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Pelo fim do massacre, nova marcha solidária com a Palestina em Lisboa

«Israel não oculta o seu propósito de completar a limpeza étnica em curso na Faixa de Gaza e na Cisjordânia», alertam as organizações promotoras da manifestação que esta sexta-feira tem lugar na capital.

Créditos / Prensa Latina

Conselho Português para a Paz e Cooperação (CPPC), Movimento pelos Direitos do Povo Palestino e pela Paz no Médio Oriente (MPPM), CGTP-IN e Projecto Ruído voltam a unir-se em solidariedade com o povo palestiniano, promovendo uma concentração no Martim Moniz, amanhã, dia 8, pelas 15h, seguida de um desfile até ao Largo José Saramago (Campo das Cebolas).

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«É urgente pôr fim ao massacre» em Gaza

A Semana de Solidariedade com o Povo Palestiniano, que já teve expressão este domingo no Porto, tem agendadas novas mobilizações em Évora, Funchal e Lisboa, exigindo o «fim imediato da tragédia» em Gaza.

Mobilização solidária com o povo palestiniano no Porto, a 26 de Novembro de 2023 
Créditos / CPPC

Pela paz e pelos direitos do povo palestiniano, sublinhando a urgência de parar a «guerra» e o «massacre», e afirmando a necessidade de «paz no Médio Oriente» e de uma «Palestina independente», as organizações promotoras apelam à participação de todos nas acções que dão corpo a esta semana de solidariedade: hoje em Évora (19h, Largo de Camões) e, amanhã, no Funchal (19h, Largo dos Varadouros) e em Lisboa (18h, Largo do Martim Moniz).

No domingo, a abrir a semana solidária, centenas de pessoas participaram, no Porto, numa concentração e manifestação, reafirmando a exigência da «paz no Médio Oriente» e a urgência de «um cessar-fogo permanente na Faixa de Gaza» e «não apenas pausas humanitárias», revela o CPPC na sua página de Facebook.

O ano da «catástrofe provocada por mais de 50 dias de bombardeamentos israelitas»

Movimento pelos Direitos do Povo Palestino e pela Paz no Médio Oriente (MPPM), Conselho Português para a Paz e Cooperação (CPPC), CGTP-IN e Projecto Ruído dinamizam a semana solidária, que tem no centro o Dia Internacional de Solidariedade com o Povo Palestiniano (29 de Novembro) e que este ano «decorre sob o impacto da catástrofe provocada por mais de 50 dias de bombardeamentos israelitas sobre a Faixa de Gaza».

Mobilização de apoio à Palestina, no Porto, a abrir a Semana de Solidariedade com o Povo Palestiniano / CPPC

«Milhares de mortos, mais de 40% dos quais crianças. Bairros inteiros arrasados e centenas de milhar de desalojados. Hospitais, escolas, infra-estruturas destruídas, num cenário apocalíptico», denuncia o MPPM em comunicado divulgado esta segunda-feira.

Destacando que a «trégua humanitária acordada trouxe um alívio momentâneo, num primeiro resultado importante da pressão popular e da resistência palestiniana», o organismo solidário lembra a necessidade de manter a mobilização, até porque, «mesmo que os bombardeamentos parem, Gaza precisa de quase tudo».

«Um cessar-fogo permanente e definitivo»

O cessar-fogo é uma das exigências elencadas no documento divulgado pelo MPPM, que apela também ao fim das «violências dos militares e colonos israelitas contra os palestinianos da Cisjordânia e de Israel».

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A sufocante ocupação da Palestina desdobra-se numa série de crimes de guerra

As mortes de civis em Gaza, que já são escandalosamente altas devido ao bombardeamento descontrolado de Israel, serão inimagináveis durante a guerra terrestre. 

CréditosMohammed Saber / EPA

No dia 24 de outubro, tornou-se claro para a Organização das Nações Unidas (ONU) que o bombardeamento contínuo de Gaza – que já havia matado 6500 pessoas (incluindo pelo menos 35 funcionários da ONU) – havia tornado essa parte da Palestina insustentável para a vida humana. Mais de dois milhões de pessoas vivem nessa pequena porção de terra no Mar Mediterrâneo. Desde 1948, os refugiados que vivem aqui contam com a assistência da ONU, que criou uma agência inteira (UNRWA) em 1949 para esse propósito. O secretário-geral da ONU, António Guterres, disse ao Conselho de Segurança da ONU que dentro de alguns dias a organização ficará sem combustível para os seus camiões, que transportam o mínimo de ajuda que chega a Gaza vinda do Egito para auxiliar os 660 mil palestinos que fugiram de suas casas para chegar aos complexos da ONU em Gaza. Os camiões transportam «uma gota de ajuda num oceano de necessidades», disse Guterres. «O povo de Gaza precisa de ajuda contínua a um nível que corresponda às enormes necessidades. Essa ajuda deve ser entregue sem restrições».

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Israel quer um Estado de apartheid ou um processo de limpeza étnica, ambos crimes

A classe política israelita parece estar a utilizar o conflito que começou em 7 de outubro como pretexto para fazer o que planeou fazer durante décadas, ou seja, apagar os palestinos da Palestina histórica e apagar a nação palestina como uma entidade.

Milhares de palestinianos caminham em direcção ao sul da Faixa de Gaza, 10 de Novembro de 2023 
CréditosHaitham Imad / EPA

No dia 30 de outubro de 2023, as autoridades israelitas afirmaram ter matado «dezenas» de combatentes do Hamas nos primeiros dias da sua invasão terrestre. Enquanto isso, o Ministério da Saúde de Gaza tem-se esforçado para manter o seu site online, devido à falta de eletricidade, internet e pelos bombardeamentos israelitas.

Ao meio-dia de 29 de outubro, o Ministério da Saúde informou que o número de mortos em Gaza é agora de 8005 (dos quais 67% são mulheres e crianças). Para aqueles que duvidam dos números, o Ministério da Saúde tem divulgado listas dos mortos com os seus números de identificação israelitas (é um sinal da ocupação dos palestinos de Gaza que, quando nascem, têm de ser registados não pela Autoridade Palestina, mas por Israel). A organização Save the Children afirma que mais crianças (3195) foram mortas pelos bombardeios israelitas nestas três semanas do que o total de mortes em todas as zonas de conflito desde 2019.

A Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina no Oriente Próximo (UNRWA) declarou que, até domingo, dia 29, 1,4 milhão de palestinos de um total de 2,3 milhões foram deslocados internamente, com 671 mil abrigados em 150 instalações da UNRWA. A maior parte dos mortos pelos bombardeamentos e tiros dos tanques israelitas são civis. A proporção de mortos entre combatentes (poucos) e civis (muitos) é surpreendente, muito além do que acontece numa guerra (em contraste, dos 1400 israelitas mortos em 7 de outubro pelo Hamas e outras facções, 48,4% eram soldados). Ao afirmar que mataram «dezenas» de militantes do Hamas – o suposto alvo – e tendo, ao mesmo tempo, matado milhares de palestinos, as autoridades israelitas admitiram ao mundo que a sua guerra provocou muito mais mortes de civis do que de combatentes.

«A maior parte dos mortos pelos bombardeamentos e tiros dos tanques israelitas são civis. A proporção de mortos entre combatentes (poucos) e civis (muitos) é surpreendente, muito além do que acontece numa guerra (em contraste, dos 1400 israelitas mortos em 7 de outubro pelo Hamas e outras facções, 48,4% eram soldados).»

Enquanto isso, os militares israelitas enviaram as suas escavadoras para destruir casas e empresas no norte de Gaza, bem como na cidade de Jenin, na Cisjordânia. Nada nesta manobra se assemelha a uma operação militar, uma vez que estas casas e empresas não são instituições militares. Tendo em vista o histórico de demolição de habitações na Cisjordânia para criar colonatos e o «muro do apartheid», esta demolição em Gaza e Jenin parece uma campanha civilizatória maciça de limpeza étnica para criar aquilo a que a classe política israelita chama de Grande Israel (Eretz Yisrael Hashlema). A classe política israelita é famosa por dizer que quer mudar os «factos no terreno» para que quaisquer negociações com os palestinos sob ocupação sejam baseadas nesses «factos» e não em «reivindicações».

É isto que o primeiro-ministro israelita Benjamin Netanyahu tem feito há décadas através dos assentamentos ilegais na Cisjordânia: ignorar as reivindicações palestinas sobre as suas terras e estabelecer o direito dos israelitas a toda a massa terrestre, desde o Rio Jordão até ao Mar Mediterrâneo. Efetivamente, a classe política israelita parece estar a utilizar o conflito que começou em 7 de outubro como pretexto para fazer o que planeou fazer durante décadas, ou seja, apagar os palestinos da Palestina histórica e apagar a nação palestina como uma entidade.

Dois Estados, um Estado, três Estados

Quando as forças políticas palestinas concordaram com um processo de paz que resultou no Acordo Provisório de Cairo (1994) e nos Acordos de Oslo (1994), adotaram o que ficou conhecido como a «solução de dois Estados» para a ocupação israelita da Palestina. A ideia central dos Acordos de Oslo era que uma Autoridade Palestina (AP) governaria o território confiscado por Israel em 1967 (Jerusalém Oriental, Gaza e Cisjordânia). Segundo o professor Haider Eid, de Gaza, os Acordos de Oslo criaram um «bantustão» (como as «pátrias africanas» criadas pela África do Sul do apartheid).

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«As vidas palestinianas contam»: manifesto exige fim do genocídio na Palestina

«É intolerável a reiterada normalização de actos que visam punir colectivamente toda a população palestiniana», refere o abaixo-assinado. Manifestações convocadas para as 18h no Porto, dia 17, Lisboa, dia 18 e Évora, 19.

Uma mulher é retirada dos escombros da sua casa, no campo de refugiados Al-Shati, em Gaza, Palestina, depois de um ataque das forças de ocupação israelitas. Entre 7 e 14 de Outubro de 2023, pelo menos 724 crianças palestinianas foram assassinadas por Israel, que bombardeia indiscriminadamente escolas, habitações, hospitais e edifícios da ONU. 
CréditosMohammed Saber / EPA

«Desde há mais de um século que a Palestina e o povo palestiniano estão sujeitos a um domínio colonial que ainda não cessou e que o apoio ocidental a Israel só ajuda a prolongar e agravar», refere o manifesto «As vidas palestinianas contam! Manifesto de apoio e solidariedade com o povo palestiniano», subscrito, até ao momento, por quase 2 mil pessoas, incluindo o historiador Manuel Loff, os deputados Alma Rivera, Bruno Dias (do PCP) e José Soeiro (BE) e a presidente da Fundação José Saramago Pilar del Río. O manifesto está disponível para subscrição online.

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Protecção ocidental encoraja Israel a continuar «a matar e ocupar»

O AbrilAbril falou com Salim Nazzal, escritor e secretário do Fórum Cultural Palestino Europeu, refugiado na Noruega, e Nisreen Lubbad, resistente palestina, sobre a Nakba e o agravar da agressão israelita das últimas semanas.

Em Lisboa, Salim Nazzal e Nisreen Lubbad, acompanhados por Carlos Almeida, do MPPM, foram ouvidos pelo Grupo Parlamentar de Amizade Portugal-Palestina (GPA-PP), na Assembleia da República, representados por Joana Mortágua, do BE, Bruno Dias, do PCP, e os deputados Tiago Brandão Rodrigues e Miguel Matos do PS. 
Créditos / MPPM

Salim Nazzal, escritor, dramaturgo e poeta palestino, secretário do Fórum Cultural Palestino Europeu, nasceu num campo de refugiados no Líbano. A família foi expulsa das suas casas em 1948, pelas forças de ocupação israelita. Nisreen Lubbad, refugiada palestinina residente em Madrid, activa na resistência palestina à ocupação israelita, nasceu, tal como Salim, num campo de refugiados.

São experiências transversais a sucessivas gerações de palestinianos, expulsos das suas casas: muitos milhões vivem, ainda, em campos de refugiados ou espalhados um pouco por todo o mundo. Em Gaza e na Cisjordânia, a estratégia de limpeza étnica continua a ser a mesma, centenas de pessoas são assassinadas anualmente, para dar lugar a novos colonatos.

«Os judeus sionistas tomaram a Palestina como se de um apartamento mobilado se tratasse».

O AbrilAbril conversou com Salim e Nisreen pouco antes do arranque de uma sessão de solidariedade com a Palestina, evocativa dos 75 anos da Nakba, organizada pelo Movimento pelos Direitos do Povo Palestino e pela Paz no Médio Oriente (MPPM), na Casa do Alentejo, em Lisboa, que juntou várias dezenas de pessoas no dia 15 de Maio. 

A Nakba, catástrofe ou desastre em árabe, designa o êxodo palestino de 1948, após a criação do estado de Israel (cujo dia de independência se assinala a 14 de Maio), que se traduziu na expulsão de mais 750 000 palestinianos das suas casas e terras, na destruição de 500 vilas e aldeias palestinas, na morte de 15 mil homens, mulheres e crianças da Palestina.

Como explicou Salim, «não há apenas um Nakba: é uma política continuada». A continuada acção militar de Israel foi o nosso ponto de partida.

Com o assassinato de um jovem palestiniano de 22 anos [na manhã de dia 15 de Maio, quando gravámos a entrevista], o número total de palestinianos mortos pelas forças de ocupação israelitas desde o início do ano subiu para 152 (33 dos quais apenas nos últimos dias). Qual é a actual situação na Palestina?

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Forças israelitas matam jovem palestiniano em Nablus

No dia em que se cumprem 75 anos da Nakba, um palestiniano de 22 anos foi morto a tiro, esta segunda-feira, e outro ficou ferido durante um raide israelita num campo de refugiados em Nablus.

Raide das forças israelitas em Nablus 
Raide das forças israelitas em Nablus (imagem de arquivo) Créditos / Twitter

Testemunhas disseram à imprensa que um grande contingente de tropas israelitas invadiu esta manhã o campo de refugiados de Askar, nos arredores da cidade de Nablus, o que gerou grandes confrontos e trocas de disparos no campo e no Bairro de al-Masaken.

Ahmad Jibril, responsável do Crescente Vermelho Palestiniano na cidade, disse à agência Wafa que dois palestinianos foram atingidos a tiro, sendo que um deles tinha falecido e o outro se encontrava ferido, em estado grave.

Em comunicado, o Ministério palestiniano da Saúde identificou o falecido como Saleh Mohammad Sabra, de 22 anos.

A Wafa refere ainda que as forças israelitas cercaram e invadiram a casa da família de um palestiniano morto, Abdul-Fatah Kharousha, que em Fevereiro participou num ataque contra colonos, e tomaram medidas para a demolir.

Com a morte de Mohammad Sabra, na Cisjordânia ocupada, o número de palestinianos mortos em 2023 por tropas e colonos israelitas sobe para 152, incluindo 33 que faleceram durante os bombardeamentos recentes contra a Faixa de Gaza cercada.

Nakba, 75 anos de uma agressão que persiste

A 15 de Maio assinala-se a Nakba – a «catástrofe» –, que diz respeito à proclamação unilateral da independência de Israel, em 1948, e à campanha premeditada que acompanhou o processo de criação de Israel, em que as milícias sionistas destruíram centenas de aldeias, cometeram inúmeros massacres e expulsaram das suas casas cerca de 750 mil palestinianos.

