptadas por algumas autoridades locais para impedir o protesto, bem como as acções de repressão perpetradas por agentes da Polícia e do Esquadrão Móvel Antidistúrbios (Esmad) em várias cidades, que se saldaram com um morto, dezenas de feridos e de detidos.

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Órgãos de comunicação locais e internautas deram conta de manifestações, este sábado, também em Barraquilla, Medellín, Bucamaranga, Cartagena e Cáli, com forte presença de forças policiais, militares e de agentes do Esquadrão Móvel Antidistúrbios (Esmad), registando-se vários episódios de repressão sobre os manifestantes.

Houve igualmente mobilizações na região do Catatumbo e na cidade de Popayán, no Cauca. Nesta última, refere a TeleSur, a manifestação do Primeiro de Maio – contra a reforma tributária e a repressão do governo de Duque – é a primeira em mais de 80 anos.

Em Cáli, no departamento de Valle del Cauca, a manifestação do Dia do Trabalhador foi massiva, como resposta à grande repressão exercida sobre os manifestantes nos dias anteriores.

De acordo com um relatório divulgado pela Rede de Direitos Humanos Francisco Isaías Cifuentes na sexta-feira à noite, pelo menos oito pessoas foram mortas em Cáli durante as mobilizações. Além disso, o organismo registou a detenção de pelo menos 84 pessoas, 28 feridos, três manifestantes desaparecidos, três casos de pessoas que perderam um olho e o de uma mulher que foi abusada sexualmente por um agente do Esmad.

Duque move-se

Ainda na sexta-feira, confrontado com a grande oposição nas ruas ao polémico projecto para reajustar as contas em tempos de «crise», Iván Duque anunciou que ordenou ao Ministério das Finanças proceder à sua reformulação.

Já ontem, ao final do dia, na sequência de nova jornada de intensas mobilizações no país, o presidente colombiano anunciou que irá destacar o Exército e outros componentes das Forças Armadas para controlar os protestos nas principais cidades.

Para tal, explica a TeleSur, irá recorrer à figura da «assistência militar», que, disse, está contemplada na Constituição e que manterá, em coordenação com autarcas e governadores, até que as manifestações acabem.

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Em Cúcuta, a greve prossegue, tendo os manifestantes realizado um minuto de silêncio pelas pessoas assassinadas pela Polícia nos protestos destes últimos dias na Colômbia.

O porta-voz nacional do Congreso de los Pueblos, Jimmy Moreno, disse, em alusão ao povo colombiano, que «a dignidade se expressa nas ruas e estradas contra este governo criminoso e corrupto de Iván Duque», cuja renúncia imediata exigiu.

De acordo com o movimento, «a greve geral pretende superar a crise sanitária, educativa, de habitação, emprego, alimentação, transporte, feminicídios» na Colômbia e rejeita «as práticas sociais genocidas contra o movimento social: assassinato, judicialização, ameaça e perseguição por parte do Estado colombiano há décadas».

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De acordo as denúncias de organizações sociais e os vídeos publicados nas redes sociais, o Esmad atacou com gás lacrimogéneo e bombas atordoantes centenas de jovens que se concentraram no lado de fora do estádio e se uniram aos protestos da greve geral, enquanto decorria o jogo, indica a TeleSur.

Sergio Marín, do partido Comunes, destacou como, enquanto a normalidade futebolística decorria lá dentro, cá fora o povo que se mobilizava pelos direitos levava tareia. «Pão e circo, ao melhor estilo das ditaduras do Cone Sul», denunciou na sua conta de Twitter.

No mais recente relatório, a ONG Temblores informou que, entre 28 de Abril e 10 de Maio, foram mortas pelo menos 40 pessoas na Colômbia, no âmbito da greve geral, e se registaram 1956 casos de violência policial.

A Temblores, que irá actualizar os seus dados hoje, revelou ainda que, no período referido, 1003 cidadãos foram detidos arbitrariamente, se registaram 12 casos de pessoas agredidas sexualmente pela Polícia e 28 de pessoas com lesões oculares.

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Na cidade de Bucaramanga, estudantes da Universidade Industrial pediram às autoridades que fosse criado um corredor humanitário para ser possível transferir os feridos. De acordo com os manifestantes, dois tanquetes da Polícia entraram na cidade universitária.

Na capital do país também foram registados vários ataques da Esmad contra civis que participavam na jornada de protesto. O mesmo sucedeu na cidade de Pasto e em Medellín, onde foram reportadas dezenas de feridos.

Duque teme ouvir o povo, acusa o Comunes

O partido Comunes afirmou esta quarta-feira em comunicado que o presidente colombiano tem medo de ouvir o povo que confronta o seu governo em gigantescas mobilizações pacíficas.

«Prefere obrigar-se a acreditar que aqueles que estão nas ruas são pessoas supostamente financiadas por governos "estrangeiros" e que a mobilização é um estratagema da oposição para o desestabilizar», afirmou no texto.

De acordo com a ONG Temblores, entre 28 de Abril e 18 de Maio, 51 pessoas foram mortas na Colômbia durante as jornadas de protesto da greve geral, sendo que 43 terão sido assassinadas por forças policiais.

A Temblores dá conta de pelo menos 2387 casos de violência policial (sem incluir os desaparecimentos), 33 casos de pessoas com lesões oculares e 18 casos de vítimas de violência sexual por parte da Polícia.

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As ONG afirmam que, desde o dia 2 de Maio, receberam denúncias de que o Centro Administrativo Municipal (CAM) de Cáli é alegadamente utilizado, de forma encoberta, como centro de operações por parte das forças de segurança.

O documento explica que alguns jovens que foram levados para as instalações do CAM terão sido posteriormente transportados para uma zona conhecida como Mulaló, a 30 minutos de Cáli. «Ali, num local previamente preparado estariam a ser descarregados corpos de jovens de bairros populares que participam nas mobilizações e que são dados como desaparecidos», refere o texto.

De acordo com o relatório, alguns dos jovens de Cáli desaparecidos foram executados nos municípios de Guacarí e Buga (a menos de 40 minutos da cidade). Desde 14 de Maio que são conhecidas denúncias sobre a eventual existência de valas comuns em zonas rurais dos municípios de Buga e Yumbo, para onde, aparentemente, estariam a ser levados os corpos de muitos jovens caleños [de Cáli]», apontam os organismos.

Acrescentam que alguns dos sobreviventes «foram encontrados com feridas de armas de fogo em centros de saúde e hoje estão aterrorizados e escondidos».

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Quatro dias seguidos de protestos e forte repressão na Colômbia

Iniciada a 28 de Abril, a greve geral contra a reforma tributária de Duque mantém-se há 4 dias nas ruas. A Rede Francisco Isaías Cifuentes dá conta de 8 mortos, vários desaparecidos e dezenas de detenções.

No Dia do Trabalhador, Cáli respondeu à repressão com uma manifestação massiva 
Créditos / @TobarteleSUR

Convocadas por sindicatos, partidos políticos e organizações sociais, muitos milhares de pessoas vieram para as ruas, no Dia Internacional dos Trabalhadores, para continuarem a dizer «não» à Lei de Solidariedade Sustentável (reforma tributária) avançada pelo governo de Iván Duque e repudiar a forte repressão policial dos últimos dias.

Ao descontentamento e à revolta popular com o projecto de lei juntou-se o «mal-estar» provocado pelo apelo do ex-presidente Álvaro Uribe (2002-2010), expresso na sexta-feira, para que o Exército interviesse contra os manifestantes.

Apesar de o Twitter ter apagado, algumas horas depois, o apelo de Uribe às armas, nas ruas e nas redes sociais o repúdio fez ouvir: «O povo não te quer, assassino criminoso» foi uma de várias expressões sintomáticas veiculadas contra o uribista.

Ontem, Bogotá foi um dos palcos das mobilizações em defesa dos direitos dos trabalhadores, contra a reforma de Duque e a repressão policial. «Aqui está o povo nas ruas organizado, a lutar por uma vida digna», afirmaram na capital.

Na sua conta de Twitter, o Congresso de los Pueblos informou que, neste «Primeiro de Maio, no Sul de Bogotá o povo continua nas ruas, apesar da ameaça das forças de segurança e do governo nacional».

A organização denunciou a repressão exercida pela Polícia em vários pontos do país sul-americano, nomeadamente na cidade de Pereira, no departamento de Risaralda. «Fazemos um apelo para que sejam dadas garantias à mobilização social. Protestar é um direito», referiu.

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Prossegue na Colômbia a paralisação nacional contra a reforma tributária

A Central Unitária dos Trabalhadores anunciou o prosseguimento da Paralisação Nacional iniciada esta quarta-feira contra a proposta de legislação que visa aumentar impostos para «financiar a crise».

Milhares de pessoas mobilizaram-se contra as medidas neoliberais de Duque e a violência na Colômbia 
Créditos / co.marca.com

«A greve desta quinta-feira insistirá na oposição à Reforma Tributária, prosseguirá dia 19 de Maio e continuará enquanto o governo persistir na proposta actual», disse Francisco Maltés, dirigente da Central Unitária dos Trabalhadores (CUT).

Além de «marchas massivas, vigorosas e pacíficas» nesse âmbito, também em defesa de apoios sociais e às pequenas e médias empresas, estão igualmente previstas mobilizações para o Primeiro de Maio.

Ontem, desde cedo, milhares de pessoas vieram para as ruas em diferentes cidades e em mais de 500 municípios do país sul-americano, em protesto contra a proposta do governo de Duque, que os manifestantes acusam de estar a passar aos trabalhadores a factura da crise sanitária e económica.

A jornada de protesto, convocada pelo Comité Nacional de Greve, visava igualmente denunciar a violência no país, sobretudo os massacres e os assassinatos de dirigentes sociais, de defensores da paz e dos direitos humanos, bem como de ex-combatentes das FARC-EP signatários do acordo de paz de 2016.

Bogotá, Medellín, Cáli, Barranquilla e Cartagena foram palco das maiores mobilizações, e ali foram reportados vários confrontos com as forças de segurança. De acordo com a Prensa Latina, o governo destacou mais de 47 mil agentes para as ruas.

Na crise sanitária, aprofundar o neoliberalismo

«A Colômbia está mergulhada numa crise económica muito profunda e propõe-se uma reforma tributária para acabar de empobrecer a classe média, encarecer os alimentos, quando 30% da população, segundo o Departamento Administrativo Nacional de Estatística, não está a fazer três refeições diárias», disse a vice-presidente da Federação Médica Colombiana, Carolina Corcho, citada pela Prensa Latina.

De acordo com os promotores da jornada de greve, milhões de pessoas mobilizaram-se em mais de 500 municípios / co.marca.com

Por seu lado, o presidente da CUT em Antioquia, Jaime Montoya, classificou a reforma como «a mais regressiva de todas», além de favorecer as grandes empresas e o capital financeiro.

A reforma tributária, designada como Lei de Solidariedade Sustentável, contempla o aumento dos impostos sobre produtos e serviços, a instalação de portagens urbanas, e altera o regime de isenções fiscais, o que agravaria a situação de assalariados, pensionistas e população com baixos rendimentos.

Denúncias de repressão

Em comunicado, o Comité Nacional de Greve, que integra várias organizações sindicais, movimentos sociais e partidos, sublinhou «a profunda rejeição da população pelas medidas neoliberais de Duque», apesar do «pico da pandemia, da estigmatização da greve promovida pelo governo e alguns órgãos de comunicação», informa a TeleSur.

O Comité denunciou as medidas de recolher obrigatório e a ausência de transportes públicos, adoptadas por algumas autoridades locais para impedir o protesto, bem como as acções de repressão perpetradas por agentes da Polícia e do Esquadrão Móvel Antidistúrbios (Esmad) em várias cidades, que se saldaram com um morto, dezenas de feridos e de detidos.

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Houve igualmente mobilizações na região do Catatumbo e na cidade de Popayán, no Cauca. Nesta última, refere a TeleSur, a manifestação do Primeiro de Maio – contra a reforma tributária e a repressão do governo de Duque – é a primeira em mais de 80 anos.

Em Cáli, no departamento de Valle del Cauca, a manifestação do Dia do Trabalhador foi massiva, como resposta à grande repressão exercida sobre os manifestantes nos dias anteriores.

De acordo com um relatório divulgado pela Rede de Direitos Humanos Francisco Isaías Cifuentes na sexta-feira à noite, pelo menos oito pessoas foram mortas em Cáli durante as mobilizações. Além disso, o organismo registou a detenção de pelo menos 84 pessoas, 28 feridos, três manifestantes desaparecidos, três casos de pessoas que perderam um olho e o de uma mulher que foi abusada sexualmente por um agente do Esmad.

Duque move-se

Ainda na sexta-feira, confrontado com a grande oposição nas ruas ao polémico projecto para reajustar as contas em tempos de «crise», Iván Duque anunciou que ordenou ao Ministério das Finanças proceder à sua reformulação.

Já ontem, ao final do dia, na sequência de nova jornada de intensas mobilizações no país, o presidente colombiano anunciou que irá destacar o Exército e outros componentes das Forças Armadas para controlar os protestos nas principais cidades.

Para tal, explica a TeleSur, irá recorrer à figura da «assistência militar», que, disse, está contemplada na Constituição e que manterá, em coordenação com autarcas e governadores, até que as manifestações acabem.

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O relatório revela ainda que terá sido instalada num bairro de Cáli uma casa de pique – local usado para desmembrar corpos –, algo que classifica como «versão mais delicada das operações dos grupos de civis armados protegidos por polícias».

No documento, em que pedem ao Estado colombiano garantias processuais para investigar estas denúncias, bem como o acompanhamento por parte de organizações humanitárias nacionais e internacionais, as três ONG afirmam que os cidadãos têm medo de denunciar os factos arrepiantes perpetrados tanto pela Polícia como por grupos de civis armados apoiados pelas forças de segurança, uma vez que, enquanto testemunhas, «a sua vida, integridade física e liberdade» estão em risco.

Onde estão os desaparecidos?

