|Saara Ocidental

ONU deve garantir direito do povo saarauí à autodeterminação

O apelo da Frente Polisário ao Conselho de Segurança da ONU foi renovado esta quarta-feira, no âmbito da quarta sessão ordinária do secretariado nacional, que decorre em Chahid al-Hafed (Argélia).

A quarta sessão ordinária do secretariado nacional da Frente Polisário decorre em Chahid al-Hafed (Argélia) Créditos / Plataforma Cascais

Ao intervir na sessão, Brahim Ghali, secretário-geral da Frente Polisário e presidente da República Árabe Saarauí Democrática (RASD), reafirmou o apelo dirigido ao Conselho de Segurança, no sentido de «tomar medidas urgentes para garantir o exercício do povo saarauí ao seu direito legítimo à autodeterminação e à independência».

No discurso pronunciado, Ghali referiu que tais medidas devem permitir à Missão das Nações Unidas para o Referendo no Saara Ocidental (Minurso) cumprir o objectivo para o qual foi estabelecida, «garantindo o direito do povo saarauí à autodeterminação e à independência, através de um referendo livre, justo e transparente», indica o Sahara Press Service (SPS).

Ghali manifestou ainda a «disposição da RASD para encontrar uma solução definitiva para o conflito prevalecente com Marrocos, tendo por base uma solução que respeite os objectivos e princípios da União Africana, em particular o princípio do respeito das fronteiras existentes no momento da independência».

Aumentar a coordenação para enfrentar as ameaças à paz

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Brahim Ghali: a República Saarauí é uma realidade «irreversível»

«A República Saarauí é uma realidade nacional, regional e internacional tangível que Marrocos já não pode negar», afirmou o presidente Brahim Ghali a propósito do 47.º aniversário da proclamação da RASD.

Brahim Ghali, presidente da RASD (imagem de arquivo)
Créditos / sudhorizons.dz

Num discurso pronunciado na wilaya de Chahid el Hafed (Argélia), o secretário-geral da Frente Polisário afirmou que o povo saarauí comemora o 47.º aniversário da proclamação da República Árabe Democrática Saarauí (RASD) como um facto «irreversível» e que, «apesar das enormes dificuldades e dos graves desafios», prossegue «a sua batalha pela liberdade e a independência, com firme determinação e apego aos seus legítimos direitos».

Brahim Ghali reafirmou que a Frente Polisário, «única e legítima representante do povo saarauí», «não participará em nenhum processo que não respeite a vontade do povo nem a natureza jurídica da questão do Saara Ocidental», refere o Sahara Press Service (SPS).

Neste contexto, exortou a ONU a acelerar a habilitação da sua missão no Saara Ocidental, MINURSO, para o cumprimento da tarefa que lhe foi confiada pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas, que é o referendo de autodeterminação, tal como estabelecido em 1991.

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«Não há estabilidade e paz no Norte de África sem se resolver a questão saarauí»

A propósito da cimeira entre Espanha e Marrocos, o representante da Frente Polisário em Espanha afirma que não se opõe a boas relações bilaterais, alertando que isso não pode ser feito à custa dos saarauís.

Créditos / focusonafrica.info

Numa entrevista recente ao portal elnacional.cat, Abdulah Arabi sublinhou que a Frente Polisário «não se opõe a boas relações bilaterais entre ambos os países, por entendermos que isso é positivo tanto para o Norte de África como para a União Europeia [UE]».

No entanto, o representante saarauí em Espanha advertiu que «é claro que Marrocos condicionará as relações de boa vizinhança a um detrimento das legítimas aspirações do povo saarauí».

A chamada Reunião de Alto Nível (RAN) ou cimeira entre Espanha e Marrocos, que hoje decorre em Rabat, é a primeira desde 2015, tendo sido classificada por fontes do executivo espanhol como histórica e uma prova do excelente estado das relações bilaterais.

A este propósito, Abdulah Arabi destacou que, da parte de Marrocos, só haverá entendimentos se considerar que aquilo que o governo espanhol propuser em relação ao Saara Ocidental «concorda com as suas pretensões de ocupação militar».

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A «traição» de Sánchez não altera a vontade de luta do povo saarauí

A Frente Polisário qualificou como «traição» o apoio do governo espanhol ao plano de autonomia marroquino. Brahim Ghali sublinhou que a natureza jurídica do conflito e a vontade de luta do povo se mantêm.

Créditos / @NestorRego

Em declarações à TV argelina, este domingo, o presidente saarauí e secretário-geral da Frente Polisário, Brahim Ghali, afirmou que a «estranha e surpreendente posição» expressa pelo governo espanhol «não altera a natureza jurídica do conflito do Saara Ocidental, nem atribui soberania ao Estado de ocupação marroquino sobre o território».

Ghali disse ainda que a decisão do governo liderado por Sánchez, que qualificou como «imoral e vergonhosa», «não afecta minimamente a vontade do povo saarauí de prosseguir a sua justa e legítima luta» pela soberania sobre «todo o território nacional».

