Numa entrevista concedida à Prensa Latina, a activista social defendeu que as relações descolonizadas, o diálogo e a atenção às propostas deviam marcar a Cimeira entre a UE e a Comunidade de Estados Latino-americanos e Caribenhos (Celac), agendada para 17 e 18 de Julho em Bruxelas.
De acordo com Polanco, a Cimeira dos Povos, que terá lugar paralelamente, tem como objectivo reclamar que a UE abandone a sua visão colonizadora e intervencionista nos países que do outro lado do Atlântico não aceitam a hegemonia que os centros de poder tentam impor.
«Estamos a organizar em conjunto esta Cimeira dos Povos, na qual não apenas exigiremos respeito pela soberania da América Latina e Caraíbas, mas também que seja prestada atenção aos seus apelos», disse a presidente da organização solidária com sede em Bruxelas.
A este respeito, insistiu que a UE não pode dizer à região como fazer os seus tratados ou a sua transição ecológica, e devia antes aprender com ela.
Manu Pineda, deputado ao PE, disse que a Cimeira dos Povos, prevista para Bruxelas este mês, é uma oportunidade para reafirmar que os povos latino-americanos, caribenhos e europeus querem paz e soberania. «Andamos há meses a trabalhar numa agenda ambiciosa e confiamos no seu êxito e no objectivo de reforçar os laços que nos unem», disse o comunista espanhol à Prensa Latina, a propósito do encontro que terá lugar em Bruxelas a 17 e 18 de Julho, de forma paralela à Cimeira União Europeia (UE)-Comunidade dos Estados Latino-americanos e Caribenhos (Celac). Manu Pineda destacou este espaço de encontro, que permite que organizações políticas, culturais, sociais e sindicais de ambos os lados do Atlântico trabalhem juntas, enfrentando os desafios da humanidade sem qualquer subordinação a Washington. Para o deputado espanhol ao Parlamento Europeu (PE), merece particular destaque o facto de que a América Latina e as Caraíbas constituam uma região de paz, assim declarada em 2014 na cimeira da Celac que decorreu em Havana. «A Europa deve também caminhar nessa direcção; é urgente deixar de alimentar a guerra e abandonar a escalada geopolítica imperante», advertiu o membro do Grupo Confederal da Esquerda Unitária Europeia/Esquerda Nórdica Verde (GUE/NGL) no PE. Manu Pineda disse ainda à Prensa Latina que a Cimeira dos Povos em Bruxelas será um ponto de encontro, tendo como meta a partilha de experiências de luta e de resistência. «Constitui um fórum muito importante porque evidencia que há outra maneira de compreender o mundo, que os povos da América Latina, das Caraíbas e da Europa querem paz e soberania, e não submissão aos ditames norte-americanos», frisou. Neste sentido, defendeu que o êxito da cimeira alternativa está garantido, tendo em conta «a altíssima participação que já temos confirmada». «Nestes dias que antecedem o evento, o trabalho é árduo, sobretudo para ultimar detalhes, mas estamos optimistas e a desejar que chegue o momento», disse. No portal da Cimeira dos Povos 2023, informa-se que as actividades paralelas à Cimeira dos chefes de Estado e de Governo da Celac e da UE vão decorrer de 15 a 18 de Julho. Trata-se de «um evento popular, de grande participação, aberto às mais variadas reflexões», explica o portal, acrescentando que as actividades propostas incluem debates, workshops, encontros, uma manifestação e um festival cultural musical. Entre outras coisas, o encontro permitirá «promover um modelo alternativo de desenvolvimento, cooperação e integração mais justo, solidário e sustentável», bem como promover relações entre os povos e os governos assentes na não ingerência, na soberania e na autodeterminação. Permite ainda partilhar experiências de luta e resistência, e estreitar laços entre movimentos populares, sindicatos, grupos de migrantes, partidos políticos, associações solidárias de ambos os contentes. Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz. O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença.Internacional|
Pineda: «Os povos querem soberania, não submissão aos EUA»
Um grande evento popular
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«Por exemplo, podia ouvir aqueles que, nessa parte do mundo, propõem saídas para a guerra na Ucrânia e instam a abandonar as imposições belicistas dos Estados Unidos, cujos interesses nada têm a ver com os dos povos europeus», afirmou Polanco.
«No entanto – alertou –, sabemos que na cimeira com a Celac a UE irá tentar impor a sua visão contra a Rússia, marcada pelas sanções e o envio de armas para atiçar o conflito.»
Em seu entender, a Europa devia seguir a senda escolhida pela Celac, que em 2014, na reunião de chefes de Estado e de Governo celebrada em Havana, declarou a América Latina e as Caraíbas como zona de paz.
Defesa de três princípios
«Na Cimeira dos Povos em Bruxelas, vamos defender três princípios: respeito pela soberania e autodeterminação, respeito pela decisão da Celac sobre a paz e apoio ao surgimento de um mundo multipolar», destacou a presidente da Intal Globalize Solidarity.
Como parte desta perspectiva de paz, Polanco adiantou que no encontro de movimentos sociais, sindicais e partidos políticos progressistas também se irá exigir que a Europa renuncie às armas nucleares.
Tendo em conta os posicionamentos de hegemonia e ingerência assumidos pela UE, a dirigente social explicou ainda que a Cimeira dos Povos vai rejeitar as medidas coercivas unilaterais impostas aos países latino-americanos.
«Trata-se de uma questão de grande importância, por isso vamos promover a realização, no último trimestre de 2023, de um tribunal para denunciar os danos causados pelos bloqueios e pelas sanções aos povos dos países afectados por estas políticas, que atacam a soberania europeia, devido à sua subordinação aos Estados Unidos», frisou.
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