O drama do despejo remonta a Abril passado, altura em que a presidente do Carnide Clube, Tânia Estronca, foi informada pelo senhorio que, ao abrigo da lei das rendas, não ia renovar o contrato do palacete onde a sede está localizada há mais de 90 anos.
Inconformados com a intransigência dos proprietários, os sócios, com o apoio da Junta de Freguesia de Carnide, estão decididos «a lutar com todas as forças» para ficarem no local que, desde 1928, é inseparável da sua história.
Desde então, a direcção do clube de Carnide tem procurado mobilizar a população e realizado acções de sensibilização em defesa da sede, que tem prestado «um serviço ímpar à comunidade, muito além da vertente desportiva». Os esforços incluem uma petição online, criada no fim de Junho, a entregar à Câmara Municipal.
Papel social, cultural e desportivo indiscutível
Em declarações ao Diário de Notícias, Tânia Estronca destacou que o clube funciona quase como um centro de dia, no qual as pessoas locais e os sócios encontram o espaço ideal para estarem entre amigos, mas também como espaço cultural, com diversas iniciativas ao longo do ano.
No desporto, com diversas equipas federadas, destaca-se, sem dúvida, no basquetebol. Intitulando-se «a maior escola de basket em Portugal», o Carnide é actualmente o quarto clube português com mais títulos de campeões nacionais, apenas ultrapassado por Benfica, Sporting e Porto.
O Carnide Clube destaca-se ainda, desde 2013, com um projecto social, no qual pretende fazer chegar o basquetebol, gratuitamente, a crianças e jovens da zona, mas também a outras freguesias, da Brandoa ao Lumiar, como também o Bairro Padre Cruz, abrangendo centenas.
«O basquetebol é por vezes considerado um desporto elitista, de difícil acesso. Queremos contribuir para a mudança dessa ideia», assinalou Tânia Estronca, acrescentando que, além da formação, a principal missão «é ocupar as crianças, contribuindo também para a dinamização da nossa freguesia».
Em caminho para entidade de interesse histórico
No passado dia 12, a Câmara Municipal de Lisboa aprovou, por unanimidade, uma proposta para submeter a consulta pública o reconhecimento do Carnide Clube enquanto «entidade de interesse histórico, cultural ou social local».
A decisão vai ao encontro da vontade do Carnide Clube, que manifestou interesse junto do município em tal reconhecimento. O principal objectivo é, conforme afirmou a presidente, conseguir que a Câmara «faça a expropriação por interesse público do espaço».
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