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Na Palestina, «há uma obstinada bandeira que se recusa a ser retirada»

A Nakba, a mudança da Embaixada dos EUA para Jerusalém e a resistência do povo palestiniano face à ocupação e repressão israelitas marcaram o acto público que reuniu centenas de pessoas em Lisboa.

Centenas de pessoas juntaram-se em Lisboa em protesto contra a mudança da Embaixada dos EUA em Israel para Jerusalém e em solidariedade com o povo palestiniano
CréditosPedro Penilo

A brutal repressão dos militares israelitas sobre os milhares de palestinianos que se mobilizaram esta segunda-feira na Faixa de Gaza cercada, junto à vedação que separa o enclave de Israel, provocou mais de cinco dezenas de mortos e deixou feridos mais de 2700.

Isto foi motivo de conversa entre os presentes, ontem, no Largo de Camões, antes das intervenções, e questão a que nenhum dos intervenientes escapou, enquanto repudiava a inauguração da Embaixada norte-americana em Jerusalém.

Tiago Santos, a quem coube a apresentação dos intervenientes, saudou as mais de 50 organizações que se juntaram às quatro que promoveram o acto público no Largo de Camões, destacando o seu significado e o que representava a presença dos muitos que ali se juntaram.

«Aqui estamos para apoiar os protestos legítimos e vigorosos do povo palestiniano. Aqui estamos para denunciar a violenta e a criminosa repressão contra os que, na Palestina, estão neste momento a lutar pelos seus direitos e pela paz, contra a violenta repressão que, só hoje e de acordo com números de há momentos, já provocou 52 mortos e mais de 2000 feridos [números conhecidos na altura]. Aqui estamos para dizer bem alto "não à agressão" e "fim à ocupação"», clamou.

«Cobertura dos EUA à política sionista»

Seguiu-se a intervenção de Filipe Ferreira, em nome do Conselho Português para a Paz e Cooperação (CPPC), que classificou o acto público como «imprescindível», na sequência do «provocatório reconhecimento, pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de Jerusalém como capital de Israel» e de ter mudado para essa cidade a Embaixada do seu país.

Trata-se, em seu entender, de uma «clara afronta» e de uma «provocação», que visa «desestabilizar e incendiar ainda mais a situação na martirizada Palestina e em todo o Médio Oriente».

A transferência da Embaixada norte-americana para Jerusalém põe também em evidência a «cobertura desde sempre dada pelos EUA à política sionista de ilegal ocupação de territórios da Palestina por parte de Israel, incluindo a ocupação total da cidade de Jerusalém», afirmou, acrescentando que a cumplicidade dos EUA com Israel é responsável pela política de ocupação e repressão a que os palestinianos são submetidos.

Reafirmou a exigência às autoridades portuguesas para que reconheçam o Estado da Palestina. «Portugal deve estar do lado da paz e não da guerra; tem de estar do lado da liberdade e não da opressão; tem de estar do lado da soberania e não do colonialismo; tem de estar do lado da legalidade internacional e não do arbítrio e da violência», frisou.

«Há uma obstinada bandeira que se recusa a ser retirada»

Ana Souto, do Movimento Democrático de Mulheres (MDM), leu o poema «Quero contar ao Mundo», de uma poeta palestiniana, onde ficam plasmadas as «vivências diárias, difíceis» de um povo «sujeito a práticas de terror, a uma violenta ocupação e colonização por parte de Israel».

Falou das duras condições de vida na Cisjordânia e na Faixa de Gaza, da pobreza que ali impera, «onde há condições sanitárias deficientes, onde o acesso à água, aos cuidados de saúde é quase inexistente». É uma «prisão de escombros a céu aberto, onde os ataques de Israel não param», afirmou, para denunciar que «tudo isto acontece com a protecção cúmplice dos Estados Unidos da América e a complacência e o silêncio da União Europeia».

Referindo-se à transferência da Embaixada norte-americana, a dirigente do MDM afirmou que «os EUA reconhecem Jerusalém como capital de Israel, apoiam de forma incondicional a ocupação ilegal que Israel fez de Jerusalém Oriental, encorajam e apoiam a violenta ocupação dos territórios palestinianos, as criminosas políticas de Israel que violam e desrespeitam o direito internacional e as resoluções da ONU».

No final da intervenção, aludiu ao poema que lera no início, para lá ir buscar os versos: «na Palestina há uma obstinada bandeira que se recusa a ser retirada e persiste uma esperança que não pode ser derrotada.»

«Do que estamos a falar é de genocídio, barbárie»

«Um dia, 52 mortos, 2420 feridos. Não nos falem duma guerra, que há guerras em que não se morre assim. Não nos falem em confrontos. Do que estamos a falar é de genocídio, barbárie.» Foi assim que Carlos Almeida, vice-presidente do Movimento pelos Direitos do Povo Palestino e pela Paz no Médio Oriente (MPPM), deu início à sua intervenção.

Evocando a Nakba («catástrofe»), iniciada há 70 anos, que hoje se assinala e que persiste, Carlos Almeida disse: «Há 70 anos, a Palestina também estava a ferro e fogo. Até ao dia 15 de Maio de 1948, cerca de 400 mil pessoas já tinham sido expulsas das suas casas, expulsas das suas terras. Cerca de metade do total de refugiados palestinianos provocados pela Nakba já tinha sido lançada nos caminhos do exílio, da diáspora, da fuga perante o avanço da onda criminosa das milícias sionistas. Um caminho que foi pontuado por massacres» – e enumerou alguns deles.

O dirigente do MPPM explicou depois, com algum detalhe, episódios de saques a aldeias e vilas palestinianas, perpetrados em 1948 pelas milícias e brigadas sionistas do Exército israelita, cujos nomes listou e disse estarem «gravados a ferro e fogo na memória do povo palestiniano».

Lembrando as responsabilidades do imperialismo britânico – de quem «aprenderam bem a lição» –, afirmou que «esta campanha foi cuidadosamente planeada em nome de um objectivo: a limpeza étnica, a expulsão de toda a população palestiniana das terras, dos lugares onde sempre viveu».

Aludindo à falsidade do mito sionista da «terra sem povo», destacou: «Estes 70 anos são a história desta guerra de extermínio, são a história da resistência ao extermínio, ao genocídio, à barbárie, à aniquilação, à negação de que existe um povo e de que esse povo fala árabe e vive na Palestina há muitas gerações.»

Caracterizou Israel como «guarda avançada dos interesses do imperialismo e das potências ocidentais no Médio Oriente», salientando que as «suas guerras, que nos tentam vender como guerras defensivas, foram sempre guerras de agressão».

«É preciso denunciar a ocupação e a repressão israelitas, todos os dias; denunciar e condenar o cerco à Faixa de Gaza», disse, apontando esse território como «exemplo de resistência» e «lugar de todos os exílios».

Pese embora os «tempos sombrios que vivemos», destacou a presença de todos no Largo de Camões como «um acto de confiança no futuro» e lembrou que da «Palestina vem um exemplo heróico de um povo que resiste, com a sua vida, a sua luta, a sua determinação».

«Um povo impedido de desenvolver o seu país»

Arménio Carlos, secretário-geral da CGTP-IN, sublinhou a necessidade da «solidariedade com o povo palestiniano, que continua a ser massacrado por um país que é apoiado pelo imperialismo e que continua a pôr em causa direitos e liberdades».

Disse «não aceitar o que se está a passar na Palestina, que um povo seja refém no seu próprio país; um povo que é impedido de trabalhar, que é impedido de produzir, que é impedido de desenvolver o seu país».

Como consequências da violenta ofensiva de que os palestinianos são alvo, destacou dados referentes ao emprego: «dois em cada cinco jovens estão desempregados; 40% da população em Gaza não tem emprego; e há milhares e milhares de trabalhadores palestinianos que, trabalhando em Israel, recebem metade do que auferem os israelitas», denunciou.

Em nome da CGTP-IN, passou a mensagem de que o povo palestiniano não está sozinho, e declarou: «O que é cada mais revelevante e fica aos olhos de todo o mundo é como um povo que sofre há 70 anos não se resigna, acredita e continua a ter uma juventude que continua a impulsionar a resistência e a acreditar ter nas suas mãos os destinos do seu país, que continua a lutar.»

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A propósito dessa limpeza étnica e das agressões israelitas que se seguiram, num contexto em que o povo palestiniano mantém a luta pelo direito à terra e à independência, o Gabinete Central de Estatísticas da Palestina publicou uma série de dados associados à «catástrofe».

De acordo com o organismo, o processo de ocupação e colonização israelita provocou o deslocamento forçado de 957 mil pessoas que viviam na Palestina histórica em 1948, em 1300 aldeias e vilas.

Durante a Nakba, a ocupação israelita confiscou terras e expulsou os seus habitantes, controlando 774 aldeias palestinianas e destruindo 531. As atrocidades cometidas pelas forças sionistas incluíram pelo menos 51 massacres, com um saldo superior 15 mil mortos.

De acordo com o Gabinete de Estatísticas, no final de 2022, havia 14 milhões de palestinianos espalhados pelo mundo, mais de metade dos quais vivem na Palestina histórica. O número de refugiados palestinianos chegou a 6,4 milhões (dados das Nações Unidas de Dezembro de 2020), sendo que cerca de dois milhões vivem em campos na Cisjordânia e na Faixa de Gaza, na Jordânia, na Síria e no Líbano.

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Pelo menos 25 mortos na agressão israelita a Gaza

De acordo com dados preliminares, o número de palestinianos mortos subiu para 25 e o de feridos para 70, na agressão militar de Israel contra a Faixa de Gaza iniciada há três dias.

Coluna de fumo após bombardeamentio israelita em Rafah, na Faixa de Gaza cercada, a 10 de Maio de 2023 
Créditos / Al Mayadeen

A aviação israelita atacou, esta quinta-feira, apartamentos a norte de Khan Yunis, provocando a morte de três pessoas, incluindo Ali Hassan Ghali, um comandante das Brigadas Al-Quds, a ala militar da Jihad Islâmica.

Trata-se do quarto comandante da Jihad Islâmica da Palestina a ser assassinado no espaço de 48 horas.

Entretanto, o movimento de resistência advertiu o governo de Telavive para as consequências destes bombardeamentos, que contaram com a luz de verde de Washington e contam com o apoio expresso de Jake Sullivan, conselheiro de segurança nacional dos EUA, que esta quinta-feira reafirmou o direito de Israel à «auto-defesa».

Neste contexto, a resistência palestiniana retomou esta madrugada o lançamento de rockets para os territórios ocupados por Israel, que activou o sistema Cúpula de Ferro para os tentar deter.

Segundo refere a Al Mayadeen, com base na imprensa israelita, na quarta-feira, cerca de 500 rockets foram lançados a partir da Faixa de Gaza em resposta à agressão israelita, no âmbito de uma operação denominada Vingança dos Livres.

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Aviação israelita bombardeia Gaza e mata 13 palestinianos

Israel bombardeou, esta madrugada, a Faixa de Gaza, provocando a morte de 13 palestinianos, incluindo quatro crianças e quatro mulheres. Os EUA foram previamente informados da agressão militar.

Destruição na Faixa de Gaza pelos bombardeamentos desta terça-feira 
Créditos / Wafa

Aviões e drones das forças militares de Telavive atacaram casas e edifícios residenciais na Faixa de Gaza, esta madrugada, no contexto de uma operação dirigida contra membros do movimento de resistência Jihad Islâmica.

Segundo revela o canal libanês Al Mayadeen (tal como outros meios de comunicação), foram mortas três figuras de relevo do movimento: Jihad Ghannam, Khaled al-Bahitini e Tariq Izz al-Din.

A operação já estava a ser preparada há algum tempo e Israel escolheu o momento, refere a mesma fonte, precisando que a agressão foi aprovada no fim-de-semana passado e que o ministro dos Negócios Estrangeiros israelita falou sobre ela ao Secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken.

O Ministério palestiniano da Saúde confirmou a morte de 13 pessoas – entre as quais se encontram quatro crianças e quatro mulheres – e a existência de 20 feridos, alguns dos quais em estado grave.

Edifício residencial bombardeado na Faixa de Gaza / Al Mayadeen

Em comunicado, o Ministério dos Negócios Estrangeiros referiu-se a este «crime horrendo» como um «prolongamento da guerra aberta da ocupação contra o povo e os seus justos e legítimos direitos nacionais».

A declaração, divulgada pela Wafa, responsabiliza «total e directamente» o governo de Benjamin Netanyahu por esta agressão e as suas consequências, classificando-a como «uma escalada perigosa que ameaça uma explosão geral».

Insistiu, além disso, no pedido de ajuda à «comunidade internacional», para que intervenha com urgência e «pare o ataque ao povo palestiniano».

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Essa mesma imprensa refere que a estrutura militar e de segurança da ocupação está a preparar-se para uma ampla resposta da resistência, na sequência do assassinato de vários dirigentes da Jihad Islâmica.

Fontes de uma sala conjunta de operações das várias facções palestinianas revelaram ao canal libanês que existe consenso no seio da resistência quanto a uma posição de compromisso para travar os «crimes israelitas».

Também deram conta de «pressões da parte da ocupação, por via de vários mediadores, para se chegar a um cessar-fogo», mas sublinhando que «a resistência permanece firme na sua exigência de um claro compromisso [israelita] para acabar com a política de assassinatos».

Agressão condenada pela Liga Árabe

Ontem, o Conselho da Liga Árabe, reunido no Cairo, expressou solidariedade total ao povo palestiniano e apoio à sua firmeza frente à agressão contínua israelita, sublinhando o seu legítimo direito à defesa neste contexto.

Numa declaração divulgada pela Wafa, o Conselho condenou a agressão generalizada ao povo palestiniano na Faixa de Gaza cercada, na Cisjordânia e em Jerusalém ocupadas, solicitando protecção para o povo palestiniano.

Pediu ainda ao Conselho de Segurança das Nações Unidas que assuma as suas responsabilidades na manutenção da paz e da segurança internacionais, e que exerça a pressão necessária sobre Israel, a potência ocupante.

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Desde 1948, o número de palestinianos mortos pelas forças de ocupação é superior a 100 mil, estima o organismo, afirmando que o ano mais sangrento foi o de 2014, com 2240 mortos.

Referindo-se a múltiplos aspectos da vida dos palestinianos nestas sete décadas de ocupação, o documento destaca questões como a situação dos presos nas cadeias israelitas (4900 em Abril de 2023); a política expansionista dos colonatos (em 2021, havia mais de 719 mil colonos na Cisjordânia); o elevado número de ataques e agressões perpetrados pelos colonos à população palestiniana (8724 registados em 2022); o confisco de terras e o processo de judaização intensiva de Jerusalém, a demolição de casas e outros edifícios propriedades de palestinianos (9353 desde 2009, segundo a ONU).

Solidariedade com a Palestina na Casa do Alentejo, em Lisboa

O MPPM – Movimento pelos Direitos do Povo Palestino e pela Paz no Médio Oriente promove, hoje, às 18h, na Casa do Alentejo, em Lisboa, uma Sessão de Solidariedade com a Palestina evocativa dos 75 anos da Nakba.

A sessão será presidida por Carlos Araújo Sequeira, presidente da Mesa da Assembleia Geral do MPPM, e contará com intervenções de Salim Nazzal, escritor, dramaturgo e poeta palestiniano; Nisreen Lubbad, refugiada e resistente palestiniana residente em Madrid; João Vasconcelos-Costa, investigador e ensaísta, e Carlos Almeida, vice-presidente do MPPM.

