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México condena novos leilões de bens arqueológicos do país

A Secretaria da Cultura e o Instituto Nacional de Antropologia e História (INAH) condenam «energicamente» o leilão de 64 bens pré-hispânicos na Europa, em plataformas digitais e casas de leilões.

Créditos / oncenoticias.digital

Numa nota emitida dia 5, estas instituições denunciaram que a plataforma Catawiki promove, no designado «Leilão de arte antiga (pré-colombiana)», a venda de bens oferecidos pela casa Antique 4U, dos Países Baixos, bem como pela Galeria J. Bagot Arqueologia e um vendedor identificado como «user-6907b16», de Espanha.

Nas licitações promovidas por este sítio, que deveriam terminar ontem, foram identificados 50 bens pré-hispânicos que integram o património cultural do México, «protegidos pela Lei Federal sobre Monumentos e Zonas Arqueológicos, Artísticos e Históricos».

Secretaria mexicana da Cultura e INAH referem que as peças em causa abrangem um período que vai dos anos 600 a.C. até a 1200-1521 d.C., que cobrem os períodos Pré-clássico, Clássico e Pós-clássico mesoamericano e sendo representativas de várias regiões.

Na sua maioria, consistem em figuras antropomórficas de Tlatilco, um local no Altiplano Central; das tradições Chupícuaro (Bajío) e túmulos de poço do Ocidente; das culturas do Golfo de México, bem como maias e mexicas, explica a nota.

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México pede a casas de leilões europeias que não vendam peças pré-hispânicas

Referindo-se aos leilões agendados para este mês em vários países europeus, o governo mexicano afirma que «os valores históricos, simbólicos e culturais» em causa superam «qualquer interesse comercial».

Máscara teotihuacana de 450 a 650 d.C. leiloada numa casa europeia por 15 mil euros; o México apela à «ética» e à defesa dos «valores culturais» 
Créditos / La Jornada

A Secretaria da Cultura federal fez um apelo às galerias e casas de leilões Setdart, Zacke, Carlo Bonte Auction e Ader para que travem a oferta e a venda de peças que pertencem ao património do México.

As peças foram identificadas em leilões que estas empresas tinham programado para ontem, hoje, dias 15 e 18 de Março, respectivamente, segundo informa o diário La Jornada.

«No caso do México, estas peças representam um legado de valor incalculável das culturas ancestrais que fazem parte do património histórico e uma mostra da diversidade e riqueza cultural do país», lê-se nas missivas que a Secretaria da Cultura mexicana enviou às empresas referidas, localizadas em Espanha, Áustria, Bélgica e França.

«São vestígios do que somos e das culturas vivas dos povos originários», afirma o texto, sublinhando que «os valores históricos, simbólicos e culturais dos bens em causa são superiores a qualquer interesse comercial».

«Propriedade inalielável e imprescritível» do México

Em comunicado emitido dia 9, o governo mexicano informa que no leilão organizado pela Galeria Setdart, em Barcelona, foram identificados 35 bens mexicanos; no da Galeria Zacke, em Viena, foi detectada uma peça arqueológica mexicana, proveniente da Costa do Golfo.

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México critica leilões de património pré-hispânico em França

Andrés Manuel López Obrador disse que as casas de leilões francesas foram longe demais na venda de objectos pré-hispânicos e lamentou a falta de legislação para controlar este tipo de acções.

Peça olmeca, do período clássico restituída ao México, que tem feito uma intensa campanha pela devolução do património saqueado ao país nas várias fases da sua história  
Créditos / @m_ebrard

Referindo-se, na segunda-feira, aos leilões de património cultural do país azteca, o presidente do México considerou-os «imorais» e disse que as casas de leilões chegaram inclusive a enviar fotografias de relíquias ao Instituto Nacional de Antropologia e História (INAH) para perguntar à instituição mexicana se eram genuínas e as poder vender por mais dinheiro.

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Peças nunca vistas no país integram a exposição «La grandeza de México»

A mostra, patente ao público até 26 de Abril na Cidade do México, evidencia a enorme riqueza cultural do país. Algumas peças foram repatriadas nos últimos 3 anos, outras são empréstimos de museus estrangeiros.

Museu Nacional de Antroplogia, Cidade do México 
Créditos / dondeir.com

«La grandeza de México» é uma mostra da história, arqueologia, artesanato, escultura, óleos, danças indígenas que expressam «a imensa riqueza cultural» do país americano, e que documenta ainda processos históricos e de luta, segundo nota dos organizadores.

A exposição permanecerá aberta ao público até 26 de Abril deste ano nas suas duas sedes, ambas na capital mexicana: o Museu Nacional de Antropologia (MNA) e o Salão Ibero-americano, da Secretaria de Educação Pública (SEP).