A exigência do conhecimento do paradeiro das cerca de 500 pessoas desaparecidas na Colômbia desde início da greve geral, a 28 de Abril, foi uma das que marcaram as mobilizações deste domingo, depois da forte repressão policial exercida sobre os manifestantes em vários pontos do país, sobretudo em Cáli, na noite de sábado e madrugada de domingo. Os números são avançados por ONG que reúnem informação acerca da violência policial e parapolicial sobre os manifestantes.

Eduin Mauricio Capaz, indígena do povo Nasa e defensor dos direitos humanos, afirmou na sua conta de Twitter que, entre 1999 e 2003, ir procurar corpos ao Rio Cauca era uma rotina cruel. «Hoje o país está na mesma situação: corpos a boiar, desaparecidos no meio da greve na Colômbia», denunciou.

O partido Comunes também se referiu às imagens de corpos a boiar no Rio Cauca nos últimos dias, indica a Prensa Latina, tendo ainda lembrado que no passado dia 5 de Maio foi encontrado o corpo de Brahian Rojas López, outro jovem dado como desaparecido no âmbito das manifestações da greve geral, em Risaralda.

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Nessa mesma noite, revela a TeleSur, um grupo de civis incendiou o edifício do Palácio da Justiça. Várias organizações afirmam que homens encapuzados, presumivelmente apoiados por agentes da Polícia e do Esmad, atearam o fogo, sendo que o objectivo era «estigmatizar» os manifestantes, que protestavam de forma pacífica.

Ontem, informa ainda a TeleSur, pelo menos 236 pessoas – incluindo mulheres e crianças – ficaram feridas no contexto da jornada de luta, em virtude da forte repressão exercida pelo Esmad e a Polícia Nacional.

Só em Usme, a sul de Bogotá, organismos humanitários registaram 185 feridos como resultado da acção policial, 18 dos quais com feridas de bala.

De acordo com o relatório mais recente da organização não governamental Temblores, entre 28 de Abril e 25 de Maio, registaram-se 3155 casos de violência policial, 955 casos de violência física e 43 casos de homicídio presumivelmente cometidos pelo Esmad (outros estão a ser avaliados).

A Temblores regista ainda 1388 casos de detenções arbitrárias, 46 casos de vítimas com lesões oculares e 22 de vítimas de violência sexual perpetrados pela Polícia.

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Tata Pedro Velasco, governador do território ancestral de Guambía e porta-voz do Movimento das Autoridades Indígenas do Sudoeste, denunciou que «há mais de 60 assassinados no contexto da greve, mais de 600 desparecidos, e não temos o número dos que foram feridos no país».

«Estamos contra o decreto de 28 de Maio, anunciado por Duque, com o qual pretende militarizar o país, especialmente oito departamentos do Sudoeste, onde se encontram os pontos de resistência», disse o líder indígena à Hekatombe.

Afirmou que «a vida é mais importante que a guerra numa democracia que está ferida, que tem o espírito paramilitar, o espírito do narcotráfico e militar».

«Dizemos "não" a este governo. Resistimos a este poder corrosivo, resistimos às judicializações, resistimos às balas, resistimos à militarização das nossas terras, dos nossos corpos e das nossas vozes», frisou.

Ampla militarização e repressão a fundo

Na passada sexta-feira, quando se assinalava um mês desde o início dos protestos contra as políticas do governo de Duque, o presidente colombiano alargou o regime de «assistência militar», que já vigorava em Cáli, terceira maior cidade do país, a 13 cidades e oito departamentos colombianos.

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Governo colombiano deu ordens para militarizar Cáli

A cidade de Cáli, que tem sido um dos pontos mais activos da greve geral, encontra-se cercada por militares e polícias, após uma decisão de Duque para acabar com os protestos contra o governo.

O governo colombiano tem respondido com grande repressão aos protestos que se mantêm há 13 dias contra as políticas neoliberais de Duque e a violência estrutural no país 
Créditos / @CasAmericas

Iván Duque, o presidente da Colômbia, deu ontem ordens aos ministros do Interior e da Defesa, Daniel Palacios e Diego Molano, respectivamente, para militarizar a capital do departamento de Valle del Cauca e «garantir» a manutenção da ordem por parte das forças de segurança.

Instou à aplicação da lei seca, ao levantamento dos bloqueios nas ruas e ao regresso às suas zonas dos membros do Conselho Regional Indígena do Cauca (CRIC), qe ontem se tinham dirigido a Cáli em protesto e foram atacados a tiro.

Horas depois, o ministro da Defesa confirmou o destacamento de 10 mil polícias e 2100 soldados para Cáli, de modo a «garantir a segurança», refere a TeleSur, tendo sublinhado que «não pode haver violência» e que os bloqueios «são um crime».

À meia-noite (hora local), o departamento de Valle del Cauca ficou fechado ao exterior e a mobilidade foi restringida, medidas que, segundo a Prensa Latina, devem permanecer em vigor até ao próximo sábado. O Exército anunciou que soldados da Terceira Brigada estão a realizar controlos em várias zonas de Cáli, Jamundí e Yumbo, «procurando garantir o bem-estar dos cidadãos».

Comunidades indígenas atacadas a tiro

A ordem foi decretada depois da violência ocorrida ontem na cidade, quando «civis», apoiados pela Polícia, dispararam sobre indígenas reunidos no contexto da greve geral, segundo denúncias por estes veiculadas e vídeos que foram postos a circular nas redes sociais.

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Colômbia: noite de forte repressão provoca vários mortos e feridos

Organizações de direitos humanos referiram que a Polícia disparou contra os manifestantes a partir de viaturas com vidros escurecidos. O MP anunciou que vai incriminar vários agentes por homicídio.

Créditos / sputniknews.com

Na noite de quarta-feira, voltou a registar-se intensa repressão por parte das forças de segurança na Colômbia, e pelo menos dois jovens foram mortos na localidade de Pereira (departamento de Risaralda).

Vídeos que circulam nas redes sociais mostram polícias a disparar junto a um viaduto contra uma concentração de jovens que se manifestavam contra o governo de Iván Duque.

Estes vídeos seguem-se a outros, referentes à noite anterior, em que se vê a Polícia e os militares a dispararem fogo pesado e também a partir de helicópteros contra manifestantes, no âmbito dos protestos relacionados com a greve geral iniciada no passado dia 28 de Abril.

Além dos jovens mortos, que se soube serem Lucas Villa e Miguel Ciro, estudantes de Desporto na Universidade Tecnológica de Pereira, registaram-se vários feridos, na sequência das cargas e disparos policiais. Organizações de direitos humanos indicaram que a Polícia disparou contra os manifestantes a partir de viaturas com vidros escurecidos.

Neste contexto, o Ministério Público (MP) colombiano anunciou, esta quarta-feira, que irá incriminar diversos agentes pelos homicídios de três civis durante as manifestações. De acordo com o MP, o saldo é de 11 vítimas mortais até ao momento, bastante inferior ao registado por diversas ONG, como a Temblores ou a Grita, que afirmam terem ocorrido 37 mortes de manifestantes às mãos da Polícia entre 28 de Abril e 5 de Maio, refere a TeleSur.

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Concentrações lembraram dezenas de mortos pela Polícia na Colômbia

Desde o dia 28 de Abril até esta terça-feira, a organização Grita registou 31 casos de pessoas mortas pela Polícia em vários pontos da Colômbia. Entretanto, novas reivindicações surgem na greve geral.

Créditos / jornaltornado.pt

Ontem à noite, realizaram-se concentrações em diversas cidades, com velas para evocar os «assassinados em território nacional» durante as jornadas de protesto, que inicialmente visavam a Lei de Solidariedade Sustentável (reforma tributária) proposta pelo governo de Iván Duque, mas depois alastraram para outras reivindicações.

Na sua conta de Twitter, o movimento Congreso de los Pueblos, deu conta do ajuntamento na capital, Bogotá, para denunciar a brutalidade policial no país, que, segundo dados divulgados por diversos organismos, ultrapassa os 1443 casos de violência ao longo da greve geral.

A plataforma Grita revelou que, entre as 6h (hora local) de 28 de Abril e as 8h de 4 de Maio, há registo de 216 vítimas de física por parte da Polícia. A mesma fonte indicou que 31 pessoas foram assassinadas, 21 sofreram agressões nos olhos e dez foram vítimas de violência sexual, igualmente por parte da Polícia. No mesmo período, foram registados 814 casos de detenções arbitrárias e 77 de disparos com armas de fogo.

Para além disto, a Provedoria de Justiça emitiu um comunicado em que dá conta de 87 pessoas desaparecidas até ao momento.

«Estamos a fazer as coisas bem»

O general colombiano Eduardo Enrique Zapateiro instou um grupo de polícias a prosseguir a sua acção na cidade de Cáli, tendo-lhes dito que «estamos a fazer as coisas bem» e que estão a «salvar a democracia que alguns querem destruir», refere a TeleSur.

Estas declarações de Zapateiro foram proferidas depois de, na noite de segunda-feira, membros do Exército e do Esquadrão Móvel Antidistúrbios (Esmad) terem esntrado no Bairro de Siloé, em Cáli, onde atacaram à bala grupos de jovens que participavam na greve geral.

O Exército assumiu o controlo da cidade, no departamento de Valle del Cauca, e foi decretado o recolher obrigatório.

Concentrações esta terça-feira

Em Chinácota (departamento de Norte de Santander), foi convocada para ontem um protesto com velas «contra a brutalidade policial que matou tantos jovens nestes últimos dias», informa a TeleSur.

Por seu lado, o Colombia Informa revelou que o Esmad interveio de forma violenta em Bucaramanga (Santander), havendo a registar pelo menos dois feridos.

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Quatro dias seguidos de protestos e forte repressão na Colômbia

Iniciada a 28 de Abril, a greve geral contra a reforma tributária de Duque mantém-se há 4 dias nas ruas. A Rede Francisco Isaías Cifuentes dá conta de 8 mortos, vários desaparecidos e dezenas de detenções.

No Dia do Trabalhador, Cáli respondeu à repressão com uma manifestação massiva 
Créditos / @TobarteleSUR

Convocadas por sindicatos, partidos políticos e organizações sociais, muitos milhares de pessoas vieram para as ruas, no Dia Internacional dos Trabalhadores, para continuarem a dizer «não» à Lei de Solidariedade Sustentável (reforma tributária) avançada pelo governo de Iván Duque e repudiar a forte repressão policial dos últimos dias.

Ao descontentamento e à revolta popular com o projecto de lei juntou-se o «mal-estar» provocado pelo apelo do ex-presidente Álvaro Uribe (2002-2010), expresso na sexta-feira, para que o Exército interviesse contra os manifestantes.

Apesar de o Twitter ter apagado, algumas horas depois, o apelo de Uribe às armas, nas ruas e nas redes sociais o repúdio fez ouvir: «O povo não te quer, assassino criminoso» foi uma de várias expressões sintomáticas veiculadas contra o uribista.

Ontem, Bogotá foi um dos palcos das mobilizações em defesa dos direitos dos trabalhadores, contra a reforma de Duque e a repressão policial. «Aqui está o povo nas ruas organizado, a lutar por uma vida digna», afirmaram na capital.

Na sua conta de Twitter, o Congresso de los Pueblos informou que, neste «Primeiro de Maio, no Sul de Bogotá o povo continua nas ruas, apesar da ameaça das forças de segurança e do governo nacional».

A organização denunciou a repressão exercida pela Polícia em vários pontos do país sul-americano, nomeadamente na cidade de Pereira, no departamento de Risaralda. «Fazemos um apelo para que sejam dadas garantias à mobilização social. Protestar é um direito», referiu.

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Prossegue na Colômbia a paralisação nacional contra a reforma tributária

A Central Unitária dos Trabalhadores anunciou o prosseguimento da Paralisação Nacional iniciada esta quarta-feira contra a proposta de legislação que visa aumentar impostos para «financiar a crise».

Milhares de pessoas mobilizaram-se contra as medidas neoliberais de Duque e a violência na Colômbia 
Créditos / co.marca.com

«A greve desta quinta-feira insistirá na oposição à Reforma Tributária, prosseguirá dia 19 de Maio e continuará enquanto o governo persistir na proposta actual», disse Francisco Maltés, dirigente da Central Unitária dos Trabalhadores (CUT).

Além de «marchas massivas, vigorosas e pacíficas» nesse âmbito, também em defesa de apoios sociais e às pequenas e médias empresas, estão igualmente previstas mobilizações para o Primeiro de Maio.

Ontem, desde cedo, milhares de pessoas vieram para as ruas em diferentes cidades e em mais de 500 municípios do país sul-americano, em protesto contra a proposta do governo de Duque, que os manifestantes acusam de estar a passar aos trabalhadores a factura da crise sanitária e económica.

A jornada de protesto, convocada pelo Comité Nacional de Greve, visava igualmente denunciar a violência no país, sobretudo os massacres e os assassinatos de dirigentes sociais, de defensores da paz e dos direitos humanos, bem como de ex-combatentes das FARC-EP signatários do acordo de paz de 2016.

Bogotá, Medellín, Cáli, Barranquilla e Cartagena foram palco das maiores mobilizações, e ali foram reportados vários confrontos com as forças de segurança. De acordo com a Prensa Latina, o governo destacou mais de 47 mil agentes para as ruas.

Na crise sanitária, aprofundar o neoliberalismo

«A Colômbia está mergulhada numa crise económica muito profunda e propõe-se uma reforma tributária para acabar de empobrecer a classe média, encarecer os alimentos, quando 30% da população, segundo o Departamento Administrativo Nacional de Estatística, não está a fazer três refeições diárias», disse a vice-presidente da Federação Médica Colombiana, Carolina Corcho, citada pela Prensa Latina.

De acordo com os promotores da jornada de greve, milhões de pessoas mobilizaram-se em mais de 500 municípios / co.marca.com

Por seu lado, o presidente da CUT em Antioquia, Jaime Montoya, classificou a reforma como «a mais regressiva de todas», além de favorecer as grandes empresas e o capital financeiro.

