|Honduras

Red Solidaria, um ano de luta contra a pobreza extrema nas Honduras

O programa, promovido pela presidente Xiomara Castro, cumpriu um ano de existência, levando auxílio com desenvolvimento a pessoas que vivem na miséria e abandonando o assistencialismo da última década.

Xiomara Castro com a população em Soledad, onde assinalou o primeiro aniversário do projecto Red Solidaria 
Créditos / Prensa Latina

Para assinalar o aniversário de um programa que também tem como objectivo criar desenvolvimento nas zonas rurais do país centro-americano, Xiomara Castro deslocou-se esta terça-feira a Soledad, no departamento de El Paraíso.

«Estamos a chegar a comunidades onde não se havia chegado na última década», afirmou Castro, sublinhando que, para o seu executivo, «o mais importante é criar oportunidades para as famílias que vivem em pobreza extrema» nas Honduras e que a Red Solidaria «abre essas portas».

Numa jornada de celebração e balanço daquilo que foi alcançado até ao momento, a chefe de Estado disse que, em Soledad, estão identificadas quatro aldeias onde prevalece a pobreza extrema. Ao todo, no país, há 2007 aldeias onde mais de 83% das famílias vivem nessa situação.

Red Solidaria em Soledad / Prensa Latina

No entanto, estão a receber auxílio, graças à iniciativa governamental, frisou, estimando que cerca de 400 mil famílias sejam beneficiadas. De acordo com os dados do programa, foram beneficiadas de forma directa 1 034 265 pessoas; 87% são mulheres chefes de família. [Vídeo: reportagem da TeleSur]

Considerado pelo governo hondurenho como um dos programas mais sensíveis que leva a cabo, o projecto Red Solidaria coloca a ênfase na melhoria das condições de vida do povo hondurenho, por via do desenvolvimento e da implementação de projectos sociais.

Acabar com o abandono e a perspectiva assistencialista

Na sua conta de Twitter, a Red Solidaria destaca que a sua acção se estende a todos os departamentos do país, em locais «que foram abandonados durante mais de dez anos».

«Trabalhamos para construir uma sociedade mais justa, para que todos e todas tenham um trabalho digno e as mesmas oportunidades», afirma ainda a Red a propósito do seu primeiro aniversário.

Em declarações à agência Prensa Latina, Alejandro Bonilla, analista político e membro do partido hondurenho Liberdade e Refundação (Libre), sublinhou que a Red Solidaria não possui um carácter assistencialista, «como faziam os programas neoliberais, que, no final, acabavam por empobrecer ainda mais os hondurenhos».

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Revertendo a via neoliberal, Honduras apostam na Educação

Daniel Esponda, ministro hondurenho da Educação, enalteceu o método de alfabetização «Sim, eu posso», num momento em que o país centro-americano procura acabar com o analfabetismo, com a ajuda de Cuba.

Com o apoio de Cuba, El Salvador quer erradicar o analfabetismo do país até 2019
Com o método «Sim, eu posso» foram alfabetizadas milhões de pessoas em todo o mundo Créditos / Granma

Numa entrevista à Prensa Latina, o titular da pasta da Educação nas Honduras expressou a sua «alegria e entusiasmo» com a presença no país da segunda missão de educadores cubanos, que chegou ali na semana passada.

Esponda lembrou que a primeira brigada de docentes da Ilha chegou às Honduras em 2006, quando «estivemos, então, a escassos três meses de declarar o país livre de analfabetismo».

«Lamentavelmente, a extrema-direita fez um golpe de Estado contra o governo do então presidente Manuel Zelaya (2006-2009), mas a missão cubana de então deixou os índices de analfabetismo quase abaixo dos 6%», referiu.

A este propósito, Esponda disse que actualmente o país regista uma taxa de 11% de analfabetismo, em média, existindo alguns municípios onde esse registo ultrapassa os 17%.

«Com a assessoria dos nossos irmãos cubanos, a inteireza que a Revolução deu aos seus educadores permitirá aos novos docentes, em conjunto com os professores hondurenhos, erradicar o analfabetismo no final do nosso governo», afirmou.