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Salim – Matam quem eles querem. Fazem-no porque se sentem protegidos por todo o mundo. Porque se fossem condenados, ou se houvesse uma forte condenação de todo o mundo, seriam muito mais cuidadosos, mas eles sabem que estão protegidos e que os americanos estão sempre prontos a defendê-los. Isso encoraja-os a continuar a matar, a ocupar. 

A eleição do novo governo, com pessoas como Bezalel Smotrich [actual ministro das Finanças, de extrema-direita] e Itamar Ben-Gvir [ministro da Segurança Nacional, também de extrema-direita], extremistas que apelam à Nakba, à destruição dos palestinianos só veio agravar a situação. Um deles disse que queriam renovar a Nakba, a catástrofe de 1948.

Estas pessoas são extremistas e ninguém parece disposto a pará-las. Antes, Israel tinha de justificar as suas acções, inventar alguma questão moral, mas agora já nem disso precisa: podem matar e sabem que estão protegidos.

Nisreen – São assassinos. Eles, os israelitas, não querem nenhum palestiniano a viver na Palestina. As políticas de extermínio são o dia a dia, todos os dias, todos os dias mandam matar os palestinianos, e isso só tem vindo a piorar.

Estão a decorrer protestos sem precedentes em Israel, contra o governo israelita. Embora pouco, ou nada, mencionem os crimes cometidos por Israel contra os palestinianos. Qual é a vossa perspectiva sobre o novo mandato de Benjamim Netanyahu?

Nisreen – Não me podes perguntar a minha opinião sobre eles. Eles são ocupação, é isso que Israel é: ocupação militar.

Salim – Nós não precisamos de embelezar a ocupação exigindo 20 postos de controlo, em vez de diz, ou de que os reduzam para 10 pontos de controlo. É como quando alguém está numa prisão e se aumenta a quantidade de comida: continua sempre a ser uma prisão.

Tudo aquilo de que falamos quando nos referimos às agressões do Governo israelista são consequências da ocupação: os assassínios, a destruição de casas, etc. Independentemente do Governo no poder, o imperativo é acabar com a ocupação, acabar com este regime e deixar que o povo palestiniano decida o seu futuro.

Eles não podem decidir o futuro por nós, somos 14 milhões, eles não têm o direito de decidir o nosso futuro. O nosso futuro é a liberdade, não sermos escravos. Essa é a verdadeira, e grande, questão.

Houve um momento singular no último Festival Eurovisão da Canção, em que a representante polaca expressou o seu total compromisso com a Ucrânia e, na mesma frase, atribuiu a pontuação máxima a Israel, que bombardeava, nesse mesmo momento, a Palestina. Como se sentem os palestinianos face à disparidade de tratamento no ocidente?

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Pelo menos 25 mortos na agressão israelita a Gaza

De acordo com dados preliminares, o número de palestinianos mortos subiu para 25 e o de feridos para 70, na agressão militar de Israel contra a Faixa de Gaza iniciada há três dias.

Coluna de fumo após bombardeamentio israelita em Rafah, na Faixa de Gaza cercada, a 10 de Maio de 2023 
Créditos / Al Mayadeen

A aviação israelita atacou, esta quinta-feira, apartamentos a norte de Khan Yunis, provocando a morte de três pessoas, incluindo Ali Hassan Ghali, um comandante das Brigadas Al-Quds, a ala militar da Jihad Islâmica.

Trata-se do quarto comandante da Jihad Islâmica da Palestina a ser assassinado no espaço de 48 horas.

Entretanto, o movimento de resistência advertiu o governo de Telavive para as consequências destes bombardeamentos, que contaram com a luz de verde de Washington e contam com o apoio expresso de Jake Sullivan, conselheiro de segurança nacional dos EUA, que esta quinta-feira reafirmou o direito de Israel à «auto-defesa».

Neste contexto, a resistência palestiniana retomou esta madrugada o lançamento de rockets para os territórios ocupados por Israel, que activou o sistema Cúpula de Ferro para os tentar deter.

Segundo refere a Al Mayadeen, com base na imprensa israelita, na quarta-feira, cerca de 500 rockets foram lançados a partir da Faixa de Gaza em resposta à agressão israelita, no âmbito de uma operação denominada Vingança dos Livres.

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Aviação israelita bombardeia Gaza e mata 13 palestinianos

Israel bombardeou, esta madrugada, a Faixa de Gaza, provocando a morte de 13 palestinianos, incluindo quatro crianças e quatro mulheres. Os EUA foram previamente informados da agressão militar.

Destruição na Faixa de Gaza pelos bombardeamentos desta terça-feira 
Créditos / Wafa

Aviões e drones das forças militares de Telavive atacaram casas e edifícios residenciais na Faixa de Gaza, esta madrugada, no contexto de uma operação dirigida contra membros do movimento de resistência Jihad Islâmica.

Segundo revela o canal libanês Al Mayadeen (tal como outros meios de comunicação), foram mortas três figuras de relevo do movimento: Jihad Ghannam, Khaled al-Bahitini e Tariq Izz al-Din.

A operação já estava a ser preparada há algum tempo e Israel escolheu o momento, refere a mesma fonte, precisando que a agressão foi aprovada no fim-de-semana passado e que o ministro dos Negócios Estrangeiros israelita falou sobre ela ao Secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken.

O Ministério palestiniano da Saúde confirmou a morte de 13 pessoas – entre as quais se encontram quatro crianças e quatro mulheres – e a existência de 20 feridos, alguns dos quais em estado grave.

Edifício residencial bombardeado na Faixa de Gaza / Al Mayadeen

Em comunicado, o Ministério dos Negócios Estrangeiros referiu-se a este «crime horrendo» como um «prolongamento da guerra aberta da ocupação contra o povo e os seus justos e legítimos direitos nacionais».

A declaração, divulgada pela Wafa, responsabiliza «total e directamente» o governo de Benjamin Netanyahu por esta agressão e as suas consequências, classificando-a como «uma escalada perigosa que ameaça uma explosão geral».

Insistiu, além disso, no pedido de ajuda à «comunidade internacional», para que intervenha com urgência e «pare o ataque ao povo palestiniano».

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Essa mesma imprensa refere que a estrutura militar e de segurança da ocupação está a preparar-se para uma ampla resposta da resistência, na sequência do assassinato de vários dirigentes da Jihad Islâmica.

Fontes de uma sala conjunta de operações das várias facções palestinianas revelaram ao canal libanês que existe consenso no seio da resistência quanto a uma posição de compromisso para travar os «crimes israelitas».

Também deram conta de «pressões da parte da ocupação, por via de vários mediadores, para se chegar a um cessar-fogo», mas sublinhando que «a resistência permanece firme na sua exigência de um claro compromisso [israelita] para acabar com a política de assassinatos».

Agressão condenada pela Liga Árabe

Ontem, o Conselho da Liga Árabe, reunido no Cairo, expressou solidariedade total ao povo palestiniano e apoio à sua firmeza frente à agressão contínua israelita, sublinhando o seu legítimo direito à defesa neste contexto.

Numa declaração divulgada pela Wafa, o Conselho condenou a agressão generalizada ao povo palestiniano na Faixa de Gaza cercada, na Cisjordânia e em Jerusalém ocupadas, solicitando protecção para o povo palestiniano.

Pediu ainda ao Conselho de Segurança das Nações Unidas que assuma as suas responsabilidades na manutenção da paz e da segurança internacionais, e que exerça a pressão necessária sobre Israel, a potência ocupante.

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Salim – O mundo ocidental é, numa palavra, hipócrita. Têm uma tendência para a dupla moralidade. Tal como acabaste de dizer: quando é na Ucrânia, são combatentes pela liberdade, mas os palestinianos são sempre terroristas. 

Trata-se de uma dupla moral. Não há volta a dar, a ocupação é a ocupação: é contra os direitos humanos, é contra todas as resoluções das Nações Unidas. Temos mais de 36 resoluções, aprovadas nas Nações Unidas, a nosso favor, assinadas também pela Europa, e eles nem sequer respeitam a sua própria assinatura. 

Nós dizemos-lhes para respeitarem o que assinaram, aquilo que todos nós, em conjunto, acordámos, mas, claro, eles acabam sempre por fazer o contrário: são hipócritas que apoiam a ocupação e o apartheid, contra todas as leis, quer sejam leis nacionais ou internacionais.

Nisreen – A ocupação israelita quer fazer parte da Europa e é por isso que estão a entrar por todas as portas que lhes permitam afirmar-se como tal. Mas isso não pode ser, não se pode ser apagar a realidade: a Palestina é a Palestina, nem hoje, nem amanhã, será Israel, por mais que participem em festivais ou torneios de futebol...

Von der Leyen fez umas declarações no dia da declaração de independência israelita (14 de Maio) nas quais afirmava que a União Europeia celebra os «75 anos da democracia mais vibrante do Médio Oriente»...

Salim – Ouvi o porta-voz da União Europeia a falar em «fazer florescer o deserto». Os judeus sionistas tomaram a Palestina como se de um apartamento mobilado se tratasse. Comemorar o quê, afinal? A destruição de cidades inteiras? O Nakba não é apenas uma coisa que aconteceu num passado distante, esquecida num museu... é algo contínuo, que acontece todos os dias: esta é a estratégia do sionismo. Eles querem uma Palestina sem pessoas.

Mesmo na África do Sul, aliás, durante o Apartheid, eles queriam ter controlo sobre o povo e a terra, mas os judeus sionistas só querem mesmo a nossa terra, sem que nós lá estejamos, o que se reflecte nas suas estratégias e políticas.

Perante tanta luta, tantos ataques, tanta brutalidade indiscriminada, porque é que é importante continuar a falar da Nakba hoje, 75 anos depois?

Salim – Não há apenas um Nakba: é uma política continuada. Uma estratégia. Desde o primeiro dia, eles não quiseram que lá ficassemos, sempre nos quiseram substituir. Na África do Sul, mantiveram as pessoas porque queriam dar-lhes uso. No nosso caso, 70% foi expulsa do país.

Nada mudou. Não mudou uma única coisa. A situação está a piorar ainda mais, nomeadamente com este governo. É por isso que eles nunca aceitaram os nossos direitos enquanto povo. Nunca. Mesmo no Acordo de Oslo, recusaram-se a reconhecer o povo palestiniano e o seu direito à autodeterminação. É por isso que estão a encher o nosso país de colonatos.

Onde é que alguma vez poderemos construir um Estado livre, quando temos mais de 700 000 colonos na Cisjordânia, na Palestina? Quando Gaza e a Cisjordânia são apenas 22% do território da nossa pátria (abdicámos de 78% em Oslo)? Nem isso é suficiente para Israel. 

É esta a mentalidade com que nos confrontamos. Não há um único acordo que eles respeitem, armam-se em deuses.  Temos de lutar para mudar a realidade, é o único caminho que resta aos palestinianos.

E como é que os palestinianos conseguem ultrapassar estas adversidades?

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Ministro israelita das Finanças defende a «aniquilação» de terra palestiniana

Dias depois de colonos extremistas terem invadido e atacado Huwara, Bezalel Smotrich afirmou que Israel deve «aniquilar» a localidade palestiniana no Norte da Cisjordânia ocupada.

Vista aérea de uma zona destruída pelos colonos israelitas em Huwara, perto de Nablus, no domingo à noite  
Créditos / PressTV

«Penso que Huwara precisa de ser destruída», disse o ministro israelita das Finanças, Bezalel Smotrich, esta quarta-feira, defendendo que «o Estado devia fazê-lo e não cidadãos privados», refere a PressTV com base na imprensa israelita.

As declarações do ministro de extrema-direita do governo de Benjamin Netanyahu seguem-se ao ataque perpetrado contra a localidade palestiniana, no domingo à noite, por centenas de colonos armados.

Tratou-se da «resposta» à morte de dois israelitas de um colonato ilegal, executados por um atacante palestiniano de Huwara. Este ataque, por sua vez, seguiu-se ao massacre de Nablus, em que as forças de ocupação israelitas mataram 11 palestinianos e feriram mais de cem.

No domingo à noite, os colonos queimaram pelo menos 150 carros, 52 casas e várias lojas. Uma pessoa foi morta e o número de feridos palestinianos é superior a 390, indica a agência Wafa.

Grupos israelitas de defesa dos direitos humanos como Peace Now e B’Tselem referiram-se ao ataque dos colonos como um «pogrom» apoiado pelas autoridades de ocupação.

Por seu lado, o Crescente Vermelho palestiniano acusou as forças israelitas de impedirem as ambulâncias e os paramédicos de acederem ao local do ataque, a poucos quilómetros de Nablus.

No Knesset, a extrema-direita israelita considerou os ataques a Huwara «legítimos».

OLP classifica Smotrich como «terrorista racista» e AP pede ajuda internacional

Hussein al-Sheikh, da Comissão Executiva da Organização para a Libertação da Palestina (OLP), afirmou, no Twitter, que as afirmações de Smotrich para apagar Huwara do mapa são o apelo de um «racista terrorista».

Também o primeiro-ministro da Autoridade Palestiniana (AP), Mohammad Shtayyeh, se referiu às afirmações do ministro israelita como «terroristas» e «racistas», e alertou para o facto de que «fazem prever uma escalada séria» contra o povo palestiniano nos territórios ocupados.

Um homem no meio de carros incendiados em Huwara / Al Mayadeen

Neste sentido, pediu às Nações Unidas, à União Europeia e demais organizações internacionais que condenem as declarações de Smotrich. Antes, já tinha pedido ajuda internacional «contra os crimes de Israel».

Parlamento Árabe condena violência dos colonos

O Parlamento (da Liga) Árabe, com sede no Cairo, condenou esta quarta-feira os ataques executados por colonos israelitas contra o povo palestiniano na Cisjordânia ocupada, referindo-se em especial ao assalto à localidade de Huwara.

Perante os ataques terroristas sistemáticos dos colonos contra cidadãos indefesos, com armas de fogo, incêndios de casas e viaturas, expulsão de agricultores, assassinatos e outros crimes, exortou o mundo e em especial o Conselho de Segurança da ONU a adoptar medidas para proteger o povo palestiniano.

Antes, a Liga Árabe já tinha proposto que as milícias de colonos passem a ser incluídas na lista de grupos terroristas.

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Nisreen – Nunca desistiremos da nossa luta, vamos lutar até que a Palestina seja livre. Não existe ocupação que dure para sempre, mesmo que aguente 400, 800 anos, sem que nada mude, vamos sempre continuar a lutar.

Voltarei à minha aldeia, com os meus filhos, tenho a certeza de que será em breve. Todos nós mantemos a memória da Nakba, tanto a minha geração como as gerações mais novas. Somos refugiados e vamos voltar para a Palestina.

Uma criança de 3 anos vai dizer que é originário desta ou daquela aldeia na Palestina, embora viva, mesmo que sempre tenha vivido num campo de refugiados. Os palestinianos que vivem no Líbano, na Síria, em qualquer parte do mundo, não se esquecem nunca que são palestinianos e que vão voltar, mais cedo ou mais tarde. É certo.

Salim – Ben Gurion (primeiro primeiro-ministro de Israel) disse: «Os velhos vão morrer e os novos vão esquecer». Não é verdade. Os mais novos não se esquecem da sua casa, a Palestina, e continuam a lutar por ela. Não a podemos esquecer, construímos, nesta terra, a nossa cultura, ao longo de milhares de anos, como é que a poderíamos esquecer?