No total, ambos os espaços reúnem mais de 1500 peças (380 no MNA e 1145 no SEP), algo que, nalguns casos, só se tornou possível graças à acção da «diplomacia cultural» das autoridades mexicanas.

Deste modo, indica o Instituto Nacional de Antropologia e História (INAH), é possível ver na Cidade do México «um panorama único sobre a vastidão do património cultural, a história e as identidades que foram criadas no território que é hoje o México».

Dois dos curadores, Baltazar Brito Guadarrama e Karina Romero Blanco, sublinharam quão importante é reunir obras patrimoniais poucas vezes vistas e, inclusive, inéditas museograficamente.

«A exposição celebra as múltiplas identidades do México, convidando o público a conhecer uma variedade de linguagens, culturas e manifestações artísticas que foram criadas em diferentes momentos da nossa história», disse Karina Romero, citada pelo INAH.

Mais de 1500 peças em dois espaços

No Salão Ibero-americano, 264 das 1145 peças são «nacionais», 879 são «repatriações» alcançadas nos últimos três anos e duas são empréstimos de obras de outros países, informa a SEP, que subdivide a mostra em regiões: Sudeste e área Maia; Altiplano e Norte do México; às quais junta um «módulo geral para documentar os processos de um povo em luta».

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Recuperada no México vasilha maia milenária com escrita hieroglífica

Especialistas do Instituto Nacional de Antropologia e História (INAH) recuperaram uma vasilha de estilo Chocholá, gravada com um texto hieroglífico, durante trabalhos arqueológicos nas obras do Tren Maya.

Imagem divulgada pelo INAH da vasilha maia agora descoberta no Iucatão 
Créditos / inah.gob.mx

Um comunicado do INAH precisou que este tipo de cerâmica data de finais do período Clássico Inicial ao Clássico Tardio (entre 600 e 800 d.C.), atribuído à zona de Oxkintok, uma região que se propôs como a área de produção deste estilo de peças, no Iucatão, informa o diário La Jornada.

Trata-se, esclarece, de um tipo de vasilhas com ampla presença no Norte do Iucatão, mas cuja maioria registada é proveniente de colecções privadas como resultado do saque e do comércio ilícito, sem que se conheça o contexto cultural arqueológico da proveniência – daí a importância da peça recuperada.

As vasilhas Chocholá, explica o texto, caracterizam-se por apresentar texto hieroglífico, embora possam ou não apresentar cenas iconográficas. De um modo geral, a escrita trata de uma Sequência Primária Padrão ou frase dedicatória, que descreve o objecto e menciona o seu proprietário e o possível conteúdo.

Imagem da vasilha e das inscrições glíficas por separado / lectormex.com

O estilo de vasilhas Chocholá, acrescenta o comunicado do INAH, foi assim designado pelo arqueólogo e epigrafista norte-americano Michel D. Coe, na sua obra The Maya Scribe and His World, devido ao facto de a maioria das peças apresentadas no catálogo referido terem sido adquiridas na zona de Chocholá, por parte dos coleccionistas.

O arqueólogo Ricardo Abraham Mateo, membro da equipa de trabalhos arqueológicos do Proyecto Tren Maya, que leva a cabo a análise epigráfica da vasilha, detalha que, de acordo com os especialistas que estudaram a região, são poucas as vasilhas com estas características que se recuperaram no seu contexto original.

Segundo o estudo epigráfico do especialista, o texto gravado na peça é uma Sequência Primária Padrão ou frase dedicatória.

Consiste em cinco conjuntos de inscrições glíficas, que são lidas da seguinte forma: A1 u jay (u-ja-yi) «É a sua taça»; B1 yuk'ib (yu-k'i-bi) «o seu copo»; C1 ta yutal (ta-yu-ta) «para o seu afrutado»; D1 tsihil kakawa (tsi-li-ka-wa) «cacau fresco ou novo»; D1 Sajal (sa-ja-la?) «do Sajal» (homem subordinado ou exclamador).

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A grande diversidade cultural e natural do país americano pode ser também apreciada nas 380 peças que integram a mostra no MNA, algumas das quais voltam a território mexicano pela primeira vez, como a Carta topográfica de la Ciudad de México, de 1550, proveniente da Universidade de Uppsala (Suécia); a vestimenta litúrgica elaborada com plumas de colibri, seda e linho do século XVIII, assim como outras peças que foram emprestadas pelo Museu do Quai Branly-Jacques Chirac e o Museu das Américas, ambos em França.