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Xiomara Castro tomou posse como presidente das Honduras

A candidata do Partido Liberdade e Refundação (Libre), vencedora das eleições presidenciais de Novembro, é desde esta quinta-feira a presidente das Honduras e prometeu «arrancar a corrupção» do país.

Xiomara Castro, a nova presidente das Honduras, durante a cerimónia de tomada de posse, em Tegucigalpa 
Créditos / Prensa Latina

Na cerimónia, que teve lugar no Estádio Nacional, em Tegucigalpa, o ex-presidente Manuel Zelaya, deposto no golpe de Estado de 2009 – com apoio de Hillary Clinton e do Comando Sul norte-americano – colocou a faixa presidencial a Xiomara Castro, sua esposa, «como símbolo do regresso à democracia», refere a Prensa Latina.

No discurso da tomada de posse, Castro, que venceu as eleições de 28 de Novembro com mais de 1,7 milhões de votos (mais que os candidatos dos partidos Nacional e Liberal juntos), abordou questões que já na campanha eleitoral tinha prometido tratar, como o combate à corrupção e ao narcotráfico, entre outras.

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Quase 43% dos hondurenhos vivem em situação de pobreza

A maioria da população pobre reside nas regiões rurais do país centro-americano, que foi classificado como o mais pobre de todo o continente pela Comissão Económica para a América Latina e Caraíbas.

Da população em situação de pobreza nas Honduras, 60,1% reside nas regiões rurais
Créditos / elheraldo.hn

Segundo o Instituto Nacional de Estatística, o Banco Interamericano de Desenvolvimento e o Banco Mundial, em 2018 a pobreza atingia 42,7% dos lares nas Honduras.

Entretanto, as entidades referidas actualizaram a metodologia utilizada e, de acordo com as conclusões do processo concluído em Janeiro, determinaram que o limiar da pobreza se situa num rendimento mensal de 2697 lempiras (pouco mais de 99 euros) para os habitantes das cidades e de 1424 lempiras (cerca de 52,5 euros) para os residentes nas regiões rurais, indica a TeleSur.

Assim, os dados recentemente actualizados referem que cerca de 43% da população hondurenha vive abaixo do limiar da pobreza e tem dificuldades em aceder a bens e serviços essenciais como alimentos, educação, saúde, roupa ou transportes. Da população em situação de pobreza, 38,4% vive nas cidades e 60,1% no campo.


Recentemente, o LIBRE (Partido Liberdade e Refundação) criticou o orçamento do Estado para 2020, sublinhando que «o nível de crise entre a população está presente em todos os indicadores do modelo neoliberal e na dor dos migrantes».

Denunciou, além disso, que seis em cada dez hondurenhos estão desempregados ou subempregados e que quatro em cada dez vivem em situação de pobreza extrema.

Há alguns dias, uma sondagem de opinião a que a Prensa Latina faz referência (CID-Gallup) destacava o mau rumo do país, sobretudo a nível económico. A mesma fonte indica que 55% dos hondurenhos reprovavam a governação do presidente Juan Orlando Hernández.

A Comissão Económica para a América Latina e Caraíbas (Cepal) define as Honduras como o país mais pobre de todo o continente – uma realidade de que tentam escapar milhares de migrantes todos os anos, sobretudo com destino aos Estados Unidos.

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Dando conta da má gestão do Partido Nacional nos últimos 12 anos, apresentou uma «proposta de refundação» imediata do país.

«Basta de esquadrões da morte. Basta de silêncio diante dos feminicídios. Basta de assassinos a soldo. Basta de tráfico de drogas ou crime organizado», sublinhou, aludindo ao elevado crime no país centro-americano, que a Cepal definiu, em 2020, como o mais pobre de todo o continente, de onde tentaram sair milhares de pessoas, em busca de emprego, protecção e refúgio.