A reforma tributária, designada como Lei de Solidariedade Sustentável, contempla o aumento dos impostos sobre produtos e serviços, a instalação de portagens urbanas, e altera o regime de isenções fiscais, o que agravaria a situação de assalariados, pensionistas e população com baixos rendimentos.

Denúncias de repressão

Em comunicado, o Comité Nacional de Greve, que integra várias organizações sindicais, movimentos sociais e partidos, sublinhou «a profunda rejeição da população pelas medidas neoliberais de Duque», apesar do «pico da pandemia, da estigmatização da greve promovida pelo governo e alguns órgãos de comunicação», informa a TeleSur.

O Comité denunciou as medidas de recolher obrigatório e a ausência de transportes públicos, adoptadas por algumas autoridades locais para impedir o protesto, bem como as acções de repressão perpetradas por agentes da Polícia e do Esquadrão Móvel Antidistúrbios (Esmad) em várias cidades, que se saldaram com um morto, dezenas de feridos e de detidos.

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Órgãos de comunicação locais e internautas deram conta de manifestações, este sábado, também em Barraquilla, Medellín, Bucamaranga, Cartagena e Cáli, com forte presença de forças policiais, militares e de agentes do Esquadrão Móvel Antidistúrbios (Esmad), registando-se vários episódios de repressão sobre os manifestantes.

Houve igualmente mobilizações na região do Catatumbo e na cidade de Popayán, no Cauca. Nesta última, refere a TeleSur, a manifestação do Primeiro de Maio – contra a reforma tributária e a repressão do governo de Duque – é a primeira em mais de 80 anos.

Em Cáli, no departamento de Valle del Cauca, a manifestação do Dia do Trabalhador foi massiva, como resposta à grande repressão exercida sobre os manifestantes nos dias anteriores.

De acordo com um relatório divulgado pela Rede de Direitos Humanos Francisco Isaías Cifuentes na sexta-feira à noite, pelo menos oito pessoas foram mortas em Cáli durante as mobilizações. Além disso, o organismo registou a detenção de pelo menos 84 pessoas, 28 feridos, três manifestantes desaparecidos, três casos de pessoas que perderam um olho e o de uma mulher que foi abusada sexualmente por um agente do Esmad.

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Em Cúcuta, a greve prossegue, tendo os manifestantes realizado um minuto de silêncio pelas pessoas assassinadas pela Polícia nos protestos destes últimos dias na Colômbia.

O porta-voz nacional do Congreso de los Pueblos, Jimmy Moreno, disse, em alusão ao povo colombiano, que «a dignidade se expressa nas ruas e estradas contra este governo criminoso e corrupto de Iván Duque», cuja renúncia imediata exigiu.

De acordo com o movimento, «a greve geral pretende superar a crise sanitária, educativa, de habitação, emprego, alimentação, transporte, feminicídios» na Colômbia e rejeita «as práticas sociais genocidas contra o movimento social: assassinato, judicialização, ameaça e perseguição por parte do Estado colombiano há décadas».

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As manifestações começaram há uma semana tendo como principal objectivo a retirada da reforma tributária proposta pelo governo de Duque e agora continuam nas ruas com um espectro de reivindicações muito mais amplo, em que se inclui a rejeição da violência estrututal e da brutalidade policial no país.

De acordo com o balanço divulgado pela Plataforma Grita, relativo à repressão exercida sobre os manifestantes pelos agentes do Esquadrão Móvel Antidistúrbios (Esmad) e elementos do Exército colombiano, no período referido registaram-se 1708 casos de violência, com os mais recentes a ocorrerem em cidades como Pereira, Cáli, Medellín, Barranquilla, Buga, Palmira e Bogotá.

O balanço da repressão policial e militar aponta ainda para 222 casos de vítimas de violência física, 37 homicídios, 831 detenções arbitrárias, 312 intervenções violentas, 22 pessoas com lesões oculares, 110 vítimas de balas disparadas por polícias e dez casos de violência sexual.

ALBA-TCP condena a violência na Colômbia

Os países que integram a Aliança Bolivariana para os Povos da Nossa América – Tratado de Comércio dos Povos (ALBA-TCP) emitiram ontem um comunicado em manifestam a sua preocupação com as vítimas da violência física, das detenções arbitrárias, de desaparecimento, de abuso sexual durante a repressão dos protestos sociais.

O bloco repudiou o uso excessivo da força por parte dos agentes de segurança na Colômbia, tendo feito um apelo às autoridades para velarem pelo dever de proteger os direitos humanos, o direito à vida e à segurança pessoal, refere a agência Prensa Latina.

No texto, a ALBA-TCP destaca que a violência, por parte das forças do Estado, não resolve as causas estruturais das situações de injustiça social, e fez votos pela paz do povo da Colômbia e para que prevaleça o diálogo e a sensatez.

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Não é a primeira vez que alegados civis, denunciados por algumas fontes como paramilitares, disparam sobre manifestantes na greve geral. A Polícia responsabilizou as comunidades ancestrais pelo facto, mas Feliciano Valencia, senador do Movimento Alternativo Social e Indígena, desmentiu essas acusações, tendo afirmado que os indígenas estavam desarmados e foram atacados.

Em comunicado, o CRIC denunciou o ataque «por homens vestidos à civil», que deixou oito indígenas feridos à entrada de Cáli, no 12.º dia da greve geral na Colômbia. Fez ainda um apelo ao governo de Iván Duque para que acabe com a militarização das forças policiais e com a criminalização do protesto no país, indica a TeleSur.

A mesma fonte informa que, nas redes sociais, surgiram denúncias de que o Esquadrão Móvel Antidistúrbios (Esmad) «atacou e sequestrou jovens» em Cáli, tendo levado oito do Bairro Meléndez, já depois do anúncio de Duque de que iria aumentar a presença policial e militar na cidade.

O fim da militarização das ruas e o fim da repressão sobre os manifestantes são duas reivindicações que o povo colombiano assumiu nestes dias de protestos intensos, que começaram a 28 de Abril, contra a reforma tributária e as políticas neoliberais implementadas pelo governo de Duque, e depois alastraram para a defesa de uma mudança do sistema político e dos direitos fundamentais, em que se incluem saúde, habitação e trabalho.

Mobilização solidária com o povo colombiano este sábado no Porto / Carlos Menezes

Mão pesada de Duque e solidariedade internacional

O governo respondeu aos manifestantes com mão pesada e, ao cabo de 12 dias de mobilizações, a ONG Temblores registava 47 mortos no contexto da greve geral, 963 detenções arbitrárias, 12 casos de violência sexual, 548 desaparecidos, 28 pessoas com feridas oculares.

Perante este cenário, várias cidades espalhadas pelo mundo acolheram, este sábado, mobilizações solidárias com o povo colombiano, de apoio ao movimento social e sindical do país sul-americano e para denunciar a repressão e a violência exercidas sobre os manifestantes.

Foi o caso de cidades em França, em Espanha, nos Estados Unidos, na Bélgica, na Suíça, na Austrália, na Argentina, no México e em Portugal, entre outros países. Em Portugal, a mobilização ocorreu este sábado na cidade do Porto e reuniu cerca de 70 pessoas, que denunciaram a repressão e «o governo reaccionário de Iván Duque».

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Na noite de sexta-feira e madrugada de sábado, registaram-se alguns dos episódios mais violentos e repressivos desde o começo dos protestos. Só em Cáli, capital do departamento de Valle del Cauca, foram mortas 13 pessoas, segundo dados divulgados pelo presidente da Câmara. Como ocorreu noutras ocasiões, foram vistos «civis» ao lado da Polícia a disparar sobre os manifestantes.

Ontem à noite, agentes do Esquadrão Móvel Anti-Distúrbios (Esmad) e da Polícia Nacional voltaram a atacar manifestantes em Bogotá, onde se registaram pelo menos 11 feridos, segundo a TeleSur, que também dá conta de disparos e acções de repressão em Cáli e Popayán.

Governo desfaz pré-acordo de negociação

Confrontado com a recusa do governo em assinar o pré-acordo alcançado a 24 de Maio, com vista garantir o direito ao protesto, o Comité da Greve apresentou uma nova proposta, em que a questão central é desmilitarização das mobilizações e o respeito pelos direitos humanos.

Ontem, o Comité denunciou que o governo de Duque continua sem negociar com sectores sociais que reúnem uma parte das reivindicações plasmadas nas ruas.

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«A Colômbia está a viver uma autêntica revolta»

A greve geral que se mantém há 20 dias na Colômbia é «um verdadeiro levantamento, como não se via há décadas, nem em abrangência nem em duração», disse Sergio Marín, membro da Câmara dos Representantes.

No sábado, milhares de pessoas voltaram a protestar contra o governo de Iván Duque e a treptressão 
Créditos / Prensa Latina

No sábado passado, centenas de milhares de colombianos vieram novamente para as ruas exigir mudanças e deixar clara a oposição ao governo de Iván Duque.

Numa entrevista via Internet à jornalista Odalys Troya Flores, da agência Prensa Latina, Sergio Marín, do partido Comunes, explicou que o principal motivo da greve iniciada a 28 de Abril – convocada pelo movimento sindical, social, étnico, estudantil e juvenil – foi o anúncio do projecto de reforma tributária por parte de Iván Duque e do seu ex-ministro das Finanças, Alberto Carrasquilla.

O deputado disse que a polémica proposta basicamente aumentava o IVA sobre todos os bens essenciais e serviços mais necessários à vida de todos os colombianos.

Aumentava igualmente a base tributária a partir da qual o imposto sobre os rendimentos começava a ser pago no país, que, precisou, actualmente ronda os mil dólares por mês. «Era algo que punia as classes médias, os profissionais, os trabalhadores independentes, a grande maioria da força de trabalho no país sul-americano», disse.

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Quatro dias seguidos de protestos e forte repressão na Colômbia

Iniciada a 28 de Abril, a greve geral contra a reforma tributária de Duque mantém-se há 4 dias nas ruas. A Rede Francisco Isaías Cifuentes dá conta de 8 mortos, vários desaparecidos e dezenas de detenções.

No Dia do Trabalhador, Cáli respondeu à repressão com uma manifestação massiva 
Créditos / @TobarteleSUR

Convocadas por sindicatos, partidos políticos e organizações sociais, muitos milhares de pessoas vieram para as ruas, no Dia Internacional dos Trabalhadores, para continuarem a dizer «não» à Lei de Solidariedade Sustentável (reforma tributária) avançada pelo governo de Iván Duque e repudiar a forte repressão policial dos últimos dias.

Ao descontentamento e à revolta popular com o projecto de lei juntou-se o «mal-estar» provocado pelo apelo do ex-presidente Álvaro Uribe (2002-2010), expresso na sexta-feira, para que o Exército interviesse contra os manifestantes.

Apesar de o Twitter ter apagado, algumas horas depois, o apelo de Uribe às armas, nas ruas e nas redes sociais o repúdio fez ouvir: «O povo não te quer, assassino criminoso» foi uma de várias expressões sintomáticas veiculadas contra o uribista.

Ontem, Bogotá foi um dos palcos das mobilizações em defesa dos direitos dos trabalhadores, contra a reforma de Duque e a repressão policial. «Aqui está o povo nas ruas organizado, a lutar por uma vida digna», afirmaram na capital.

Na sua conta de Twitter, o Congresso de los Pueblos informou que, neste «Primeiro de Maio, no Sul de Bogotá o povo continua nas ruas, apesar da ameaça das forças de segurança e do governo nacional».

A organização denunciou a repressão exercida pela Polícia em vários pontos do país sul-americano, nomeadamente na cidade de Pereira, no departamento de Risaralda. «Fazemos um apelo para que sejam dadas garantias à mobilização social. Protestar é um direito», referiu.

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Prossegue na Colômbia a paralisação nacional contra a reforma tributária

A Central Unitária dos Trabalhadores anunciou o prosseguimento da Paralisação Nacional iniciada esta quarta-feira contra a proposta de legislação que visa aumentar impostos para «financiar a crise».

Milhares de pessoas mobilizaram-se contra as medidas neoliberais de Duque e a violência na Colômbia 
Créditos / co.marca.com

«A greve desta quinta-feira insistirá na oposição à Reforma Tributária, prosseguirá dia 19 de Maio e continuará enquanto o governo persistir na proposta actual», disse Francisco Maltés, dirigente da Central Unitária dos Trabalhadores (CUT).

Além de «marchas massivas, vigorosas e pacíficas» nesse âmbito, também em defesa de apoios sociais e às pequenas e médias empresas, estão igualmente previstas mobilizações para o Primeiro de Maio.

Ontem, desde cedo, milhares de pessoas vieram para as ruas em diferentes cidades e em mais de 500 municípios do país sul-americano, em protesto contra a proposta do governo de Duque, que os manifestantes acusam de estar a passar aos trabalhadores a factura da crise sanitária e económica.

A jornada de protesto, convocada pelo Comité Nacional de Greve, visava igualmente denunciar a violência no país, sobretudo os massacres e os assassinatos de dirigentes sociais, de defensores da paz e dos direitos humanos, bem como de ex-combatentes das FARC-EP signatários do acordo de paz de 2016.

Bogotá, Medellín, Cáli, Barranquilla e Cartagena foram palco das maiores mobilizações, e ali foram reportados vários confrontos com as forças de segurança. De acordo com a Prensa Latina, o governo destacou mais de 47 mil agentes para as ruas.

Na crise sanitária, aprofundar o neoliberalismo

«A Colômbia está mergulhada numa crise económica muito profunda e propõe-se uma reforma tributária para acabar de empobrecer a classe média, encarecer os alimentos, quando 30% da população, segundo o Departamento Administrativo Nacional de Estatística, não está a fazer três refeições diárias», disse a vice-presidente da Federação Médica Colombiana, Carolina Corcho, citada pela Prensa Latina.

