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A falta de médicos

Em 2020, as Instituições Públicas de Ensino Superior foram criticadas por não aceitaram a proposta do Governo de abertura de mais 250 vagas nos cursos de Medicina.

CréditosInácio Rosa / Agência Lusa

Nessa altura, prevaleceu não a urgência de formar o número de médicos que o País viria a precisar ao longo dos anos seguintes, mas a tese de algumas instituições médicas, nomeadamente a Ordem dos Médicos e o Conselho das Escolas Médicas, que há época defendiam que Portugal tinha médicos a mais, sobrepondo interesses corporativos ao bem-estar das populações.

Uma tese contrariada pelo PCP que, na altura, assumiu a falta de médicos especialistas como um dos problemas mais graves do Serviço Nacional de Saúde, considerando que a situação se iria agravar porque muitos dos que estavam a exercer a sua profissão, estavam próximos da idade da reforma. Aliás, o dirigente comunista Jorge Pires afirmou, nessa altura, que «se Portugal tem médicos a mais, como explicam que hoje, só nas especialidades de Medicina Geral e Familiar e Anestesiologia faltam no SNS mais de 1000 médicos? Ou por que razão ficam sistematicamente desertos os concursos, como aconteceu recentemente no Algarve, em que não apareceu nenhum médico a concurso para as 60 vagas abertas?».

O dirigente do PCP considerou inaceitável «a forma como foi decidido pelas Instituições Públicas de Ensino Superior Público não integrar nas vagas para o próximo ano lectivo a proposta do Governo», que é «quem tem os elementos necessários e a obrigação política para o fazer», sublinhando que «muito mal vai o Ensino Superior em Portugal quando são os Reitores que confundindo autonomia com independência, recusam uma decisão do Governo».

Jorge Pires, para além de ter chamado a atenção para o facto de as Instituições Públicas de Ensino Superior e as organizações médicas, estarem «inseridas na sociedade e é neste quadro que devem exercer os seus mandatos», acusou os defensores da tese de que não há falta de médicos em Portugal, de «defenderem simultaneamente que o Governo decida no sentido de abrir cursos de Medicina nas universidades privadas, com parte da formação a ser realizada nos hospitais dos grupos monopolistas da saúde».

Os objectivos e a estrutura do Serviço Nacional de Saúde não podem ser definidos em função do número de médicos que existe no País. Pelo contrário, o número de médicos a formar deve ser de acordo com a estrutura que responda, no plano da saúde, às necessidades do País e dos portugueses.

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