Prova viva «de que é possível garantir a segurança e protecção no plano da saúde e simultaneamente fruir a vida, a cultura e o convívio», a Festa do Avante!, que tem início na próxima sexta-feira, divulgou o plano de contingência elaborado de acordo com as orientações da Direcção-Geral de Saúde (DGS), garantindo a «protecção e segurança dos seus visitantes, de artistas e técnicos, de camaradas e amigos que asseguram o funcionamento da Festa».
Em comunicado divulgado ao AbrilAbril, a organização do evento volta a destacar, de entre as muitas medidas que perfazem o documento, a redução do número de palcos, o aumento das plateias e o alargamento do espaço do recinto, «com mais de 30 hectares totalmente ao ar livre».
O concerto sinfónico desta edição celebra os 100 anos do PCP, «entre movimentos revolucionários nos quais a arte musical se envolveu e revoluções estéticas que a própria criação sonora concebeu». A organização da Festa do Avante! divulgou, no seu site, um dossier em que junta artigos, biografias e imagens sobre a música e os artistas, do passado e do presente, que farão parte do concerto comemorativo do centenário do PCP. Há, desde logo, uma novidade. A plateia é com lugares sentados. O AbrilAbril conversou com Madalena Santos, da direcção da Festa do Avante!, sobre o regresso do concerto de música clássica ao palco 25 de Abril, que este ano é dedicado ao centenário do PCP. AbrilAbril (AA): Teremos de novo música clássica, depois de um ano em que esta tradição foi interrompida pelas condicionantes da pandemia de Covid-19. É um concerto adiado ou é um programa totalmente novo? Madalena Santos (MS): Este concerto foi integral e especialmente pensado para a comemoração do 100.º aniversário do PCP. E isso pode ser reconhecido, desde logo, no próprio lema do concerto: «A revolução na arte e a arte na revolução». No ano passado, a Comissão de Espectáculos da Festa do Avante! tinha de facto pensado e terminado a concepção de um programa em torno de um concerto de comemoração dos 250 anos do nascimento de Beethoven, mas por razões que se prendem com a pandemia e as recomendações de distanciamento entre músicos, não foi possível, nem era prudente, avançar com a ideia de ter em palco uma orquestra sinfónica. De alguma forma, este ano, ao incluirmos no programa dos primeiros andamentos de três sinfonias de Beethoven (da Sinfonia n.º 3, da Sinfonia n.º 5 e da Sinfonia n.º 7), pretendemos explicitar e fundamentar, tal como referido num dos textos que integram o suplemento do jornal Avante! sobre o concerto, que Beethoven também deve ser considerado um revolucionário no seu tempo. Mas o cerne principal do programa é a comemoração do 100.º aniversário do PCP. E isso está bem presente em diversos aspectos. Desde logo, na escolha das canções da Comuna de Paris, uma vez que se comemora também este ano o seu 150.º aniversário. Também nas canções seleccionadas de Hanns Eisler – compositor ainda muito desconhecido entre nós – com um concerto que pode contribuir para a divulgação da sua obra e, sobretudo, dar a conhecer também o seu compromisso entre a criação artística e a transformação da vida. E finalmente em três das Canções Heróicas de Lopes-Graça, autor que também sempre assumiu com determinação a sua arte como um compromisso com a luta do povo e das classes oprimidas. Nessa linha, fizemos ainda um convite a três jovens compositores portugueses para conceberem arranjos para essas canções da Comuna de Paris, de Eisler e de Lopes-Graça, que fossem pensadas para a voz da mezzo-soprano Cátia Moreso. Finalmente, a celebração do aniversário do PCP expressa-se ainda na peça final de encerramento do concerto, a «Abertura Clássica sobre um tema popular português, Op. 87», de Vitorino d’ Almeida, que é um trabalho sobre a «Carvalhesa» e cuja última actualização feita pelo autor do arranjo de 1991 será pela primeira vez tocada na Festa. Achamos, por isso, que este concerto é a melhor forma que encontrámos para celebrar o 100.