De acordo com os promotores da jornada de greve, milhões de pessoas mobilizaram-se em mais de 500 municípios / co.marca.com

Por seu lado, o presidente da CUT em Antioquia, Jaime Montoya, classificou a reforma como «a mais regressiva de todas», além de favorecer as grandes empresas e o capital financeiro.

A reforma tributária, designada como Lei de Solidariedade Sustentável, contempla o aumento dos impostos sobre produtos e serviços, a instalação de portagens urbanas, e altera o regime de isenções fiscais, o que agravaria a situação de assalariados, pensionistas e população com baixos rendimentos.

Denúncias de repressão

Em comunicado, o Comité Nacional de Greve, que integra várias organizações sindicais, movimentos sociais e partidos, sublinhou «a profunda rejeição da população pelas medidas neoliberais de Duque», apesar do «pico da pandemia, da estigmatização da greve promovida pelo governo e alguns órgãos de comunicação», informa a TeleSur.

O Comité denunciou as medidas de recolher obrigatório e a ausência de transportes públicos, adoptadas por algumas autoridades locais para impedir o protesto, bem como as acções de repressão perpetradas por agentes da Polícia e do Esquadrão Móvel Antidistúrbios (Esmad) em várias cidades, que se saldaram com um morto, dezenas de feridos e de detidos.

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Órgãos de comunicação locais e internautas deram conta de manifestações, este sábado, também em Barraquilla, Medellín, Bucamaranga, Cartagena e Cáli, com forte presença de forças policiais, militares e de agentes do Esquadrão Móvel Antidistúrbios (Esmad), registando-se vários episódios de repressão sobre os manifestantes.

Houve igualmente mobilizações na região do Catatumbo e na cidade de Popayán, no Cauca. Nesta última, refere a TeleSur, a manifestação do Primeiro de Maio – contra a reforma tributária e a repressão do governo de Duque – é a primeira em mais de 80 anos.

Em Cáli, no departamento de Valle del Cauca, a manifestação do Dia do Trabalhador foi massiva, como resposta à grande repressão exercida sobre os manifestantes nos dias anteriores.

De acordo com um relatório divulgado pela Rede de Direitos Humanos Francisco Isaías Cifuentes na sexta-feira à noite, pelo menos oito pessoas foram mortas em Cáli durante as mobilizações. Além disso, o organismo registou a detenção de pelo menos 84 pessoas, 28 feridos, três manifestantes desaparecidos, três casos de pessoas que perderam um olho e o de uma mulher que foi abusada sexualmente por um agente do Esmad.

Duque move-se

Ainda na sexta-feira, confrontado com a grande oposição nas ruas ao polémico projecto para reajustar as contas em tempos de «crise», Iván Duque anunciou que ordenou ao Ministério das Finanças proceder à sua reformulação.

Já ontem, ao final do dia, na sequência de nova jornada de intensas mobilizações no país, o presidente colombiano anunciou que irá destacar o Exército e outros componentes das Forças Armadas para controlar os protestos nas principais cidades.

Para tal, explica a TeleSur, irá recorrer à figura da «assistência militar», que, disse, está contemplada na Constituição e que manterá, em coordenação com autarcas e governadores, até que as manifestações acabem.

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Em seu entender, tratava-se de uma reforma tributária destinada a castigar os mais pobres e as classes médias, mantendo e inclusive aumentando as isenções tributárias ao grande capital nacional e transnacional.

«A proposta não contemplava medidas decisivas para combater a evasão fiscal, que na Colômbia é um problema gravíssimo, porque o grande capital não só conta com grandes isenções, mas também não paga os impostos que deve», destacou.

Também não era um projecto que contemplasse qualquer tipo de combate à corrupção, que no país é uma verdadeira pandemia que consome uma parte substancial do Orçamento nacional, disse à Prensa Latina.

«Estima-se que entre 10% e 15% desse Orçamento seja consumido pelos corruptos», denunciou Marín.

«Toda esta situação gerou um apelo à mobilização a que aspirávamos, que fosse importante e tivesse uma ampla repercussão, mas a verdade é que o movimento social e popular ultrapassou todas as expectativas», afirmou.

Greve geral

«A greve mostrou o sentimento reprimido nos últimos dois ou três anos pelas inúmeras reformas tributárias que já tinham atingido os bolsos dos colombianos», afirmou, acrescentando que, «devido à absoluta ineficiência e às propostas do governo para enfrentar a crise associada à pandemia Covid-19, se agravou a situação económica do país».

Em seu entender, todos estos elementos se conjugaram para gerar «um verdadeiro levantamento, como não se via há décadas na Colômbia, nem em abrangência nem em duração», afirmou, sublinhando que o protesto se mantém há mais de duas semanas, quando o habitual era as greves ficarem restritas a certos sectores e territórios, e durarem apenas alguns dias.

«Em geral, os governos conseguiam manobrar [as greves] combinando a forte repressão com promessas que de facto não cumpriam, desactivando esses movimentos de luta social», disse.

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Ao 15.º dia de greve, enormes manifestações contra o governo de Duque

Centenas de milhares participaram esta quarta-feira nas mobilizações convocadas pelo Comité Nacional da Greve para denunciar o aprofundamento dos problemas estruturais da Colômbia no mandato de Duque.

As mobilizações contra as políticas neoliberais de Iván Duque fizeram-se sentir em muitas cidades do país sul-americano 
Créditos / Prensa Latina

A greve geral da Colômbia, iniciada no passado dia 28 de Abril, tem sido marcada pela forte repressão de uma Polícia «feita para a guerra», como afirma na sua conta de Twitter a organização não governamental (ONG) Temblores, mas ontem decorreu quase tudo de forma tranquila – pelo menos até certo ponto.

A representante na Colômbia da Alta Comissária dos Direitos Humanos da ONU, Juliette de Rivero, percorreu várias cidades do país, tendo afirmado que as marchas foram pacíficas, informa a Prensa Latina.

Além dos sectores que têm estado mais mobilizados nas últimas duas semanas, aderiram aos protestos habitantes que apoiam a luta em várias cidades, como aconteceu em Barranquilla, Bogotá, Catatumbo, Cartagena, Ibagué, Medellín, Pereira, Popayán e até em Cáli, apesar de se encontrar militarizada, manifestando a sua oposição às políticas neoliberais do actual governo.

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Colômbia: noite de forte repressão provoca vários mortos e feridos

Organizações de direitos humanos referiram que a Polícia disparou contra os manifestantes a partir de viaturas com vidros escurecidos. O MP anunciou que vai incriminar vários agentes por homicídio.

Créditos / sputniknews.com

Na noite de quarta-feira, voltou a registar-se intensa repressão por parte das forças de segurança na Colômbia, e pelo menos dois jovens foram mortos na localidade de Pereira (departamento de Risaralda).

Vídeos que circulam nas redes sociais mostram polícias a disparar junto a um viaduto contra uma concentração de jovens que se manifestavam contra o governo de Iván Duque.

Estes vídeos seguem-se a outros, referentes à noite anterior, em que se vê a Polícia e os militares a dispararem fogo pesado e também a partir de helicópteros contra manifestantes, no âmbito dos protestos relacionados com a greve geral iniciada no passado dia 28 de Abril.

Além dos jovens mortos, que se soube serem Lucas Villa e Miguel Ciro, estudantes de Desporto na Universidade Tecnológica de Pereira, registaram-se vários feridos, na sequência das cargas e disparos policiais. Organizações de direitos humanos indicaram que a Polícia disparou contra os manifestantes a partir de viaturas com vidros escurecidos.

Neste contexto, o Ministério Público (MP) colombiano anunciou, esta quarta-feira, que irá incriminar diversos agentes pelos homicídios de três civis durante as manifestações. De acordo com o MP, o saldo é de 11 vítimas mortais até ao momento, bastante inferior ao registado por diversas ONG, como a Temblores ou a Grita, que afirmam terem ocorrido 37 mortes de manifestantes às mãos da Polícia entre 28 de Abril e 5 de Maio, refere a TeleSur.

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Concentrações lembraram dezenas de mortos pela Polícia na Colômbia

Desde o dia 28 de Abril até esta terça-feira, a organização Grita registou 31 casos de pessoas mortas pela Polícia em vários pontos da Colômbia. Entretanto, novas reivindicações surgem na greve geral.

Créditos / jornaltornado.pt

Ontem à noite, realizaram-se concentrações em diversas cidades, com velas para evocar os «assassinados em território nacional» durante as jornadas de protesto, que inicialmente visavam a Lei de Solidariedade Sustentável (reforma tributária) proposta pelo governo de Iván Duque, mas depois alastraram para outras reivindicações.

Na sua conta de Twitter, o movimento Congreso de los Pueblos, deu conta do ajuntamento na capital, Bogotá, para denunciar a brutalidade policial no país, que, segundo dados divulgados por diversos organismos, ultrapassa os 1443 casos de violência ao longo da greve geral.

A plataforma Grita revelou que, entre as 6h (hora local) de 28 de Abril e as 8h de 4 de Maio, há registo de 216 vítimas de física por parte da Polícia. A mesma fonte indicou que 31 pessoas foram assassinadas, 21 sofreram agressões nos olhos e dez foram vítimas de violência sexual, igualmente por parte da Polícia. No mesmo período, foram registados 814 casos de detenções arbitrárias e 77 de disparos com armas de fogo.

Para além disto, a Provedoria de Justiça emitiu um comunicado em que dá conta de 87 pessoas desaparecidas até ao momento.

«Estamos a fazer as coisas bem»

O general colombiano Eduardo Enrique Zapateiro instou um grupo de polícias a prosseguir a sua acção na cidade de Cáli, tendo-lhes dito que «estamos a fazer as coisas bem» e que estão a «salvar a democracia que alguns querem destruir», refere a TeleSur.

Estas declarações de Zapateiro foram proferidas depois de, na noite de segunda-feira, membros do Exército e do Esquadrão Móvel Antidistúrbios (Esmad) terem esntrado no Bairro de Siloé, em Cáli, onde atacaram à bala grupos de jovens que participavam na greve geral.

O Exército assumiu o controlo da cidade, no departamento de Valle del Cauca, e foi decretado o recolher obrigatório.

Concentrações esta terça-feira

Em Chinácota (departamento de Norte de Santander), foi convocada para ontem um protesto com velas «contra a brutalidade policial que matou tantos jovens nestes últimos dias», informa a TeleSur.

Por seu lado, o Colombia Informa revelou que o Esmad interveio de forma violenta em Bucaramanga (Santander), havendo a registar pelo menos dois feridos.

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Quatro dias seguidos de protestos e forte repressão na Colômbia

Iniciada a 28 de Abril, a greve geral contra a reforma tributária de Duque mantém-se há 4 dias nas ruas. A Rede Francisco Isaías Cifuentes dá conta de 8 mortos, vários desaparecidos e dezenas de detenções.

No Dia do Trabalhador, Cáli respondeu à repressão com uma manifestação massiva 
Créditos / @TobarteleSUR

Convocadas por sindicatos, partidos políticos e organizações sociais, muitos milhares de pessoas vieram para as ruas, no Dia Internacional dos Trabalhadores, para continuarem a dizer «não» à Lei de Solidariedade Sustentável (reforma tributária) avançada pelo governo de Iván Duque e repudiar a forte repressão policial dos últimos dias.

Ao descontentamento e à revolta popular com o projecto de lei juntou-se o «mal-estar» provocado pelo apelo do ex-presidente Álvaro Uribe (2002-2010), expresso na sexta-feira, para que o Exército interviesse contra os manifestantes.

Apesar de o Twitter ter apagado, algumas horas depois, o apelo de Uribe às armas, nas ruas e nas redes sociais o repúdio fez ouvir: «O povo não te quer, assassino criminoso» foi uma de várias expressões sintomáticas veiculadas contra o uribista.

Ontem, Bogotá foi um dos palcos das mobilizações em defesa dos direitos dos trabalhadores, contra a reforma de Duque e a repressão policial. «Aqui está o povo nas ruas organizado, a lutar por uma vida digna», afirmaram na capital.

Na sua conta de Twitter, o Congresso de los Pueblos informou que, neste «Primeiro de Maio, no Sul de Bogotá o povo continua nas ruas, apesar da ameaça das forças de segurança e do governo nacional».

A organização denunciou a repressão exercida pela Polícia em vários pontos do país sul-americano, nomeadamente na cidade de Pereira, no departamento de Risaralda. «Fazemos um apelo para que sejam dadas garantias à mobilização social. Protestar é um direito», referiu.

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Prossegue na Colômbia a paralisação nacional contra a reforma tributária

A Central Unitária dos Trabalhadores anunciou o prosseguimento da Paralisação Nacional iniciada esta quarta-feira contra a proposta de legislação que visa aumentar impostos para «financiar a crise».

Milhares de pessoas mobilizaram-se contra as medidas neoliberais de Duque e a violência na Colômbia 
Créditos / co.marca.com

«A greve desta quinta-feira insistirá na oposição à Reforma Tributária, prosseguirá dia 19 de Maio e continuará enquanto o governo persistir na proposta actual», disse Francisco Maltés, dirigente da Central Unitária dos Trabalhadores (CUT).

Além de «marchas massivas, vigorosas e pacíficas» nesse âmbito, também em defesa de apoios sociais e às pequenas e médias empresas, estão igualmente previstas mobilizações para o Primeiro de Maio.

Ontem, desde cedo, milhares de pessoas vieram para as ruas em diferentes cidades e em mais de 500 municípios do país sul-americano, em protesto contra a proposta do governo de Duque, que os manifestantes acusam de estar a passar aos trabalhadores a factura da crise sanitária e económica.

A jornada de protesto, convocada pelo Comité Nacional de Greve, visava igualmente denunciar a violência no país, sobretudo os massacres e os assassinatos de dirigentes sociais, de defensores da paz e dos direitos humanos, bem como de ex-combatentes das FARC-EP signatários do acordo de paz de 2016.

Bogotá, Medellín, Cáli, Barranquilla e Cartagena foram palco das maiores mobilizações, e ali foram reportados vários confrontos com as forças de segurança. De acordo com a Prensa Latina, o governo destacou mais de 47 mil agentes para as ruas.

