|Ambiente

Espaços verdes de Lisboa devem ser «estruturantes»

A recomendação do Grupo Municipal do PEV, em Lisboa, vai hoje a votos. Os espaços verdes de média e grande dimensão e as árvores de alinhamento são «estruturantes para a gestão da cidade».

Créditos / toponimialisboa.wordpress.com

«O Regulamento Municipal do Arvoredo de Lisboa, e todo o processo de discussão a ele associado, revelou algumas incoerências e fragilidades da transferência de competências da Câmara para as Juntas de Freguesia, especificamente no domínio dos espaços verdes», refere o comunicado do gabinete de imprensa municipal do Partido Ecologista «Os Verdes».

Várias freguesias de Lisboa reconheceram a sua incapacidade em lidar apropriadamente com as questões ligadas ao arvoredo, em consequência de uma transferência que não se adequa à dimensão destes órgãos do poder local.

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PEV: A conservação da natureza está «assustadoramente ameaçada»

Os Verdes alertam para a necessidade de uma política de conservação e protecção do património natural. Hoje assinala-se o Dia Mundial das Zonas Húmidas e o Dia Nacional do Vigilante da Natureza.

Vigilante da Natureza na Arrábida, Setúbal
CréditosAntónio Cotrim / Agência Lusa

Vitais na conservação da natureza e «guardiões da biodiversidade e do património natural», é desta forma que o Partido Ecologista Os Verdes caracteriza os vigilantes da natureza, a quem presta solidariedade.   

«Mais uma vez manifestamos toda a nossa solidariedade para com as lutas e justas reivindicações dos vigilantes pela valorização salarial, pela valorização e dignificação da carreira de vigilante, pelo reforço do número de vigilantes, pelo reforço dos meios e das condições de trabalho», lê-se num comunicado do PEV, divulgado esta terça-feira.

Os Verdes acrescentam que só com um corpo de vigilante da natureza adequado será possível dar expressão a «uma verdadeira política de conservação da natureza e de protecção do património natural». 

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Governo «só consegue impor o Montijo silenciando as autarquias»

Os presidentes das câmaras do Seixal e da Moita criticam a proposta de lei do Governo, que lhes retira poder de veto em matérias nacionais estratégicas, e a cedência aos interesses da multinacional Vinci. 

Créditos / 24.Sapo

De acordo com a iniciativa enviada ao Parlamento, dias após a Autoridade Nacional da Aviação Civil (ANAC) ter chumbado o projecto para a construção do aeroporto no Montijo, as autarquias passariam a ter apenas 20 dias para emitir parecer sobre a construção de aeródromos e aeroportos, sendo que em relação aos segundos o parecer seria facultativo e não vinculativo. 

Ao AbrilAbril, os presidentes dos municípios do Seixal e da Moita, cujo parecer negativo determinou o indeferimento por parte da ANAC, afirmam que a manobra do Governo constitui um «atentado à democracia» e que o Executivo «vai por mau caminho» se insistir na base área do Montijo. 

«O Governo quer implementar a decisão que um privado tomou, que é de não fazer um aeroporto que interesse a Portugal, mas uma solução aeroportuária minimalista que interesse a uma empresa, e vai fazê-lo por cima de todas as questões legais, políticas e ambientais», critica Joaquim Santos. A atitude, acrescenta o presidente da Câmara Municipal do Seixal, «revela bem a que interesses o Governo do PS responde». 

«Eu diria até que o Governo, que pretende retirar o direito de veto às autarquias, pelos vistos continua a alinhar com o direito de veto da Vinci», salienta o presidente da Câmara Municipal da Moita. Afinal, elucida, é a multinacional que está a sabotar a construção do aeroporto de Lisboa na «localização estudada e decidida», o campo de tiro de Alcochete, e «pelos vistos esse direito de veto agrada ao Governo, a posição das autarquias é que não lhe agrada». 

Rui Garcia vai mais longe e admite que, «alterem as leis que alterarem, não nos vão impedir de defender os direitos da nossa população, do nosso território, continuaremos a usar todos os meios ao nosso alcance para impedir essa má solução».