º aniversário de um Partido que lutou, luta e continuará a lutar pela transformação da sociedade e que sempre assumiu a defesa da total liberdade criativa na arte e o direito do artista em ser um agente transformador da vida, como aliás está conceptualizado no ensaio de Álvaro Cunhal A Arte, o Artista e a Sociedade. AA: Na Festa há música de intervenção e de luta em todos os palcos. O concerto de música clássica talvez seja o menos associado à intervenção política mas este ano a coincidência é total. MS: Eu não estaria muito de acordo com a ideia de que o concerto de música clássica, assim designado, seja o menos associado à intervenção política. Se considerarmos todos os concertos de música clássica realizados na Festa, verificamos que todos eles, sem excepção, têm um lema, pretendem assumir e defender uma ideia. Três exemplos: «Concerto sinfónico para um glorioso aniversário - 40 anos de Festa do Avante!» (2016); «Concerto Sinfónico em louvor do Homem - a música sinfónica na celebração do II centenário do Nascimento de Karl Marx» (2018); aquando da realização da Grande Gala de Ópera (2009) o texto explicativo do concerto referia: «Tomando como princípio de que a presença da Arte concorre para a elevação intelectual do ser humano, bem como para a melhoria da sua qualidade de vida (...)». AA: Três jovens músicos a pensar o programa é uma forma de aproximar a juventude a este espectáculo? MS: Pretende ser muito mais do que isso, até porque não estou muito ciente de que os jovens se afastam da música clássica. Essa seria uma discussão muito interessante para podermos ter no que ao interesse dos jovens diz respeito, em particular na dita tipologia da música. O convite feito a estes três jovens compositores, Ana Seara, Carlos Garcia e Filipe Melo, que se assumem hoje com um papel muito interventivo no panorama da criação artística musical em Portugal, é também um reconhecimento desta sua intervenção. É que todos eles apresentam um curriculum multifacetado, de colaboração com vários projectos em áreas até muito diversas e que vão para além da música dita clássica, ou mesmo do jazz. Todos eles têm recebido inúmeros prémios e reconhecimento nacionais e internacionais, estão ligados ao ensino da música, dominam linguagens artísticas muito diversificadas (como é por exemplo o caso de Filipe Melo com a sua ligação ao cinema, à televisão, à BD, e à literatura). AA: E o que vem de novo sobre a «Carvalhesa»? MS: Bom, a «Carvalhesa» não é só o hino da Festa do Avante! como alguns já lhe chamam. A «Carvalhesa», como sabemos, surgiu de uma necessidade objectiva de criação de um tema musical para a campanha eleitoral da CDU em 1985. Desde logo, pensou-se na escolha de um tema popular que pudesse ser transformado e adaptado por diversos artistas convidados a elaborarem distintos formatos (Música Popular Portuguesa, rock, jazz, fusão e clássica). E essa escolha recaiu sobre um tema popular recolhido por Michel Giacometti na aldeia de Tuiselo (Bragança). A versão mais insistentemente tocada, logo a mais reconhecida por todos, é de facto a versão MPP da qual os visitantes da Festa se apropriaram de tal forma que elaboraram até uma coreografia específica, que passou a ser dançada em todas as aberturas e encerramentos dos Palcos da Festa. A versão clássica, da autoria do Maestro Vitorino d'Almeida, ou para sermos mais precisos, «Abertura Clássica sobre um tema popular português, Op. 87 (1991)», tem merecido do seu autor uma atenção muito especial, dado que desde 1991, quando se gravou a primeira versão, a tem modificado e aperfeiçoado. A versão que este ano ouviremos na Festa terá essas novidades e recriações. Não há Festa sem «Carvalhesa» e portanto, esta seria a forma mais espectacular e gloriosa de terminarmos este concerto comemorativo dos 100 anos do PCP. Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz. O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença. «Desde os tempos das guerras napoleónicas até ao século XXI», o concerto sinfónico da 45.ª edição da Festa do Avante explora três momentos musicais, distintos entre si, mas que partilham um mesmo espírito rebelde na sociedade, seja por convicção revolucionária ou pela transformação estética que preconizaram. Os três primeiros andamentos de três sinfonias de Beethoven, que deram um novo rumo «à música ocidental e iniciaram o chamado período Romântico», vão ser interpretados pela orquestra Sinfonietta de Lisboa, fundada em 1995, e que tem como director artístico e maestro titular, Vasco Pearce de Azevedo. A Sinfonia n.