Como olham para os recentes desenvolvimentos no Médio Oriente: a normalização das relações entre países como a Síria, o Irão e a Arábia Saudita ou o cessar-fogo no Iémen?

Salim –Parece-me uma evolução muito positiva. O acordo entre o Irão e a Arábia Saudita permitiu reduzir a tensão na região, o que é, objectivamente, do interesse dos palestinianos. É também por isso que Israel não está satisfeita com o acordo: toda a política israelita se baseia em fomentar a divisão em toda a região do Médio Oriente.

Não ficaram, com certeza, satisfeitos ao ver que estes povos se estão a reaproximar.

Nisreen – Estamos de acordo com a normalização de relações entre países como a Arábia Saudita, o Irão, a Síria, etc... Se não houver ocupação israelita, acho que toda esta zona do mundo árabe será melhor.

Nos últimos anos, instituições e governos europeus têm tentado desqualificar activistas pró-palestinianos através de calúnias ou do cancelamento de concertos e exposições (o caso mais notório, e recente, foi o de Roger Waters). O que podem os activistas europeus fazer para ajudar?

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Governo de extrema-direita israelita proíbe bandeiras palestinianas em público

O ministro da Segurança Nacional de Israel, Ben-Gvir, ordenou a retirada de todas as bandeiras palestinianas em público. São «terroristas», afirma, depois de, em 2022, Israel ter assassinado mais de 200 pessoas.

Palestinianos participam em manifestação para assinalar o 74.º aniversário do início da Nabka, ou catástrofe, em Ramallah, Cisjordânia, a 15 de Maio de 2022
CréditosALAA BADARNEH / EPA

É um passo ainda mais radical do que aquele que já vinha sendo exigido pelo partido de extrema-direita nacionalista e xenófoba, Otzma Yehudit, uma das bases de sustentação do novo Governo de coligação de Benjamin Netanyahu. Itamar Ben-Gvir, actual ministro da Segurança Nacional de Israel, lidera o partido.

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Manifestações na Palestina pela libertação dos corpos retidos por Israel

A prática punitiva de reter os corpos de palestinianos ou os enterrar em «cemitérios de números» tem sido denunciada reiteradamente. Esta terça-feira, centenas de pessoas manifestaram-se em Gaza e na Cisjordânia.

Palestinianos manifestam-se entre o campo de refugiados de al-Amari e o posto de controlo de Qalandia, perto de Ramallah, na Cisjordânia ocupada, a 27 de Dezembro de 2022, para reclamar a devolução dos corpos de palestinianos retidos por Israel 
Créditos / Wafa

Na Cidade de Gaza, os manifestantes lembraram o caso recente do preso Nasser Abu Hmaid, que faleceu há uma semana, depois de lhe ter sido diagnosticado cancro em Agosto de 2021, e cujo corpo não foi entregue à família.

De forma simbólica, refere a agência Ma’an, alguns dos participantes na mobilização desta terça-feira levaram um caixão com a imagem de Abu Hmaid desde o gabinete da Cruz Vermelha até aos escritórios das Nações Unidas no enclave palestiniano, exigindo à ONU que se envolva na questão da libertação dos «corpos dos mártires».

«Todas as mães têm direito a abraçar os seus filhos, a despedir-se deles e a enterrá-los», disse a mãe de Abu Hmaid, presente na manifestação, acrescentando que estava ali pelo corpo do filho e os de «todos os outros mártires, que sacrificaram a vida pela independência, para que possam ser enterrados na Palestina».

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835 palestinianos em regime de detenção administrativa nas cadeias israelitas

O número foi destacado pela Sociedade dos Presos Palestinianos (SPP) em conferência de imprensa. A maior parte encontra-se nos centros de detenção de Ofer e de Naqab (Neguev).

Acção de solidariedade com os presos palestinianos, a 5 de Dezembro de 2022 
CréditosAli Jadallah / Anadolu

O regime de detenção administrativa, que tem merecido ampla condenação internacional – até do Departamento de Estado norte-americano e da Amnistia Internacional –, permite a Israel manter nas suas prisões, sem acusação ou julgamento, presos palestinianos por tempo indefinido, na medida em que o período de detenção, até seis meses, é infinitamente renovável.

Em relatórios anteriores, a SPP lembrou que esta política visa «esmagar os activistas políticos palestinianos» e se baseia num ficheiro secreto não acessível aos presos – nem sequer aos seus advogados.

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«Ou nos submetemos ou nos revoltamos»: 30 presos palestinianos continuam em luta

Os prisioneiros iniciaram uma greve de fome, há uma semana, para exigir a sua libertação e denunciar um regime de detenção que permite mantê-los na cadeia sem acusação ou julgamento.

Imagem de um comício da Frente Popular para a Libertação da Palestina (FPLP), força de esquerda hoje considerada «terrorista» por Israel e cujos militantes são perseguidos
Imagem de um comício da Frente Popular para a Libertação da Palestina (FPLP) Créditos / pflp.pl

O protesto dos trinta presos palestinianos, membros e simpatizantes da Frente Popular para a Libertação da Palestina (FPLP), completou uma semana sem solução aparente à vista, tendo em conta a inflexibilidade das autoridades de Telavive.

Em comunicado, a Sociedade dos Presos Palestinianos (SPP) anunciou que os serviços prisionais israelitas têm estado a ameaçar com castigos os reclusos que lutam contra o regime de detenção administrativa. Entre as punições, contam-se privá-los de visitas, retirar-lhes os seus pertences e isolá-los em celas de castigo.

Nesta primeira semana de protesto, os serviços prisionais israelitas colocaram 28 dos grevistas em quatro celas de isolamento na prisão de Ofer, informa a Wafa com base no documento divulgado pelo SPP.

Um outro, o advogado Salah Hammouri, foi metido na solitária numa cadeia no Norte de Israel, enquanto Ghassan Zawahreh foi levado para uma cela de isolamento numa prisão localizada no Deserto do Neguev (al-Naqab).

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Trinta presos palestinianos em protesto contra a detenção administrativa

Os prisioneiros, em cadeias israelitas, iniciaram uma greve de fome por tempo indeterminado contra um regime que permite mantê-los detidos sem acusação ou julgamento, por períodos renováveis de seis meses.

Familiares de presos palestinianos em cadeias israelitas mostram cartazes numa concentração em Ramallah, na Cisjordânia ocupada, em Setembro de 2021 
Créditos / Al Jazeera

O início do protesto, este domingo, por parte de prisioneiros que são membros ou apoiantes da Frente Popular para a Libertação da Palestina (FPLP), foi confirmado pela Comissão dos Assuntos dos Presos e ex-Presos.

Em declarações à agência Wafa, Hassan Abed Rabbo, porta-voz da comissão, disse que os presos decidiram avançar contra uma política que permite a Israel manter nas suas prisões, sem acusação ou julgamento, presos palestinianos por tempo indefinido, na medida em que o período de detenção, até seis meses, é infinitamente renovável.

Numa mensagem divulgada há alguns dias, os presos sublinharam que a luta contra o regime de detenção administrativa continua e denunciaram que as medidas tomadas pelas autoridades prisionais israelitas «já não se baseiam em obsessões de segurança, mas são actos de vingança devido ao seu passado».

Qadri Abu Baker, líder da Comissão dos Assuntos dos Presos e ex-Presos, disse à Wafa que, na próxima quinta-feira, mais 50 presos se devem juntar à greve de fome, para denunciar o regime de detenção administrativa a que são submetidos e a escalada por parte de Israel no que respeita a este procedimento.

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Israel decretou 1595 ordens de detenção administrativa contra palestinianos em 2021

O maior número de detenções administrativas – sem julgamento ou acusação – foi decretado em Maio, quando Israel lançou uma ofensiva de 11 dias contra a Faixa de Gaza.

Familiares e apoiantes de preso Hisham Abu Hawwash protestaram este domingo na localidade de Dura, a oeste de al-Khalil (Hebron), na Cisjordânia ocupada 
Créditos / PressTV

A Sociedade dos Presos Palestinianos (SPP) revelou, este domingo, que o número divulgado diz respeito tanto a novas ordens como à renovação de ordens já emitidas nos territórios ocupados, pelas autoridades israelitas.

No documento apresentado, o organismo lembra que política de detenção administrativa visa «esmagar os activistas políticos palestinianos» e se baseia num ficheiro secreto não acessível aos presos – nem sequer aos seus advogados –, que são mantidos na cadeia sem acusação ou julgamento, informa a WAFA.

O maior número de ordens de detenção administrativa foi emitido em Maio último, quando a Israel lançou uma ofensiva de 11 dias contra a Faixa de Gaza, explicou a organização de defesa dos presos, acrescentado que, ao longo do ano, 60 prisioneiros recorreram à greve de fome com o propósito de reconquistar a liberdade.

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Presos palestinianos continuam protesto contra a detenção administrativa

Uma comissão de apoio aos prisioneiros revelou que 13 palestinianos permaneciam em greve de fome nas cadeias, este domingo, contra o regime que permite mantê-los reclusos sem acusação ou julgamento.

Um grupos de palestinianos solidários com os seus compatriotas presos nas cadeias israelitas mostram-se numa prisão a fingir 
Créditos / WAFA

Num comunicado ontem emitido, a Comissão dos Assuntos dos Presos e ex-Presos Palestinianos informou que o prisioneiro Salem Ziadat, de 40 anos, é, dos 13 que continuavam o protesto, aquele que está em greve de fome há mais tempo, permanecendo em jejum há 28 dias contra a sua detenção administrativa, sem acusação ou julgamento, revelou a agência WAFA.

A Comissão informou ainda que o número de reclusos palestinianos em greve de fome até ontem era de 15, mas que Mohammad Khaled Abusill e Ahmad Abdulrahman Abusill tinham chegado a um acordo com o Serviço Prisional Israelita no que respeita à «limitação» da chamada detenção administrativa.

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Israel prendeu 5426 palestinianos na primeira metade do ano

Grupos de defesa dos presos apresentaram um relatório sobre o primeiro semestre de 2021. Nas cadeias israelitas, há actualmente 4850 palestinianos, 540 dos quais ao abrigo da «detenção administrativa».

Os palestinianos estão a ser detidos em aldeias e cidades dos territórios ocupados em 1948 por terem apoiado Gaza 
As forças israelitas prenderam mais palestinianos no primeiro semestre deste ano do que em todo o ano de 2020 Créditos / Middle East Monitor

Entre os palestinianos que se encontram nos cárceres de Israel, contam-se 43 mulheres e 225 menores, segundo o documento conjunto divulgado este fim-de-semana pela Comissão dos Assuntos dos Presos e ex-Presos Palestinianos, a Sociedade dos Presos Palestinianos, a Addameer e o Centro de Informação Wadi Hilweh.

Os organismos referidos precisaram que 12 presos são membros do Conselho Legislativo Palestiniano (Parlamento), 70 são provenientes dos territórios ocupados em 1948, 350 são originários de Jerusalém ocupada e 240 da Faixa de Gaza cercada.

O informe destaca a existência de 540 prisioneiros palestinianos em detenção administrativa, sem acusação formada ou julgamento, por períodos de seis meses indefinidamente renováveis.

Quase 5500 detidos em seis meses

No que respeita a detenções, os organismos de defesa dos presos revelaram que Israel prendeu 5426 palestinianos entre 1 de Janeiro e 30 de Junho deste ano – um número superior a todas as detenções efectuadas pelas forças israelitas em 2020 e registadas por estas organizações: 4636.

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Forças israelitas prenderam 230 menores palestinianos desde Janeiro

Por ocasião do Dia da Criança Palestiniana, que se assinala a 5 de Abril, a Comissão dos Assuntos dos Presos e ex-Presos Palestinianos revelou também que 140 menores permanecem em cadeias israelitas.

Um soldado israelita detém um rapaz palestiniano, juntamente com outros quatro, perto do posto avançado de Havot Maon, na Margem Ocidental ocupada, a 11 de Março de 2021 
Créditos / Anadolu

Os menores palestinianos, alguns dos quais crianças, continuam a ser alvo das forças militares israelitas, que os prendem, muitas vezes de forma violenta, nos territórios ocupados.

De acordo com um relatório publicado este domingo pela Sociedade dos Prisioneiros Palestinianos, pelo menos 230 foram detidos desde o início do ano, a maioria dos quais em Jerusalém Oriental ocupada.

O grupo de defesa dos direitos dos presos sublinhou que «as crianças encarceradas são submetidas a vários tipos de abusos, incluindo «a recusa de comida e de bebida por longas horas, abuso verbal e a detenção em condições duras».

O informe veio a lume na véspera do Dia da Criança Palestiniana, que se assinala a 5 de Abril, com actividades culturais, educativas e mediáticas que, refere a PressTV, visam reforçar a consciência sobre o sofrimento dos menores palestinianos.

Detenção administrativa e maus-tratos

Também no âmbito do Dia da Criança Palestiniana, a Comissão dos Assuntos dos Presos e ex-Presos Palestinianos revelou que 140 menores permanecem em cadeias israelitas, incluindo dois que se encontram presos ao abrigo do regime de detenção administrativa.

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A «viagem ao inferno» dos jovens palestinianos detidos por Israel

Uma comissão da ONU reafirmou denúncias expostas em vários relatórios sobre detenções de menores palestinianos por Israel – quase sempre presos de noite, algemados e vendados. É o início da «viagem ao inferno».

Um jovem palestiniano é preso na Cisjordânia, na sequência dos protestos contra a decisão norte-americana sobre Jerusalém
Créditos / palestinalibre.org

A instância, composta por especialistas independentes das Nações Unidas, expressou particular preocupação pela expansão dos colonatos e o aumento da violência dos colonos israelitas, em que se incluem ataques a crianças e às suas escolas.

Segundo se pode ler no portal oficial de notícias da ONU, na semana passada diversas organizações informaram a comissão sobre as operações nocturnas levadas a efeito pelas forças israelitas com o propósito de deter crianças e adolescentes na Cisjordânia ocupada, com «graves consequências para o seu bem-estar e gozo dos seus direitos».

«Mais de 300 crianças estão detidas no sistema militar israelita. A maioria por delitos menores, como atirar pedras e publicações nas redes sociais», assinala a comissão, que denuncia o facto de os menores serem «levados para locais desconhecidos, presos em viaturas militares e sujeitos a ameaças e abusos verbais», bem como o facto de, por vezes, serem «obrigados a assinar confissões em hebraico, uma língua que não costumam entender».

Estas preocupações reafirmam as que têm sido veiculadas, ao longo do tempo, por várias entidades, nomeadamente a Comissão dos Prisioneiros Palestinianos, órgão dependente da Autoridade Palestiniana que, em diversas ocasiões (também este ano), alertou para o facto de os menores serem torturados e sofrerem abusos nos cárceres israelitas, bem como para o facto de serem espancados, insultados e pressionados no momento da detenção.

No final de Março, um relatório publicado pelo Ministério palestiniano da Informação denunciava também esta realidade, afirmando que «95% das crianças palestinianas presas pelas autoridades israelitas foram torturadas durante a detenção».

De acordo com o relatório, até 2015 foram documentadas anualmente 700 detenções de menores palestinianos. Já em 2017, Israel prendeu 1467 crianças e adolescentes; 1063 no ano seguinte e, nos dois primeiros dois meses deste ano, 118. Entre 2000 e 2018, foram presos mais de 16 mil menores.