A decisão de construir o novo aeroporto de Lisboa no Montijo afectaria directamente 90 mil pessoas dos concelhos da Moita, Barreiro e Seixal, no distrito de Setúbal. No caso da Moita, a União das Freguesias da Baixa da Banheira e do Vale da Amoreira, onde vive metade da população do concelho, seria a zona mais impactada pela poluição e pelo ruído. 

Joaquim Santos alerta para o «gravíssimo problema» com que estes concelhos estão confrontados, agora e no futuro. «Toda a gente sabe que é na Margem Sul que está o crescimento populacional da região metropolitana. Agora são 90 mil, no futuro se calhar são 120, 150 mil». 

Quem não está alinhado com o interesse nacional «é o próprio Governo»

Na exposição de motivos da proposta saída do Conselho de Ministros, o Governo refere que a lei de 2007 faz «depender a construção de um aeroporto, uma infra-estrutura de interesse nacional e de importância estratégica, de pareceres das autarquias locais, o que não acontece com, por exemplo, a construção de infra-estruturas rodoviárias ou ferroviárias», alegando que estes pareceres das autarquias «resultam de interesses de cariz eminentemente local que, por vezes, nem sempre estão alinhados com o superior interesse nacional».

Joaquim Santos reage, realçando que, neste caso, as autarquias do Seixal e da Moita estão alinhadas com o interesse nacional. «Quem não está, é o próprio Governo», critica.

Face ao entendimento do Executivo de António Costa, o presidente da Câmara da Moita lembra que os aeroportos internacionais são infra-estruturas com impactos no território «superiores a quaisquer outras», daí que, sublinha, «faz sentido e é justo» que uma decisão desta natureza tenha a participação e seja construída em consenso com as autarquias locais. 

«É esse o espírito da lei e é correcto que assim seja», acrescenta, salientando que, ao retirar esta capacidade de intervenção e de participação às autarquias, o Governo «está a reconhecer que não tem razão, que esta é uma má decisão, que só consegue impor silenciando as autarquias».

Rui Garcia frisa que, também do ponto de vista do respeito pelo Estado de Direito, mudar-se uma lei em função de circunstâncias momentâneas «não é um bom exemplo do que deve ser o respeito pela lei». 

«Imaginem se o PCP estivesse no Governo e tirasse o poder de participação vinculativo a uma câmara municipal, o que não diriam de um ataque à democracia. Como é um Governo do PS, para servir um interesse privado, não há problema nenhum», observa Joaquim Santos. 

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Neste dia, em que a nível mundial se enaltece o papel das zonas húmidas na salvaguarda da biodiversidade e dos equilíbrios ambientais, Os Verdes apelam a que urgentemente se ponha um travão às «constantes ameaças» a que estes ecossistemas estão sujeitos.

«A ameaça que as alterações climáticas representam para estes ecossistemas exigem também por aqui uma urgente e consequente implementação de medidas de consequentes de mitigação e adaptação ao nível global e ao nível de cada país», lê-se na nota.

Neste sentido, e considerando que a conservação da natureza em Portugal está «assustadoramente ameaçada», Os Verdes reafirmam a necessidade de repensar projectos, como o aeroporto no Montijo ou culturas intensivas com estufas associadas, nomeadamente no Litoral Alentejano, que «têm destruído de forma irrecuperável inúmeras charcas temporárias». 

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«O PEV tem defendido desde sempre que os espaços verdes e o arvoredo em meio urbano desempenham um papel fundamental na promoção da qualidade de vida, devido às suas funções ecológicas, lúdicas e recreativas».

Estas zonas, nas cidades, ajudam a «regular o ciclo hidrológico, promovem respostas de adaptação às alterações climáticas, preservam a bio-diversidade, quebram a monotonia da paisagem urbana, cada vez mais densa e aproximam a população da natureza».

«Os Verdes» recomendam que a Câmara Municipal de Lisboa defina critérios que «permitam considerar como estruturantes os espaços verdes de grande e média dimensão», assim como todas as árvores de alinhamento de grandes vias, «de forma a garantir uma gestão melhor integrada e equilibrada em toda a cidade».

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