Na Escola Latino-americana de Medicina (ELAM), Aylin Álvarez, primeira secretária da UJC, disse ontem que o país árabe não enfrenta apenas as consequências humanas e materiais do terremoto, mas também «os efeitos de uma política genocida que, à base de sanções económicas, pretende que faça concessões».
A dirigente da organização juvenil referiu que os jovens cubanos e sírios têm um «inimigo comum» e «muita história partilhada», marcada pela imposição de medidas coercivas unilaterais por Washington.
«Exigimos o fim da Lei César, o fim das medidas coercivas unilaterais contra a Síria; em momentos como estes, levantar as sanções económicas é uma questão de humanidade e decência», sublinhou Álvarez, citada pela Prensa Latina.
Por seu lado, o embaixador sírio em Cuba, Ghassan Obeid, disse sentir-se muito feliz com as expressões de solidariedade e irmandade que recebe do povo cubano.
«Apesar da distância geográfica, estamos ao lado de um povo heróico», afirmou, antes de condenar o bloqueio norte-americano contra ambos os países, que procura impedir o seu desenvolvimento.
Também presente na cerimónia, Oqba Almhitawe, estudante sírio na ELAM, agradeceu a solidariedade que o seu país recebeu após o terremoto, tendo ainda destacado o modo como «Cuba nos abriu as portas, nos tratou como filhos e nos forma como profissionais para que possamos ajudar os nossos povos».
Cuba tem manifestado de forma reiterada a sua solidariedade aos povos da Turquia e da Síria, na sequência do devastador terremoto de 6 de Fevereiro, que provocou mais de 41 mil mortos em ambos os países e centenas de milhares de feridos, além de perdas materiais incalculáveis.
Materializando essa solidariedade, a Ilha enviou para os dois países do Médio Oriente equipas de especialistas da Saúde, que integram o Contingente Henry Reeve e já trabalharam noutros países em situações de desastre.
Docentes sírios protestam contra o bloqueio
Dezenas de professores juntaram-se, esta terça-feira, frente ao Gabinete da Organização das Nações Unidas (ONU) em Damasco para denunciar as medidas coercivas unilaterais impostas à Síria pelos Estados Unidos e os seus aliados europeus.
O governo sírio classificou como «enganosas e mentirosas» as declarações de funcionários norte-americanos segundo as quais as medidas coercivas unilaterais impostas a Damasco não afectam o povo sírio. «Os funcionários da administração norte-americana e os seus representantes em Nova Iorque e Genebra continuam a enganar a opinião pública mundial e o próprio povo do seu país ao alegar que as suas sanções não afectam a ajuda humanitária à Siria», denuncia o Ministério sírio dos Negócios Estrangeiros num comunicado emitido ontem. De acordo com o texto, divulgado pela Sana, «os sírios enfrentam as sequelas do recente grande terremoto, escavando com as suas próprias mãos e com ferramentas velhas e simples para resgatar as pessoas que choram debaixo dos escombros, porque são castigados pelos Estados Unidos, que negam os materiais e equipamentos necessários» ao país árabe. O director do Hospital Nacional de as-Suqaylabiyah (Hama) destaca, numa entrevista, os efeitos nefastos das sanções impostas pelas potências ocidentais – que se sentem bem na unidade hospitalar que dirige. A entrevista, concedida à jornalista e escritora britânica Vanessa Beeley foi publicada no passado dia 20 no portal thewallwillfall.org – no qual Beeley tem vindo a divulgar uma série de reportagens sobre a guerra de agressão à Síria. Issam Hawsheh é director do Hospital Nacional de as-Suqaylabiyah, localizado no Norte da província de Hama, junto à planície do Ghab, e que serve uma população de 300 mil pessoas, entre Masyaf, a sul, e Jisr as-Shughur, a norte (já na província de Idlib). A cidade de as-Suqaylabiyah fica precisamente junto à fronteira da província de Idlib e muito perto de áreas controladas por grupos terroristas, pelo que a sua população é alvo de ataques quase diários por parte desses grupos, que lançam mísseis e morteiros «fabricados no Ocidente, pagos com o dinheiro dos estados do Golfo e fornecidos pela Turquia», diz Beeley na introdução à entrevista. A anteceder as declarações do director hospitalar, Beeley lembra ainda que os civis desta cidade têm sido alvo de bandos extremistas, que crianças foram assassinadas quando brincavam nas ruas, nas escolas e mesmo quando procuravam refúgio no mosteiro da cidade. «Nenhum local é seguro», alerta. Durante cerca de dez minutos, Issam Hawsheh fala – em árabe, com legendas em inglês – sobre o impacto das sanções impostas à Síria no sector da Saúde e, em particular, na unidade hospitalar que dirige. Num hospital com capacidade para 200 camas, só 120 estão disponíveis – devido às sanções. Algum equipamento hospitalar – incluindo máquinas de diálise, máquinas de suporte de vida na unidade de emergências – também deixou de deixou de funcionar, devido às sanções, uma vez que