À luz do direito internacional, o Saara Ocidental não é marroquino, acrescentou, frisando que a decisão sobre a soberania cabe exclusivamente ao povo saarauí.

O chefe de Estado louvou ainda a «solidariedade dos povos de Espanha» com a «justa causa» saarauí e disse esperar «uma acção urgente», para «corrigir este novo erro» e para que o «Estado espanhol assuma as suas responsabilidades», que «não desaparecem com o tempo».

«Traição ao compromisso da sociedade espanhola»

Na sexta-feira passada, o governo espanhol, sintonizado com as teses de Rabat, indicou que o plano de autonomia de Marrocos para o Saara Ocidental, apresentado em 2007, é «a base mais séria, realista e credível» para a resolução do conflito.

A decisão foi muito criticada em Espanha, onde existe um amplo movimento de solidariedade com o Saara Ocidental. Mais de uma dezena de partidos solicitaram a presença do primeiro-ministro espanhol no Parlamento, exigindo-lhe explicações sobre uma «marcha atrás» também criticada por parceiros da coligação governamental.

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A paz no Saara Ocidental é possível se «for aplicada a legitimidade internacional»

A possibilidade da paz no Saara Ocidental depende da aplicação da legitimidade internacional, permitindo o exercício do direito à autodeterminação, afirmou o presidente saarauí, Brahim Ghali.

Brahim Ghali, presidente da RASD (imagem de arquivo)
Créditos / sudhorizons.dz

«É absolutamente impossível esperar a paz e a estabilidade na região a menos que a legitimidade internacional, plasmada na Carta das Nações Unidas, e na Acta de Fundação da União Africana [UA], seja implementada», afirmou Ghali este domingo, na abertura do IX Congresso da União Geral dos Trabalhadores Saarauís.

«Isso permitiria ao povo saarauí exercer o seu direito inalienável à autodeterminação e à independência», acrescentou, citado pela Sahara Press Service (SPS).

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«No Saara Ocidental há uma guerra a sério»

Entrevistado pela RT, o delegado da Frente Polisário em Espanha afirma que Marrocos nega a existência da guerra em função dos seus interesses. Também fala do apoio dos EUA e da inoperância da Minurso.

Soldados da Frente Polisário no Saara Ocidental, em Setembro de 2016
CréditosZohra Bensemra / RT

Há pouco mais de um mês, no Saara Ocidental, as forças militares marroquinas dissolveram uma manifestação de cidadãos saarauís que bloqueavam a chamada «passagem de El Guerguerat», o que levou a Frente Polisário (movimento de libertação nacional do Saara Ocidental) a acusar o Reino de Marrocos de violar o cessar-fogo em vigor desde 1991 e a declarar a guerra a Marrocos, que ocupa ilegalmente o território saarauí há 45 anos.

Voltava assim a intensificar-se um conflito que permanecia há alguns anos em estado latente, marcado pela ocupação, o saque permanente dos recursos saarauís – levado a cabo num território rico em minerais e pesca –, a brutal repressão sobre o povo saarauí, num contexto de cumplicidade internacional e inoperância da Missão das Nações Unidas para o Referendo do Saara Ocidental (Minurso), que foi incapaz de concretizar o referendo de autodeterminação que as resoluções da ONU defendem como via para se chegar a bom porto.

A Frente Polisário, pela voz do seu líder, Brahim Ghali, denunciou que a operação militar marroquina em El Guerguerat «minou seriamente não só o cessar-fogo e os acordos militares relacionados, mas também qualquer possibilidade de alcançar uma solução pacífica e duradoura para a questão da descolonização do Saara Ocidental».

Uma guerra silenciada

Abdullah al-Arabi, delegado da Frente Polisário em Espanha, encara o episódio de El Guerguerat como «o detonante que fez com que agora haja no Saara Ocidental uma guerra pura e dura», refere a RT.

Para al-Arabi, «ficou claro que o cessar-fogo foi quebrado» e que a Minurso «já não tem qualquer papel no terreno, uma vez que o seu objectivo era realizar um referendo de autodeterminação e 29 anos depois não foi capaz de o fazer».

O representante em Espanha da Frente Polisário também critica o silêncio de Marrocos sobre o conflito e sua natureza bélica: «Marrocos está a tentar negar a existência da guerra», diz al-Arabi, que desafía a Minurso – ainda no terreno – a «dizê-lo também». Al-Arabi denuncia que este organismo «está a esconder a realidade», em vez de «assumir o seu papel e elaborar um relatório para comunicar a situação real à ONU e à comunidade internacional em geral».

Por seu lado, Marrocos «não quer que se fale da guerra porque ainda tenta conseguir apoios que garantam a sua soberania sobre um território que está a ocupar pela força e de forma ilegal», disse à RT. Já a Frente Polisário tem feito um esforço no sentido informar sobre os confrontos militares com Marrocos, sobretudo através da agência de notícias oficial da República Árabe Saarauí Democrática (RASD), a Sahara Press Service (SPS).