«As peças pré-hispânicas, documentos originais e fac-similares, bem como os óleos de artistas mexicanos, revelam o nosso passado para dar um novo significado ao presente», refere ainda a nota dos organizadores.

A exposição divide-se em cinco apartados temáticos: «Território: palcos de vida e paisagens culturais», «Espiritualidade: uma via para compreender o mundo», «O individuo: origem e centro das culturas», «Simbolismo: ideias e representações do mundo» e «O motor da história».

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López Obrador disse ter dado ordens ao INAH para que não responda mais a esse tipo de solicitações. «Têm o descaramento, as organizações que se dedicam a leiloar estas peças, de pedir informação ao INAH mediante fotografias para que o INAH lhes diga se são autênticas ou falsas», disse, citado pela agência Associated Press (AP).

O presidente mexicano criticou o governo francês por «não ter feito nada para impedir que seja leiloado este tipo de objectos nos últimos anos» e defendeu que os franceses deviam agir mais como o executivo italiano, que fez um esforço no sentido de identificar e devolver objectos antigos.

Acrescentou que a sua esposa, Beatriz Gutiérrez Müller, escreveu ao ministro francês dos Negócios Estrangeiros para lhe pedir que seja travada a venda de cerca de 50 artefactos mexicanos, nos próximos dois leilões.

Além disso, as embaixadas de Equador, Guatemala, México, Panamá, Peru e República Dominicana em França emitiram, esta terça-feira, um comunicado conjunto expressando «veemente repúdio» pelos leilões de bens culturais pré-colombianos em Paris.

Cartaz da campanha contra o leilão de peças pré-hispânicas em Paris / Twitter

A casa Société Baecque et Associés leiloa hoje objectos de povos originários de todas partes do mundo. Para sexta-feira, dia 11, está marcado o leilão de vários artefactos pré-hispânicos de diversas partes da América Latina, na Société Binoche et Giquello.

López Obrador disse que muitas das peças à venda são falsas e pediu aos eventuais compradores «que não ajam como delinquentes», refere a AP.

Até ao momento, o México, que lançou uma campanha pela devolução de objectos das civilizações maia e azteca, bem como de outros povos pré-hispânicos, conseguiu recuperar 6000 peças, sobretudo provenientes de Itália, EUA, Alemanha e Canadá.

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Acrescenta que no leilão organizado pela casa Carlo Bonte Auction, em Bruges, foram detectadas três peças que pertencem ao património mexicano, do estilo Comala; enquanto no leilão organizada pela Casa Ader, em Paris, foram identificadas 74 peças arqueológicas do património mexicano.

O executivo liderado por López Obrador, que se tem batido activamente pela devolução ao país do património mexicano espalhado pelo estrangeiro, condena de forma veemente estes leilões, destacando que estas peças «são propriedade do país, inalienável e imprescritível, retiradas sem autorização e de forma ilícita do território nacional, estando proibida a sua exportação por lei desde 1827».

O governo mexicano informa ainda que iniciou os procedimentos judiciais correspondentes em cada um dos países, com o intuito de que cada peça pertencente ao património nacional seja devolvida ao país azteca, através de canais diplomáticos e legais oficiais.

Entretanto, a Embaixada do México na Áustria informou que, em resultado das acções levadas a cabo pelo executivo mexicano, a Galeria Zacke, em Viena, retirou do catálogo do leilão programado para hoje a peça arqueológica da Costa do Golfo, datada do período clássico mesoamericano (400-900 d.C.).

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As instituições mexicanas denunciam ainda que está prevista para hoje, segunda-feira, na Galeria de Zwann Amsterdam, nos Países Baixos, a realização de um leilão intitulado «Arqueologia e arte tribal», no qual aparecem 14 peças que, segundo os critérios estabelecidos pelos especialistas do INAH, também são monumentos arqueológicos móveis que integram o património cultural do país.

A Secretaria da Cultura informa que já denunciou o caso junto da Procuradoria-Geral da República, e que enviou ofícios ao serviço jurídico da Secretaria dos Negócios Estrangeiros e à Direcção-Geral dos Assuntos Policiais Internacionais da Interpol, de modo a implementarem as medidas necessárias com vista à repatriação dos bens referidos.

De acordo com dados oficiais, referentes a meados deste ano, o México conseguiu recuperar cerca de 9000 peças desde 2018, no âmbito da campanha que o governo de López Obrador lançou pela devolução de objectos das civilizações maia e azteca, bem como de outros povos pré-hispânicos.

As autoridades mexicanas afirmam que a campanha se insere numa política de defesa do património cultural e de luta contra o tráfico ilícito de bens culturais, e que se destina igualmente a promover o respeito e reconhecimento pela história e a identidade dos povos indígenas.

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