º 3 em Mib Maior, Op. 55, Sinfonia n.º 5 em Dó Menor, Op. 67 e a Sinfonia n.º 7 em Lá Maior, Op. 92, são exemplo, como assegurava Álvaro Cunhal, de que a «criatividade artística, mesmo quando parte de certas "regras" acaba por modificá-las, ultrapassá-las e superá-las», atribuíndo-lhe características distintamente revolucionárias. A Sinfonietta de Lisboa tem sido convidada, desde 2004, a realizar o concerto de abertura da Festa do Avante!, tendo já acompanhado solistas como Pedro Burmester, António Rosado e Mário Laginha. Nesta edição, o papel cabe a três jovens compositores portugueses, incumbidos de apresentar as suas interpretações sinfónicas originais sobre canções revolucionárias, com temas da Comuna de Paris, de Hanns Eisler e de Fernando Lopes-Graça. Filipe Melo, pianista dedicado ao Jazz e à improvisação, formado na Berklee College of Music e com trabalho nas áreas do cinema e da banda desenhada, vai trabalhar sobre três canções da Comuna de Paris, La Canaille de Alexis Bouvier e Joseph Darcier, Chants des Ouvriers de Pierre Dupont e Le Temps des Cerises de Jean Baptiste Clément e Antoine Renard. As três canções de Hanns Eisler, que compôs o Hino da República Democrática da Alemanha e que foi íntimo colaborador de Bertold Brecht, serão interpretadas por Carlos Garcia, professor, pianista e compositor que actualmente trabalha na Escola Superior de Música de Lisboa. Os temas apresentados são a Canção da Solidariedade, Canção da Frente Unida e a Canção dos trabalhadores – Hino do Komintern. Ana Seara, directora pedagógica da Academia de Música de Lisboa e professora na Escola Superior de Música de Lisboa, tem a seu cargo três Canções Heróicas de Fernando Lopes-Graça, nome maior da música Portuguesa do séc. XX e militante do PCP: Companheiros, Unidos!; Canção de Catarina e Acordai. A 45.ª edição, que se vai realizar nos dias 3, 4 e 5 de Setembro na Atalaia, Amora, Seixal, mantém a opção de convidar «artistas portugueses, de língua portuguesa ou residentes em Portugal», mas desta vez, é a duplicar. A Festa do Avante! divulgou hoje o programa de concertos e espectáculos que vai animar os mais de 30 hectares do recinto da Quinta da Atalaia com «música, teatro e cinema, e também desporto, artes plásticas, ciência, exposições, debates, apresentações de livros e onde não faltarão a gastronomia, os produtos regionais e o artesanato e muitos mais motivos de interesse». Entre as novidades apresentadas pela organização destacam-se os duetos entre artistas, «com carreiras ligadas a Portugal», de diferentes géneros e gerações, permitindo ao público assistir a concertos completamente únicos e irrepetíveis, preparados exclusivamente para ser apresentados nos vários palcos da Festa do Avante!. Anunciados estão já nomes como Manel Cruz e Aldina Duarte, Tim e Teresa Salgueiro, HMB e Lena D’Água, Brigada Victor Jara e Zeca Medeiros ou Prétu Xullaji e Scúru Fitchadú, Tristany e Cachupa Psicadélica que, entre muitos outros, vão partilhar os palcos com os Linda Martini, Budda Power Blues & Maria João e o guitarrista Pedro Jóia. À confirmação destes primeiros 44 artistas juntar-se-ão outras, que serão divulgadas pela organização até Setembro. A pluralidade dos géneros musicais, «um critério que desde a primeira edição, em 1976, tem sido deliberada e escrupulosamente cumprido», é este ano reforçada com a música techno e electrónica da DJ Violet, «artista residente na mina – uma rave queer em espaços improváveis» que o mês passado assinou um manifesto, ao lado de nomes como os de Roger Waters e Rage Against the Machine, em solidariedade com o povo palestiniano. O AbrilAbril conversou com Madalena Santos, da direcção da Festa do Avante!, sobre o regresso do concerto de música clássica ao palco 25 de Abril, que este ano é dedicado ao centenário do PCP. AbrilAbril (AA): Teremos de novo música clássica, depois de um ano em que esta tradição foi interrompida pelas condicionantes da pandemia de Covid-19. É um concerto adiado ou é um programa totalmente novo? Madalena Santos (MS): Este concerto foi integral e especialmente pensado para a comemoração do 100.