Na presença de 12 mil pessoas, entre as quais se encontravam representantes de mais de meia centena de delegações internacionais, Castro anunciou que educação, saúde, segurança e emprego serão algumas das questões centrais para o seu executivo.

Também se referiu à aprovação de leis de participação e consulta dos cidadãos, ao não pagamento do consumo de energia eléctrica por parte de um milhão de famílias e à redução dos preços dos combustíveis.

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«Caravana migrante» atravessa o México sonhando com uma vida melhor

Fugindo da violência e da miséria nas Honduras, e fazendo frente às ameaças de Donald Trump, os migrantes que a 13 de Outubro partiram de San Pedro Sula avançam com destino à fronteira sul dos EUA.

Entrada da «caravana migrante» no México
Créditos / animalpolitico.com

A chamada «caravana migrante», integrada por milhares de pessoas orginárias da América Central – na sua maioria hondurenhas – partiu no passado dia 13 da cidade de San Pedro Sula, nas Honduras, com o intuito de atravessar a Guatemala e o México, antes de chegar à fronteira com os Estados Unidos. Muitos partiram apenas com a roupa que têm no corpo, decidindo empreender uma jornada de cerca de 4000 quilómetros com a esperança de encontrar trabalho e melhores condições de vida, e procurando escapar à violência e à falta de perspectivas nos seus países de origem.

A administração norte-americana reagiu afirmando que uma eventual chegada dos «marchantes» às suas fronteiras constitui uma «ofensa à sua soberania» e ameaçou retirar a ajuda financeira à Guatemala, às Honduras e a El Salvador, caso o grupo tente atravessar a fronteira.

Com os cerca de 3000 migrantes a avançarem já pelo México adentro, o Partido Liberdade e Refundação (Livre), liderado pelo ex-presidente hondurenho Manuel Zelaya, condenou a reacção das autoridades norte-americanas.

Num comunicado, citado pela Prensa Latina, afirma: «Se os Estados Unidos estão habituados a promover golpes de Estado e impõem medidas económicas draconianas e ditaduras criminosas na América Latina, é inaceitável que, agora, maltratem e rejeitem as pessoas que fogem da morte e de um sistema de exploração grosseiro e desumano.»

A propósito de declarações do Secretário de Estado, Mike Pompeo, que visam responsabilizar a oposição hondurenha «pela grave crise humanitária que os emigrantes enfrentam», o Livre acusa Pompeo de, na sua qualidade de ex-director da Agencia Central de Inteligência (CIA), ser conhecedor da «cumplicidade da ex-Secretária de Estado Hillary Clinton e do Comando Sul [dos EUA] no golpe de Estado militar [perpetrado] nas Honduras em 2009», uma «acção violenta que destruiu a democracia e afundou o país na miséria».

A miséria e a violência – promovida pelo actual governo neoliberal hondurenho, em conluio com paramilitares colombianos e esquadrões da morte – são a causa da realidade que «força milhares de compatriotas a saírem [do país], em busca de emprego, protecção e refúgio».

Face às duras críticas que o êxodo «migrante» mereceu da parte de Donald Trump, o presidente da Guatemala, Jimmy Morales, afirmou este sábado, numa conferência de imprensa conjunta com o seu homólogo hondurenho, Juan Orlando Hernández, que estão «a trabalhar para garantir um regresso pacífico e seguro, e evitar que estas manifestações se continuem a dar no futuro», revela a HispanTV.

Hipocrisia mediática e institucional

Em declarações proferidas este domingo à HispanTV, José Egido, especialista em temas internacionais, frisou que a crise migratória que as Honduras enfrentam revela o «completo fracasso das políticas económicas e sociais» vigentes no país, na sequência do golpe de Estado contra o governo legítimo do presidente hondurenho Manuel Zelaya, em 2009, executado com o apoio do então presidente norte-americano Barack Obama e da sua Secretária de Estado, Hillary Clinton.