Na crise sanitária, aprofundar o neoliberalismo

«A Colômbia está mergulhada numa crise económica muito profunda e propõe-se uma reforma tributária para acabar de empobrecer a classe média, encarecer os alimentos, quando 30% da população, segundo o Departamento Administrativo Nacional de Estatística, não está a fazer três refeições diárias», disse a vice-presidente da Federação Médica Colombiana, Carolina Corcho, citada pela Prensa Latina.

De acordo com os promotores da jornada de greve, milhões de pessoas mobilizaram-se em mais de 500 municípios / co.marca.com

Por seu lado, o presidente da CUT em Antioquia, Jaime Montoya, classificou a reforma como «a mais regressiva de todas», além de favorecer as grandes empresas e o capital financeiro.

A reforma tributária, designada como Lei de Solidariedade Sustentável, contempla o aumento dos impostos sobre produtos e serviços, a instalação de portagens urbanas, e altera o regime de isenções fiscais, o que agravaria a situação de assalariados, pensionistas e população com baixos rendimentos.

Denúncias de repressão

Em comunicado, o Comité Nacional de Greve, que integra várias organizações sindicais, movimentos sociais e partidos, sublinhou «a profunda rejeição da população pelas medidas neoliberais de Duque», apesar do «pico da pandemia, da estigmatização da greve promovida pelo governo e alguns órgãos de comunicação», informa a TeleSur.

O Comité denunciou as medidas de recolher obrigatório e a ausência de transportes públicos, adoptadas por algumas autoridades locais para impedir o protesto, bem como as acções de repressão perpetradas por agentes da Polícia e do Esquadrão Móvel Antidistúrbios (Esmad) em várias cidades, que se saldaram com um morto, dezenas de feridos e de detidos.

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Houve igualmente mobilizações na região do Catatumbo e na cidade de Popayán, no Cauca. Nesta última, refere a TeleSur, a manifestação do Primeiro de Maio – contra a reforma tributária e a repressão do governo de Duque – é a primeira em mais de 80 anos.

Em Cáli, no departamento de Valle del Cauca, a manifestação do Dia do Trabalhador foi massiva, como resposta à grande repressão exercida sobre os manifestantes nos dias anteriores.

De acordo com um relatório divulgado pela Rede de Direitos Humanos Francisco Isaías Cifuentes na sexta-feira à noite, pelo menos oito pessoas foram mortas em Cáli durante as mobilizações. Além disso, o organismo registou a detenção de pelo menos 84 pessoas, 28 feridos, três manifestantes desaparecidos, três casos de pessoas que perderam um olho e o de uma mulher que foi abusada sexualmente por um agente do Esmad.

Duque move-se

Ainda na sexta-feira, confrontado com a grande oposição nas ruas ao polémico projecto para reajustar as contas em tempos de «crise», Iván Duque anunciou que ordenou ao Ministério das Finanças proceder à sua reformulação.

Já ontem, ao final do dia, na sequência de nova jornada de intensas mobilizações no país, o presidente colombiano anunciou que irá destacar o Exército e outros componentes das Forças Armadas para controlar os protestos nas principais cidades.

Para tal, explica a TeleSur, irá recorrer à figura da «assistência militar», que, disse, está contemplada na Constituição e que manterá, em coordenação com autarcas e governadores, até que as manifestações acabem.

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Em Cúcuta, a greve prossegue, tendo os manifestantes realizado um minuto de silêncio pelas pessoas assassinadas pela Polícia nos protestos destes últimos dias na Colômbia.

O porta-voz nacional do Congreso de los Pueblos, Jimmy Moreno, disse, em alusão ao povo colombiano, que «a dignidade se expressa nas ruas e estradas contra este governo criminoso e corrupto de Iván Duque», cuja renúncia imediata exigiu.

De acordo com o movimento, «a greve geral pretende superar a crise sanitária, educativa, de habitação, emprego, alimentação, transporte, feminicídios» na Colômbia e rejeita «as práticas sociais genocidas contra o movimento social: assassinato, judicialização, ameaça e perseguição por parte do Estado colombiano há décadas».

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As manifestações começaram há uma semana tendo como principal objectivo a retirada da reforma tributária proposta pelo governo de Duque e agora continuam nas ruas com um espectro de reivindicações muito mais amplo, em que se inclui a rejeição da violência estrututal e da brutalidade policial no país.

De acordo com o balanço divulgado pela Plataforma Grita, relativo à repressão exercida sobre os manifestantes pelos agentes do Esquadrão Móvel Antidistúrbios (Esmad) e elementos do Exército colombiano, no período referido registaram-se 1708 casos de violência, com os mais recentes a ocorrerem em cidades como Pereira, Cáli, Medellín, Barranquilla, Buga, Palmira e Bogotá.

O balanço da repressão policial e militar aponta ainda para 222 casos de vítimas de violência física, 37 homicídios, 831 detenções arbitrárias, 312 intervenções violentas, 22 pessoas com lesões oculares, 110 vítimas de balas disparadas por polícias e dez casos de violência sexual.

ALBA-TCP condena a violência na Colômbia

Os países que integram a Aliança Bolivariana para os Povos da Nossa América – Tratado de Comércio dos Povos (ALBA-TCP) emitiram ontem um comunicado em manifestam a sua preocupação com as vítimas da violência física, das detenções arbitrárias, de desaparecimento, de abuso sexual durante a repressão dos protestos sociais.

O bloco repudiou o uso excessivo da força por parte dos agentes de segurança na Colômbia, tendo feito um apelo às autoridades para velarem pelo dever de proteger os direitos humanos, o direito à vida e à segurança pessoal, refere a agência Prensa Latina.

No texto, a ALBA-TCP destaca que a violência, por parte das forças do Estado, não resolve as causas estruturais das situações de injustiça social, e fez votos pela paz do povo da Colômbia e para que prevaleça o diálogo e a sensatez.

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Os manifestantes exibiram bandeiras, cartazes e fizeram ouvir palavras de ordem, de forma pacífica, em defesa de várias reivindicações. Nalgumas marchas, como a que teve lugar junto ao monumento aos Heróis, em Bogotá, foram evocados os 6402 «falsos positivos» (pessoas assassinadas para depois serem apresentadas como guerrilheiros abatidos).

Em Manizales, os manifestantes homenagearam quem se transformou em mártir nesta greve geral. Um deles foi Lucas Villa, estudante atingido a tiro no passado dia 5 e que morreu esta terça-feira, dia 11.

Os povos originários também aderiram à jornada de mobilizações, refere a Prensa Latina, para «avançar na defesa da vida, da paz, da justiça, da autonomia e da qualidade de vida para os colombianos». Por seu lado, ex-guerrilheiros mobilizaram-se pela implementação total do acordo de paz, o fim dos assassinatos dos seus signatários e dos dirigentes sociais, e por um rendimento mínimo universal.

O fim da violência e da militarização, bem como a revogação de um projecto de reforma do sector da Saúde com carácter privatizador foram algumas das exigências comuns às centenas de milhares de manifestantes que ontem vieram para as ruas da Colômbia.

Pobreza, fome, abandono da população pelo Estado

Segundo o Comité Nacional da Greve, as jornadas de luta recentes surgiram do «desespero provocado pela pobreza e o abandono estatal» a que se viu votada a população colombiana.

«Enquanto a fome se tornava uma rotina trágica com o símbolo do trapo vermelho pendurado nas portas e janelas de milhares de casas, a resposta do governo foi aumentar a sua despesa e olhar para o lado», afirmaram os organizadores do protesto, citados pela Prensa Latina.

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Governo colombiano deu ordens para militarizar Cáli

A cidade de Cáli, que tem sido um dos pontos mais activos da greve geral, encontra-se cercada por militares e polícias, após uma decisão de Duque para acabar com os protestos contra o governo.

O governo colombiano tem respondido com grande repressão aos protestos que se mantêm há 13 dias contra as políticas neoliberais de Duque e a violência estrutural no país 
Créditos / @CasAmericas

Iván Duque, o presidente da Colômbia, deu ontem ordens aos ministros do Interior e da Defesa, Daniel Palacios e Diego Molano, respectivamente, para militarizar a capital do departamento de Valle del Cauca e «garantir» a manutenção da ordem por parte das forças de segurança.

Instou à aplicação da lei seca, ao levantamento dos bloqueios nas ruas e ao regresso às suas zonas dos membros do Conselho Regional Indígena do Cauca (CRIC), qe ontem se tinham dirigido a Cáli em protesto e foram atacados a tiro.

Horas depois, o ministro da Defesa confirmou o destacamento de 10 mil polícias e 2100 soldados para Cáli, de modo a «garantir a segurança», refere a TeleSur, tendo sublinhado que «não pode haver violência» e que os bloqueios «são um crime».

À meia-noite (hora local), o departamento de Valle del Cauca ficou fechado ao exterior e a mobilidade foi restringida, medidas que, segundo a Prensa Latina, devem permanecer em vigor até ao próximo sábado. O Exército anunciou que soldados da Terceira Brigada estão a realizar controlos em várias zonas de Cáli, Jamundí e Yumbo, «procurando garantir o bem-estar dos cidadãos».

Comunidades indígenas atacadas a tiro

A ordem foi decretada depois da violência ocorrida ontem na cidade, quando «civis», apoiados pela Polícia, dispararam sobre indígenas reunidos no contexto da greve geral, segundo denúncias por estes veiculadas e vídeos que foram postos a circular nas redes sociais.

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Colômbia: noite de forte repressão provoca vários mortos e feridos

Organizações de direitos humanos referiram que a Polícia disparou contra os manifestantes a partir de viaturas com vidros escurecidos. O MP anunciou que vai incriminar vários agentes por homicídio.

Créditos / sputniknews.com

Na noite de quarta-feira, voltou a registar-se intensa repressão por parte das forças de segurança na Colômbia, e pelo menos dois jovens foram mortos na localidade de Pereira (departamento de Risaralda).

Vídeos que circulam nas redes sociais mostram polícias a disparar junto a um viaduto contra uma concentração de jovens que se manifestavam contra o governo de Iván Duque.

Estes vídeos seguem-se a outros, referentes à noite anterior, em que se vê a Polícia e os militares a dispararem fogo pesado e também a partir de helicópteros contra manifestantes, no âmbito dos protestos relacionados com a greve geral iniciada no passado dia 28 de Abril.

Além dos jovens mortos, que se soube serem Lucas Villa e Miguel Ciro, estudantes de Desporto na Universidade Tecnológica de Pereira, registaram-se vários feridos, na sequência das cargas e disparos policiais. Organizações de direitos humanos indicaram que a Polícia disparou contra os manifestantes a partir de viaturas com vidros escurecidos.

Neste contexto, o Ministério Público (MP) colombiano anunciou, esta quarta-feira, que irá incriminar diversos agentes pelos homicídios de três civis durante as manifestações. De acordo com o MP, o saldo é de 11 vítimas mortais até ao momento, bastante inferior ao registado por diversas ONG, como a Temblores ou a Grita, que afirmam terem ocorrido 37 mortes de manifestantes às mãos da Polícia entre 28 de Abril e 5 de Maio, refere a TeleSur.

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Concentrações lembraram dezenas de mortos pela Polícia na Colômbia

Desde o dia 28 de Abril até esta terça-feira, a organização Grita registou 31 casos de pessoas mortas pela Polícia em vários pontos da Colômbia. Entretanto, novas reivindicações surgem na greve geral.

Créditos / jornaltornado.pt

Ontem à noite, realizaram-se concentrações em diversas cidades, com velas para evocar os «assassinados em território nacional» durante as jornadas de protesto, que inicialmente visavam a Lei de Solidariedade Sustentável (reforma tributária) proposta pelo governo de Iván Duque, mas depois alastraram para outras reivindicações.

Na sua conta de Twitter, o movimento Congreso de los Pueblos, deu conta do ajuntamento na capital, Bogotá, para denunciar a brutalidade policial no país, que, segundo dados divulgados por diversos organismos, ultrapassa os 1443 casos de violência ao longo da greve geral.

A plataforma Grita revelou que, entre as 6h (hora local) de 28 de Abril e as 8h de 4 de Maio, há registo de 216 vítimas de física por parte da Polícia. A mesma fonte indicou que 31 pessoas foram assassinadas, 21 sofreram agressões nos olhos e dez foram vítimas de violência sexual, igualmente por parte da Polícia. No mesmo período, foram registados 814 casos de detenções arbitrárias e 77 de disparos com armas de fogo.

Para além disto, a Provedoria de Justiça emitiu um comunicado em que dá conta de 87 pessoas desaparecidas até ao momento.

«Estamos a fazer as coisas bem»

O general colombiano Eduardo Enrique Zapateiro instou um grupo de polícias a prosseguir a sua acção na cidade de Cáli, tendo-lhes dito que «estamos a fazer as coisas bem» e que estão a «salvar a democracia que alguns querem destruir», refere a TeleSur.

Estas declarações de Zapateiro foram proferidas depois de, na noite de segunda-feira, membros do Exército e do Esquadrão Móvel Antidistúrbios (Esmad) terem esntrado no Bairro de Siloé, em Cáli, onde atacaram à bala grupos de jovens que participavam na greve geral.

O Exército assumiu o controlo da cidade, no departamento de Valle del Cauca, e foi decretado o recolher obrigatório.

Concentrações esta terça-feira

Em Chinácota (departamento de Norte de Santander), foi convocada para ontem um protesto com velas «contra a brutalidade policial que matou tantos jovens nestes últimos dias», informa a TeleSur.

Por seu lado, o Colombia Informa revelou que o Esmad interveio de forma violenta em Bucaramanga (Santander), havendo a registar pelo menos dois feridos.

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Quatro dias seguidos de protestos e forte repressão na Colômbia

Iniciada a 28 de Abril, a greve geral contra a reforma tributária de Duque mantém-se há 4 dias nas ruas. A Rede Francisco Isaías Cifuentes dá conta de 8 mortos, vários desaparecidos e dezenas de detenções.