Uma «viagem sem fim ao inferno»

Numa peça intitulada «“Endless Trip to Hell”: Israel Jails Hundreds of Palestinian Boys a Year. These Are Their Testimonies», publicada em Março e plenamente actual, o periódico israelita Haaretz aborda esta realidade, em que as crianças, algumas com idades inferiores a 13 anos, «são detidas pela calada da noite, vendadas e algemadas, alvo de abusos e constrangidas» a confessar «crimes» que não cometeram.

A peça, que reúne testemunhos de sete jovens da Margem Ocidental ocupada com idades compreendidas entre os dez e os 15 anos, revela as diversas fases do processo de detenção, que começa nas operações nocturnas e passa pelo interrogatório, a prisão, o julgamento e a proposta de um acordo.

Na sua maioria, os jovens são presos por, alegadamente, terem atirado pedras ou queimado pneus, mas, como sublinha a advogada Farah Bayadsi o objectivo das detenções «é mais para mostrar controlo do que para aplicar a lei».

A experiência traumática é fundamentada por tudo aquilo por que as crianças passam durante uma detenção. Arrancadas de casa quando dormem, são algemadas e vendadas, levadas em veículos militares para colonatos e bases israelitas, passando por todo um processo que envolve intimidação, ameaças, agressões físicas, afastamento da família e pressão para «confessar».


O nível de brutalidade varia. Khaled Mahmoud Selvi, preso quando tinha 15 anos, foi levado para a prisão e despido (o que, de acordo com o jornal, ocorre em 55% dos casos), tendo sido obrigado a permanecer dez minutos nu, em pé, durante o Inverno.

De acordo com os dados recolhidos pela organização não governamental (ONG) British-Palestinian Military Court Watch, 97% dos jovens palestinianos detidos pelas forças militares israelitas (IDF) vivem em pequenas localidades a menos de dois quilómetros de um colonato.

O advogado Gerard Horton, da ONG referida, afirma que a ideia é «assustar toda a aldeia» e que se trata de um «instrumento eficaz» para controlar uma comunidade. Acrescenta que, do ponto de vista dos ocupantes e opressores, a pressão «tem de ser constante»: «Cada geração tem de sentir a mão pesada das IDF.»

A experiência é traumática. O pai de Khaled Shtaiwi, preso com 13 anos em Novembro do ano passado, contou ao periódico que criou na sua aldeia o «dia da psicologia», porque o seu filho não é capaz de falar sobre o que se passou e porque quer ajudar todas as crianças que foram presas pelos israelitas.

Em Beit Ummar, Omar Ayyash foi preso com dez anos de idade, em Dezembro último. Agora, as crianças que brincam nas ruas da aldeia afastam-se assim que se apercebem da aproximação de soldados israelitas. Tornou-se um hábito desde que as tropas levaram Omar.

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Por seu lado, a organização Defense for Children International – Palestine (DCIP) destacou que todos os anos entre 500 e 700 menores palestinianos são processados em tribunais militares israelitas e que 85% das crianças palestinianas detidas em 2020 foram «submetidas a violência física».

Num comunicado, a DCIP afirma ter documentado 27 casos em que as crianças foram mantidas na solitária um ou dois dias, alegando as forças israelitas «objectivos de investigação». Esta prática é, segundo o organismo, uma forma de «tortura ou tratamento cruel, desumano e degradante».

Desde Outubro de 2015, a DCIP registou a 36 ordens de detenção administrativa decretadas contra menores palestinianos, dois dos quais se mantêm nesse regime.

Ainda de acordo com o organismo sediado em Genebra, em 2020, as forças israelitas mataram nove menores palestinianos na Cisjordânia ocupada, incluindo Jerusalém Oriental, e na Faixa de Gaza, seis dos quais com fogo real.

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O relatório divulgado este fim-de-semana informa que, entre os palestinianos detidos pelas forças israelitas, se incluem 854 menores e 107 mulheres, tendo sido emitidas na primeira metade do ano 680 ordens de detenção administrativa, incluindo 312 novas.

No mês de Junho foram presos 615 palestinianos, revela o texto, destacando que Maio foi de longe o mês em que se registou um maior número de detenções na primeira metade deste ano.

Então, mês de massacre contra Gaza e de múltiplas provocações sionistas no Complexo da Mesquita de al-Aqsa e em Jerusalém Oriental ocupada, as forças israelitas prenderam 3100 palestinianos, incluindo 2000 nos territórios ocupados em 1948 (actual Estado de Israel) e 677 em Jerusalém Oriental ocupada, informa a WAFA.

Vários presos em greve de fome contra a detenção administrativa

De acordo com a Comissão dos Assuntos dos Presos e ex-Presos Palestinianos, há actualmente nove presos em greve de fome nos cárceres israelitas como forma de protesto contra o regime de detenção administrativa que lhes foi aplicado.

A Comissão pediu às instâncias internacionais e regionais de defesa dos direitos humanos que pressionem as autoridades israelitas no sentido de acabar com os maus-tratos aos presos em greve de fome, que passam também pela sua reclusão na solitária.

Os presos palestinianos recorrem com frequência a esta forma de luta contra um regime de detenção ilegal, cujo fim exigem.

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De acordo com os grupos de defesa dos direitos dos prisioneiros palestinianos, há actualmente quase 550 nos cárceres israelitas detidos ao abrigo deste regime, que tem merecido ampla condenação internacional e que permite a Israel manter nas suas prisões, sem acusação ou julgamento, presos palestinianos por tempo indefinido, na medida em que o período de detenção, até seis meses, é infinitamente renovável.

A detenção, que é decretada por um comandante militar, tem por base aquilo a que Israel chama «prova secreta» – e é tão «secreta» que nem o advogado do detido tem direito a vê-la.

Alguns prisioneiros palestinianos passaram mais de uma década nas cadeias israelitas ao abrigo deste regime de «detenção», que é considerado ilegal à luz do direito internacional.

Como forma de protesto contra as suas detenções ilegais e para exigir que Israel ponha fim a esta prática, os presos palestinianos recorrem com frequência a greves de fome por tempo indeterminado.

Apesar da pressão internacional e dos protestos dos prisioneiros, as autoridades israelitas não têm dado sinais de querer acabar com este regime. Pelo contrário, tanto a comissão referida como o Centro Palestiniano de Estudos sobre Prisioneiros têm dado conta de novas ordens de detenção administrativa e de múltiplas renovações.

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Na maior parte dos casos, estavam presos ao abrigo do regime de detenção administrativa, como Hisham Abu Hawwash, de 40 anos, habitante da localidade de Dura (Cisjordânia ocupada) que se mantém há 140 dias em greve de fome e está numa situação considerada muito crítica.

Nos últimos dias, as autoridades palestinianas alertaram para o estado de saúde crítico de Abu Hawwash, responsabilizaram Telavive por aquilo que lhe possa acontecer e pediram à comunidade internacional que pressione as autoridades israelitas para o libertarem.

Também a Cruz Vermelha se mostrou preocupada com o caso, sublinhando a necessidade de tratar os reclusos com humanidade e de encontrar uma solução que evite «consequências irreversíveis» para Hawwash.

De acordo com a SPP, este domingo cerca de 500 reclusos palestinianos presos em Israel ao abrigo do regime da detenção administrativa – criticado pela ONU – declararam o boicote aos tribunais israelitas, porque «sentem que os tribunais alinham sempre com o governo militar e as suas ordens, e não os tratam com imparcialidade».

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De acordo com a comissão, há actualmente mais de 760 presos nas cadeias israelitas sem acusação ou julgamento. A detenção, decretada por um comandante militar, tem por base aquilo a que Israel chama «prova secreta», que nem o advogado do detido tem direito a ver.

Cerca de 80% dos presos palestinianos neste regime são ex-presos que já passaram anos atrás das grades, revela a Wafa.

«Semearemos alegria, vida e esperança»

Em comunicado, emitido há dias, o Ramo Penitenciário da Frente Popular para a Libertação da Palestina afirmou que «estes 30 prisioneiros, juntos, passaram quase 200 anos em detenção administrativa. Duzentos anos de cativeiro sem acusação ou julgamento por capricho dos oficiais de inteligência da ocupação».

O texto, divulgado pela Samidoun (rede de solidariedade com os presos palestinianos), sublinha que se trata de uma «pena perpétua», uma vez que muitos presos são libertados durante alguns meses e são novamente detidos. «Temos um mês de liberdade por cada ano de detenção», afirmam.

Dizem que são «alimentados pela dignidade» e querem que as autoridades israelitas saibam que, mesmo que os torturem e lhes provoquem dor, «que a nossa luta continua, e que semearemos alegria, vida e esperança, e que nossa luta pela liberdade e pela humanidade livre de tormentos não vai parar».

Leila Khaled, membro do Comité Central da FPLP e símbolo da resistência palestiniana, anunciou uma greve de fome solidária com os presos, a quem saudou por estarem «na primeira linha do confronto a este inimigo criminoso fascista».

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De acordo com a Comissão dos Assuntos dos Presos e ex-Presos, dos cerca de 4600 palestinianos actualmente presos nas cadeias israelitas, mais de 760 são reclusos sem acusação ou julgamento, cuja detenção pode ser infinitamente renovada por períodos até seis meses.

A detenção, decretada por um comandante militar, tem por base aquilo a que Israel chama «prova secreta», que nem o advogado do detido tem direito a ver.

Após o início da greve de fome, Basil Mizher, outro advogado palestiniano detido sem acusação ou julgamento, viu ser-lhe renovada a detenção administrativa por mais três meses, no passado dia 28.

Numa mensagem que Mizher escreveu no início do protesto, lida pela sua mãe numa acção solidária no campo de refugiados de Dheisheh, em Belém, o preso diz que a sua profissão é a de advogado, mas que mal se lembra dela, pois quase não a conseguiu exercer desde que se formou – foi submetido a três detenções administrativas desde que passou no exame.

Em vez de ir trabalhar, foi para a prisão, lê-se no texto divulgado pela pela Samidoun (rede de solidariedade com os presos palestinianos).

«Ou nos submetemos à opressão e à privação e aceitamos o roubo perpétuo da nossa liberdade e da nossa vida à vista do mundo, ou nos revoltamos contra a injustiça e derrubamos os muros do carcereiro com todas as ferramentas que temos», escreveu Basil Mizher a propósito da greve de fome, que é a «recusa da política de subordinação e domesticação».

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Alguns prisioneiros palestinianos passaram mais de uma década nas cadeias israelitas ao abrigo deste sistema, e é comum os presos recorrerem a greves de fome por tempo indeterminado como forma de chamar a atenção para os seus casos e fazer pressão junto das autoridades israelitas para que os libertem.

Agora, a SPP revelou também que, dos 835 palestinianos actualmente presos ao abrigo deste regime, 80 são mulheres, indica a agência Wafa.

Além disso, a organização não governamental (ONG) informou que, ao longo de 2022, as autoridades israelitas emitiram 2134 ordens de detenção administrativa, 242 das quais em Novembro (o ano passado foram 1595).

6500 palestinianos presos por Israel este ano, 490 dos quais em Novembro

Desde o início de 2022 até ao fim de Novembro, as forças israelitas prenderam 6500 palestinianos, revelou a SPP, citada pela agência turca Anadolu. Entre os detidos, contavam-se 153 mulheres e 811 menores de idade acrescentou.

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Israel prendeu 5300 palestinianos desde o início do ano

As forças de ocupação israelitas detiveram 5300 palestinianos desde o princípio deste ano, incluindo 111 mulheres e 620 menores de idade, revelou esta segunda-feira uma organização não governamental.

Forças israelitas levam homem palestiniano detido (imagem de arquivo) 
Créditos / aa.com.tr

Em comunicado, a Sociedade dos Presos Palestinianos (SPP) afirmou que, com 2353 detenções registadas, Jerusalém Oriental ocupada se situa no primeiro lugar por regiões, e que Abril foi o mês com maior número de detenções (1228 casos), noticia a agência Wafa.

A SPP condenou os ataques e raides israelitas contra cidades, aldeias e campos de refugiados na Cisjordânia ocupada para prender activistas, referindo que muitos palestinianos foram mortos, nesse processo, pelas balas do Exército.

Neste contexto, o número de execuções extrajudiciais no terreno, em 2022, é mais elevado por comparação com anos anteriores, alertou a SPP, que também questionou os bloqueios militares a localidades e campos de refugiados palestinianos, classificando-os como uma punição colectiva.

Dados da SPP sobre dentenções de palestinianos em 2022. (Clicar na imagem para a ampliar) / Wafa 

No que respeita às detenções administrativas, a organização afirmou que este ano, até à data, foram emitidas 1160. Só no mês de Agosto, foram decretadas 272, pelo que, no final de Setembro, havia cerca de 800 palestinianos nas prisões israelitas detidos sem acusação ou julgamento.

Ao abrigo deste regime, os períodos de detenção podem ser infinitamente renovados por períodos até seis meses.

A detenção, decretada por um comandante militar, tem por base aquilo a que Israel chama «prova secreta», que nem o advogado do detido tem direito a ver.

De forma reiterada, os presos palestinianos detidos sob este regime iniciam greves de fome para denunciar os seus casos e a política de detenção administrativa, exigindo a sua libertação.

Diversas instâncias das Nações Unidas têm denunciado repetidamente este regime israelita de detenção, na medida em que não faculta aos detidos palestinianos as «salvaguardas jurídicas básicas» e violam o direito internacional humanitário.

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Só no mês de Novembro, foram detidos 490 palestinianos, incluindo 76 menores e 12 mulheres, informaram, num relatório conjunto, a SPP, a Addameer, o Centro de Informação Wadi Hilweh e a Comissão dos Assuntos dos Presos e Ex-Presos Palestinianos.

No relatório mensal a que o Middle East Monitor faz referência, as quatro organizações de defesa dos direitos presos afirmaram que, no mês passado, o maior número de detenções ocorreu em Hebron (al-Khalil; 135 casos), seguida por Jerusalém (123), Ramallah (52), Jenin e Nablus.

De acordo com os grupos, há actualmente nas cadeias israelitas cerca de 4700 palestinianos presos, incluindo 34 mulheres e 150 menores.

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Também ontem, refere a agência Wafa, centenas de pessoas participaram numa manifestação entre o campo de refugiados de al-Amari, de onde era o preso Nasser Abu Hmaid, e o posto de controlo de Qalandia, perto de Ramallah, na Cisjordânia ocupada.

O objectivo era o mesmo que na Faixa de Gaza – reclamar a devolução do corpo de Abu Hmaid e de dezenas de outros palestinianos retidos por Israel há meses ou anos.

Quando os manifestantes chegaram ao checkpoint de Qalandia, os soldados israelitas dispersaram a mobilização, recorrendo a latas de gás lacrimogéneo e disparos. O Crescente Vermelho Palestiniano informou que ficaram feridas 11 pessoas, na maioria por sufocação.

Espera, desgaste e punição colectiva

De acordo com a Campanha Nacional pela Recuperação dos Corpos dos Mortos por Israel e pelo Esclarecimento do Destino dos Desaparecidos, há 68 casos documentados de palestinianos desaparecidos desde o início da ocupação israelita de 1967.

A Campanha revela ainda que, desde 2015, as autoridades israelitas retêm 117 corpos de palestinianos em morgues e que há outros 254, mortos desde 1967, nos chamados «cemitérios de números», no Norte dos territórios ocupados em 1948, actual Estado de Israel.

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Crescem os esforços para recuperar corpos de palestinianos retidos por Israel

Israel tem há muito os «cemitérios para os mortos inimigos» e retém outros corpos de palestinianos em morgues. Trata-se de uma punição colectiva e uma violação grosseira do direito internacional.