A importância da passagem de El Guerguerat

O representante da Frente Polisário lembra que esta passagem não é uma simples passagem fronteiriça cuja utilização tivesse sido bloqueada, por capricho, por civis saarauís há cerca de dois meses. Trata-se de uma estrada construída por Marrocos numa zona designada, segundo um acordo supervisionado pela ONU, como «zona de contenção» do conflito.

Quando tal acordo foi firmado, em 1997, a estrada não existia, da mesma forma que o texto não contemplava a abertura de nenhuma passagem fronteiriça. Foi a própria Minurso que denunciou a actividade marroquina na zona, em 2001, advertindo que a construção de uma estrada ali poderia ser uma «violação do acordo de cessar-fogo».

Em 2016, Marrocos insistiu na construção da passagem de El Guerguerat e decidiu asfaltar a estrada – algo que a «Frente Polisário tentou impedir, mas a ONU interveio». «Pediu-nos que nos retirásse-mos para evitar uma escalada de tensão na zona, e nós acedemos com a condição de a ONU enviar uma comissão técnica para analisar a situação, coisa que nunca fez», explica al-Arabi.

Entretanto, Marrocos aproveitou para acabar de asfaltar a estrada, que passou a ser, de facto, uma «passagem fronteiriça» [com a Mauritânia], nunca foi apoiada pela comunidade internacional, mas cujo papel na guerra iniciada em 13 de Novembro último não costuma ser explicado.

A agravante do apoio dos EUA a Marrocos

Recentemente, Donald Trump reconheceu a alegada soberania de Marrocos sobre o território do Saara Ocidental. Se os negócios dos EUA, da UE e de outros países e blocos com o Reino marroquino eram às claras, este passo ninguém tinha dado. Em troca, Rabat reestabeleceu por completo, também às claras, as suas relações diplomáticas com Israel.

Para Abdullah al-Arabi, a declaração de Trump «faz parte de uma campanha orquestrada por Marrocos há muitos anos, sobretudo nos últimos sete ou oito, que consiste em tentar impor o reconhecimento da sua soberania sobre o território saarauí».

«Marrocos – disse al-Arabi à RT – não tem qualquer interesse na realização do referendo de autodeterminação, nem em alcançar uma solução política: o que quer é impor o facto consumado e, para isso, precisa do reconhecimento de alguma potência».


Ainda assim, admite que este apoio os surpreendeu. Nenhum país se tinha demarcado da resolução oficial da ONU que define o Saara Ocidental como território não autónomo e que tem um processo de descolonização por resolver.

«Não imaginávamos que os EUA pudessem pronunciar-se contra algo tão básico, tão claro e tão nítido como essa questão, que figura na agenda da ONU desde 1960, 15 anos antes da ocupação ilegal do território», disse o representante saarauí, referindo-se à invasão militar que Marrocos levou a cabo em 1975, conhecida como «Marcha Verde».

A decisão da Casa Branca «é totalmente errada e não está de acordo com o direito internacional», e contribui ainda para «elevar a tensão na região do Norte de África» e «afastar a perspectiva de qualquer solução», afirmou o delegado da Frente Polisário.

«Um presente envenenado»

Se Marrocos celebra o apoio de Washington como triunfo diplomático sem precedentes, a Frente Polisário faz uma leitura política diferente. Al-Arabi explica que as relações diplomáticas entre Marrocos e Israel sempre existiram; aquilo que a decisão do presidente norte-americano fez foi obrigar a torná-las públicas.

«Obrigaram a torná-las públicas em troca deste presente, que é um presente envenenado, porque a nível interno não vai ser fácil gerir a questão; a nível da opinião pública árabe tão-pouco; e, a nível dos apoios à causa palestiniana em Marrocos, vai dar muitas dores de cabeça», entende o delegado da Polisário.

«Marrocos apostou na busca de um impacto mediático de grande calibre», disse al-Arabi à RT, sublinhando que as consequências deste movimento internacional «vão ser desastrosas tanto para Marrocos como para a região do Norte de África e os interesses económicos da Europa, fundamentalmente de França e Espanha».

No que respeita a este último país, al-Arabi considera «preocupante e decepcionante a atitude de todos os seus governos ao longo dos últimos 45 anos, em especial nos últimos sete ou oito», sobre a questão da independência do Saara Ocidental.

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Falando no campo de refugiados de Dakhla, o secretário-geral da Frente Polisário e presidente da República Árabe Saarauí Democrática (RASD) pediu às Nações Unidas e à UA que acelerem o cumprimento dos requisitos do plano de paz UA-ONU de 1991, na medida em que se trata do único acordo assinado pelas duas partes em conflito e apoiado pelo Conselho de Segurança da ONU.

Brahim Ghali acusou Marrocos de, «com o beneplácito de França, actuar com impunidade e prosseguir com as suas práticas coloniais e tentativas de impor a política de factos consumados pela força no Saara Ocidental ocupado», refere a fonte.