O especialista destacou ainda a hipocrisia mediática e de certas instituições, que construíram uma narrativa de «catástrofe humanitária» associada à migração de cidadãos venezuelanos para países vizinhos, alimentando o pretexto para uma intervenção militar, mas não estabelecem as mesmas premissas ao lidar com a questão nas Honduras, de onde a população, empobrecida, foge das condições impostas pelas políticas neoliberais.

«Nem a OEA [Organização de Estados Americanos], nem os Estados Unidos, nem o Grupo de Lima falam de qualquer tipo de sanções contra este governo, que força, de facto, [a população] a sair para não morrer de fome, milhares de pessoas a que se juntam cidadãos [de outros países] latino-americanos, como os da Guatemala, cujos governos seguem as políticas norte-americanas», disse Egido, destacando o «absoluto fracasso» de tais políticas, que levam as pessoas à miséria.

Nas declarações à HispanTV, o especialista espanhol em temas internacionais elogiou ainda a «caravana», pela sua «integridade e coragem».

Tratados de livre comércio e deterioração económica

Numa peça publicada dia 19 pelo portal venezuelano Misión Verdad, intitulada «La caravana migrante: hondureños huyen del Tratado de Libre Comercio» [A caravana migrante: os hondurenhos fogem do Tratado de Livre Comércio], destaca-se a degradação económica provocada pelas políticas do governo hondurenho, «eleito [no final de 2017] sob fortes acusações de fraude por parte da oposição», e que estão a conduzir a uma situação de «migração forçada».

No centro destas políticas económicas estão, segundo a peça, os tratados de livre comércio (TLC) firmados pelas Honduras e outros países centro-americanos com os Estados Unidos e a Europa, que consagram a salvaguarda dos interesses das «grandes corporações transnacionais em detrimento das pequenas economias da região».

Como exemplo do contributo dos TLC para a deterioração da situação económica e das condições laborais dos trabalhadores hondurenhos, o texto refere o Tratado de Livre Comércio entre Estados Unidos, América Central e República Dominicana (DR-CAFTA, na sigla em inglês), firmado em 2004 e ratificado pelas Honduras no ano seguinte, com forte oposição sindical e de partidos de esquerda.

Se, por um lado, as multinacionais criaram empregos, elas propiciaram também as condições para o aumento da exploração dos trabalhadores, o agravamento das condições de higiene e segurança no trabalho, com a cumplicidade dos governos hondurenhos, destaca o texto.

Para além disso, a agricultura familiar, sustentável ao longo de gerações sucessivas, foi fortemente atingida, levando ao aumento exponencial do desemprego no sector agrícola. «Milhares de pessoas tiveram de emigrar para o México ou os Estados Unidos em busca de trabalho, porque passou a ser impossível ganhar o suficiente para viver no campo e sustentar uma família», lê-se no texto.


O direito à emigração e os seus negócios

Se, por um lado, emigrar é um direito, o texto chama a atenção para fenómenos que estão associados a esse «direito», na medida em que, subjacente a ele, está a «asfixia económica» de países e a «pauperização das condições de vida» por parte de potências hegemónicas.

A peça realça, ainda, os interesses dessas potências em beneficiar de mão-de-obra estrangeira e barata, com a qual é fácil não manter qualquer tipo de «compromisso formal» – algo entranhado «no neoliberalismo que vigora nos Estados Unidos e seus satélites», afirma-se.

Nesta perspectiva, sob o «direito» a emigrar encaram-se os interesses económicos que procuram «legitimar a escravidão, mobilizando mão-de-obra que, antes de chegar ao destino, é vendida a quem mais oferece».

Neste sentido, lembra que existem redes que operam entre a América Central e os Estados Unidos e que negoceiam com os «sem papéis» em busca do «sonho americano».

Para muitos, esta quimera tem um custo muito elevado: morrer no deserto do Arizona ou afogado no Rio Grande. Outros acabam presos em redes cúmplices com as autoridades fronteiriças, e, dentro ou fora dos EUA, enfrentam os mais variados riscos, da detenção e repatriamento à escravização pelos cartéis do narcotráfico que disputam entre si o controlo dos territórios e das suas presas.

