Para os comunistas, prevaleceu «não a urgência de formar o número de médicos que o País vai precisar ao longo dos próximos anos, mas a tese de algumas instituições médicas, nomeadamente a Ordem dos Médicos e o Conselho das Escolas Médicas que afirmam que Portugal tem médicos a mais».
Uma tese contrariada por Jorge Pires, dirigente do PCP, que assume a falta de médicos especialistas como um dos problemas mais graves do Serviço Nacional de Saúde, uma «situação que se agravará se tivermos em conta que muitos daqueles que exercem actualmente a sua profissão, estão próximos da idade da reforma».
«Se Portugal tem médicos a mais, como explicam que hoje, só nas especialidades de Medicina Geral e Familiar e Anestesiologia faltam no SNS mais de 1000 médicos? Ou porque razão ficam sistematicamente desertos os concursos, como aconteceu recentemente no Algarve, em que não apareceu nenhum médico a concurso para as 60 vagas abertas?», questionam os comunistas, para quem a saúde e o bem-estar das pessoas se deve sobrepor a «interesses corporativos».
O PCP considera inaceitável «a forma como foi decidido pelas Instituições Públicas de Ensino Superior Público não integrar nas vagas para o próximo ano lectivo a proposta do Governo», que é «quem tem os elementos necessários e a obrigação política para o fazer», sublinhando que «muito mal vai o Ensino Superior em Portugal quando são os Reitores que confundindo autonomia com independência, recusam uma decisão do Governo».
O dirigente comunista, para além de considerar que «as Instituições Públicas de Ensino Superior e as organizações médicas, estão inseridas na sociedade e é neste quadro que devem exercer os seus mandatos», acusa os que defendem a tese de que não há falta de médicos em Portugal, de «defenderem simultaneamente que o Governo decida no sentido de abrir cursos de Medicina nas universidades privadas, com parte da formação a ser realizada nos hospitais dos grupos monopolistas da saúde».
Para o PCP, «os objectivos e a estrutura do Serviço Nacional de Saúde, não podem ser definidos em função do número de médicos que existe no País, antes pelo contrário, o número de médicos a formar deve ser de acordo com a estrutura que responda, no plano da saúde, às necessidades do País e dos portugueses».
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