Conferência solidária celebrada nas Canárias foi um «êxito»

Abdullah al-Arabi, delegado da Frente Polisário em Espanha, considerou um «êxito» a 45.ª edição da EUCOCO – Conferência Europeia de Apoio e Solidariedade com o Povo Saarauí, que decorreu em Las Palmas nos dias 10 e 11 de Dezembro.

Em declarações à agência SPS, al-Arabi destacou a participação no evento tanto em termos quantitativos como qualitativos, «com mais de 200 delegados de 23 países e intervenções de primeiro nível».

Abdullah al-Arabi, representante da Frente Polisário em Espanha / eldiarioalerta.com

Em seu entender, estes elementos mostram que «a causa saarauí continua a gozar de boa saúde no que à solidariedade e êxitos políticos e jurídicos se refere».

O facto de a conferência solidária se ter celebrado em «circunstâncias excepcionais» e cumprido «as expectativas» foi destacado pelo dirigente, que sublinhou igualmente a dimensão simbólica e política de se ter realizado nas Canárias, a menos de 100 quilómetros dos territórios ocupados.

Abullah al-Arabi instou o movimento solidário a «continuar a defender a luta do povo saarauí porque é a luta pela paz, a justiça, o direito internacional e os direitos humanos».

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Abdullah al-Arabi, delegado da Frente Polisário em Espanha, denunciou este sábado que a aposta de Espanha na autonomia do Saara Ocidental é uma de muitas traições sofridas pelo povo saarauí nos últimos 46 anos, e sublinhou que, acima de tudo, «trai o compromisso e a solidariedade da sociedade espanhola», refere o Sahara Press Service (SPS).

«Espanha está a tentar impor a escolha de uma das partes como única solução para o conflito do Saara Ocidental», disse al-Arabi, frisando que se trata de uma mudança de posição relativamente às Nações Unidas e também «a um consenso que existiu na política externa espanhola nos últimos 46 anos».

O governo espanhol está a «pagar uma portagem para tentar recuperar as suas relações com Marrocos», acusou o delegado da Frente Polisário, explicando que não se opõe a esse bom relacionamento, mas que tal não pode acontecer à custa do «sacrifício do povo saarauí».

ONU pede respeito pela legalidade internacional

A Organização das Nações Unidas indicou este domingo que, para se alcançar uma saída pacífica para o conflito na antiga colónia espanhola, é necessário apoiar o processo político traçado pelo organismo.

Stéphane Dujarric, porta-voz da ONU, convidou todas as partes a apoiar os esforços do enviado pessoal para o Saara Ocidental, Staffan de Mistura, que visam retomar o processo de negociação directa entre as partes em conflito.

Dujarric, refere a TeleSur, reiterou a importância de manter o pleno compromisso das partes com o processo político liderado pela ONU, em linha com a resolução aprovada pelo Conselho de Segurança em Outubro último, que prevê o direito de autodeterminação do povo do Saara Ocidental.

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Em meados de Março do ano passado, o governo de Espanha, liderado por Pedro Sánchez, mudou de posição em relação ao Saara Ocidental. Numa carta enviada ao rei marroquino, Sánchez afirmou que a proposta apresentada por Rabat em 2007, para que o território seja uma região autónoma controlada por Marrocos, é «a base mais séria, credível e realista» para a resolução do conflito.

Questionado sobre aquilo que Marrocos teve de dar a Sánchez para obter dele uma posição que lhe valeu ser arrasado a nível interno (pela esquerda e pela direita) e externo, Arabi diz que «é óbvio que há alguma coisa», e lembrou que Marrocos «é acusado de utilizar o Pegasus, que exerce uma pressão permanente com os fluxos migratórios, que saqueia o Saara Ocidental e condiciona muitos acordos económicos com a UE».

«Consegue tudo isto com os socialistas espanhóis», acusou. «De forma que alguma coisa há, sim... e algum dia havemos de saber. Aquilo que Espanha fez foi ceder às chantagens de Marrocos sobre ocupar ilegalmente o Saara Ocidental», disse.

Destacando que «esta mudança de posição não tem qualquer efeito sobre a situação do Saara Ocidental no quadro do Direito Internacional», Abdulah Arabi mostrou-se esperançado em que «o próximo governo tenha vontade e coragem para reverter esta decisão contrária ao Direito Internacional» e lembrou que Espanha tem responsabilidades no território saarauí até que seja celebrado um referendo de autodeterminação.

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Saarauís acusam o governo espanhol de «espezinhar a legalidade»

O Gabinete Permanente da Frente Polisário afirma que, com o seu posicionamento recente, o governo de Sánchez favorece a «tese expansionista e agressiva» de Marrocos.