No Dia do Trabalhador, Cáli respondeu à repressão com uma manifestação massiva 
Créditos / @TobarteleSUR

Convocadas por sindicatos, partidos políticos e organizações sociais, muitos milhares de pessoas vieram para as ruas, no Dia Internacional dos Trabalhadores, para continuarem a dizer «não» à Lei de Solidariedade Sustentável (reforma tributária) avançada pelo governo de Iván Duque e repudiar a forte repressão policial dos últimos dias.

Ao descontentamento e à revolta popular com o projecto de lei juntou-se o «mal-estar» provocado pelo apelo do ex-presidente Álvaro Uribe (2002-2010), expresso na sexta-feira, para que o Exército interviesse contra os manifestantes.

Apesar de o Twitter ter apagado, algumas horas depois, o apelo de Uribe às armas, nas ruas e nas redes sociais o repúdio fez ouvir: «O povo não te quer, assassino criminoso» foi uma de várias expressões sintomáticas veiculadas contra o uribista.

Ontem, Bogotá foi um dos palcos das mobilizações em defesa dos direitos dos trabalhadores, contra a reforma de Duque e a repressão policial. «Aqui está o povo nas ruas organizado, a lutar por uma vida digna», afirmaram na capital.

Na sua conta de Twitter, o Congresso de los Pueblos informou que, neste «Primeiro de Maio, no Sul de Bogotá o povo continua nas ruas, apesar da ameaça das forças de segurança e do governo nacional».

A organização denunciou a repressão exercida pela Polícia em vários pontos do país sul-americano, nomeadamente na cidade de Pereira, no departamento de Risaralda. «Fazemos um apelo para que sejam dadas garantias à mobilização social. Protestar é um direito», referiu.

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Prossegue na Colômbia a paralisação nacional contra a reforma tributária

A Central Unitária dos Trabalhadores anunciou o prosseguimento da Paralisação Nacional iniciada esta quarta-feira contra a proposta de legislação que visa aumentar impostos para «financiar a crise».

Milhares de pessoas mobilizaram-se contra as medidas neoliberais de Duque e a violência na Colômbia 
Créditos / co.marca.com

«A greve desta quinta-feira insistirá na oposição à Reforma Tributária, prosseguirá dia 19 de Maio e continuará enquanto o governo persistir na proposta actual», disse Francisco Maltés, dirigente da Central Unitária dos Trabalhadores (CUT).

Além de «marchas massivas, vigorosas e pacíficas» nesse âmbito, também em defesa de apoios sociais e às pequenas e médias empresas, estão igualmente previstas mobilizações para o Primeiro de Maio.

Ontem, desde cedo, milhares de pessoas vieram para as ruas em diferentes cidades e em mais de 500 municípios do país sul-americano, em protesto contra a proposta do governo de Duque, que os manifestantes acusam de estar a passar aos trabalhadores a factura da crise sanitária e económica.

A jornada de protesto, convocada pelo Comité Nacional de Greve, visava igualmente denunciar a violência no país, sobretudo os massacres e os assassinatos de dirigentes sociais, de defensores da paz e dos direitos humanos, bem como de ex-combatentes das FARC-EP signatários do acordo de paz de 2016.

Bogotá, Medellín, Cáli, Barranquilla e Cartagena foram palco das maiores mobilizações, e ali foram reportados vários confrontos com as forças de segurança. De acordo com a Prensa Latina, o governo destacou mais de 47 mil agentes para as ruas.

Na crise sanitária, aprofundar o neoliberalismo

«A Colômbia está mergulhada numa crise económica muito profunda e propõe-se uma reforma tributária para acabar de empobrecer a classe média, encarecer os alimentos, quando 30% da população, segundo o Departamento Administrativo Nacional de Estatística, não está a fazer três refeições diárias», disse a vice-presidente da Federação Médica Colombiana, Carolina Corcho, citada pela Prensa Latina.

De acordo com os promotores da jornada de greve, milhões de pessoas mobilizaram-se em mais de 500 municípios / co.marca.com

Por seu lado, o presidente da CUT em Antioquia, Jaime Montoya, classificou a reforma como «a mais regressiva de todas», além de favorecer as grandes empresas e o capital financeiro.

A reforma tributária, designada como Lei de Solidariedade Sustentável, contempla o aumento dos impostos sobre produtos e serviços, a instalação de portagens urbanas, e altera o regime de isenções fiscais, o que agravaria a situação de assalariados, pensionistas e população com baixos rendimentos.

Denúncias de repressão

Em comunicado, o Comité Nacional de Greve, que integra várias organizações sindicais, movimentos sociais e partidos, sublinhou «a profunda rejeição da população pelas medidas neoliberais de Duque», apesar do «pico da pandemia, da estigmatização da greve promovida pelo governo e alguns órgãos de comunicação», informa a TeleSur.

O Comité denunciou as medidas de recolher obrigatório e a ausência de transportes públicos, adoptadas por algumas autoridades locais para impedir o protesto, bem como as acções de repressão perpetradas por agentes da Polícia e do Esquadrão Móvel Antidistúrbios (Esmad) em várias cidades, que se saldaram com um morto, dezenas de feridos e de detidos.

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Órgãos de comunicação locais e internautas deram conta de manifestações, este sábado, também em Barraquilla, Medellín, Bucamaranga, Cartagena e Cáli, com forte presença de forças policiais, militares e de agentes do Esquadrão Móvel Antidistúrbios (Esmad), registando-se vários episódios de repressão sobre os manifestantes.

Houve igualmente mobilizações na região do Catatumbo e na cidade de Popayán, no Cauca. Nesta última, refere a TeleSur, a manifestação do Primeiro de Maio – contra a reforma tributária e a repressão do governo de Duque – é a primeira em mais de 80 anos.

Em Cáli, no departamento de Valle del Cauca, a manifestação do Dia do Trabalhador foi massiva, como resposta à grande repressão exercida sobre os manifestantes nos dias anteriores.

De acordo com um relatório divulgado pela Rede de Direitos Humanos Francisco Isaías Cifuentes na sexta-feira à noite, pelo menos oito pessoas foram mortas em Cáli durante as mobilizações. Além disso, o organismo registou a detenção de pelo menos 84 pessoas, 28 feridos, três manifestantes desaparecidos, três casos de pessoas que perderam um olho e o de uma mulher que foi abusada sexualmente por um agente do Esmad.

Duque move-se

Ainda na sexta-feira, confrontado com a grande oposição nas ruas ao polémico projecto para reajustar as contas em tempos de «crise», Iván Duque anunciou que ordenou ao Ministério das Finanças proceder à sua reformulação.

Já ontem, ao final do dia, na sequência de nova jornada de intensas mobilizações no país, o presidente colombiano anunciou que irá destacar o Exército e outros componentes das Forças Armadas para controlar os protestos nas principais cidades.

Para tal, explica a TeleSur, irá recorrer à figura da «assistência militar», que, disse, está contemplada na Constituição e que manterá, em coordenação com autarcas e governadores, até que as manifestações acabem.

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Em Cúcuta, a greve prossegue, tendo os manifestantes realizado um minuto de silêncio pelas pessoas assassinadas pela Polícia nos protestos destes últimos dias na Colômbia.

O porta-voz nacional do Congreso de los Pueblos, Jimmy Moreno, disse, em alusão ao povo colombiano, que «a dignidade se expressa nas ruas e estradas contra este governo criminoso e corrupto de Iván Duque», cuja renúncia imediata exigiu.

De acordo com o movimento, «a greve geral pretende superar a crise sanitária, educativa, de habitação, emprego, alimentação, transporte, feminicídios» na Colômbia e rejeita «as práticas sociais genocidas contra o movimento social: assassinato, judicialização, ameaça e perseguição por parte do Estado colombiano há décadas».

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As manifestações começaram há uma semana tendo como principal objectivo a retirada da reforma tributária proposta pelo governo de Duque e agora continuam nas ruas com um espectro de reivindicações muito mais amplo, em que se inclui a rejeição da violência estrututal e da brutalidade policial no país.

De acordo com o balanço divulgado pela Plataforma Grita, relativo à repressão exercida sobre os manifestantes pelos agentes do Esquadrão Móvel Antidistúrbios (Esmad) e elementos do Exército colombiano, no período referido registaram-se 1708 casos de violência, com os mais recentes a ocorrerem em cidades como Pereira, Cáli, Medellín, Barranquilla, Buga, Palmira e Bogotá.

O balanço da repressão policial e militar aponta ainda para 222 casos de vítimas de violência física, 37 homicídios, 831 detenções arbitrárias, 312 intervenções violentas, 22 pessoas com lesões oculares, 110 vítimas de balas disparadas por polícias e dez casos de violência sexual.

ALBA-TCP condena a violência na Colômbia

Os países que integram a Aliança Bolivariana para os Povos da Nossa América – Tratado de Comércio dos Povos (ALBA-TCP) emitiram ontem um comunicado em manifestam a sua preocupação com as vítimas da violência física, das detenções arbitrárias, de desaparecimento, de abuso sexual durante a repressão dos protestos sociais.

O bloco repudiou o uso excessivo da força por parte dos agentes de segurança na Colômbia, tendo feito um apelo às autoridades para velarem pelo dever de proteger os direitos humanos, o direito à vida e à segurança pessoal, refere a agência Prensa Latina.

No texto, a ALBA-TCP destaca que a violência, por parte das forças do Estado, não resolve as causas estruturais das situações de injustiça social, e fez votos pela paz do povo da Colômbia e para que prevaleça o diálogo e a sensatez.

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Não é a primeira vez que alegados civis, denunciados por algumas fontes como paramilitares, disparam sobre manifestantes na greve geral. A Polícia responsabilizou as comunidades ancestrais pelo facto, mas Feliciano Valencia, senador do Movimento Alternativo Social e Indígena, desmentiu essas acusações, tendo afirmado que os indígenas estavam desarmados e foram atacados.

Em comunicado, o CRIC denunciou o ataque «por homens vestidos à civil», que deixou oito indígenas feridos à entrada de Cáli, no 12.º dia da greve geral na Colômbia. Fez ainda um apelo ao governo de Iván Duque para que acabe com a militarização das forças policiais e com a criminalização do protesto no país, indica a TeleSur.

A mesma fonte informa que, nas redes sociais, surgiram denúncias de que o Esquadrão Móvel Antidistúrbios (Esmad) «atacou e sequestrou jovens» em Cáli, tendo levado oito do Bairro Meléndez, já depois do anúncio de Duque de que iria aumentar a presença policial e militar na cidade.

O fim da militarização das ruas e o fim da repressão sobre os manifestantes são duas reivindicações que o povo colombiano assumiu nestes dias de protestos intensos, que começaram a 28 de Abril, contra a reforma tributária e as políticas neoliberais implementadas pelo governo de Duque, e depois alastraram para a defesa de uma mudança do sistema político e dos direitos fundamentais, em que se incluem saúde, habitação e trabalho.

Mobilização solidária com o povo colombiano este sábado no Porto / Carlos Menezes

Mão pesada de Duque e solidariedade internacional

O governo respondeu aos manifestantes com mão pesada e, ao cabo de 12 dias de mobilizações, a ONG Temblores registava 47 mortos no contexto da greve geral, 963 detenções arbitrárias, 12 casos de violência sexual, 548 desaparecidos, 28 pessoas com feridas oculares.

Perante este cenário, várias cidades espalhadas pelo mundo acolheram, este sábado, mobilizações solidárias com o povo colombiano, de apoio ao movimento social e sindical do país sul-americano e para denunciar a repressão e a violência exercidas sobre os manifestantes.

Foi o caso de cidades em França, em Espanha, nos Estados Unidos, na Bélgica, na Suíça, na Austrália, na Argentina, no México e em Portugal, entre outros países. Em Portugal, a mobilização ocorreu este sábado na cidade do Porto e reuniu cerca de 70 pessoas, que denunciaram a repressão e «o governo reaccionário de Iván Duque».

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A miséria e a desigualdade social já se faziam notar bem antes da pandemia, mas agudizaram-se e mostraram toda a sua intensidade com um governo que aumentava a despesa militar, acrescentaram.

Os «números da infâmia» já foram divulgados pelo Departamento Administrativo Nacional de Estatística: mais de sete milhões de pessoas só comem duas vezes por dia e mais de 500 mil colombianos só o fazem uma vez, destacaram os convocantes.

Ainda para mais, quando, no ano passado, a pobreza atingiu 42,5% da população, o governo «propôs torpemente uma reforma tributária regressiva», enfatizam, acrescentando que o sistema deficitário de saúde e a falta de financiamento da educação são sentidos com mais dureza pelos afrodescendentes, os indígenas, as mulheres e os agricultores.

Repressão em Bogotá, Popayán e Barranquilla: «pão e circo» garantidos

Apesar das manifestações pacíficas, à noite o Esquadrão Móvel Antidistúrbios (Esmad) carregou sobre os manifestantes na capital, como o faz praticamente todos os dias.

Na capital do departamento do Cauca, Popayán, agentes do Esmad atacaram e prenderam vários manifestantes que se encontravam no Parque Caldas, incluindo o jornalista Kevin Acosta, da Red Alterna, revela a TeleSur.

Em Barranquilla, no departamento do Atlântico, disputou-se ontem a partida entre o Junior e o River Plate, a contar para Copa Libertadores, e o Esmad atacou os apoiantes que, nas imediações do Estádio Romelio Martínez, se juntaram à mobilização.

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Concentrações lembraram dezenas de mortos pela Polícia na Colômbia

Desde o dia 28 de Abril até esta terça-feira, a organização Grita registou 31 casos de pessoas mortas pela Polícia em vários pontos da Colômbia. Entretanto, novas reivindicações surgem na greve geral.

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Ontem à noite, realizaram-se concentrações em diversas cidades, com velas para evocar os «assassinados em território nacional» durante as jornadas de protesto, que inicialmente visavam a Lei de Solidariedade Sustentável (reforma tributária) proposta pelo governo de Iván Duque, mas depois alastraram para outras reivindicações.