º aniversário do PCP. E isso pode ser reconhecido, desde logo, no próprio lema do concerto: «A revolução na arte e a arte na revolução». No ano passado, a Comissão de Espectáculos da Festa do Avante! tinha de facto pensado e terminado a concepção de um programa em torno de um concerto de comemoração dos 250 anos do nascimento de Beethoven, mas por razões que se prendem com a pandemia e as recomendações de distanciamento entre músicos, não foi possível, nem era prudente, avançar com a ideia de ter em palco uma orquestra sinfónica. De alguma forma, este ano, ao incluirmos no programa dos primeiros andamentos de três sinfonias de Beethoven (da Sinfonia n.º 3, da Sinfonia n.º 5 e da Sinfonia n.º 7), pretendemos explicitar e fundamentar, tal como referido num dos textos que integram o suplemento do jornal Avante! sobre o concerto, que Beethoven também deve ser considerado um revolucionário no seu tempo. Mas o cerne principal do programa é a comemoração do 100.º aniversário do PCP. E isso está bem presente em diversos aspectos. Desde logo, na escolha das canções da Comuna de Paris, uma vez que se comemora também este ano o seu 150.º aniversário. Também nas canções seleccionadas de Hanns Eisler – compositor ainda muito desconhecido entre nós – com um concerto que pode contribuir para a divulgação da sua obra e, sobretudo, dar a conhecer também o seu compromisso entre a criação artística e a transformação da vida. E finalmente em três das Canções Heróicas de Lopes-Graça, autor que também sempre assumiu com determinação a sua arte como um compromisso com a luta do povo e das classes oprimidas. Nessa linha, fizemos ainda um convite a três jovens compositores portugueses para conceberem arranjos para essas canções da Comuna de Paris, de Eisler e de Lopes-Graça, que fossem pensadas para a voz da mezzo-soprano Cátia Moreso. Finalmente, a celebração do aniversário do PCP expressa-se ainda na peça final de encerramento do concerto, a «Abertura Clássica sobre um tema popular português, Op. 87», de Vitorino d’ Almeida, que é um trabalho sobre a «Carvalhesa» e cuja última actualização feita pelo autor do arranjo de 1991 será pela primeira vez tocada na Festa. Achamos, por isso, que este concerto é a melhor forma que encontrámos para celebrar o 100.º aniversário de um Partido que lutou, luta e continuará a lutar pela transformação da sociedade e que sempre assumiu a defesa da total liberdade criativa na arte e o direito do artista em ser um agente transformador da vida, como aliás está conceptualizado no ensaio de Álvaro Cunhal A Arte, o Artista e a Sociedade. AA: Na Festa há música de intervenção e de luta em todos os palcos. O concerto de música clássica talvez seja o menos associado à intervenção política mas este ano a coincidência é total. MS: Eu não estaria muito de acordo com a ideia de que o concerto de música clássica, assim designado, seja o menos associado à intervenção política. Se considerarmos todos os concertos de música clássica realizados na Festa, verificamos que todos eles, sem excepção, têm um lema, pretendem assumir e defender uma ideia. Três exemplos: «Concerto sinfónico para um glorioso aniversário - 40 anos de Festa do Avante!» (2016); «Concerto Sinfónico em louvor do Homem - a música sinfónica na celebração do II centenário do Nascimento de Karl Marx» (2018); aquando da realização da Grande Gala de Ópera (2009) o texto explicativo do concerto referia: «Tomando como princípio de que a presença da Arte concorre para a elevação intelectual do ser humano, bem como para a melhoria da sua qualidade de vida (...)». AA: Três jovens músicos a pensar o programa é uma forma de aproximar a juventude a este espectáculo? MS: Pretende ser muito mais do que isso, até porque não estou muito ciente de que os jovens se afastam da música clássica. Essa seria uma discussão muito interessante para podermos ter no que ao interesse dos