Milhares de manifestantes protestaram em Tenerife e Las Palmas (na foto), nas ilhas Canárias, região autónoma espanhola ao largo da costa africana, a 26 de Março de 2022, contra o reconhecimento pelo governo de Madrid da soberania de Marrocos sobre o Saara Ocidental, contra todas as resoluções da ONU
Manifestação nas ilhas Canárias, a 26 de Março de 2022, contra o apoio do governo de Sánchez ao plano de Marrocos para o Saara Ocidental CréditosI. Durán / La Provincia

«A posição do primeiro-ministro espanhol em apoio da tese expansionista e agressiva de Marrocos» foi condenada este domingo pelo Gabinete Permanente da Frente Polisário, indica o Sahara Press Service (SPS).

Um comunicado subsequente à reunião do gabinete, celebrada no domingo e presidida por Brahim Ghali, secretário-geral da Frente Polisário, sublinha que se trata de «um passo na direcção de espezinhar a legitimidade internacional e os direitos legítimos do povo saarauí, consagrados na Carta e nas resoluções das Nações Unidas».

Neste contexto, o documento enaltece a «solidariedade esmagadora por parte dos povos de Espanha, das suas forças políticas, sindicais e da sociedade civil, que insistiram na responsabilidade jurídica, política e moral do Estado espanhol para com o povo saarauí, à qual não pode renunciar de forma unilateral».

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A «traição» de Sánchez não altera a vontade de luta do povo saarauí

A Frente Polisário qualificou como «traição» o apoio do governo espanhol ao plano de autonomia marroquino. Brahim Ghali sublinhou que a natureza jurídica do conflito e a vontade de luta do povo se mantêm.

Créditos / @NestorRego

Em declarações à TV argelina, este domingo, o presidente saarauí e secretário-geral da Frente Polisário, Brahim Ghali, afirmou que a «estranha e surpreendente posição» expressa pelo governo espanhol «não altera a natureza jurídica do conflito do Saara Ocidental, nem atribui soberania ao Estado de ocupação marroquino sobre o território».

Ghali disse ainda que a decisão do governo liderado por Sánchez, que qualificou como «imoral e vergonhosa», «não afecta minimamente a vontade do povo saarauí de prosseguir a sua justa e legítima luta» pela soberania sobre «todo o território nacional».

À luz do direito internacional, o Saara Ocidental não é marroquino, acrescentou, frisando que a decisão sobre a soberania cabe exclusivamente ao povo saarauí.

O chefe de Estado louvou ainda a «solidariedade dos povos de Espanha» com a «justa causa» saarauí e disse esperar «uma acção urgente», para «corrigir este novo erro» e para que o «Estado espanhol assuma as suas responsabilidades», que «não desaparecem com o tempo».

«Traição ao compromisso da sociedade espanhola»

Na sexta-feira passada, o governo espanhol, sintonizado com as teses de Rabat, indicou que o plano de autonomia de Marrocos para o Saara Ocidental, apresentado em 2007, é «a base mais séria, realista e credível» para a resolução do conflito.

A decisão foi muito criticada em Espanha, onde existe um amplo movimento de solidariedade com o Saara Ocidental. Mais de uma dezena de partidos solicitaram a presença do primeiro-ministro espanhol no Parlamento, exigindo-lhe explicações sobre uma «marcha atrás» também criticada por parceiros da coligação governamental.

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A paz no Saara Ocidental é possível se «for aplicada a legitimidade internacional»

A possibilidade da paz no Saara Ocidental depende da aplicação da legitimidade internacional, permitindo o exercício do direito à autodeterminação, afirmou o presidente saarauí, Brahim Ghali.

Brahim Ghali, presidente da RASD (imagem de arquivo)
Créditos / sudhorizons.dz

«É absolutamente impossível esperar a paz e a estabilidade na região a menos que a legitimidade internacional, plasmada na Carta das Nações Unidas, e na Acta de Fundação da União Africana [UA], seja implementada», afirmou Ghali este domingo, na abertura do IX Congresso da União Geral dos Trabalhadores Saarauís.

«Isso permitiria ao povo saarauí exercer o seu direito inalienável à autodeterminação e à independência», acrescentou, citado pela Sahara Press Service (SPS).

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«No Saara Ocidental há uma guerra a sério»

Entrevistado pela RT, o delegado da Frente Polisário em Espanha afirma que Marrocos nega a existência da guerra em função dos seus interesses. Também fala do apoio dos EUA e da inoperância da Minurso.

Soldados da Frente Polisário no Saara Ocidental, em Setembro de 2016
CréditosZohra Bensemra / RT

Há pouco mais de um mês, no Saara Ocidental, as forças militares marroquinas dissolveram uma manifestação de cidadãos saarauís que bloqueavam a chamada «passagem de El Guerguerat», o que levou a Frente Polisário (movimento de libertação nacional do Saara Ocidental) a acusar o Reino de Marrocos de violar o cessar-fogo em vigor desde 1991 e a declarar a guerra a Marrocos, que ocupa ilegalmente o território saarauí há 45 anos.

