«Ir à lã e sair tosquiado» é o provérbio que, com toda a propriedade, se pode aplicar ao PSD e ao CDS a propósito do debate de actualidade sobre o Novo Banco que, conjuntamente com BE, agendaram para a tarde desta quarta-feira na Assembleia da República.
Um debate realizado na sequência da recente injecção de capital no Novo Banco e da evidente falta de articulação entre o ministro das Finanças e o primeiro-ministro, com alguma lavagem de roupa suja à mistura. PS, PSD e CDS trocaram acusações sobre relacionamentos com o antigo BES, actual Novo Banco, nomeadamente citando o caso Marquês e o processo de aquisição dos submarinos.
PSD e CDS trouxeram ao debate ideias e propostas sobre o Novo Banco, umas que não aplicaram no último governo que protagonizaram e outras que chumbaram, algumas já em 2020.
O Novo Banco, desbaratado pelos governos do PS e do PSD/CDS, constituiu para a Lone Star um chorudo negócio, num investimento sem risco que lhe permitiu receber um banco limpo de prejuízos, através de injecções de dinheiros públicos, e com um quadro de pessoal já bastante reduzido.
Aliás, o BE lembrou no debate os 6030 milhões de euros já investidos. Mariana Mortágua, a propósito da recente injecção de capital e do comportamento do Governo, considerou não se tratar de uma falha de comunicação mas de «um problema político de enorme gravidade», que pôs em causa a palavra de António Costa, acusando ainda o Governo de estar a fazer «uma remodelação em directo».
O PCP, por seu lado, lembrou que, em 16 de abril, questionado pelos comunistas sobre «se pretendia manter a transferência de 850 milhões de euros para o Novo Banco» o ministro das Finanças confirmou a realização da transferência porque «contratos são contratos». Duarte Alves lembrou que os 850 milhões de euros agora injectados no Novo Banco se somam aos milhões já «entregues pelos portugueses, desde a fraudulenta resolução decidida pelo Governo PSD/CDS, até à ruinosa privatização a custo zero, com garantias dadas pelo Estado».
O deputado comunista contestou o continuado enterrar de «milhões de euros dos portugueses, para que o banco fique nas mãos de privados», acabando, muito provavelmente, por ir parar ao «controlo espanhol», sublinhando que «o Novo Banco não pode continuar a ser um buraco sem fundo, pago por todos os portugueses, sem se garantir o seu controlo público».
No debate, o PS limitou-se a criticar a atribuição de prémios de gestão aos administradores do Novo Banco e a lembrar que PSD e CDS prometeram que este «seria um banco bom».
A defender a posição do Governo esteve o secretário de Estado adjunto e das Finanças, para quem o Governo não faltou aos critérios que tinha definido, de esperar pelas conclusões da auditoria, acusando a direita de comportamento oportunista. Mourinho Félix afirmou ainda concordar com a posição do BE de «não envolver dinheiro público sem auditorias», respeitando o que considerou ser a coerência das posições de PCP e PEV, de não injectar «dinheiro público em instituições privadas» e de considerarem que «a banca deve estar na mão do Estado».
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