foi importado da Europa, as peças são europeias e a manutenção era feita por empresas europeias. Issam Hawsheh destacou também as grandes perdas ao nível do pessoal médico, que se devem aos ataques terroristas lançados sobre o hospital diariamente. Além disso, alguns funcionários, que tinham as suas casas ou as das suas famílias em áreas controladas pelos terroristas, sofreram diversos tipos de ameaças e coacções, para que não continuassem a trabalhar para o Estado sírio. Ao ser questionado sobre a «propaganda dos órgãos de comunicação ocidental», que diz que o governo sírio bombardeia hospitais em Idlib, Hawsheh sublinhou que «os cidadãos em Idlib são cidadãos sírios que estão a ser mantidos como reféns por grupos armados». «Se pudessem escolher, nenhum deles ficaria mais um minuto em áreas controladas pelos terroristas», acrescentou, frisando que «é impossível que o governo bombardeasse infra-estruturas depois de trabalhar 40 anos na sua construção, incluindo hospitais e escolas». Questionado sobre o modo como a imprensa ocidental se referiu aos terroristas que assassinaram crianças ali, recentemente, o director hospitalar afirmou que, «se uma pedra a abrigar um terrorista fosse atingida, o mundo ficaria escandalizado». Outro critério parecem ter sobre «as crianças que são privadas de educação todos os dias, de cuidados de saúde, que não podem ir para os parques por causa dos mísseis fabricados na Europa – na França, nos EUA, na Turquia e noutros países que reivindicam os princípios humanitários e valores democráticos», denunciou. Sobre os Capacetes Brancos, afirmou que se trata de uma «organização falsa» criada pelos serviços secretos britânicos, «actores que aderiram à ideologia terrorista, que influenciam os media ocidentais, enganam as pessoas no Ocidente, fazendo aumentar a pressão sobre o governo sírio». «Não são uma organização humanitária, uma organização que significa "cuidados médicos" e humanidade, de forma alguma», sublinhou. Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz. O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença. Por culpa das acções punitivas a que o país está sujeito, explica o Ministério, as equipas sírias de resgate e de Protecção Civil não possuem os instrumentos e a maquinaria necessária para chegar às pessoas atingidas que se encontram debaixo dos edifícios colapsados. O documento denuncia ainda o facto de ao povo sírio estar proibido o acesso aos medicamentos e materiais médicos que os possam ajudar a enfrentar as catástrofes e doenças, dando como exemplo o facto de o executivo de Damasco não poder comprar equipamentos e medicamentos para o tratamento do cancro. Também ontem, numa entrevista à TV libanesa Al Mayadeen, o ministro sírio dos Negócios Estrangeiros, Faisal Mekdad, sublinhou a necessidade imperiosa de ajuda humanitária à Síria, na sequência do sismo devastador que teve como epicentro a cidade turca de Gaziantep, junto à fronteira, e que, até ao momento, provocou mais de 7800 mortos e dezenas de milhares de feridos em ambos os países. «A catástrofe do terremoto que atingiu a Síria é grande, e o que aumentou a sua profundidade são as circunstâncias difíceis que o país atravessou nos últimos 12 anos, enquanto lutava contra o terrorismo e os seus apoiantes», disse Mekdad à Al Mayadeen. As operações de resgate avançam na sequência do terremoto de alta intensidade com epicentro na região fronteiriça turco-síria. As autoridades sírias pediram ajuda à ONU e denunciaram as sanções. Esta manhã, o número de vítimas mortais em ambos os países já passava de 5000, segundo os dados oficiais divulgados. As autoridades turcas, refere a PressTV, confirmaram que o terremoto de 7,8 na escala de Richter e as réplicas que se seguiram, no Sudeste do país, ontem de madrugada, provocaram a morte de mais de 3400 pessoas e que o número de feridos é superior a 14 mil. O epicentro sísmico teve lugar a cerca de 30 quilómetros de Gaziantep, junto à fronteira com a Síria. Neste último país, as províncias de Alepo, Latakia, Hama e Tartus foram as mais afectadas, estando confirmadas mais de 1600 vítimas mortais – não apenas em zonas controladas pelo governo. O sismo e as réplicas de elevada intensidade tiveram um impacto devastador em ambos os lados da fronteira, arrasando milhares de edifícios. Catherine Smallwood, da Organização Mundial da Saúde (OMS), disse à AFP que o número de vítimas mortais pode chegar a 20 mil. «Existe a possibilidade constante de que ocorram mais colapsos, pelo que frequentemente vemos os números iniciais [de vítimas] multiplicarem-se por oito», alertou. Na Síria, com as pessoas feridas a chegarem a centros de saúde e hospitais, o governo lançou um apelo de ajuda ao mundo. Bassam Sabbagh, representante da Síria junto das Nações Unidas, disse à imprensa que entregou ao secretário-geral do organismo uma carta a pedir a ajuda e que recebeu garantias de que a