Voltava assim a intensificar-se um conflito que permanecia há alguns anos em estado latente, marcado pela ocupação, o saque permanente dos recursos saarauís – levado a cabo num território rico em minerais e pesca –, a brutal repressão sobre o povo saarauí, num contexto de cumplicidade internacional e inoperância da Missão das Nações Unidas para o Referendo do Saara Ocidental (Minurso), que foi incapaz de concretizar o referendo de autodeterminação que as resoluções da ONU defendem como via para se chegar a bom porto.

A Frente Polisário, pela voz do seu líder, Brahim Ghali, denunciou que a operação militar marroquina em El Guerguerat «minou seriamente não só o cessar-fogo e os acordos militares relacionados, mas também qualquer possibilidade de alcançar uma solução pacífica e duradoura para a questão da descolonização do Saara Ocidental».

Uma guerra silenciada

Abdullah al-Arabi, delegado da Frente Polisário em Espanha, encara o episódio de El Guerguerat como «o detonante que fez com que agora haja no Saara Ocidental uma guerra pura e dura», refere a RT.

Para al-Arabi, «ficou claro que o cessar-fogo foi quebrado» e que a Minurso «já não tem qualquer papel no terreno, uma vez que o seu objectivo era realizar um referendo de autodeterminação e 29 anos depois não foi capaz de o fazer».

O representante em Espanha da Frente Polisário também critica o silêncio de Marrocos sobre o conflito e sua natureza bélica: «Marrocos está a tentar negar a existência da guerra», diz al-Arabi, que desafía a Minurso – ainda no terreno – a «dizê-lo também». Al-Arabi denuncia que este organismo «está a esconder a realidade», em vez de «assumir o seu papel e elaborar um relatório para comunicar a situação real à ONU e à comunidade internacional em geral».

Por seu lado, Marrocos «não quer que se fale da guerra porque ainda tenta conseguir apoios que garantam a sua soberania sobre um território que está a ocupar pela força e de forma ilegal», disse à RT. Já a Frente Polisário tem feito um esforço no sentido informar sobre os confrontos militares com Marrocos, sobretudo através da agência de notícias oficial da República Árabe Saarauí Democrática (RASD), a Sahara Press Service (SPS).

A importância da passagem de El Guerguerat

O representante da Frente Polisário lembra que esta passagem não é uma simples passagem fronteiriça cuja utilização tivesse sido bloqueada, por capricho, por civis saarauís há cerca de dois meses. Trata-se de uma estrada construída por Marrocos numa zona designada, segundo um acordo supervisionado pela ONU, como «zona de contenção» do conflito.

Quando tal acordo foi firmado, em 1997, a estrada não existia, da mesma forma que o texto não contemplava a abertura de nenhuma passagem fronteiriça. Foi a própria Minurso que denunciou a actividade marroquina na zona, em 2001, advertindo que a construção de uma estrada ali poderia ser uma «violação do acordo de cessar-fogo».

Em 2016, Marrocos insistiu na construção da passagem de El Guerguerat e decidiu asfaltar a estrada – algo que a «Frente Polisário tentou impedir, mas a ONU interveio». «Pediu-nos que nos retirásse-mos para evitar uma escalada de tensão na zona, e nós acedemos com a condição de a ONU enviar uma comissão técnica para analisar a situação, coisa que nunca fez», explica al-Arabi.

Entretanto, Marrocos aproveitou para acabar de asfaltar a estrada, que passou a ser, de facto, uma «passagem fronteiriça» [com a Mauritânia], nunca foi apoiada pela comunidade internacional, mas cujo papel na guerra iniciada em 13 de Novembro último não costuma ser explicado.

A agravante do apoio dos EUA a Marrocos

Recentemente, Donald Trump reconheceu a alegada soberania de Marrocos sobre o território do Saara Ocidental. Se os negócios dos EUA, da UE e de outros países e blocos com o Reino marroquino eram às claras, este passo ninguém tinha dado. Em troca, Rabat reestabeleceu por completo, também às claras, as suas relações diplomáticas com Israel.

Para Abdullah al-Arabi, a declaração de Trump «faz parte de uma campanha orquestrada por Marrocos há muitos anos, sobretudo nos últimos sete ou oito, que consiste em tentar impor o reconhecimento da sua soberania sobre o território saarauí».

«Marrocos – disse al-Arabi à RT – não tem qualquer interesse na realização do referendo de autodeterminação, nem em alcançar uma solução política: o que quer é impor o facto consumado e, para isso, precisa do reconhecimento de alguma potência».


Ainda assim, admite que este apoio os surpreendeu. Nenhum país se tinha demarcado da resolução oficial da ONU que define o Saara Ocidental como território não autónomo e que tem um processo de descolonização por resolver.

«Não imaginávamos que os EUA pudessem pronunciar-se contra algo tão básico, tão claro e tão nítido como essa questão, que figura na agenda da ONU desde 1960, 15 anos antes da ocupação ilegal do território», disse o representante saarauí, referindo-se à invasão militar que Marrocos levou a cabo em 1975, conhecida como «Marcha Verde».