jovens diz respeito, em particular na dita tipologia da música. O convite feito a estes três jovens compositores, Ana Seara, Carlos Garcia e Filipe Melo, que se assumem hoje com um papel muito interventivo no panorama da criação artística musical em Portugal, é também um reconhecimento desta sua intervenção. É que todos eles apresentam um curriculum multifacetado, de colaboração com vários projectos em áreas até muito diversas e que vão para além da música dita clássica, ou mesmo do jazz. Todos eles têm recebido inúmeros prémios e reconhecimento nacionais e internacionais, estão ligados ao ensino da música, dominam linguagens artísticas muito diversificadas (como é por exemplo o caso de Filipe Melo com a sua ligação ao cinema, à televisão, à BD, e à literatura). AA: E o que vem de novo sobre a «Carvalhesa»? MS: Bom, a «Carvalhesa» não é só o hino da Festa do Avante! como alguns já lhe chamam. A «Carvalhesa», como sabemos, surgiu de uma necessidade objectiva de criação de um tema musical para a campanha eleitoral da CDU em 1985. Desde logo, pensou-se na escolha de um tema popular que pudesse ser transformado e adaptado por diversos artistas convidados a elaborarem distintos formatos (Música Popular Portuguesa, rock, jazz, fusão e clássica). E essa escolha recaiu sobre um tema popular recolhido por Michel Giacometti na aldeia de Tuiselo (Bragança). A versão mais insistentemente tocada, logo a mais reconhecida por todos, é de facto a versão MPP da qual os visitantes da Festa se apropriaram de tal forma que elaboraram até uma coreografia específica, que passou a ser dançada em todas as aberturas e encerramentos dos Palcos da Festa. A versão clássica, da autoria do Maestro Vitorino d'Almeida, ou para sermos mais precisos, «Abertura Clássica sobre um tema popular português, Op. 87 (1991)», tem merecido do seu autor uma atenção muito especial, dado que desde 1991, quando se gravou a primeira versão, a tem modificado e aperfeiçoado. A versão que este ano ouviremos na Festa terá essas novidades e recriações. Não há Festa sem «Carvalhesa» e portanto, esta seria a forma mais espectacular e gloriosa de terminarmos este concerto comemorativo dos 100 anos do PCP. Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz. O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença. O espectáculo de música clássica tem como mote a comemoração do centenário do PCP. Com o nome «A Revolução na Arte e a Arte na Revolução» é de salientar as «orquestrações sinfónicas originais sobre canções revolucionárias, com temas da Comuna de Paris, de Hanns Eisler e de Fernando Lopes-Graça. O trabalho de recriação destas canções foi entregue a três jovens compositores portugueses: Filipe Melo, Carlos Garcia e Ana Seara.» A organização da Festa do Avante! garante o cumprimento de todas as normas de segurança e saúde, para mostrar «que é possível viver a vida, conviver e usufruir da arte e da cultura ao mesmo tempo que se protege a saúde». Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz. O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença. O encerramento do espectáculo vai ser marcado pela estreia da última versão de António Vitorino D’Almeida sobre a Abertura Clássica sobre um tema popular português, Op. 87, mais conhecida por Carvalhesa. A Carvalhesa foi uma das peças gravadas por Michel Giacometti na aldeia de Tuiselo, perto de Vinhais, Bragança. Foi, mais tarde, recuperada por um grupo de trabalho do PCP, em 1985, que se tinha juntado «com o objectivo de se tentar criar um tema musical para a campanha eleitoral das eleições legislativas desse ano». A 45.ª edição da Festa do Avante! vai realizar-se na Quinta da Atalaia, Amora, Seixal, entre os dias 3, 4 e 5 de Setembro. A EP, entrada permanente, custa 27 euros e dá acesso aos três dias da festa, podendo ser adquirida nos centros de trabalho do PCP. Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz. O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença.Cultura|
Festa do Avante!: «A revolução na arte e a arte na revolução»
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Música clássica volta ao palco da Festa do Avante!