Outro negócio é o das prisões norte-americanas onde são detidos os migrantes ilegais. No ano fiscal de 2017, a Agência de Imigração e Controlo de Alfândegas (ICE) deteve mais de 143 mil pessoas e, de acordo com a Misión Verdad, mais de metade permanece em prisões privadas. Trata-se do maior sistema de detenção de migrantes, uma fonte de lucros enorme para as empresas que o gerem.

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Depois de aludir a diversos números deixados pela gestão de Juan Orlando Hernández, como o aumento exponencial da dívida externa, o aumento da pobreza em 74% e a corrupção generalizada, referiu-se à criação de um plano refundação assente em valores soberanos, como a proibição de autorizações de exploração de minerais, rios, parques naturais e bosques.

«Temos o dever de restaurar o sistema económico com base na transparência, eficiência, produção e justiça social na distribuição da riqueza e do rendimento nacional», disse.

No seu discurso, Xiomara Castro afirmou que o novo executivo assumirá um «socialismo democrático» e uma política latino-americana, soberana e solidária.

A nova presidente hondurenha destacou ainda o empenho na luta contra as desigualdades, a violência de género e pela defesa dos direitos das mulheres.

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A equipa de trabalho da missão cubana, que é composta por 123 profissionais do sector, encontra-se espalhada por todos os municípios do país centro-americano, centrando-se em tarefas de assessoria e organização da campanha nacional de alfabetização.

A presença nas Honduras desta segunda missão cubana segue-se à assinatura de um acordo, há cerca de dois meses, por responsáveis de ambos os países, com vista à implementação nas Honduras do método «Sim, eu posso», à erradicação do analfabetismo do país e ao reforço do sector da Educação – uma das prioridades do executivo liderado por Xiomara Castro.

Neste sentido, Daniel Esponda disse à Prensa Latina que o principal objectivo da missão consiste em erradicar o analfabetismo das Honduras, estando previsto que essa meta seja alcançada no final de 2024, com a ajuda do método cubano.

«Criar um sistema educativo libertador»

«Para tal – disse – também vieram assessores em temas curriculares, metodológicos, o que permitirá criar um sistema educativo realmente libertador, que entregue as ferramentas técnicas aos estudantes.»

«Outro elemento que faz parte do convénio com Cuba é que seleccionámos uma equipa de 20 educadores de todos os níveis de ensino para que realizem estudos de doutoramento em Havana», disse Esponda, frisando que, dessa maneira, se pretende formar docentes hondurenhos de alto nível, «para que liderem este processo de reforma que, naturalmente, levará uns anos».

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Com método cubano, a alfabetização avança no Panamá

No contexto da pandemia de Covid-19, mais de 800 panamenhos aprenderam a ler e a escrever com a ajuda do método cubano de alfabetização «Yo sí Puedo», informou o Ministério de Desenvolvimento Social.

A Alfabetização está a avançar no Panamá com o método cubano de aprendizagem «Sim, eu posso»
CréditosOsvaldo Rodríguez / Prensa Latina

O programa «Muévete por Panamá, Yo sí Puedo» permitiu alfabetizar muitos adultos em áreas rurais e comunidades indígenas durante 2020, através de técnicas inovadoras de aprendizagem e com o apoio de 130 professores voluntários, divulgou agora o Ministério panamenho de Desenvolvimento Social (Mides).

No relatório relativo à gestão do ano passado, o Mides refere que as aulas de leitura e escrita se concentraram nas províncias de Bocas del Toro, Chiriquí, Darién e Panamá Oeste, onde vive a maioria dos analfabetos do país.

O documento especifica que, actualmente, 327 pessoas frequentam aulas em 90 instalações equipadas para tal fim, sendo que o programa tem como meta alfabetizar mais de mil cidadãos até ao final de 2021, indica a agência Prensa Latina.

Com uma duração de sete semanas, o «Muévete por Panamá, Yo sí Puedo» é um procedimento básico que ensina os alunos a ler e a escrever em 65 aulas, com base numa metodologia que vai do conhecido (números) ao desconhecido (letras).