A decisão da Casa Branca «é totalmente errada e não está de acordo com o direito internacional», e contribui ainda para «elevar a tensão na região do Norte de África» e «afastar a perspectiva de qualquer solução», afirmou o delegado da Frente Polisário.

«Um presente envenenado»

Se Marrocos celebra o apoio de Washington como triunfo diplomático sem precedentes, a Frente Polisário faz uma leitura política diferente. Al-Arabi explica que as relações diplomáticas entre Marrocos e Israel sempre existiram; aquilo que a decisão do presidente norte-americano fez foi obrigar a torná-las públicas.

«Obrigaram a torná-las públicas em troca deste presente, que é um presente envenenado, porque a nível interno não vai ser fácil gerir a questão; a nível da opinião pública árabe tão-pouco; e, a nível dos apoios à causa palestiniana em Marrocos, vai dar muitas dores de cabeça», entende o delegado da Polisário.

«Marrocos apostou na busca de um impacto mediático de grande calibre», disse al-Arabi à RT, sublinhando que as consequências deste movimento internacional «vão ser desastrosas tanto para Marrocos como para a região do Norte de África e os interesses económicos da Europa, fundamentalmente de França e Espanha».

No que respeita a este último país, al-Arabi considera «preocupante e decepcionante a atitude de todos os seus governos ao longo dos últimos 45 anos, em especial nos últimos sete ou oito», sobre a questão da independência do Saara Ocidental.

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Falando no campo de refugiados de Dakhla, o secretário-geral da Frente Polisário e presidente da República Árabe Saarauí Democrática (RASD) pediu às Nações Unidas e à UA que acelerem o cumprimento dos requisitos do plano de paz UA-ONU de 1991, na medida em que se trata do único acordo assinado pelas duas partes em conflito e apoiado pelo Conselho de Segurança da ONU.

Brahim Ghali acusou Marrocos de, «com o beneplácito de França, actuar com impunidade e prosseguir com as suas práticas coloniais e tentativas de impor a política de factos consumados pela força no Saara Ocidental ocupado», refere a fonte.

Conferência solidária celebrada nas Canárias foi um «êxito»

Abdullah al-Arabi, delegado da Frente Polisário em Espanha, considerou um «êxito» a 45.ª edição da EUCOCO – Conferência Europeia de Apoio e Solidariedade com o Povo Saarauí, que decorreu em Las Palmas nos dias 10 e 11 de Dezembro.

Em declarações à agência SPS, al-Arabi destacou a participação no evento tanto em termos quantitativos como qualitativos, «com mais de 200 delegados de 23 países e intervenções de primeiro nível».

Abdullah al-Arabi, representante da Frente Polisário em Espanha / eldiarioalerta.com

Em seu entender, estes elementos mostram que «a causa saarauí continua a gozar de boa saúde no que à solidariedade e êxitos políticos e jurídicos se refere».

O facto de a conferência solidária se ter celebrado em «circunstâncias excepcionais» e cumprido «as expectativas» foi destacado pelo dirigente, que sublinhou igualmente a dimensão simbólica e política de se ter realizado nas Canárias, a menos de 100 quilómetros dos territórios ocupados.

Abullah al-Arabi instou o movimento solidário a «continuar a defender a luta do povo saarauí porque é a luta pela paz, a justiça, o direito internacional e os direitos humanos».

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Abdullah al-Arabi, delegado da Frente Polisário em Espanha, denunciou este sábado que a aposta de Espanha na autonomia do Saara Ocidental é uma de muitas traições sofridas pelo povo saarauí nos últimos 46 anos, e sublinhou que, acima de tudo, «trai o compromisso e a solidariedade da sociedade espanhola», refere o Sahara Press Service (SPS).

«Espanha está a tentar impor a escolha de uma das partes como única solução para o conflito do Saara Ocidental», disse al-Arabi, frisando que se trata de uma mudança de posição relativamente às Nações Unidas e também «a um consenso que existiu na política externa espanhola nos últimos 46 anos».

O governo espanhol está a «pagar uma portagem para tentar recuperar as suas relações com Marrocos», acusou o delegado da Frente Polisário, explicando que não se opõe a esse bom relacionamento, mas que tal não pode acontecer à custa do «sacrifício do povo saarauí».

ONU pede respeito pela legalidade internacional

A Organização das Nações Unidas indicou este domingo que, para se alcançar uma saída pacífica para o conflito na antiga colónia espanhola, é necessário apoiar o processo político traçado pelo organismo.

Stéphane Dujarric, porta-voz da ONU, convidou todas as partes a apoiar os esforços do enviado pessoal para o Saara Ocidental, Staffan de Mistura, que visam retomar o processo de negociação directa entre as partes em conflito.

Dujarric, refere a TeleSur, reiterou a importância de manter o pleno compromisso das partes com o processo político liderado pela ONU, em linha com a resolução aprovada pelo Conselho de Segurança em Outubro último, que prevê o direito de autodeterminação do povo do Saara Ocidental.