Síria terá toda a ajuda possível nesta situação difícil. Na declaração, o Ministério dos Negócios Estrangeiros pede também à Cruz Vermelha e a todos os organismos internacionais, governamentais e não governamentais que apoiem as acções do país para enfrentar o desastre natural. Também agradece aos países e organizações que expressaram solidariedade, condolências ou vontade de ajudar. Venezuela, Líbano, Iraque, Rússia, Irão, Tunísia, Argélia, China, Nova Zelândia, Canadá e Espanha estão entre os países que já deram ajuda à Síria ou que anunciaram que o iriam fazer. Um porta-voz iraniano disse esperar que o mundo «envie rapidamente ajuda para os dois países», mas lembrando que a Síria enfrenta «circunstâncias especiais», em alusão às sanções e ao cerco que lhe são impostos por Washington e aliados, e que têm debilitado fortemente as infra-estruturas de saúde no país. Ontem, o ministro sírio dos Negócios Estrangeiros, Faisal Mekdad, também denunciou as sanções unilaterais impostas pelo Ocidente, que «exacerbam o sofrimento do povo sírio e agravam as sequelas deste desastre natural». Nua reunião com representantes de organismos e gabinetes da ONU que operam no país, garantiu a colaboração total do governo para que possam prestar toda a ajuda humanitária, indica a Sana. Vários organismos internacionais fizeram apelos de reforço ao financiamento da ajuda humanitária na Síria. Carsten Hansen, do Conselho Norueguês para os Refugiados, alertou que este desastre «vai agravar o sofrimento dos sírios, que já enfrentam uma grave crise humanitária». Por seu lado, o Conselho das Igrejas do Médio Oriente (MECC, na sigla em inglês) pediu o levantamento imediato das sanções impostas à Síria, afirmando que dificultam os esforços para garantir ao povo sírio os bens de primeira necessidade para responder ao terremoto devastador. «Pedimos o levantamento imediato das sanções contra a Síria e a autorização do acesso a todos os materiais, para que as sanções não se transformem num crime contra a humanidade», afirmou o MECC num comunicado, esta segunda-feira. Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz. O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença. «O que exacerbou a tragédia e a catástrofe foram as sanções impostas pelos Estados Unidos e os países ocidentais à Síria», acrescentou, reiterando o apelo a todos os países do mundo para que ajudem o povo sírio a enfrentar a actual catástrofe humanitária. Mekdad agradeceu toda a assistência já recebida da parte de múltiplos países e organizações, bem como a solidariedade expressa à Síria e ao seu povo, tendo sublinhado a determinação do governo em permitir que a ajuda chegue a todas as regiões do país, «desde que não fique nas mãos de grupos armados terroristas». Igualmente ontem, o Crescente Vermelho Árabe Sírio pediu aos EUA e à União Europeia que levantem o cerco e as sanções impostos à Síria, que estão a dificultar seriamente o trabalho de ajuda às regiões do país afectadas pelo sismo. Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz. O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença.Internacional|
Síria denuncia bloqueio, sanções e mentiras dos EUA
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A Síria precisa de ajuda humanitária urgente
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É preciso acabar com as sanções, que «exacerbam o sofrimento do povo sírio»
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A mobilização, convocada pelo Sindicato dos Docentes, expressou o repúdio pelas sanções, na medida em que impedem o país de dar a resposta necessária aos afectados pelo terremoto.
Neste sentido, indica a agência Sana, exigiram a abolição da chamada Lei César, que impõe sanções extra-territoriais a qualquer indivíduo, entidade ou país que estabeleça relações comerciais com a Síria.
Entretanto, apesar do anúncio de levantamento parcial das sanções por Washington, mantêm-se as dificuldades no terreno à importação de materiais, medicamentos e alimentos, denunciam as autoridades, que agradecem toda a ajuda recebida por parte de duas dezenas de países.
China exige levantamento total e imediato das sanções
Um desses países, a China, considerou imperativo que os EUA acabem com todas as medidas de punição à Síria, em vez de fazerem um «teatro político com o alívio temporário».
«Instamos os Estados Unidos a abandonarem os cálculos geopolíticos, a levantarem todas as sanções ilegais contra a Síria imediatamente e a deixarem de criar desastres humanitários», afirmou o Ministério dos Negócios Estrangeiros.
Também no Conselho de Segurança da ONU, o representante permanente da China, Zhang Jun, insistiu, esta segunda-feira, no levantamento «total, imediato e incondicional» das «sanções ilegais contra a Síria», sublinhando os danos por elas provocados, dentro e fora do contexto do terremoto.
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