Um palestiniano participa num protesto para exigir a libertação do corpo do seu filho morto pelas forças israelitas 
Créditos / WAFA

Em declarações à Voz da Palestina, a advogada Salwa Hammad disse este sábado que se estão a intensificar os esforços para obrigar Israel a libertar os corpos dos palestinianos que foram mortos pelas suas forças ao longo dos anos e que as autoridades sionistas mantêm «prisioneiros» em morgues ou em túmulos sem nomes, apenas identificados por números.

Hammad, que é coordenadora da Campanha Nacional pela Recuperação dos Corpos dos Mártires retidos por Israel desde 2015, declarou à rádio que há 81 corpos de palestinianos retidos nas morgues, além de outros 254, que foram mortos desde 1967, nos chamados «cemitérios de números», no Norte dos territórios ocupados em 1948, actual Estado de Israel.

«Existem esforços em curso para mobilizar a comunidade internacional com vista a ajudar a libertar os corpos retidos, tendo em conta o falhanço do processo legal para alcançar esse fim», disse Hammad, citada pela WAFA.

Acrescentou que estão previstas novas iniciativas a nível internacional este ano, bem como acções e campanhas mediáticas, sobretudo no Dia Nacional pela Recuperação dos Corpos dos Mártires, a 27 de Agosto.

Há alguns anos, Issam Arouri, director do Centro de Assistência Jurídica e Direitos Humanos de Jerusalém (JLAC, na sigla em inglês), destacava a este propósito que «Israel é o único país do mundo que retém os corpos de pessoas mortas com o intuito de os usar para negociar» em futuras trocas de prisioneiros.

Também denunciou, então, que era comum os israelitas reterem os corpos antes de os entregarem às famílias para imporem condições «sobre o modo como se realizam os funerais».

Longa espera, desgaste e punição colectiva

Por vezes, as famílias têm de esperar décadas até receberem os corpos dos seus entes queridos. O corpo de Mashour al-Arouri esteve retido por Israel 34 anos e o de Hafez Abu Zant, 35 anos, tendo o JLAC conseguido recuperá-los para os familiares em 2010 e 2011, respectivamente, segundo informou o Movimento pelos Direitos do Povo Palestino e pela Paz no Médio Oriente (MPPM).

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Israel retém corpos de 19 palestinianos mortos

O governo israelita mantém actualmente retidos nas morgues os corpos de 19 palestinianos mortos pelas forças israelitas nos últimos dois anos. Retém, para além disso, os corpos de 260 palestinianos mortos desde 1967, denuncia uma organização de apoio jurídico e humanitário.

O corpo do jovem palestiniano Mohammed Ali, de 16 anos, morto pelas forças israelitas em Outubro de 2015, foi entregue à sua família em Janeiro de 2016 (na imagem, cerimónias fúnebres no campo de refugiados de Shuafat, em Jerusalém)
Créditos / vosizneias.com

Em declarações à rádio Voz da Palestina, Issam Arouri, director do Centro de Assistência Jurídica e Direitos Humanos de Jerusalém (JLAC, na sigla em inglês), disse que as forças israelitas continuam a reter os restos mortais de 260 palestinianos nos chamados «cemitérios de números» em Israel, para além de conservarem em morgues os corpos de 19 palestinianos que foram mortos pelos israelitas desde 2016, informa a agência Ma'an.

Os últimos casos dizem respeito a Hamzeh Zamaareh, de 19 anos, e Ahmad Nasser Jarrar, de 22 anos, que foram mortos na semana passada.

«Israel é o único país do mundo que retém os corpos de pessoas mortas com o intuito de negociar ou que impõe condições sobre o modo como se realizam os funerais antes de os entregar às famílias», disse ainda Arouri à Voz da Palestina.

Israel tem desde há muito «cemitérios para os mortos inimigos», também conhecidos como «cemitérios de números», onde se encontram os restos mortais de membros da resistência palestiniana contra a ocupação sionista que foram mortos durante ataques contra israelitas. A Ma'an refere que as autoridades israelitas os enterram em túmulos sem nomes, apenas identificados por números.

Longa espera, desgaste, punição colectiva

Por vezes, as famílias têm de esperar décadas até receberem os corpos dos seus entes queridos. O corpo de Mashour al-Arouri esteve retido por Israel 34 anos e o de Hafez Abu Zant, 35 anos, tendo o JLAC conseguido recuperá-los para os familiares em 2010 e 2011, respectivamente, segundo revela o Movimento pelos Direitos do Povo Palestino e pela Paz no Médio Oriente (MPPM).

Na sua página de Facebook, o MPPM refere-se ainda ao enorme «encargo psicológico» que esta prática representa para as famílias, citando a advogada Salwa Hammad: «O principal motivo pelo qual eles fazem isto é punir colectivamente a família do mártir… Enquanto não podem ver o corpo do filho, [os familiares] têm esperança de que ele ainda esteja vivo, que esteja na prisão.»

Num comunicado conjunto emitido em 2016 pelo grupo palestiniano de apoio aos presos Addameer e o grupo israelita de defesa dos direitos das minorias Adalah, ambas as organizações condenaram a prática habitual de Israel de retenção dos corpos de palestinianos mortos, na medida em que, indica a Ma'an, constitui «uma violação severa do Direito Humanitário Internacional».

De acordo com a Convenção de Genebra, as partes num conflito armado devem enterrar os falecidos de forma honrosa, «se possível de acordo com os ritos da religião a que pertenciam» e «os seus túmulos [devem ser] respeitados, devidamente mantidos e marcados de tal forma que possam sempre ser reconhecidos».

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Para as famílias, esta prática constitui um enorme «encargo psicológico». Salwa Hammad sublinha que «o principal motivo pelo qual eles fazem isto é punir colectivamente a família do mártir… Enquanto não podem ver o corpo do filho, [os familiares] têm esperança de que ele ainda esteja vivo, que esteja na prisão».

Outras famílias têm noção de que os seus seres queridos foram mortos pelos israelitas, e realizam protestos com regularidade para exigir a libertação dos seus restos mortais, de modo a poderem fechar um ciclo, fazer o luto.

A prática punitiva da retenção dos corpos em morgues ou do seu enterro em «cemitérios de números» é considerada uma violação do direito internacional, e isso mesmo tem sido apontado por organizações humanitárias e de defesa dos direitos, como a Addameer.

Segundo a Convenção de Genebra, as partes num conflito armado devem enterrar os falecidos de forma honrosa, «se possível de acordo com os ritos da religião a que pertenciam» e «os seus túmulos [devem ser] respeitados, devidamente mantidos e marcados de tal forma que possam sempre ser reconhecidos».

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Há alguns anos, Issam Arouri, director do Centro de Assistência Jurídica e Direitos Humanos de Jerusalém (JLAC, na sigla em inglês), destacava a este propósito que «Israel é o único país do mundo que retém os corpos de pessoas mortas com o intuito de os usar para negociar» em futuras trocas de prisioneiros.

Também denunciou, então, que era comum os israelitas reterem os corpos antes de os entregarem às famílias para impor condições «sobre o modo como se realizam os funerais».

Por vezes, as famílias têm de esperar décadas até receberem os corpos dos seus entes queridos. O corpo de Mashour al-Arouri esteve retido por Israel 34 anos e o de Hafez Abu Zant, 35 anos, tendo o JLAC conseguido recuperá-los para os familiares em 2010 e 2011, respectivamente, segundo revelou o Movimento pelos Direitos do Povo Palestino e pela Paz no Médio Oriente (MPPM).

Para as famílias, esta prática constitui um enorme «encargo psicológico», afirma a Campanha, cujos responsáveis destacam o carácter de punição colectiva subjacente à decisão de reter um corpo. «Enquanto não podem ver o corpo do filho, [os familiares] têm esperança de que ele ainda esteja vivo, que esteja na prisão», afirmam.

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Apartheid de Israel representa «décadas de opressão e dominação»

Uma ONG publicou um relatório que documenta o «sistema de opressão e dominação» imposto por Israel aos palestinianos. «Isto equivale ao apartheid, proibido pelo direito internacional», sublinha.

A «Estrada do Apartheid», na Margem Ocidental ocupada, junto a Jerusalém
A «Estrada do Apartheid», na Margem Ocidental ocupada, junto a Jerusalém Créditos / MPPM

No seu portal, o Movimento pelos Direitos do Povo Palestino e pela Paz no Médio Oriente (MPPM) atribuiu esta terça-feira grande relevância ao extenso relatório publicado pela Amnistia Internacional, no qual confirma que «o regime de Israel contra todo o povo palestiniano configura o crime contra a humanidade de apartheid».

A acusação agora formulada – que é feita há décadas e tem sido sustentada em anos recentes por personalidades e organizações de defesa dos direitos humanos – foi apresentada numa publicação que culmina investigações levadas a cabo entre 2017 e 2021, e tem por base a recolha de provas de violações dos direitos humanos internacionais e do direito humanitário na Palestina histórica, bem como em publicações de diversa índole.

De acordo com a investigação, «Israel impõe um sistema de opressão e dominação contra os palestinianos em todas as áreas sob seu controlo, em Israel e nos territórios palestinianos ocupados, e contra os refugiados palestinianos, a fim de beneficiar os israelitas judeus. Isto equivale ao apartheid, proibido pelo direito internacional».

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Arquitectura pós-apartheid: o checkpoint de Qalandiya como um parque

Uma estudante palestiniana de Arquitectura partiu do presente de opressão e injustiça e concebeu o futuro sem apartheid e ocupação israelitas, transformando uma conhecida estrutura de opressão num espaço público.

Imagem do projecto apresentado por Saja Barghouti à Universidade de Al-Quds 
Créditos / Imad Barghouthi / Facebook

Na universidade também se resiste – e pensa, pesquisa e recria a libertação da Palestina. Um exemplo disso é o projecto de final de curso apresentado pela estudante Saja Imad al-Barghouti, de 22 anos, que redesenhou o posto de controlo de Qalandiya, desmantelando uma estrutura do apartheid erigida pela ocupação israelita e convertendo-a num espaço público de jogos, brincadeira, diversão e vida.

O projecto, intitulado «Galeria de Qalandiya» e concebido como «reciclagem do checkpoint de Qalandiya depois da libertação da Palestina», foi apresentado como trabalho de final de curso à Universidade de Al-Quds, em Jerusalém, e, sublinha o canal libanês Al Mayadeen, dá corpo ao «imaginário colectivo de milhões».

Barghouti sublinhou que «o conceito do projecto se baseia na realidade palestiniana, mergulhada em opressão, injustiça e separação», devido ao principal checkpoint entre Ramallah e Jerusalém, e ao Muro do Apartheid.

Com o projecto, são demolidos o apartheid, a discriminação, a privação de direitos a que os palestinianos são sujeitos em Qalandiya, e o espaço, «reciclado», torna-se habitável, assume funções culturais e sociais, com balouços, escorregas, campos de basquetebol, zonas para fazer compras, ver arte e conviver.

Uma recuperação dos sentidos

A jovem estudante afirmou que a ideia fundamental subjacente ao projecto é pôr fim ao «carácter colonial» do Muro do Apartheid e transformá-lo numa peça arquitectónica que «restaure os sentidos», quando os palestinianos ali foram privados da sua utilização.

Estruturas como o checkpoint de Qalandiya, explicou, «visam limitar a mobilidade dos palestinianos, suprimir os seus sentidos e desintegrar o seu tecido social, geográfico e nacional».

Imagem do projecto pós-ocupação apresentado por Saja Barghoti / Imad Barghouthi / Facebook

O design do projecto pretende transformar o muro num «local de paz, sem opressão e humilhação», com «liberdade de movimentos» – o oposto do que acontece agora –, e num «museu de arte», que também passe «uma imagem revolucionária do povo palestiniano» e guarde o simbolismo do muro como parte da história de ocupação sofrida pelos palestinianos, sublinhou.

Saja Barghouti disse que a ideia do projecto lhe surgiu da própria «realidade quotidiana vivida pelos palestinianos na Cisjordânia, o cansaço e a tensão que sentem quando têm de passar pelo posto de controlo».

O checkpoint militar israelita de Qalandiya fica perto da localidade palestiniana homónima, a sul de Ramallah, na Cisjordânia ocupada. Ali, milhares de palestinianos são obrigados a esperar horas para poderem passar e são submetidos a humilhações pelas forças israelitas.

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«As leis, políticas e práticas destinadas a manter um sistema cruel de controlo sobre os palestinianos deixaram-nos fragmentados geográfica e politicamente, frequentemente empobrecidos, e num estado constante de medo e insegurança», refere ainda o relatório.

O apartheid pode ser entendido como um sistema de tratamento discriminatório prolongado e cruel por parte de um grupo racial sobre membros de outro grupo, com a intenção de controlar o segundo grupo racial, entende a organização não governamental, que afirma: «O apartheid não é aceitável em parte nenhuma do mundo. Então porque é que o mundo o aceitou contra os palestinianos?»

Sistema de opressão e dominação

A ONG, que faz um vasto conjunto de recomendações a Israel e a outros intervenientes com vista ao «desmantelamento deste terrível sistema de apartheid», afirma que, desde a criação do Estado de Israel, em 1948, sucessivos governos têm criado e mantido um sistema de leis, políticas e práticas destinadas a oprimir e dominar os palestinianos com a intenção de privilegiar os israelitas judeus.

O muro do apartheid de Israel pode ser visto do espaço mas não no Google

Acusado de eliminar a Palestina da sua app Maps, o Google acabou por admitir, após um protesto mundial, que este território nunca foi assim designado, apesar de 136 membros da ONU o reconhecerem como Estado independente.

Aspecto do Muro do Apartheid israelita, que atravessa a Margem Ocidental ocupada
CréditosMPPM

O Google Maps está novamente envolvido em polémica, afirma o Middle East Monitor. Desta vez, a questão prende-se com o Muro do Apartheid de Israel – eufemisticamente designado como «barreira de separação» e que serpenteia pelas terras palestinianas da Margem Ocidental ocupada. O muro, que pode ser visto do espaço, não é visível no Google; não aparece em nenhum dos mapas fornecidos pelo motor de busca.

A Grande Muralha da China e a Muralha de Adriano (no Norte de Inglaterra) aparecem no Google Maps, e o mesmo se passa com o relativamente modesto Muro Ocidental, de 500 metros, em Jerusalém. Já o muro de betão de 700 quilómetros de comprimento e oito metros de altura que atravessa a Palestina desaparece do sistema de mapas electrónicos do Google.

Em virtude desta situação, o deputado europeu Alyn Smith (Partido Nacional Escocês) lançou uma petição em que se insta o Google a mostrar o Muro do Apartheid na sua totalidade, incluindo postos de controlo, torres de vigia e outros elementos instalados pelo Estado sionista. O Google, insiste Alyn Smith, deve ser obrigado a mostrar o muro e a entender que a sua prática actual é inaceitável.

O muro foi iniciado em 2000, com o argumento de que protege os cidadãos de Israel de bombistas suicidas. No entanto, esta estrutura configura-se como uma violação do direito dos palestinianos a deslocarem-se sem entraves na sua terra histórica, sublinha o Movimento pelos Direitos do Povo Palestino e pela Paz no Médio Oriente (MPPM), acrescentando que «o muro é inteiramente construído bem dentro da terra palestiniana» e que «se trata de um roubo de terra em grande escala».