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Orquestrações Sinfónicas para canções populares
Da gaita-de-foles em Trás-os-Montes... até à orquestra sinfónica na Atalaia
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Festa do Avante!: «Momentos raros, inéditos e irrepetíveis»
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Música clássica volta ao palco da Festa do Avante!
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O «aumento das áreas de esplanada e a organização das mesas de forma a assegurar o distanciamento», a «definição de lugares nos espaços de espectáculos, com a criação de circuitos de entrada e saída - e o apoio de assistentes de plateia», ou a «generalização da utilização dos cartões contactless como meio de pagamento», são medidas que se vão transitar do ano passado, aperfeiçoadas pela prática.
Uma das novidades desta 45.ª edição é a dinamização de uma área, junto à entrada da Quinta do Cabo, onde os visitantes podem realizar «testes rápidos, para quem necessitar, em colaboração com uma entidade certificada, bem como a realização de autotestes».
Esta medida concretiza a recomendação da DGS «de que os visitantes sejam portadores de comprovativo de vacinação, de recuperação de doença e/ou teste negativo». A organização relembra, contudo, que a «responsabilidade da realização do teste cabe a cada visitante».
O comunicado assinala ainda «que o parecer da DGS, sem prejuízo do registo de recomendações que se acolheram, contém em vários domínios graus de exigência maiores relativamente à Festa do que o estabelecido para outras iniciativas e actividades», situação que já se tinha verificado na anterior edição.
A 45.ª edição, que se vai realizar nos dias 3, 4 e 5 de Setembro na Atalaia, Amora, Seixal, mantém a opção de convidar «artistas portugueses, de língua portuguesa ou residentes em Portugal», mas desta vez, é a duplicar. A Festa do Avante! divulgou hoje o programa de concertos e espectáculos que vai animar os mais de 30 hectares do recinto da Quinta da Atalaia com «música, teatro e cinema, e também desporto, artes plásticas, ciência, exposições, debates, apresentações de livros e onde não faltarão a gastronomia, os produtos regionais e o artesanato e muitos mais motivos de interesse». Entre as novidades apresentadas pela organização destacam-se os duetos entre artistas, «com carreiras ligadas a Portugal», de diferentes géneros e gerações, permitindo ao público assistir a concertos completamente únicos e irrepetíveis, preparados exclusivamente para ser apresentados nos vários palcos da Festa do Avante!. Anunciados estão já nomes como Manel Cruz e Aldina Duarte, Tim e Teresa Salgueiro, HMB e Lena D’Água, Brigada Victor Jara e Zeca Medeiros ou Prétu Xullaji e Scúru Fitchadú, Tristany e Cachupa Psicadélica que, entre muitos outros, vão partilhar os palcos com os Linda Martini, Budda Power Blues & Maria João e o guitarrista Pedro Jóia. À confirmação destes primeiros 44 artistas juntar-se-ão outras, que serão divulgadas pela organização até Setembro. A pluralidade dos géneros musicais, «um critério que desde a primeira edição, em 1976, tem sido deliberada e escrupulosamente cumprido», é este ano reforçada com a música techno e electrónica da DJ Violet, «artista residente na mina – uma rave queer em espaços improváveis» que o mês passado assinou um manifesto, ao lado de nomes como os de Roger Waters e Rage Against the Machine, em solidariedade com o povo palestiniano. O AbrilAbril conversou com Madalena Santos, da direcção da Festa do Avante!, sobre o regresso do concerto de música clássica ao palco 25 de Abril, que este ano é dedicado ao centenário do PCP. AbrilAbril (AA): Teremos de novo música clássica, depois de um ano em que esta tradição foi interrompida pelas condicionantes da pandemia de Covid-19. É um concerto adiado ou é um programa totalmente novo? Madalena Santos (MS): Este concerto foi integral e especialmente pensado para a comemoração do 100.