São várias as acções previstas em vários concelhos, pelas comissões locais de utentes, para contestar os «diversos» problemas com que as populações estão confrontadas, quer no plano das acessibilidades, quer no dos transportes públicos rodoviário e ferroviário.
Em causa, admite o MUSP num comunicado, está a «ausência de investimento público» em novas infra-estruturas, bem como na manutenção das actuais ou na organização dos espaços e serviços, «dificultando cada vez mais o direito à mobilidade que a todos assiste».
No plano das vias rodoviárias que atravessam ou se localizam no distrito de Santarém, são também «inúmeros» os problemas com que os utentes se confrontam, de que são exemplo as estradas nacionais N118 e a N119, a N3 e o Itinerário Complementar (IC)2, a par de várias estradas municipais em cada um dos concelhos deste território. Dificuldades de travessia do Tejo e Sorraia, «nomeadamente em Muge, Chamusca/Golegã, Constância, Coruche», são também criticadas pelos utentes.
A «injusta cobrança de portagens» é outro dos aspectos a motivar o protesto do MUSP, que a este propósito recorda o pagamento «em zonas desfavorecidas ou na ligação às mesmas, ou em que as ligações alternativas são inexistentes, como nos casos da A23, da A13, da A15 e da A10».
Depois do alerta aos eleitos no Parlamento, a Comissão de Utentes dos Serviços Públicos do Médio Tejo lança um abaixo-assinado para exigir a abolição das portagens nas auto-estradas A23 e A13. A moção, a enviar ao ministro do Planeamento e das Infraestruturas, Pedro Nuno Santos, segue-se ao apelo feito, no passado dia 17, aos deputados da Assembleia da República para, «com carácter de urgência», abordarem a questão durante a discussão do Orçamento do Estado para 2023. As portagens na A23 e na A13, duas ex-scut (vias sem custos para os utilizadores) constituem um transtorno à mobilidade de pessoas e bens. «São um entrave ao desenvolvimento social e económico. Não contribuem para a coesão territorial. Potenciam os problemas ambientais nas zonas urbanas e afectam a segurança rodoviária», denuncia-se no texto. Apesar de, salienta a comissão de utentes, estas serem vias «fundamentais no acesso a cuidados de saúde», uma vez que as três unidades que constituem o Centro Hospitalar do Médio Tejo (CHMT) se encontram em três cidades diferentes, Abrantes, Tomar e Torres Novas. Na missiva enviada aos deputados, a comissão fazia também referência aos custos acrescidos no transporte de doentes não urgentes, lembrando que os bombeiros «são obrigados a pagar portagens» quando transportam doentes entre os três hospitais. Os utentes realçam que foram os protestos das populações que «forçaram a redução do preço» das portagens, ao mesmo tempo que lembram as palavras proferidas em Maio pela ministra da Coesão Territorial, de que só ficaria satisfeita com a abolição das portagens no Interior. E acrescentam: «E nós não descansaremos enquanto não se concretizar a abolição das portagens na A23 e na A13». Manuel José Soares, porta-voz dos utentes do Médio Tejo, disse à Lusa que, até ao final da próxima semana, o abaixo-assinado vai ser colocado em pelo menos 150 locais para a recolha de assinaturas. Os preços das portagens nas auto-estradas poderão aumentar 10,46% em 2023, a confirmar-se a estimativa da taxa de inflação homóloga para Outubro, sem habitação, divulgada esta sexta-feira pelo Instituto Nacional de Estatística (INE). Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz. O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença.Local|
Médio Tejo. Utentes só vão parar de exigir o fim das portagens quando estas acabarem
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No que toca aos transportes rodoviários de passageiros, os utentes alertam que a rede de carreiras é insuficiente e não garante uma cobertura «eficaz» do território, desde logo na «ligação entre as cidades e as zonas rurais; entre o transporte rodoviário e o transporte ferroviário; no funcionamento dos transportes urbanos, em todos os dias da semana e em todo o ano».
O MUSP realça que, «numa perspectiva de lucro máximo, custo mínimo», os operadores rodoviários que actuam nos diversos concelhos de Santarém «não fazem investimento no material circulante, impondo sacrifícios aos utentes, sujeitos a autocarros sem conforto, com deficiente manutenção em boa parte dos casos, sem condições para quem tem mobilidade reduzida e nada amigos do ambiente».
No plano ferroviário, e apesar de este território ser atravessado por cinco linhas ferroviárias (Norte, Tomar, Leste, Beira Baixa e Vendas Novas), «o que possibilitaria que o comboio fosse um meio de transporte de passageiros estruturante», os utentes denunciam a «falta de investimento para modernizar» infra-estruturas e material circulante. «É precisa uma maior cadência de horários, estações e apeadeiros modernizados, traçados corrigidos para aumentar a velocidade dos comboios, novo material circulante», salientam.
O movimento refere ainda que, sendo a ferrovia um «factor de coesão territorial», a Linha do Leste, na ligação até à fronteira com Badajoz, precisa de ser modernizada e electrificada. «No caso da Linha de Vendas Novas, é necessário repor o serviço de passageiros, até ao Setil, na ligação à Linha do Norte, com a natureza de serviço público», lê-se na nota.
A semana de luta do MUSP arranca na próxima segunda-feira, na Estação do Entrocamento, onde a partir das 17h serão distribuídos comunicados alusivos à necessidade de obras de requalificação da estação e de melhoria das ligações ferroviárias e rodoviárias naquele concelho. No dia seguinte, em Tomar, será divulgado um documento a propósito sobre a abolição das portagens na A13, e está prevista uma reunião com o Agrupamento de Centros de Saúde (ACES) do Médio Tejo, em Riachos, «sobre acessibilidades e mobilidade entre unidades de saúde e outros locais de prestação de cuidados».
Entre outras acções, na quinta-feira, 13 de Abril, pelas 18h, realiza-se um buzinão, em simultâneo, em cinco pontos da N118 e em Benavente, Salvaterra de Magos, Almeirim, Alpiarça e Abrantes.
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