O Tribunal Internacional de Justiça classificou o muro como ilegal e a Assembleia Geral da ONU instou Israel a respeitar a sentença (com 150 votos a favor e seis contra). Mas o Estado de Israel é especialista em desprezar resoluções das Nações Unidas (cerca de 180), e esta foi, como as demais, ignorada ou violada, refere o MPPM.

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De acordo com o organismo, as autoridades israelitas têm feito isto recorrendo a quatro estratégias principais: 1. a fragmentação em domínios de controlo (manter os palestinianos separados uns dos outros em domínios territoriais, legais e administrativos distintos); 2. a despossessão de terras e propriedades (décadas de apreensões discriminatórias de terras e propriedades, demolições de casas e expulsões forçadas); 3. segregação e controlo (um sistema de leis e políticas que mantêm os palestinianos confinados a enclaves, sujeitos a várias medidas que controlam as suas vidas, e segregados dos israelitas judeus); 4. privação dos direitos económicos e sociais (o empobrecimento deliberado dos palestinianos, mantendo-os em grande desvantagem em comparação com os israelitas judeus).

Apartheid e impunidade

No documento, o organismo denuncia que «as autoridades israelitas gozam há demasiado tempo de impunidade», afirmando que Israel comete de forma sistemática, há décadas, graves violações dos direitos humanos dos palestinianos.

Entre outras, refere a transferência forçada, a detenção administrativa, tortura, assassínios ilegais e ferimentos graves, negação de direitos e liberdades básicos, que se inserem no «ataque generalizado e sistemático contra a população palestiniana» e que constituem «crimes contra a humanidade de apartheid».

Israel pediu à Amnistia Internacional que não publicasse o relatório, com o argumento estafado do «anti-semitismo» (o mesmo que é usado em França ou no Reino Unido para restringir a solidariedade com a Palestina) e afirmando que as conclusões são «falsas e tendenciosas», segundo referem o MPPM e outras fontes.

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Outras famílias têm noção de que os seus seres queridos foram mortos pelos israelitas, e realizam protestos com regularidade para exigir a libertação dos seus restos mortais, de modo a poderem fechar um ciclo, fazer o luto.

A prática punitiva da retenção dos corpos em morgues ou do seu enterro em «cemitérios de números» é considerada uma violação do direito internacional, e isso mesmo tem sido apontado por organizações humanitárias e de defesa dos direitos, como a Addameer.

Segundo a Convenção de Genebra, as partes num conflito armado devem enterrar os falecidos de forma honrosa, «se possível de acordo com os ritos da religião a que pertenciam» e «os seus túmulos [devem ser] respeitados, devidamente mantidos e marcados de tal forma que possam sempre ser reconhecidos».

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Uma das reivindicações deste partido, indispensável para assinar o acordo de coligação, era a proibição de bandeiras palestinianas em edifícios públicos israelitas e instituições que recebam apoios do estado de Israel.

Apenas 11 dias após a tomada de posse, Ben-Gvir já aproveitou o poder que lhe foi conferido por Netanyahu para extremar ainda mais o seu posicionamento racista e xenófobo, anunciando, no Domingo, a ordem de retirada de toda e qualquer bandeira palestianiana que esteja em espaço público de Israel. A medida será agora posta em prática pelas forças de segurança do país.

«A liberdade de expressão não se estende à identificação com terroristas e com aqueles que querem prejudicar os soldados» das IDF (Forças de Defesa de Israel), defendeu o ministro. As forças de ocupação foram responsáveis pelo assassinato de mais de duas centenas de palestinianos, só em 2022.

Também no Domingo, Netanyahu queixou-se de um cartaz presente numa manifestação contra o seu governo, que exigia a libertação da Palestina e o fim da «ocupação colonial zionista». O primeiro-ministro israelita, responsável por inúmeros massacres e violações de direitos humanos, exigiu que os manifestantes parassem «imediatamente» com essas acusações.

A situação não é nova. Em Maio de 2022, o anterior governo removeu, à força, as bandeiras palestinianas presentes no funeral da jornalista Shireen Abu Akleh, da Al Jazeera, morta a tiro pelas forças de ocupação de Israel.

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Salim – Existe na Europa um movimento crescente de solidariedade para com a Palestina e esperamos que este ajude a exercer pressão sobre o governo israelita. Queremos que os governos da Europa reconheçam o Estado da Palestina e se posicionem firmemente contra a expansão dos colonatos. Não interessa se as pessoas são de direita ou de esquerda, desde que defendam o que é justo. Justiça é justiça.

Por que razão são as ocupações recusadas em todo o mundo, excepto na Palestina? Porque é que este é o único lugar onde devemos ter em conta os sentimentos do ocupante? Nunca houve nada assim, em que nos obrigam a ter em conta os sentimentos do ocupante. Não o ocupado. Porquê? Por causa da história europeia...

Porque é que temos de pagar pela história da Europa? Não é a nossa história! Eles impõem-na e nós temos de pagar o seu preço. A Nisreen nasceu num campo de refugiados, eu nasci num campo de refugiados, tudo por causa desta política europeia. É uma perspectiva completamente hipócrita: de um lado, eles lutam pelo seu país, do outro, nós, que defendemos a nossa terra, somos os terroristas. Parem! Este jogo tem de ser travado!

A França e a Alemanha fizeram, recentemente, declarações conjuntas em que apelam a um cessar-fogo na Palestina. Ao mesmo tempo, o Ministério dos Negócios Estrangeiros da Alemanha fez uma declaração em que condena os ataques com rockets contra Israel (depois do assassinato de dezenas de pessoas na Palestina). 

Salim – O meu povo está sob ocupação. Há um ocupante e há um ocupado. É preciso ter uma posição firme contra o ocupante. Não se pode estar sempre a fazer equivalências. Pedem-nos para pensarmos no pobre ocupante. Eles não são pobres nenhums: têm mísseis, têm armas automáticas, Israel tem o maior exército do Médio Oriente e é apoiado por todo o mundo ocidental. Não somos culpados pela história da Europa.

Nisreen – Não é culpa dos palestinianos e a Europa não pode limpar as suas mãos dos crimes que ajudou a cometer. Vários governos europes, por exemplo, estão a aplicar uma lei para não permitir que os palestinianos que vivem na Europa lutem ou apoiem o nosso povo.

Na Alemanha, por exemplo, há um grupo chamado Samidoun [Rede de Solidariedade com os Prisioneiros Palestinianos] que tem promovido várias manifestações em defesa dos presos nos cárceres israelitas e que está, constantemente, a ser boicotado pelo governo alemão, recusando-se a dar autorização para acções, arrancam as bandeiras palestinianas, não deixam que as hasteiam.

O boicote a instituições israelitas é muito, muito, importante!

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Entrevista
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Autor de Artigo Livre: 
João Manso Pinheiro

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Nakba (Catástrofe, em árabe), em 1948, deu início a um processo (ainda em curso) que resultou na expulsão e expropriação de mais de 750 mil palestinianos das suas casas, aldeias e cidades, «a que se seguiram décadas de regime militar de excepção, de destruição de ecossistemas, de culturas ou de qualquer outro modo de subsistência, de empobrecimento, detenção e encarceramento sem acusação nem direito a defesa, de morte, tortura e incapacitação causadas pelos bombardeamentos, pelas incursões militares e pela carta branca reconhecida aos colonos para agirem como bem entenderem em qualquer parte do território».

«Quando se descreve os acontecimentos terríveis do dia 7 de outubro como “o pior trauma coletivo por que passou Israel” perguntamo-nos porque se ocultam 75 anos de traumas colectivos que foram e continuam a ser impostos ao povo palestiniano», afirmam. «Não contem connosco para colaborar no assassinato da memória da tragédia palestiniana».

Os subscritores exprimem a sua solidariedade para com a «luta de libertação da Palestina» e exigem que se abra, de uma vez por todas, «um caminho que vá além deste status quo insuportável feito de opressão e hipocrisia». «Sem descolonização, sem justiça e sem liberdade não existem caminhos para a paz!».

O caminho para a paz passa pelo respeito dos direitos do povo palestiniano e a criação do Estado da Palestina, livre e independente

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Comunistas de Israel defendem fim da ocupação, discriminação e supremacia étnica

Reiterando a «condenação inequívoca de ataques a civis», a aliança Hadash e os comunistas responsabilizam o «Governo fascista» de Israel pela «escalada» da violência. «Só há uma solução: acabar a ocupação».

Protesto do Partido Comunista de Israel contra a agressão das forças de ocupação israelitas em Gaza, a 6 de Agosto de 2023 
CréditosZo Haderech

«Nestes tempos difíceis, reiteramos a condenação inequívoca de qualquer ataque a civis inocentes e apelamos a todas as partes para retirarem os civis deste ciclo de violência», afirmou o Partido Comunista de Israel (PCI), em comunicado divulgado na terça-feira. Não obstante, os comunistas responsabilizam integralmente os crimes do «Governo fascista de direita israelita», liderado por Benjamin Netanyahu, pela escalada de violência.

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Onze trabalhadores da ONU assassinados por Israel na Faixa de Gaza

20 instalações da Agência da ONU para Refugiados Palestinos (UNRWA) foram atingidas por bombas israelitas. Em duas das escolas bombardeadas morreram 30 estudantes e 9 trabalhadores, denuncia a organização.

Esta escola gerida pela Agência da ONU para Refugiados Palestinianos (UNRWA), na Faixa de Gaza, foi alvo de bombardeamentos das forças de ocupação israelitas. Nos ataques às escolas geridas pela ONU já morreram 30 estudantes e 9 trabalhadores (outros dois foram assassinados nas suas casas). 10 de Outubro de 2023 
Créditos / UNRWA

São já quase 220 mil deslocados internos na Faixa de Gaza que encontraram abrigo em 92 escolas geridas pela Agência da ONU para Refugiados Palestinianos (UNRWA), afirmou António Guterres, incluindo vários funcionários das Nações Unidas cujas casas foram destruídas por Israel.

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Continua o massacre israelita de Gaza

No sábado, a resistência palestiniana quebrou a vedação que cerca o enclave e lançou uma ofensiva contra os territórios ocupados em 1948. Desde então, a aviação israelita matou mais de 430 palestinianos.

Edifícios arrasados na Faixa de Gaza após os bombardeamentos israelitas das últimas 48 horas 
Créditos / @QudsNen

De acordo com os dados divulgados pelo Ministério palestiniano da Saúde esta manhã, os bombardeamentos indiscriminados na Faixa de Gaza, conhecida como «a maior prisão a céu aberto», provocaram a morte a 436 pessoas, incluindo 91 menores, e fizeram 2271 feridos, 244 dos quais crianças.

Nas últimas horas, a aviação da ocupação lançou centenas de raides contra o enclave costeiro, onde vivem mais de dois milhões de pessoas, atingindo edifícios residenciais, infra-estruturas oficiais e civis, bem como edifícios religiosos, tendo destruído pelo menos duas mesquitas, indica a agência Wafa.

Só no sábado, os bombardeamentos israelitas provocaram 300 mortos, o que, segundo destaca o portal The Cradle, é o número mais elevado de palestinianos mortos em ataques aéreos da ocupação num só dia desde 2008.

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MPPM. Só haverá paz quando forem reconhecidos os direitos do povo palestiniano

Enquanto se mantiver a ocupação colonial e a violência das forças militares e dos colonos, não haverá paz, alerta o Movimento pelos Direitos do Povo Palestino e pela Paz no Médio Oriente (MPPM). 

CréditosMohammed Saber / EPA

O MPPM reage assim às acções desencadeadas em Gaza e em Israel na madrugada deste sábado. Eram 4h30 em Lisboa (6h30 no local), quando militantes de organizações da resistência palestiniana lançaram, a partir da Faixa de Gaza, um ataque de surpresa, em larga escala, contra Israel, no que apelidaram de «Operação Dilúvio Al-Aqsa». 

Segundo as organizações, a acção foi uma resposta à profanação da Mesquita de Al-Aqsa e ao aumento da violência dos colonos, e confirma, insiste o MPPM num comunicado, «que não é possível ter uma situação de paz na Palestina e, por consequência, no Médio Oriente, continuando a espezinhar os legítimos direitos do povo palestino e persistindo em manter a ocupação colonial e a violência das forças militares e dos colonos».

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Resistência palestiniana unida em torno da operação contra Israel

Diversos grupos da resistência declararam o apoio à operação lançada contra Israel, esta manhã, a partir da Faixa de Gaza, sublinhando que faz parte da luta de libertação nacional.

Um palestiniano tira uma fotografia junto a um tanque israelita destruído, a 7 de Outubro de 2023 
Créditos / @bcarloscarvalho

«Fazemos parte desta batalha e os nossos combatentes estão lado a lado com os seus irmãos nas Brigadas al-Qassam (ala militar do Hamas) até à vitória», afirmou em comunicado Abu Hamza, porta-voz das Brigadas de al-Quds, braço militar da Jihad Islâmica.

Em termos semelhantes, refere a Prensa Latina, se pronunciaram as Brigadas al-Nasser Salah al-Din, do Movimento de Resistência Popular: «Unidos numa trincheira neste dia glorioso do nosso povo.»

Por seu lado, as Brigadas de Resistência Nacional anunciaram que os seus membros se juntaram à operação, lançada esta manhã pelo Hamas, que incluiu o lançamento de milhares de rockets e uma incursão terrestre em território ocupado em 1948.

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Colonos e forças israelitas matam quatro palestinianos na Cisjordânia

Atingido por disparos de colonos na cidade de Huwara, Labib Dumaidi, de 19 anos, é a mais recente das quatro vítimas mortais na Margem Ocidental ocupada, revelou o Ministério da Saúde.

Forças israelitas nas imediações da cidade de Tulkarem, onde ontem mataram dois palestinianos 
CréditosZain Jaafar / Al Jazeera

De acordo com a informação divulgada pelo Ministério, Labib Mohammed Dumaidi ficou gravemente ferido durante um ataque de colonos, ontem à noite, na cidade de Huwara, a sul de Nablus. Levado para um hospital, não resistiu aos ferimentos, já nas primeiras horas de sexta-feira.

Residentes de Huwara tentaram fazer frente à provocação levada a cabo por dezenas de colonos, protegidos por forças militares israelitas, indica a Wafa.

Registaram-se fortes confrontos e as tropas israelitas usaram fogo real, gás lacrimogéneo e granadas atordoantes para dispersar os palestinianos.

Fontes do Crescente Vermelho Palestiniano informaram que pelo menos 25 pessoas, incluindo quatro crianças, sofreram efeitos de asfixia devido à inalação de gás lacrimogéneo.

Também em Huwara, as forças israelitas mataram, ontem à tarde, outro palestiniano, cuja identidade ainda não foi revelada.

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Ministro israelita das Finanças defende a «aniquilação» de terra palestiniana

Dias depois de colonos extremistas terem invadido e atacado Huwara, Bezalel Smotrich afirmou que Israel deve «aniquilar» a localidade palestiniana no Norte da Cisjordânia ocupada.

Vista aérea de uma zona destruída pelos colonos israelitas em Huwara, perto de Nablus, no domingo à noite  
Créditos / PressTV

«Penso que Huwara precisa de ser destruída», disse o ministro israelita das Finanças, Bezalel Smotrich, esta quarta-feira, defendendo que «o Estado devia fazê-lo e não cidadãos privados», refere a PressTV com base na imprensa israelita.