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A reunião do Gabinete Permanente foi convocada horas depois de a Frente Polisário ter anunciado, no sábado, que suspendia os contactos com o actual governo espanhol, em virtude da declaração de apoio do governo de Pedro Sánchez ao plano marroquino de autonomia, «tendente a legitimar a anexação pela força dos territórios do Saara Ocidental e, por conseguinte, a confiscar os inalienáveis direitos do povo saarauí à autodeterminação e independência».

A Frente Polisário afirma que a suspensão se irá manter enquanto o actual governo de Espanha não se abstiver de «instrumentalizar a causa saarauí, como parte das contrapartidas e compensações vergonhosas nas suas vendas e transacções com o ocupante marroquino».

Nesse sentido, a Frente Polisário exige ao executivo espanhol que adira aos princípios da legalidade internacional, ao abrigo da qual o povo saarauí vê garantido «o direito à autodeterminação e o respeito pelas fronteiras internacionalmente reconhecidas do seu território».

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Com as eleições legislativas em Espanha a aproximarem-se, o representante saarauí referiu ainda que a Frente Polisário mantém contactos com todos os partidos excepto o PSOE, na sequência da suspensão dos contactos com o actual governo de Espanha, anunciada a 9 de Abril de 2022 por Brahim Ghali.

«Estamos sempre abertos a manter as melhores relações, mas continuamos à espera de que [o PSOE] corrija», disse Arabi.

Sobre o posicionamento da Argélia, o representante da Frente Polisário destacou que o país africano tem uma «política externa inalterável», que assenta «em dar apoio aos povos que lutam pela sua liberdade». «É um país que defende os seus interesses, mas a sua política externa, insisto, é inalterável», frisou Arabi.

Denunciando incoerências e hipocrisias no contexto internacional, o representante da Frente Polisário em Espanha acusou os países europeus de preferirem garantir os seus interesses económicos com Marrocos como potência ocupante em prejuízo das legítimas aspirações do povo saarauí.

E alertou que, actualmente, «não pode haver estabilidade, paz e segurança no Norte de África sem se revolver o conflito do Saara Ocidental».

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Instou ainda a União Africana a «impor o respeito pelos princípios e objectivos da sua Lei Constitutiva relativamente ao fim da ocupação militar marroquina de partes» do Saara Ocidental.

Sobre «a mudança e a atitude» do líder do governo espanhol, Pedro Sánchez, o chefe de Estado saarauí afirmou que «não favorecem a paz e a estabilidade na região», e que «encorajam Marrocos a aprofundar as políticas de expansão e agressão» para outros países, incluindo Espanha.

«Do ponto de vista do direito internacional, o Saara Ocidental continua a ser um território não autónomo e Marrocos exerce sobre ele jurisdição na condição de potência ocupante», destacou.

A 26 de Fevereiro de 1976, Espanha abandonou o Saara e, no dia seguinte, a Frente Polisário proclamou a República Árabe Saarauí Democrática, reconhecida em Novembro de 1984 pela maioria dos países da então Organização para a Unidade Africana (OUA), actualmente União Africana, de que é membro de pleno direito.

Sessão de cinema e debate sobre o Saara Ocidental em Lisboa

Por ocasião do 47.º aniversário da proclamação da RASD, o Conselho Português para a Paz e Cooperação (CPPC) emitiu uma nota de saudação ao povo saarauí e à sua legítima representante, a Frente Polisário, «reafirmando a solidariedade com a sua luta pelo cumprimento do seu direito à autodeterminação».

Informando que, em Coimbra, o núcleo de activistas do CPPC colocou, esta segunda-feira, pendões com a mensagem «Sahara Livre», o texto refere igualmente que, esta terça-feira, dia 28, o CPPC irá assinalar esta data no Clube Estefânia, em Lisboa, realizando uma sessão de cinema e debate sobre o Saara Ocidental, que contará com a presença de Omar Mih, representante da Frente Polisário em Portugal.

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Na abertura da quarta sessão ordinária do secretariado nacional da Frente Polisário, Brahim Ghali renovou igualmente o apelo aos povos e países vizinhos da RASD «para que intensifiquem os mecanismos de consulta, coordenação e cooperação para fazer frente às ameaças à paz, à segurança e à estabilidade na região».

O presidente da República Saarauí explicou que o seu país «tem alertado constantemente, e volta a fazê-lo, para o perigo da abordagem expansionista cega e agressiva do Estado ocupante marroquino, que apenas beneficia os propósitos de conhecidas agendas coloniais e expansionistas».

Deste modo, disse, «torna-se uma ferramenta funcional para espalhar a destruição e estimular a escalada da tensão, especialmente ao apoiar e encorajar as organizações do crime organizado transnacional e os grupos terroristas, inundando a região com as suas drogas».

Ghali alertou também para «transformações preocupantes» nas regiões do Sahel e do Saara, onde – disse – se verifica «um perigoso aumento de ameaças à segurança», «uma situação de instabilidade», bem como «manifestações de ingerência externa» e a «presença crescente de grupos terroristas».

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