Segundo uma reportagem exibida esta segunda-feira na SIC, os profissionais acusam a administração de «falsear resultados clínicos e algoritmos do sistema da triagem da urgência» com o objectivo de aumentar a sangria de dinheiro do Estado e assim aumentar receitas.
O hospital, até agora conhecido por ser um dos que «melhor cumpre os tempos de espera nas urgências», é acusado de condicionar o sistema informático que atribui as prioridades com base no sistema de Manchester.
«Dar mais [pulseiras] verdes» e «enviar para a urgência ambulatória, independentemente da doença que o doente pudesse ter», será a estratégia a que os enfermeiros têm estado obrigados ao longo de anos para que a parceria público-privada (PPP) do Hospital Dr. José de Almeida fique bem na fotografia.
«Aliviar a dor» e «baixar a temperatura», sempre no papel, são também práticas denunciadas pelos trabalhadores para evitar sobrecarregar serviços e assim fugir às penalizações financeiras a que o hospital está obrigado se não cumprir os tempos de espera, ao abrigo do acordo assinado entre o grupo Lusíadas Saúde e o Estado.
São reveladas ainda práticas referentes à «pressão dos registos» de actos que não chegam a ser executados, designadamente administração de oxigénio, mas aos quais correspondem transferências de dinheiro.
Uma «preocupação» que se estende à codificação dos actos médicos, o chamado grau de complexidade de patologias ou casemix (quanto mais alto for, maior é o financiamento), em que se manipulavam os dados dos doentes, indo buscar doenças a cada histórico, designadamente oncológicas, para inflaccionar o retorno financeiro do hospital.
Nos últimos dois anos, o Hospital Dr. José de Almeida foi classificado com o grau de complexidade mais alto, ficando à frente do Hospital de Loures – outra PPP, mas com outras valências, designadamente oncologia.
No seguimento da reportagem, o PCP requereu, com carácter de urgência, a audição na Assembleia da República de entidades como a Inspecção-Geral das Actividades em Saúde, o Tribunal de Contas e a Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo, e da ministra da Saúde, Marta Temido.
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