As autoridades do país centro-americano destacam que o programa facilita a entrada dos interessados no sistema educativo e no mundo do trabalho, através da aliança entre o Mides, o Ministério da Educação, o Instituto Nacional de Formação Profissional e a iniciativa privada.

Desde que começou a ser implementado no Panamá, em 2007, o método de alfabetização cubano beneficiou 77 230 pessoas que não sabiam ler e escrever, refere a Prensa Latina, acrescentando que, segundo uma análise recente, o governo panamenho está interessado em aumentar para 5000 o número de pessoas alfabetizadas por ano até 2024, de modo que, até ao final da década, «todos os jovens e uma parte considerável dos adultos estejam alfabetizados, contribuindo assim para acabar com a pobreza».

Mais de dez milhões de alfabetizados em 30 países

O método de ensino «Yo sí Puedo» (Sim, eu posso) foi criado por um grupo de pedagogos cubanos, liderados por Leonela Relys Díaz (falecida em 2015), que desenvolveram uma campanha de alfabetização pela rádio no Haiti em 2001, e que foi posteriormente adaptado a diferentes realidades sociais e línguas.

Entre 2002 e 2016, informa ainda a agência cubana, mais de dez milhões de pessoas em 30 países aprenderam a ler e a escrever com esta ferramenta de ensino, que permitiu a vários países do continente serem declarados livres de analfabetismo pela Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco).

Pelos seus excelentes resultados, o programa recebeu o Prémio Unesco de Alfabetização 2006 Rei Sejong, que foi atribuído ao Instituto Pedagógico Latino-americano e das Caraíbas, com sede em Cuba.

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Esponda destacou a importância da educação para o «desenvolvimento humano do país» e para a construção de «uma pátria livre e soberana», tendo dado como exemplo Cuba, que possui «um sistema educativo muito bem construído», «capaz de fortalecer, humanizar, e, sobretudo, capaz de gerar patriotismo e solidariedade» – apesar do impacto «desumano» do bloqueio imposto à Ilha pelos EUA.

Reverter a via neoliberal

Referindo-se aos projectos para os próximos anos nas Honduras na área educativa, Esponda lembrou que os governos neoliberais fecharam as «escolas normais» [de formação de docentes] e que, o executivo de Xiomara Castro as vai reabrir.

«No próximo ano, reabriremos as de modalidade bilingue; além disso, definimos cinco grandes elementos para aprofundar, garantir e desenvolver a nossa educação», explicou.

Trata-se da alimentação escolar, infra-estrutura docente, livros de textos, mobiliário e ambientes escolares, disse.

«As notícias dos governos neoliberais eram de cortes orçamentais na Educação e nós conseguimos, através da assessoria e dos exercícios com o Ministério da Educação de Cuba, aumentar o orçamento», frisou.

O governo das Honduras prevê aumentar os recursos disponíveis para a Educação, em 2023, em quase quatro mil milhões de lempiras (mais de 152 milhões de euros).

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«Está centrado na recuperação económica, para que as pessoas possam seguir em frente», disse, acrescentando que um dos objectivos do governo é fazer com que milhares de pessoas que vivem na pobreza sejam parte do desenvolvimento económico do país.

Lembrando que os governos neoliberais deixaram mais de 40% das pessoas na miséria, Bonilla destacou que a missão da primeira mulher presidente das Honduras é erradicar a pobreza existente no país, dando continuidade à estratégia implementada pelo governo do ex-presidente Manuel Zelaya antes do golpe de Estado de 2009.

Protecção social, educação, saúde, criação de rendimentos, infra-estruturas sociais e ambiente são alguns dos eixos principais de um programa bem acolhido no país, onde ajuda a recuperar habitações ou a construir escolas – dotadas de materiais e textos.

A ajuda aos estudantes, às mulheres grávidas e às crianças com problemas de desnutrição também figura na acção do projecto.

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