Na sua conta de Twitter, o movimento Congreso de los Pueblos, deu conta do ajuntamento na capital, Bogotá, para denunciar a brutalidade policial no país, que, segundo dados divulgados por diversos organismos, ultrapassa os 1443 casos de violência ao longo da greve geral.

A plataforma Grita revelou que, entre as 6h (hora local) de 28 de Abril e as 8h de 4 de Maio, há registo de 216 vítimas de física por parte da Polícia. A mesma fonte indicou que 31 pessoas foram assassinadas, 21 sofreram agressões nos olhos e dez foram vítimas de violência sexual, igualmente por parte da Polícia. No mesmo período, foram registados 814 casos de detenções arbitrárias e 77 de disparos com armas de fogo.

Para além disto, a Provedoria de Justiça emitiu um comunicado em que dá conta de 87 pessoas desaparecidas até ao momento.

«Estamos a fazer as coisas bem»

O general colombiano Eduardo Enrique Zapateiro instou um grupo de polícias a prosseguir a sua acção na cidade de Cáli, tendo-lhes dito que «estamos a fazer as coisas bem» e que estão a «salvar a democracia que alguns querem destruir», refere a TeleSur.

Estas declarações de Zapateiro foram proferidas depois de, na noite de segunda-feira, membros do Exército e do Esquadrão Móvel Antidistúrbios (Esmad) terem esntrado no Bairro de Siloé, em Cáli, onde atacaram à bala grupos de jovens que participavam na greve geral.

O Exército assumiu o controlo da cidade, no departamento de Valle del Cauca, e foi decretado o recolher obrigatório.

Concentrações esta terça-feira

Em Chinácota (departamento de Norte de Santander), foi convocada para ontem um protesto com velas «contra a brutalidade policial que matou tantos jovens nestes últimos dias», informa a TeleSur.

Por seu lado, o Colombia Informa revelou que o Esmad interveio de forma violenta em Bucaramanga (Santander), havendo a registar pelo menos dois feridos.

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Quatro dias seguidos de protestos e forte repressão na Colômbia

Iniciada a 28 de Abril, a greve geral contra a reforma tributária de Duque mantém-se há 4 dias nas ruas. A Rede Francisco Isaías Cifuentes dá conta de 8 mortos, vários desaparecidos e dezenas de detenções.

No Dia do Trabalhador, Cáli respondeu à repressão com uma manifestação massiva 
Créditos / @TobarteleSUR

Convocadas por sindicatos, partidos políticos e organizações sociais, muitos milhares de pessoas vieram para as ruas, no Dia Internacional dos Trabalhadores, para continuarem a dizer «não» à Lei de Solidariedade Sustentável (reforma tributária) avançada pelo governo de Iván Duque e repudiar a forte repressão policial dos últimos dias.

Ao descontentamento e à revolta popular com o projecto de lei juntou-se o «mal-estar» provocado pelo apelo do ex-presidente Álvaro Uribe (2002-2010), expresso na sexta-feira, para que o Exército interviesse contra os manifestantes.

Apesar de o Twitter ter apagado, algumas horas depois, o apelo de Uribe às armas, nas ruas e nas redes sociais o repúdio fez ouvir: «O povo não te quer, assassino criminoso» foi uma de várias expressões sintomáticas veiculadas contra o uribista.

Ontem, Bogotá foi um dos palcos das mobilizações em defesa dos direitos dos trabalhadores, contra a reforma de Duque e a repressão policial. «Aqui está o povo nas ruas organizado, a lutar por uma vida digna», afirmaram na capital.

Na sua conta de Twitter, o Congresso de los Pueblos informou que, neste «Primeiro de Maio, no Sul de Bogotá o povo continua nas ruas, apesar da ameaça das forças de segurança e do governo nacional».

A organização denunciou a repressão exercida pela Polícia em vários pontos do país sul-americano, nomeadamente na cidade de Pereira, no departamento de Risaralda. «Fazemos um apelo para que sejam dadas garantias à mobilização social. Protestar é um direito», referiu.

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Prossegue na Colômbia a paralisação nacional contra a reforma tributária

A Central Unitária dos Trabalhadores anunciou o prosseguimento da Paralisação Nacional iniciada esta quarta-feira contra a proposta de legislação que visa aumentar impostos para «financiar a crise».

Milhares de pessoas mobilizaram-se contra as medidas neoliberais de Duque e a violência na Colômbia 
Créditos / co.marca.com

«A greve desta quinta-feira insistirá na oposição à Reforma Tributária, prosseguirá dia 19 de Maio e continuará enquanto o governo persistir na proposta actual», disse Francisco Maltés, dirigente da Central Unitária dos Trabalhadores (CUT).

Além de «marchas massivas, vigorosas e pacíficas» nesse âmbito, também em defesa de apoios sociais e às pequenas e médias empresas, estão igualmente previstas mobilizações para o Primeiro de Maio.

Ontem, desde cedo, milhares de pessoas vieram para as ruas em diferentes cidades e em mais de 500 municípios do país sul-americano, em protesto contra a proposta do governo de Duque, que os manifestantes acusam de estar a passar aos trabalhadores a factura da crise sanitária e económica.

A jornada de protesto, convocada pelo Comité Nacional de Greve, visava igualmente denunciar a violência no país, sobretudo os massacres e os assassinatos de dirigentes sociais, de defensores da paz e dos direitos humanos, bem como de ex-combatentes das FARC-EP signatários do acordo de paz de 2016.

Bogotá, Medellín, Cáli, Barranquilla e Cartagena foram palco das maiores mobilizações, e ali foram reportados vários confrontos com as forças de segurança. De acordo com a Prensa Latina, o governo destacou mais de 47 mil agentes para as ruas.

Na crise sanitária, aprofundar o neoliberalismo

«A Colômbia está mergulhada numa crise económica muito profunda e propõe-se uma reforma tributária para acabar de empobrecer a classe média, encarecer os alimentos, quando 30% da população, segundo o Departamento Administrativo Nacional de Estatística, não está a fazer três refeições diárias», disse a vice-presidente da Federação Médica Colombiana, Carolina Corcho, citada pela Prensa Latina.

De acordo com os promotores da jornada de greve, milhões de pessoas mobilizaram-se em mais de 500 municípios / co.marca.com

Por seu lado, o presidente da CUT em Antioquia, Jaime Montoya, classificou a reforma como «a mais regressiva de todas», além de favorecer as grandes empresas e o capital financeiro.

A reforma tributária, designada como Lei de Solidariedade Sustentável, contempla o aumento dos impostos sobre produtos e serviços, a instalação de portagens urbanas, e altera o regime de isenções fiscais, o que agravaria a situação de assalariados, pensionistas e população com baixos rendimentos.

Denúncias de repressão

Em comunicado, o Comité Nacional de Greve, que integra várias organizações sindicais, movimentos sociais e partidos, sublinhou «a profunda rejeição da população pelas medidas neoliberais de Duque», apesar do «pico da pandemia, da estigmatização da greve promovida pelo governo e alguns órgãos de comunicação», informa a TeleSur.

O Comité denunciou as medidas de recolher obrigatório e a ausência de transportes públicos, adoptadas por algumas autoridades locais para impedir o protesto, bem como as acções de repressão perpetradas por agentes da Polícia e do Esquadrão Móvel Antidistúrbios (Esmad) em várias cidades, que se saldaram com um morto, dezenas de feridos e de detidos.

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Houve igualmente mobilizações na região do Catatumbo e na cidade de Popayán, no Cauca. Nesta última, refere a TeleSur, a manifestação do Primeiro de Maio – contra a reforma tributária e a repressão do governo de Duque – é a primeira em mais de 80 anos.

Em Cáli, no departamento de Valle del Cauca, a manifestação do Dia do Trabalhador foi massiva, como resposta à grande repressão exercida sobre os manifestantes nos dias anteriores.

De acordo com um relatório divulgado pela Rede de Direitos Humanos Francisco Isaías Cifuentes na sexta-feira à noite, pelo menos oito pessoas foram mortas em Cáli durante as mobilizações. Além disso, o organismo registou a detenção de pelo menos 84 pessoas, 28 feridos, três manifestantes desaparecidos, três casos de pessoas que perderam um olho e o de uma mulher que foi abusada sexualmente por um agente do Esmad.

Duque move-se

Ainda na sexta-feira, confrontado com a grande oposição nas ruas ao polémico projecto para reajustar as contas em tempos de «crise», Iván Duque anunciou que ordenou ao Ministério das Finanças proceder à sua reformulação.

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Em Cúcuta, a greve prossegue, tendo os manifestantes realizado um minuto de silêncio pelas pessoas assassinadas pela Polícia nos protestos destes últimos dias na Colômbia.

O porta-voz nacional do Congreso de los Pueblos, Jimmy Moreno, disse, em alusão ao povo colombiano, que «a dignidade se expressa nas ruas e estradas contra este governo criminoso e corrupto de Iván Duque», cuja renúncia imediata exigiu.

De acordo com o movimento, «a greve geral pretende superar a crise sanitária, educativa, de habitação, emprego, alimentação, transporte, feminicídios» na Colômbia e rejeita «as práticas sociais genocidas contra o movimento social: assassinato, judicialização, ameaça e perseguição por parte do Estado colombiano há décadas».

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De acordo as denúncias de organizações sociais e os vídeos publicados nas redes sociais, o Esmad atacou com gás lacrimogéneo e bombas atordoantes centenas de jovens que se concentraram no lado de fora do estádio e se uniram aos protestos da greve geral, enquanto decorria o jogo, indica a TeleSur.

Sergio Marín, do partido Comunes, destacou como, enquanto a normalidade futebolística decorria lá dentro, cá fora o povo que se mobilizava pelos direitos levava tareia. «Pão e circo, ao melhor estilo das ditaduras do Cone Sul», denunciou na sua conta de Twitter.

No mais recente relatório, a ONG Temblores informou que, entre 28 de Abril e 10 de Maio, foram mortas pelo menos 40 pessoas na Colômbia, no âmbito da greve geral, e se registaram 1956 casos de violência policial.

A Temblores, que irá actualizar os seus dados hoje, revelou ainda que, no período referido, 1003 cidadãos foram detidos arbitrariamente, se registaram 12 casos de pessoas agredidas sexualmente pela Polícia e 28 de pessoas com lesões oculares.

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Mas desta vez, defendeu Marín, estamos perante uma situação totalmente nova, diferente e qualitativamente superior. «O povo já entendeu que só a luta nas ruas, unida em torno de algumas reivindicações e mantendo a pressão, faz o governo ceder.»

Acrescentou que isto ocorre num contexto de repressão que põe os números «praticamente ao nível de um verdadeiro massacre, com cerca de 50 colombianos mortos». «Fala-se em mais de 500 desaparecidos, de mil pessoas presas, processadas e levadas para a prisão, por isso poderíamos dizer que são verdadeiros presos políticos», alertou.

Desta forma, as autoridades agravaram a «inconformidade» e elevaram o nível de resposta da luta dos colombianos, principalmente dos mais jovens, nas ruas do país, argumentou.

Alguns resultados importantes

«Até agora, foram alcançados alguns resultados extremamente importantes: a proposta de reforma tributária foi desmantelada, dois ministros demitiram-se, o governo anunciou que está em condições de garantir a gratuitidade do Ensino Superior aos estratos I, II e III», enumerou.

Ou seja, matrícula zero para as camadas mais pobres da população, tendo em conta que o governo dividiu os colombianos em seis níveis para esse efeito. «O nível I é o mais baixo, de pessoas que vivem praticamente na miséria, e o nível VI é o dos sectores mais ricos da população».

Isto é algo que o movimento estudantil andava a pedir ou a exigir há muitos anos, com o governo a insistir na resposta negativa, explicou. «Um dos resultados desta greve foi o anúncio de que era possível; era uma decisão política e bastava simplesmente ter vontade de o fazer.»

A repressão aumenta

O cenário é bastante complexo. A repressão, como todos sabem, está a piorar, alertou. «Estamos a enfrentar praticamente uma política de terra queimada por parte das forças de segurança do Estado, da Polícia em particular e do seu Esquadrão Móvel Antidistúrbios (Esmad), que é um verdadeiro corpo de repressão, morte e perseguição», denunciou.

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Colômbia: noite de forte repressão provoca vários mortos e feridos

Organizações de direitos humanos referiram que a Polícia disparou contra os manifestantes a partir de viaturas com vidros escurecidos. O MP anunciou que vai incriminar vários agentes por homicídio.

Créditos / sputniknews.com

Na noite de quarta-feira, voltou a registar-se intensa repressão por parte das forças de segurança na Colômbia, e pelo menos dois jovens foram mortos na localidade de Pereira (departamento de Risaralda).

Vídeos que circulam nas redes sociais mostram polícias a disparar junto a um viaduto contra uma concentração de jovens que se manifestavam contra o governo de Iván Duque.

Estes vídeos seguem-se a outros, referentes à noite anterior, em que se vê a Polícia e os militares a dispararem fogo pesado e também a partir de helicópteros contra manifestantes, no âmbito dos protestos relacionados com a greve geral iniciada no passado dia 28 de Abril.

Além dos jovens mortos, que se soube serem Lucas Villa e Miguel Ciro, estudantes de Desporto na Universidade Tecnológica de Pereira, registaram-se vários feridos, na sequência das cargas e disparos policiais. Organizações de direitos humanos indicaram que a Polícia disparou contra os manifestantes a partir de viaturas com vidros escurecidos.

Neste contexto, o Ministério Público (MP) colombiano anunciou, esta quarta-feira, que irá incriminar diversos agentes pelos homicídios de três civis durante as manifestações. De acordo com o MP, o saldo é de 11 vítimas mortais até ao momento, bastante inferior ao registado por diversas ONG, como a Temblores ou a Grita, que afirmam terem ocorrido 37 mortes de manifestantes às mãos da Polícia entre 28 de Abril e 5 de Maio, refere a TeleSur.

