A missão «chegou» ao Uruguai em 2005 como parte de um acordo com Cuba para acabar com a primeira causa de cegueira reversível no país, as cataratas. Em Outubro daquele ano, viajou até à Ilha o primeiro grupo de 30 pacientes, para serem operados às cataratas e tratados a outras doenças da vista.
Entre Outubro de 2005 e 2007, criou-se uma ponte aérea que transportou mais de 2000 uruguaios até Cuba. A 27 de Novembro de 2007, foi inaugurado, nos arredores de Montevideu, o Hospital Oftalmológico José Martí, que começou a funcionar com a ajuda da primeira brigada médica cubana no país sul-americano.
Em 15 anos, chegaram ao Uruguai sete brigadas médicas provenientes de Cuba, que ajudaram a formar especialistas uruguaios e, em conjunto, realizaram mais de 103 mil intervenções oftalmológicas, depois de detectar enfermidades em consultas que tiveram (e têm) lugar sobretudo entre as camadas sociais com menos recursos.
Ana Fagúndez, hoje subdirectora do Hospital Oftalmológico José Martí, em Montevideu, destaca o enorme contributo da brigada médica cubana no país para a saúde ocular dos uruguaios. Em conversa com a Prensa Latina, Fagúndez recordou os anos dos seus estudos de Medicina, na Escola Latino-americana de Medicina (ELAM), onde se formou em Setembro de 2005 e onde teve oportunidade de conviver com colegas de 25 nacionalidades. «Toda essa experiência enriquece qualquer um do ponto de vista pessoal e humano, e permite ter um olhar que valoriza muito mais aquilo que se tem como país e dimensionar um problema ou dificuldade», disse. «Destaco também a possibilidade de conhecer Cuba não como turista, mas como uma pessoa comum, partilhar com os cubanos, aprender com os seus valores e a solidariedade tão marcada a fogo», frisou. Neste sentido, sublinhou o conceito de não dar aquilo que sobra, mas de partilhar o que se tem, e apreciou «a oportunidade de ser acolhida por uma família cubana, que me deu carinho, conselhos e [são pessoas] que até hoje considero minha família». O projecto humanitário Missão Milagre ou Operação Milagre foi instituído em 2004, por iniciativa dos governos de Cuba e da Venezuela, no âmbito dos programas de integração dos povos da América Latina, com o propósito de tornar possível que pessoas com baixos recursos fossem e sejam operadas a diversos problemas de carácter oftalmológico. A «missão» chegou ao Uruguai em 2005 como parte de um acordo com Cuba para acabar com a primeira causa de cegueira reversível no país, as cataratas. O Hospital Oftalmológico José Martí começou a funcionar em Novembro de 2007, com a colaboração de técnicos cubanos. Ana Fagúndez, que em Fevereiro deste ano entrou para a equipa de gestão do único hospital oftalmológico a nível estatal, referiu que a instituição promove cuidados humanizados, de acesso equitativo, descentralizado, com o intuito de prestar um serviço de excelência e reconhecido pelos valores éticos. Desde 2007, foram ali realizadas mais de 100 mil operações às cataratas e atendidos outros 35 mil pacientes com outras patologias oftalmológicas, o que foi possível «graças ao enorme contributo da Brigada Médica» cubana, frisou. Com o decorrer do tempo, foram identificadas outras necessidades e criados os departamentos de glaucoma e retina, disse Fagúndez à Prensa Latina, destacando ainda o surgimento de associações com docentes que permitiram a formação de novas gerações de especialistas. Para o futuro, apontou como desafio responder de forma rápida e com elevados padrões de qualidade às questões oftalmológicas com serviços locais, onde residem os pacientes. Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz. O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença.Internacional|
Mais de 100 mil cirurgias às cataratas no Uruguai com a Operação Milagre
Operação Milagre no Uruguai
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Recorde-se que o projecto humanitário Missão Milagre ou Operação Milagre foi instituído em 2004, por iniciativa dos governos de Cuba e da Venezuela, no âmbito dos programas de integração dos povos da América Latina, com o propósito de tornar possível que pessoas com baixos recursos fossem e sejam operadas a diversos problemas de carácter oftalmológico. Entretanto, alargou-se a mais de uma centena de países.
Um «milagre» que os uruguaios não esquecem
Os 15 anos da presença da Operação Milagre no país foram assinalados, no sábado, numa cerimónia que decorreu na Universidade da República, na capital do país.
Entre os promotores da iniciativa contava-se a Organização Nacional de Reformados e Pensionistas (Onajpu), cuja presidente, Estela Ovelar, qualificou como «humanista» o trabalho dos especialistas cubanos, indica a Prensa Latina.
Reformados de várias partes do país e membros da Onajpu fizeram questão de estar presentes, pois foram milhares os idosos, reformados e pensionistas uruguaios que recuperaram a visão e a esperança nos últimos anos.
«Foi uma luz que começou a iluminar o país», disse Ovelar sobre a Missão Milagre. «Oxalá nunca se vão embora», acrescentou, referindo-se à brigada médica cubana, cujos membros, dirigidos por Evelyn Almira, também estiveram na cerimónia.
Por seu lado, Ariel Ferrari, representante dos reformados e pensionistas junto do Banco de Previsión Social (BPS), recordou que entre 55% e 60% das intervenções cirúrgicas no José Martí foram realizadas por mãos cubanas.
Lembrou ainda que a maior parte dos pacientes eram idosos e pessoas de baixos recursos. «Jamais conseguiriam pagar os mil dólares que custaria uma intervenção às cataratas no privado», disse, citado pela Prensa Latina.
Já a embaixadora cubana no Uruguai, Zulan Popa, lembrou que a Operação Milagre se baseia em princípios como o humanismo, o internacionalismo e a premissa da sensibilidade pelo paciente.
«São estes os pilares em que assenta a colaboração médica da pequena ilha caribenha com o mundo e que, em seis décadas, levou profissionais da saúde a 165 países», referiu ainda.
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