O relatório foi publicado, ontem, na capital de Marrocos, Rabat. Nele, os 22 organismos que integram a Coligação Marroquina de Instâncias dos Direitos do Homem (CMIDH) denunciam e criticam a «repressão» exercida pelas autoridades sobre os manifestantes do Al-Hirak al-Shaabi, o Movimento Popular que há meses dinamiza uma forte contestação na região do Rif, no Norte de Marrocos.
O relatório indica ainda que, em Al-Hoceima, o epicentro da contestação desde Outubro de 2016, se registaram «detenções abusivas» e refere mesmo casos de «tortura», por parte das forças de segurança, informa a Jeune Afrique.
A tensão, sobretudo na cidade de Al-Hoceima, subiu de tom em Outubro último, quando um vendedor de peixe foi esmagado por um camião de recolha de lixo, na tentativa de ir buscar um peixe-espada que a Polícia lhe tinha apreendido e que atirara para o camião. Seguiram-se manifestações e greves para exigir «o fim da corrupção, da repressão e do desemprego».
A tensão acentuou-se mais ainda depois da detenção de Nasser Zefzafi, líder do Movimento Popular, e de muitos outros manifestantes, no final de Maio, que são acusados de «ameaça à segurança nacional». Desde então, as mobilizações têm-se sucedido a um ritmo quase diário em Al-Hoceima, para exigir a libertação dos militantes políticos e manifestantes detidos. Nalgumas ocasiões, registaram-se confrontos entre a Polícia e os apoiantes do Al-Hirak al-Shaabi.
Repressão e 135 pessoas presas
A CMIDH exige que seja criada uma «comissão de inquérito» para avaliar aquilo que se tem passado e está a passar no Rif, uma das regiões de Marrocos com mais elevados índices de pobreza e desigualdade social. Este organismo denuncia o uso «excessivo» da força por parte da Polícia, que recorre a bastões extensíveis e a gás lacrimogéneo para dispersar os manifestantes.
De acordo com os dados da CMIDH, 135 pessoas foram presas desde o fim de Maio, no âmbito da repressão contra o movimento de contestação local. Sete são jornalistas.
No dia 14 de Junho, 25 jovens foram condenados a 18 meses de pena de prisão, cada um, no final de um processo cuja validade é posta em causa pelo organismo de defesa dos direitos humanos. A CMIDH refere que alguns dos jovens terão «confessado» sob ameaça e outros sob «coacção física» e «torturas» por parte dos agentes da Polícia. A acusação foi refutada pelo Ministério marroquino da Justiça.
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