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Concentrações lembraram dezenas de mortos pela Polícia na Colômbia

Desde o dia 28 de Abril até esta terça-feira, a organização Grita registou 31 casos de pessoas mortas pela Polícia em vários pontos da Colômbia. Entretanto, novas reivindicações surgem na greve geral.

Créditos / jornaltornado.pt

Ontem à noite, realizaram-se concentrações em diversas cidades, com velas para evocar os «assassinados em território nacional» durante as jornadas de protesto, que inicialmente visavam a Lei de Solidariedade Sustentável (reforma tributária) proposta pelo governo de Iván Duque, mas depois alastraram para outras reivindicações.

Na sua conta de Twitter, o movimento Congreso de los Pueblos, deu conta do ajuntamento na capital, Bogotá, para denunciar a brutalidade policial no país, que, segundo dados divulgados por diversos organismos, ultrapassa os 1443 casos de violência ao longo da greve geral.

A plataforma Grita revelou que, entre as 6h (hora local) de 28 de Abril e as 8h de 4 de Maio, há registo de 216 vítimas de física por parte da Polícia. A mesma fonte indicou que 31 pessoas foram assassinadas, 21 sofreram agressões nos olhos e dez foram vítimas de violência sexual, igualmente por parte da Polícia. No mesmo período, foram registados 814 casos de detenções arbitrárias e 77 de disparos com armas de fogo.

Para além disto, a Provedoria de Justiça emitiu um comunicado em que dá conta de 87 pessoas desaparecidas até ao momento.

«Estamos a fazer as coisas bem»

O general colombiano Eduardo Enrique Zapateiro instou um grupo de polícias a prosseguir a sua acção na cidade de Cáli, tendo-lhes dito que «estamos a fazer as coisas bem» e que estão a «salvar a democracia que alguns querem destruir», refere a TeleSur.

Estas declarações de Zapateiro foram proferidas depois de, na noite de segunda-feira, membros do Exército e do Esquadrão Móvel Antidistúrbios (Esmad) terem esntrado no Bairro de Siloé, em Cáli, onde atacaram à bala grupos de jovens que participavam na greve geral.

O Exército assumiu o controlo da cidade, no departamento de Valle del Cauca, e foi decretado o recolher obrigatório.

Concentrações esta terça-feira

Em Chinácota (departamento de Norte de Santander), foi convocada para ontem um protesto com velas «contra a brutalidade policial que matou tantos jovens nestes últimos dias», informa a TeleSur.

Por seu lado, o Colombia Informa revelou que o Esmad interveio de forma violenta em Bucaramanga (Santander), havendo a registar pelo menos dois feridos.

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Quatro dias seguidos de protestos e forte repressão na Colômbia

Iniciada a 28 de Abril, a greve geral contra a reforma tributária de Duque mantém-se há 4 dias nas ruas. A Rede Francisco Isaías Cifuentes dá conta de 8 mortos, vários desaparecidos e dezenas de detenções.

No Dia do Trabalhador, Cáli respondeu à repressão com uma manifestação massiva 
Créditos / @TobarteleSUR

Convocadas por sindicatos, partidos políticos e organizações sociais, muitos milhares de pessoas vieram para as ruas, no Dia Internacional dos Trabalhadores, para continuarem a dizer «não» à Lei de Solidariedade Sustentável (reforma tributária) avançada pelo governo de Iván Duque e repudiar a forte repressão policial dos últimos dias.

Ao descontentamento e à revolta popular com o projecto de lei juntou-se o «mal-estar» provocado pelo apelo do ex-presidente Álvaro Uribe (2002-2010), expresso na sexta-feira, para que o Exército interviesse contra os manifestantes.

Apesar de o Twitter ter apagado, algumas horas depois, o apelo de Uribe às armas, nas ruas e nas redes sociais o repúdio fez ouvir: «O povo não te quer, assassino criminoso» foi uma de várias expressões sintomáticas veiculadas contra o uribista.

Ontem, Bogotá foi um dos palcos das mobilizações em defesa dos direitos dos trabalhadores, contra a reforma de Duque e a repressão policial. «Aqui está o povo nas ruas organizado, a lutar por uma vida digna», afirmaram na capital.

Na sua conta de Twitter, o Congresso de los Pueblos informou que, neste «Primeiro de Maio, no Sul de Bogotá o povo continua nas ruas, apesar da ameaça das forças de segurança e do governo nacional».

A organização denunciou a repressão exercida pela Polícia em vários pontos do país sul-americano, nomeadamente na cidade de Pereira, no departamento de Risaralda. «Fazemos um apelo para que sejam dadas garantias à mobilização social. Protestar é um direito», referiu.

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Prossegue na Colômbia a paralisação nacional contra a reforma tributária

A Central Unitária dos Trabalhadores anunciou o prosseguimento da Paralisação Nacional iniciada esta quarta-feira contra a proposta de legislação que visa aumentar impostos para «financiar a crise».

Milhares de pessoas mobilizaram-se contra as medidas neoliberais de Duque e a violência na Colômbia 
Créditos / co.marca.com

«A greve desta quinta-feira insistirá na oposição à Reforma Tributária, prosseguirá dia 19 de Maio e continuará enquanto o governo persistir na proposta actual», disse Francisco Maltés, dirigente da Central Unitária dos Trabalhadores (CUT).

Além de «marchas massivas, vigorosas e pacíficas» nesse âmbito, também em defesa de apoios sociais e às pequenas e médias empresas, estão igualmente previstas mobilizações para o Primeiro de Maio.

Ontem, desde cedo, milhares de pessoas vieram para as ruas em diferentes cidades e em mais de 500 municípios do país sul-americano, em protesto contra a proposta do governo de Duque, que os manifestantes acusam de estar a passar aos trabalhadores a factura da crise sanitária e económica.

A jornada de protesto, convocada pelo Comité Nacional de Greve, visava igualmente denunciar a violência no país, sobretudo os massacres e os assassinatos de dirigentes sociais, de defensores da paz e dos direitos humanos, bem como de ex-combatentes das FARC-EP signatários do acordo de paz de 2016.

Bogotá, Medellín, Cáli, Barranquilla e Cartagena foram palco das maiores mobilizações, e ali foram reportados vários confrontos com as forças de segurança. De acordo com a Prensa Latina, o governo destacou mais de 47 mil agentes para as ruas.

Na crise sanitária, aprofundar o neoliberalismo

«A Colômbia está mergulhada numa crise económica muito profunda e propõe-se uma reforma tributária para acabar de empobrecer a classe média, encarecer os alimentos, quando 30% da população, segundo o Departamento Administrativo Nacional de Estatística, não está a fazer três refeições diárias», disse a vice-presidente da Federação Médica Colombiana, Carolina Corcho, citada pela Prensa Latina.

De acordo com os promotores da jornada de greve, milhões de pessoas mobilizaram-se em mais de 500 municípios / co.marca.com

Por seu lado, o presidente da CUT em Antioquia, Jaime Montoya, classificou a reforma como «a mais regressiva de todas», além de favorecer as grandes empresas e o capital financeiro.

A reforma tributária, designada como Lei de Solidariedade Sustentável, contempla o aumento dos impostos sobre produtos e serviços, a instalação de portagens urbanas, e altera o regime de isenções fiscais, o que agravaria a situação de assalariados, pensionistas e população com baixos rendimentos.

Denúncias de repressão

Em comunicado, o Comité Nacional de Greve, que integra várias organizações sindicais, movimentos sociais e partidos, sublinhou «a profunda rejeição da população pelas medidas neoliberais de Duque», apesar do «pico da pandemia, da estigmatização da greve promovida pelo governo e alguns órgãos de comunicação», informa a TeleSur.

O Comité denunciou as medidas de recolher obrigatório e a ausência de transportes públicos, adoptadas por algumas autoridades locais para impedir o protesto, bem como as acções de repressão perpetradas por agentes da Polícia e do Esquadrão Móvel Antidistúrbios (Esmad) em várias cidades, que se saldaram com um morto, dezenas de feridos e de detidos.

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Órgãos de comunicação locais e internautas deram conta de manifestações, este sábado, também em Barraquilla, Medellín, Bucamaranga, Cartagena e Cáli, com forte presença de forças policiais, militares e de agentes do Esquadrão Móvel Antidistúrbios (Esmad), registando-se vários episódios de repressão sobre os manifestantes.

Houve igualmente mobilizações na região do Catatumbo e na cidade de Popayán, no Cauca. Nesta última, refere a TeleSur, a manifestação do Primeiro de Maio – contra a reforma tributária e a repressão do governo de Duque – é a primeira em mais de 80 anos.

Em Cáli, no departamento de Valle del Cauca, a manifestação do Dia do Trabalhador foi massiva, como resposta à grande repressão exercida sobre os manifestantes nos dias anteriores.

De acordo com um relatório divulgado pela Rede de Direitos Humanos Francisco Isaías Cifuentes na sexta-feira à noite, pelo menos oito pessoas foram mortas em Cáli durante as mobilizações. Além disso, o organismo registou a detenção de pelo menos 84 pessoas, 28 feridos, três manifestantes desaparecidos, três casos de pessoas que perderam um olho e o de uma mulher que foi abusada sexualmente por um agente do Esmad.

Duque move-se

Ainda na sexta-feira, confrontado com a grande oposição nas ruas ao polémico projecto para reajustar as contas em tempos de «crise», Iván Duque anunciou que ordenou ao Ministério das Finanças proceder à sua reformulação.

Já ontem, ao final do dia, na sequência de nova jornada de intensas mobilizações no país, o presidente colombiano anunciou que irá destacar o Exército e outros componentes das Forças Armadas para controlar os protestos nas principais cidades.

Para tal, explica a TeleSur, irá recorrer à figura da «assistência militar», que, disse, está contemplada na Constituição e que manterá, em coordenação com autarcas e governadores, até que as manifestações acabem.

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As manifestações começaram há uma semana tendo como principal objectivo a retirada da reforma tributária proposta pelo governo de Duque e agora continuam nas ruas com um espectro de reivindicações muito mais amplo, em que se inclui a rejeição da violência estrututal e da brutalidade policial no país.

De acordo com o balanço divulgado pela Plataforma Grita, relativo à repressão exercida sobre os manifestantes pelos agentes do Esquadrão Móvel Antidistúrbios (Esmad) e elementos do Exército colombiano, no período referido registaram-se 1708 casos de violência, com os mais recentes a ocorrerem em cidades como Pereira, Cáli, Medellín, Barranquilla, Buga, Palmira e Bogotá.

O balanço da repressão policial e militar aponta ainda para 222 casos de vítimas de violência física, 37 homicídios, 831 detenções arbitrárias, 312 intervenções violentas, 22 pessoas com lesões oculares, 110 vítimas de balas disparadas por polícias e dez casos de violência sexual.

ALBA-TCP condena a violência na Colômbia

Os países que integram a Aliança Bolivariana para os Povos da Nossa América – Tratado de Comércio dos Povos (ALBA-TCP) emitiram ontem um comunicado em manifestam a sua preocupação com as vítimas da violência física, das detenções arbitrárias, de desaparecimento, de abuso sexual durante a repressão dos protestos sociais.

O bloco repudiou o uso excessivo da força por parte dos agentes de segurança na Colômbia, tendo feito um apelo às autoridades para velarem pelo dever de proteger os direitos humanos, o direito à vida e à segurança pessoal, refere a agência Prensa Latina.

No texto, a ALBA-TCP destaca que a violência, por parte das forças do Estado, não resolve as causas estruturais das situações de injustiça social, e fez votos pela paz do povo da Colômbia e para que prevaleça o diálogo e a sensatez.

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Na Colômbia – destacou – existe uma polícia política com recursos de guerra para «enfrentar» os problemas sociais. «O anúncio do envolvimento do Exército nesta repressão constitui um quadro sério», disse Marín, lembrando que as mobilizações, a pressão social e popular, «aumentam na medida em que não são dadas soluções para as demandas do povo».

«Lamentamos, como lamenta a América Latina, que a OEA chefiada por Luis Almagro continue a desenvolver uma agenda contrária aos interesses dos povos do continente, totalmente servil aos interesses dos Estados Unidos e das oligarquias da região», afirmou, destacando que a OEA e Almagro mantêm um silêncio cúmplice pelo qual devem responder, no contexto da situação dramática que a Colômbia atravessa.

Pão e circo

Está em jogo a possibilidade de cancelar a realização da Copa América na Colômbia, que deve começar daqui a um mês. «As barras das equipas mais fortes da Colômbia uniram-se em torno do lema de que o que o povo colombiano exige não é circo, mas pão», explicou.

«O que as pessoas exigem nas ruas, com dignidade, são melhores condições de vida e não mais espectáculos para tentar encobrir o sangue, o massacre, a morte, os desaparecimentos e as torturas na nossa pátria», frisou.

«Há relutância em atender ao apelo ao diálogo por parte do governo; o que o povo quer é uma negociação assente numa agenda que inclua reivindicações», disse, acrescentando que as pessoas exigem que o governo diga com clareza aquilo que vai cumprir, e é isso que irá determinar se haverá um acordo.

Se for assim, a situação poderia estabilizar-se «enquanto se aguarda as eleições presidenciais de 2022 e a eleição de um governo democrático que responda às necessidades do povo, governe para o povo e não para os monopólios, os latifundiários, os narcotraficantes e as máfias», defendeu Marín.

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Sublinhou igualmente que, passados seis dias sobre o pré-acordo alcançado ao cabo de nove dias, o governo não só não o assinou como enviou ao Comité um conjunto de observações e ajustamentos ao texto, informa a Prensa Latina.

«Não se trata de pequenas modificações na redacção, como tinham anunciado, trata-se de desfazer o pré-acordo alcançado e, com isso, fechar qualquer possibilidade de negociação», afirmou o Comité.

Não obstante, a greve geral vai continuar, anunciou o Comité, que irá convocar «as maiores mobilizações – organizadas e pacíficas – da história da Colômbia».

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