º aniversário do PCP. E isso pode ser reconhecido, desde logo, no próprio lema do concerto: «A revolução na arte e a arte na revolução». No ano passado, a Comissão de Espectáculos da Festa do Avante! tinha de facto pensado e terminado a concepção de um programa em torno de um concerto de comemoração dos 250 anos do nascimento de Beethoven, mas por razões que se prendem com a pandemia e as recomendações de distanciamento entre músicos, não foi possível, nem era prudente, avançar com a ideia de ter em palco uma orquestra sinfónica. De alguma forma, este ano, ao incluirmos no programa dos primeiros andamentos de três sinfonias de Beethoven (da Sinfonia n.º 3, da Sinfonia n.º 5 e da Sinfonia n.º 7), pretendemos explicitar e fundamentar, tal como referido num dos textos que integram o suplemento do jornal Avante! sobre o concerto, que Beethoven também deve ser considerado um revolucionário no seu tempo. Mas o cerne principal do programa é a comemoração do 100.º aniversário do PCP. E isso está bem presente em diversos aspectos. Desde logo, na escolha das canções da Comuna de Paris, uma vez que se comemora também este ano o seu 150.º aniversário. Também nas canções seleccionadas de Hanns Eisler – compositor ainda muito desconhecido entre nós – com um concerto que pode contribuir para a divulgação da sua obra e, sobretudo, dar a conhecer também o seu compromisso entre a criação artística e a transformação da vida. E finalmente em três das Canções Heróicas de Lopes-Graça, autor que também sempre assumiu com determinação a sua arte como um compromisso com a luta do povo e das classes oprimidas. Nessa linha, fizemos ainda um convite a três jovens compositores portugueses para conceberem arranjos para essas canções da Comuna de Paris, de Eisler e de Lopes-Graça, que fossem pensadas para a voz da mezzo-soprano Cátia Moreso. Finalmente, a celebração do aniversário do PCP expressa-se ainda na peça final de encerramento do concerto, a «Abertura Clássica sobre um tema popular português, Op. 87», de Vitorino d’ Almeida, que é um trabalho sobre a «Carvalhesa» e cuja última actualização feita pelo autor do arranjo de 1991 será pela primeira vez tocada na Festa. Achamos, por isso, que este concerto é a melhor forma que encontrámos para celebrar o 100.º aniversário de um Partido que lutou, luta e continuará a lutar pela transformação da sociedade e que sempre assumiu a defesa da total liberdade criativa na arte e o direito do artista em ser um agente transformador da vida, como aliás está conceptualizado no ensaio de Álvaro Cunhal A Arte, o Artista e a Sociedade. AA: Na Festa há música de intervenção e de luta em todos os palcos. O concerto de música clássica talvez seja o menos associado à intervenção política mas este ano a coincidência é total. MS: Eu não estaria muito de acordo com a ideia de que o concerto de música clássica, assim designado, seja o menos associado à intervenção política. Se considerarmos todos os concertos de música clássica realizados na Festa, verificamos que todos eles, sem excepção, têm um lema, pretendem assumir e defender uma ideia. Três exemplos: «Concerto sinfónico para um glorioso aniversário - 40 anos de Festa do Avante!» (2016); «Concerto Sinfónico em louvor do Homem - a música sinfónica na celebração do II centenário do Nascimento de Karl Marx» (2018); aquando da realização da Grande Gala de Ópera (2009) o texto explicativo do concerto referia: «Tomando como princípio de que a presença da Arte concorre para a elevação intelectual do ser humano, bem como para a melhoria da sua qualidade de vida (...)». AA: Três jovens músicos a pensar o programa é uma forma de aproximar a juventude a este espectáculo? MS: Pretende ser muito mais do que isso, até porque não estou muito ciente de que os jovens se afastam da música clássica. Essa seria uma discussão muito interessante para podermos ter no que ao interesse dos jovens diz respeito, em particular na dita tipologia da música. O convite feito a estes três jovens compositores, Ana Seara, Carlos Garcia e Filipe Melo, que se assumem hoje com um papel muito interventivo no panorama da criação artística musical em Portugal, é também um reconhecimento desta sua intervenção. É que todos eles apresentam um curriculum multifacetado, de colaboração com vários projectos em áreas até muito diversas e que vão para além da música dita clássica, ou mesmo do jazz. Todos eles têm recebido inúmeros prémios e reconhecimento nacionais e internacionais, estão ligados ao ensino da música, dominam linguagens artísticas muito diversificadas (como é por exemplo o caso de Filipe Melo com a sua ligação ao cinema, à televisão, à BD, e à literatura). AA: E o que vem de novo sobre a «Carvalhesa»? MS: Bom, a «Carvalhesa» não é só o hino da Festa do Avante! como alguns já lhe chamam. A «Carvalhesa», como sabemos, surgiu de uma necessidade objectiva de criação de um tema musical para a campanha eleitoral da CDU em 1985. Desde logo, pensou-se na escolha de um tema popular que pudesse ser transformado e adaptado por diversos artistas convidados a elaborarem distintos formatos (Música Popular Portuguesa, rock, jazz, fusão e clássica). E essa escolha recaiu sobre um tema popular recolhido por Michel Giacometti na aldeia de Tuiselo (Bragança). A versão mais insistentemente tocada, logo a mais reconhecida por todos, é de facto a versão MPP da qual os visitantes da Festa se apropriaram de tal forma que elaboraram até uma coreografia específica, que passou a ser dançada em todas as aberturas e encerramentos dos Palcos da Festa. A versão clássica, da autoria do Maestro Vitorino d'Almeida, ou para sermos mais precisos, «Abertura Clássica sobre um tema popular português, Op. 87 (1991)», tem merecido do seu autor uma atenção muito especial, dado que desde 1991, quando se gravou a primeira versão, a tem modificado e aperfeiçoado. A versão que este ano ouviremos na Festa terá essas novidades e recriações. Não há Festa sem «Carvalhesa» e portanto, esta seria a forma mais espectacular e gloriosa de terminarmos este concerto comemorativo dos 100 anos do PCP. Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz. O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença. O espectáculo de música clássica tem como mote a comemoração do centenário do PCP. Com o nome «A Revolução na Arte e a Arte na Revolução» é de salientar as «orquestrações sinfónicas originais sobre canções revolucionárias, com temas da Comuna de Paris, de Hanns Eisler e de Fernando Lopes-Graça. O trabalho de recriação destas canções foi entregue a três jovens compositores portugueses: Filipe Melo, Carlos Garcia e Ana Seara.» A organização da Festa do Avante! garante o cumprimento de todas as normas de segurança e saúde, para mostrar «que é possível viver a vida, conviver e usufruir da arte e da cultura ao mesmo tempo que se protege a saúde». Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz. O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença.Cultura|
Festa do Avante!: «Momentos raros, inéditos e irrepetíveis»
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Música clássica volta ao palco da Festa do Avante!
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A Festa do Avante!, nos próximos dias 3, 4 e 5 Setembro, será «um acto responsável, organizado com exigência, uma contribuição para a afirmação do bem estar, da saúde e da fruição da vida, um espaço de valorização da arte e da cultura, da liberdade e intervenção política».
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