Quando o pastor baptista foi assassinado, a 4 de Abril de 1968, aos 39 anos, já era um dos mais respeitados líderes dos movimentos pelos direitos civis e pela igualdade da comunidade afro-americana nos Estados Unidos da América (EUA).
A mobilização de milhões de norte-americanos pela igualdade, na qual foi um dos mais proeminentes actores, foi determinante para que esta fosse reconhecida na lei. O papel de King viria a ser reconhecido em 1964, com a atribuição do Prémio Nobel da Paz, sendo o mais jovem distinguido à época, com apenas 35 anos.
No ano anterior, foi um dos construtores da Marcha sobre Washington pelo Trabalho e a Liberdade, em que proferiu o seu histórico discurso «I Have a Dream» («Eu tenho um sonho»), a 28 de Agosto de 1963. Nos dois anos seguintes, foi aprovada legislação federal proibindo a discriminação baseada na «raça, cor, religião, sexo ou origem».
Perseguido pelas autoridades
Nos últimos anos de vida, Martin Luther King Jr. foi colocado sob vigilância por parte do FBI (Agência Federal de Investigação) por alegadamente manter ligações a comunistas. Aspectos da sua vida pessoal foram usados numa tentativa de o desacreditar pelo FBI, que chegou a enviar-lhe uma carta com ameaças e insinuando que a única saída para King era o suicídio.
Uma parte significativa dos documentos relacionados com todo o processo continua classificado e em segredo, pelo menos, até 2027. Em 1999, o júri de um tribunal cível deu como provada a existência de uma conspiração para o matar, eventualmente envolvendo agências federais dos EUA.
Memphis, 2018: retrato de desigualdade
Apesar de King ter visto ser aprovada legislação reconhecendo a igualdade e proibindo a discriminação, a realidade mostra que ainda não chegou à vida dos afro-americanos, designadamente na cidade onde morreu.
Num artigo no Washington Post, em Outubro passado, dois membros do movimento Black Lives Matter denunciaram que o FBI está a classificar activistas como ameaças para a segurança nacional. Entretanto, continuam a ser abatidos afro-americanos desarmados por forças policiais, como aconteceu com Stephon Clark, de 22 anos, no passado dia 18 de Março, em Sacramento (Califórnia).
Mas uma das causas a que King dedicou grande parte da sua intervenção, particularmente nos seus últimos anos de vida, continua a revelar profundas desigualdades: a pobreza.
Numa reportagem em Memphis, o El Salto descreve a «desoladora paisagem de abandono e pobreza nos arredores do Motel Lorraine, hoje Museu Nacional pelos Direitos Civis», onde King foi assassinado há cinco décadas.
Os afro-americanos representam 63% da população total da cidade, «destes, 32,3% vivem abaixo do limiar da pobreza» – um valor superior à média local. Em declarações ao jornal espanhol, o dirigente de um movimento trabalhista, Hunter Demster, refere que «há 50 anos éramos a quarta cidade mais pobre [dos EUA], agora somos a número um» e acusa o presidente da Câmara Municipal de Memphis de dar incentivos a empresas que praticam baixos salários.
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