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Massacres sucedem-se na Colômbia

O assassinato de 3 jovens em Chocó e de outros 3 em Cundinamarca eleva para 64 o número de massacres perpetrados na Colômbia este ano. As disputas territoriais são um dos factores que os propiciam, segundo o Indepaz.

Protesto em Bogotá contra os massacres na Colômbia
Créditos / France 24

Três jovens, entre os 20 e 25 anos de idade e membros da mesma família, foram mortos no município de Soacha (departamento de Cundinamarca, no Centro do país sul-americano). Apesar de os factos terem sido divulgados este domingo, a Polícia do departamento revelou que foram perpetrados na quinta-feira passada.

Para o subcomandante da Polícia de Cundinamarca, Javier Aya, o massacre poderá estar «relacionado como microtráfico de drogas» na região e com uma questão de «vingança», informa a TeleSur.

«Os departamentos mais violentos são Antioquia (14 massacres), Cauca (nove) e Nariño (nove).»

No sábado à noite, poucas horas antes de serem conhecidos os assassinatos em Soacha, o Instituto de Estudos para o Desenvolvimento e a Paz (Indepaz) reportou um outro massacre – em que foram assassinados três homens –, cometido na cidade de Quibdó, no departamento de Chocó. De acordo com a Polícia departamental, tratou-se de um «ajuste de contas».

Trata-se do terceiro massacre registado pelo Indepaz em Chocó e do segundo em Cundinamarca, em 2020. Desde o início do ano, o organismo documentou 64 «assassinatos múltiplos» no país. Os departamentos mais violentos são Antioquia (14 massacres), Cauca (nove) e Nariño (nove).

Disputas territoriais, realinhamento dos agentes, economias ilegais, impunidade

Numa peça publicada no passado dia 25 – «Las causas de las masacres en Colombia del 2020» –, o Publimetro Colombia destaca que «os números alarmantes do recrudescimento dos massacres não aparecem sozinhos», pois há outros números (alarmantes) que também cresceram nos últimos dois anos, nomeadamente os relativos às deslocações forçadas de populações e a outro tipo de violações de direitos humanos.

«Não é só o narcotráfico. Na Colômbia, existe a guerra pela madeira, pela droga, pela mineração, pelo tráfico de pessoas»

Ariel Ávila

Leonardo González, do Indepaz, sublinha que existem várias razões para o aumento dos massacres e que «generalizar seria cair no erro», mas não deixa de identificar padrões claros que «evidenciam uma certa sistematicidade no fenómeno», sendo o primeiro «a disputa territorial».

Por seu lado, Ariel Ávila, da Pares Colombia, afirma que «o que se está a ver hoje é um fenómeno a que chamamos "empate técnico negativo", que consiste em que, ao desmobilizar-se um actor armado, se inicia uma reocupação criminosa dos territórios».

O governador do departamento de Antioquia, Luis Suárez, afirmou que «todos os massacres estão marcados pelo narcotráfico, pelo menos em Antioquia», e o ministro colombiano da Defesa, Carlos Holmes Trujillo, disse que a produção de cocaína é o problema.

No entanto, para Ávila esta perspectiva é «pobre». «Confundir a luta contra as drogas com um problema de segurança mostra que o governo não sabe, não entende e não quer entender. Não é só o narcotráfico. Na Colômbia, existe a guerra pela madeira, pela droga, pela mineração, pelo tráfico de pessoas», afirmou.

«Outra questão que esta espiral de massacres deixa ver é a da impunidade»

Na mesma linha, Leornado González (Indepaz) defendeu que «os massacres aumentam porque os grupos criminosos estão a fazer segurança para cartéis de narcos e a proteger a produção da droga, mas na Colômbia há de tudo. Na região do Pacífico há uma agitação muito forte com a questão das madeiras, por exemplo».

Outra questão que esta espiral de massacres deixa ver é a da impunidade. Segundo as autoridades do departamento de Antioquia, o Ministério Público ainda não conseguiu resolver sequer metade dos 14 massacres perpetrados no território.

«Esse é outro problema. Quando os actores sentem que não há justiça, passam a exercer aquilo que designamos como violência activa, que consiste em mostrar-se, em dizer "fomos nós, somos capazes disto e não nos importamos porque não há justiça"», referiu González.

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