Por volta das 3h da manhã, militares israelitas vedaram o acesso à zona, e invadiram as casas da família Salhiya, no Bairro de Sheikh Jarrah, para retirar do interior todas as pessoas que lá se encontravam.
De acordo com a WAFA, as forças israelitas espancaram e prenderam mais de duas dezenas de pessoas, entre familiares – incluindo vários menores – e apoiantes contra a ocupação que estavam no local. Em seguida, utilizaram escavadoras para destruir as duas estruturas.
Há três anos que as forças de ocupação israelitas estavam a pressionar a família Salhiya para abandonar o local, alegando que o município de Jerusalém pretendia construir ali uma escola e outros centros educacionais.
No entanto, os Salhiya, a quem as terras pertenciam há gerações, nunca aceitaram sair, mesmo sob a ameaça de despejo, acusando as autoridades israelitas de quererem usar a terra para expandir um colonato próximo.
As autoridades israelitas aprovaram projectos de construção de 3557 unidades habitacionais para colonos em Jerusalém Oriental ocupada, denunciou uma organização não governamental. A luz verde aos planos de construção foi dada pelo Município de Jerusalém, referiu a ONG israelita Peace Now. Um dos planos prevê a edificação de 1465 unidades habitacionais num novo colonato, que ligará os de Har Homa e Givat Hamatos. Deste modo, as autoridades israelitas completam o chamado «anel sul» de Jerusalém, bloqueando ainda mais a ligação dos habitantes palestinianos de Jerusalém Oriental à cidade vizinha de Belém e ao Sul da Cisjordânia ocupada, e «complicando os esforços com vista à criação de um Estado palestiniano», denunciou a ONG. A este projecto juntam-se outras quatro iniciativas, para edificar 2092 unidades habitacionais para colonos também em Jerusalém Oriental, afirmou a Peace Now. Estes planos, sublinha, «fazem subir a tensão no terreno» e evidenciam a «flagrante discriminação» do governo de Telavive, na medida em que apenas constrói para colonos israelitas em Jerusalém Oriental, «enquanto centenas de milhares de palestinianos na cidade não podem construir quase nada», indica a PressTV. Em declarações à agência Safa, citadas pela Prensa Latina, Fakhri Abu Diab, investigador em temas de Jerusalém, criticou a aprovação pelas autoridades israelitas de mais cinco projectos expansionistas. Em seu entender, a decisão insere-se numa estratégia mais ampla de judaização da região, visando isolá-la do resto da Cisjordânia. Comentando os diversos planos, considerou «mais perigoso» aquele que prevê a construção de 1465 unidades habitacionais para colonos entre os colonatos de Har Homa e Givat Hamatos, na medida em que impedirá qualquer ligação dos bairros palestinianos de Jerusalém Oriental e Belém. Abu Diab denunciou ainda o facto de as forças de ocupação estarem a procurar reduzir o número de habitantes palestinianos na cidade, confiscando-lhes terrenos e demolindo-lhes as casas, para os obrigar a migrar. Mais de 600 mil israelitas vivem colonatos só para judeus, construídos desde 1967, em Jerusalém Oriental e na Margem Ocidental ocupada. Todos os colonatos israelitas são considerados ilegais à luz do direito internacional. Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz. O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença.Internacional|
Israel aprova construção de 3500 habitações para colonos em Jerusalém Oriental
«Estratégia para judaizar a região»
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O Bairro de Sheikh Jarrah, em Jerusalém Oriental ocupada, tornou-se conhecido em Maio deste ano, quando os tribunais retomaram um processo movido por organizações de colonos, desde os anos 70, que visa retirar um grupo de famílias palestinianas residentes em Sheikh Jarrah do bairro, com o argumento de que as terras pertencem aos judeus.
Sheikh Jarrah tornou-se um símbolo da resistência à ocupação e à tentativa de judaização de Jerusalém Oriental, ocupada em 1967, no contexto da Guerra dos Seis Dias.
«Não vou abandonar a minha casa»
Na segunda-feira, as forças israelitas já tinham tentado concretizar uma primeira tentativa de despejo, mas os membros da família Salhiya subiram para o telhado e ameaçaram fazer explodir a casa.
Em declarações à WAFA, Mahmoud Salhiya disse que não ia abandonar a sua casa, apesar das ameaças e pressões.
«Viemos para aqui em 1948, depois da expulsão da minha família da cidade de Ein Karem», com a criação do Estado de Israel, disse.
«Fui deslocado uma vez e não voltarei a sê-lo, e não assinarei nenhum papel apresentado pela ocupação», afirmou, em referência a um documento que funcionários israelitas o tentaram convencer a assinar.
De acordo com a WAFA, há 28 casas no bairro que enfrentam a ameaça de despejo.
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