As declarações do ministro de extrema-direita do governo de Benjamin Netanyahu seguem-se ao ataque perpetrado contra a localidade palestiniana, no domingo à noite, por centenas de colonos armados.

Tratou-se da «resposta» à morte de dois israelitas de um colonato ilegal, executados por um atacante palestiniano de Huwara. Este ataque, por sua vez, seguiu-se ao massacre de Nablus, em que as forças de ocupação israelitas mataram 11 palestinianos e feriram mais de cem.

No domingo à noite, os colonos queimaram pelo menos 150 carros, 52 casas e várias lojas. Uma pessoa foi morta e o número de feridos palestinianos é superior a 390, indica a agência Wafa.

Grupos israelitas de defesa dos direitos humanos como Peace Now e B’Tselem referiram-se ao ataque dos colonos como um «pogrom» apoiado pelas autoridades de ocupação.

Por seu lado, o Crescente Vermelho palestiniano acusou as forças israelitas de impedirem as ambulâncias e os paramédicos de acederem ao local do ataque, a poucos quilómetros de Nablus.

No Knesset, a extrema-direita israelita considerou os ataques a Huwara «legítimos».

OLP classifica Smotrich como «terrorista racista» e AP pede ajuda internacional

Hussein al-Sheikh, da Comissão Executiva da Organização para a Libertação da Palestina (OLP), afirmou, no Twitter, que as afirmações de Smotrich para apagar Huwara do mapa são o apelo de um «racista terrorista».

Também o primeiro-ministro da Autoridade Palestiniana (AP), Mohammad Shtayyeh, se referiu às afirmações do ministro israelita como «terroristas» e «racistas», e alertou para o facto de que «fazem prever uma escalada séria» contra o povo palestiniano nos territórios ocupados.

Um homem no meio de carros incendiados em Huwara / Al Mayadeen

Neste sentido, pediu às Nações Unidas, à União Europeia e demais organizações internacionais que condenem as declarações de Smotrich. Antes, já tinha pedido ajuda internacional «contra os crimes de Israel».

Parlamento Árabe condena violência dos colonos

O Parlamento (da Liga) Árabe, com sede no Cairo, condenou esta quarta-feira os ataques executados por colonos israelitas contra o povo palestiniano na Cisjordânia ocupada, referindo-se em especial ao assalto à localidade de Huwara.

Perante os ataques terroristas sistemáticos dos colonos contra cidadãos indefesos, com armas de fogo, incêndios de casas e viaturas, expulsão de agricultores, assassinatos e outros crimes, exortou o mundo e em especial o Conselho de Segurança da ONU a adoptar medidas para proteger o povo palestiniano.

Antes, a Liga Árabe já tinha proposto que as milícias de colonos passem a ser incluídas na lista de grupos terroristas.

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Na parte da manhã, as forças israelitas já tinham matado dois palestinianos, identificados como Hudhayfah Fares, de 27 anos, e Abd al-Rahman Atta, de 23, na aldeia de Shufa, na sequência de um ataque de colonos a viaturas na região de Tulkarem.

De acordo com as Nações Unidas, 2023 está a ser o ano mais mortífero para os palestinianos na Margem Ocidental desde que há registo de fatalidades provocadas pelas forças de ocupação.

Rudeineh: a ocupação israelita pisou todas as linhas vermelhas

Nabil Abu Rudeineh, porta-voz da Presidência palestiniana, disse à imprensa que a ocupação israelita pisou todas as linhas vermelhas, com a sua insistência na política de assassinatos e incursões em cidades, aldeias e acampamentos palestinianos.

Numa entrevista à Palestine TV, o representante da Presidência responsabilizou o governo israelita e a administração norte-americana pelos «crimes perigosos perpetrados pela ocupação e os seus colonos por todo o território palestiniano», os mais recentes dos quais nas imediações de Nablus e Tulkarem, refere a Wafa.

Apesar da «guerra implacável» que a ocupação israelita está a travar contra o povo palestiniano «à vista de todo o mundo», o responsável afirmou que isso não irá impedir «o nosso povo de prosseguir a sua luta legítima» até à «criação do seu Estado independente, com Jerusalém como capital».

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Na Cisjordânia, a Cova dos Leões, um dos grupos da resistência mais activos, fez um apelo à mobilização geral dos seus membros, bem como ao «ataque imediato em todos os lugares contra as forças de ocupação e os seus colonos».

Com base em fontes israelitas, a agência Prensa Latina indica que o Exército de ocupação deu conta de combates em 21 locais no Sul de Israel, na sequência da operação palestiniana – embora tenha posteriormente reduzido esse número para sete.

Resposta aos sistemáticos crimes israelitas

Ao anunciar a ofensiva desta manhã (às 7h locais), o comandante das Brigadas al-Qassam, Muhammad al-Deif, disse que o grupo palestiniano disparou para território israelita 5000 rockets.

Al-Deif afirmou que a operação é uma resposta aos sistemáticos crimes israelitas contra o povo palestiniano e a profanação contínua por colonos judeus da mesquita de al-Aqsa, em Jerusalém, e ocorre num contexto de escalada de agressões, da parte de colonos e forças israelitas, em Jerusalém Oriental e na Cisjordânia ocupada.

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Israel deteve 135 mil palestinianos nos últimos 23 anos

A Comissão dos Assuntos dos Presos e ex-Presos Palestinianos registou mais de 135 mil casos de detenções, pelas forças de ocupação israelitas, desde o início da Intifada de al-Aqsa, em 2000.

Um jovem palestiniano é preso na Cisjordânia, na sequência dos protestos contra a decisão norte-americana sobre Jerusalém
Créditos / palestinalibre.org

Num relatório emitido por ocasião do 23.º aniversário do início da Segunda Intifada ou Intifada de al-Aqsa (28 de Setembro de 2000), a Comissão dos Assuntos dos Presos e ex-Presos Palestinianos sublinha que as detenções levadas a cabo pelas forças israelitas afectaram todas as camadas da sociedade, e não deixaram de parte menores de idade, idosos e mulheres.

Dos mais de 135 mil casos registados pelo organismo, 21 mil dizem respeito a menores, indica o relatório – divulgado pela Wafa –, que dá conta da detenção de metade dos deputados do Conselho Legislativo Palestiniano (Parlamento), de vários ministros, centenas de académicos, jornalistas e funcionários de organizações da sociedade civil e instituições internacionais.

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Número recorde de presos palestinianos ao abrigo da detenção administrativa

Israel mantém nas suas prisões 1264 palestinianos sem acusações nem julgamento, o número mais elevado em 30 anos, revelou a ONG Hamoked.

Protesto contra a detenção administrativa em 2021 
Créditos / palestine-studies.org

Desde a Primeira Intifada (1987-1993) que não havia tantos palestinianos detidos ao abrigo da polémica norma, alertou a organização não governamental este fim-de-semana, com base nos dados dos serviços prisionais.

Jessica Montell, directora executiva da Hamoked, organização israelita que presta assistência jurídica gratuita aos palestinianos que vivem sob a ocupação, afirmou que a detenção administrativa é «massiva e arbitrária» e que Israel mantém nesse regime, sem acusação nem julgamento, mais de 1200 palestinianos, «alguns dos quais durante anos sem uma revisão eficaz».

Ao abrigo deste regime, a detenção, decretada por um comandante militar, com base naquilo a que Israel chama «prova secreta» – que nem o advogado do detido tem direito a ver –, pode ser infinitamente renovada por períodos até seis meses.

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Nove presos palestinianos mantêm protesto contra a detenção administrativa

A Sociedade dos Presos Palestinianos (SPP) revelou, este domingo, que nove presos palestinianos sem acusação ou julgamento continuam em greve de fome por tempo indeterminado.

Cárcere israelita de Gilboa 
Créditos / Al Mayadeen

Os presos Kayed al-Fasfous e Sultan Khlouf iniciaram o protesto contra a detenção administrativa há 19 dias. Por seu lado, Osama Darkouk encontra-se em greve de fome há 15 dias.

Outros seis reclusos palestinianos em cadeias israelitas estão em greve de fome há 12 dias: Hadi Nazzal, Mohammad Taysir Zakarneh, Anas Kmail, Abdelrahman Baraka, Mohammad Basem Ikhmis e Zuhdi Abdo, informa a agência Wafa, com base na SPP.

Na semana passada, a Comissão dos Assuntos dos Presos e ex-Presos pediu à chamada comunidade internacional que quebre o silêncio em torno do «crime israelita da detenção administrativa», que permite manter na cadeia presos sem acusação ou julgamento, numa clara violação das normas internacionais.

Ao abrigo deste regime, a detenção, decretada por um comandante militar, com base naquilo a que Israel chama «prova secreta» – que nem o advogado do detido tem direito a ver –, pode ser infinitamente renovada por períodos até seis meses.

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Presos palestinianos em greve de fome contra a detenção administrativa

A Sociedade dos Presos Palestinianos (SPP) revelou, esta segunda-feira, que quatro presos palestinianos sem acusação ou julgamento tinham iniciado há nove dias uma greve de fome por tempo indeterminado.

Acção de solidariedade com os presos palestinianos, a 5 de Dezembro de 2022 
CréditosAli Jadallah / Anadolu

Em comunicado divulgado pela Wafa, a SPP indicou que Anas Ibrahim Shadid, de 26 anos, Mahmoud Abdel Halim Talahma, de 32, Abdullah Mohammad Abido, de 36, e Mohammad Ahmad Dandis, de 25, iniciaram o protesto para denunciar a sua detenção sem acusação ou julgamento.

Acrescentou que todos os detidos estão na cadeia israelita de Ofer, perto de Ramallah, e são originários da província de Hebron (al-Khalil), no Sul da Cisjordânia ocupada.

A organização de defesa dos direitos dos presos informa que Shadid foi preso três vezes, sempre no regime de detenção administrativa, tendo passado, no total, três anos atrás das grades. Durante esses períodos, levou a cabo duas greves de fome, uma delas com a duração de 90 dias, em 2016.

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«Ou nos submetemos ou nos revoltamos»: 30 presos palestinianos continuam em luta

Os prisioneiros iniciaram uma greve de fome, há uma semana, para exigir a sua libertação e denunciar um regime de detenção que permite mantê-los na cadeia sem acusação ou julgamento.

Imagem de um comício da Frente Popular para a Libertação da Palestina (FPLP), força de esquerda hoje considerada «terrorista» por Israel e cujos militantes são perseguidos
Imagem de um comício da Frente Popular para a Libertação da Palestina (FPLP) Créditos / pflp.pl

O protesto dos trinta presos palestinianos, membros e simpatizantes da Frente Popular para a Libertação da Palestina (FPLP), completou uma semana sem solução aparente à vista, tendo em conta a inflexibilidade das autoridades de Telavive.

Em comunicado, a Sociedade dos Presos Palestinianos (SPP) anunciou que os serviços prisionais israelitas têm estado a ameaçar com castigos os reclusos que lutam contra o regime de detenção administrativa. Entre as punições, contam-se privá-los de visitas, retirar-lhes os seus pertences e isolá-los em celas de castigo.

Nesta primeira semana de protesto, os serviços prisionais israelitas colocaram 28 dos grevistas em quatro celas de isolamento na prisão de Ofer, informa a Wafa com base no documento divulgado pelo SPP.

Um outro, o advogado Salah Hammouri, foi metido na solitária numa cadeia no Norte de Israel, enquanto Ghassan Zawahreh foi levado para uma cela de isolamento numa prisão localizada no Deserto do Neguev (al-Naqab).

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Trinta presos palestinianos em protesto contra a detenção administrativa

Os prisioneiros, em cadeias israelitas, iniciaram uma greve de fome por tempo indeterminado contra um regime que permite mantê-los detidos sem acusação ou julgamento, por períodos renováveis de seis meses.

Familiares de presos palestinianos em cadeias israelitas mostram cartazes numa concentração em Ramallah, na Cisjordânia ocupada, em Setembro de 2021 
Créditos / Al Jazeera

O início do protesto, este domingo, por parte de prisioneiros que são membros ou apoiantes da Frente Popular para a Libertação da Palestina (FPLP), foi confirmado pela Comissão dos Assuntos dos Presos e ex-Presos.

Em declarações à agência Wafa, Hassan Abed Rabbo, porta-voz da comissão, disse que os presos decidiram avançar contra uma política que permite a Israel manter nas suas prisões, sem acusação ou julgamento, presos palestinianos por tempo indefinido, na medida em que o período de detenção, até seis meses, é infinitamente renovável.

Numa mensagem divulgada há alguns dias, os presos sublinharam que a luta contra o regime de detenção administrativa continua e denunciaram que as medidas tomadas pelas autoridades prisionais israelitas «já não se baseiam em obsessões de segurança, mas são actos de vingança devido ao seu passado».

Qadri Abu Baker, líder da Comissão dos Assuntos dos Presos e ex-Presos, disse à Wafa que, na próxima quinta-feira, mais 50 presos se devem juntar à greve de fome, para denunciar o regime de detenção administrativa a que são submetidos e a escalada por parte de Israel no que respeita a este procedimento.

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Israel decretou 1595 ordens de detenção administrativa contra palestinianos em 2021

O maior número de detenções administrativas – sem julgamento ou acusação – foi decretado em Maio, quando Israel lançou uma ofensiva de 11 dias contra a Faixa de Gaza.

Familiares e apoiantes de preso Hisham Abu Hawwash protestaram este domingo na localidade de Dura, a oeste de al-Khalil (Hebron), na Cisjordânia ocupada 
Créditos / PressTV

A Sociedade dos Presos Palestinianos (SPP) revelou, este domingo, que o número divulgado diz respeito tanto a novas ordens como à renovação de ordens já emitidas nos territórios ocupados, pelas autoridades israelitas.

No documento apresentado, o organismo lembra que política de detenção administrativa visa «esmagar os activistas políticos palestinianos» e se baseia num ficheiro secreto não acessível aos presos – nem sequer aos seus advogados –, que são mantidos na cadeia sem acusação ou julgamento, informa a WAFA.

O maior número de ordens de detenção administrativa foi emitido em Maio último, quando a Israel lançou uma ofensiva de 11 dias contra a Faixa de Gaza, explicou a organização de defesa dos presos, acrescentado que, ao longo do ano, 60 prisioneiros recorreram à greve de fome com o propósito de reconquistar a liberdade.

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Presos palestinianos continuam protesto contra a detenção administrativa

Uma comissão de apoio aos prisioneiros revelou que 13 palestinianos permaneciam em greve de fome nas cadeias, este domingo, contra o regime que permite mantê-los reclusos sem acusação ou julgamento.

Um grupos de palestinianos solidários com os seus compatriotas presos nas cadeias israelitas mostram-se numa prisão a fingir 
Créditos / WAFA

Num comunicado ontem emitido, a Comissão dos Assuntos dos Presos e ex-Presos Palestinianos informou que o prisioneiro Salem Ziadat, de 40 anos, é, dos 13 que continuavam o protesto, aquele que está em greve de fome há mais tempo, permanecendo em jejum há 28 dias contra a sua detenção administrativa, sem acusação ou julgamento, revelou a agência WAFA.

A Comissão informou ainda que o número de reclusos palestinianos em greve de fome até ontem era de 15, mas que Mohammad Khaled Abusill e Ahmad Abdulrahman Abusill tinham chegado a um acordo com o Serviço Prisional Israelita no que respeita à «limitação» da chamada detenção administrativa.

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Israel prendeu 5426 palestinianos na primeira metade do ano

Grupos de defesa dos presos apresentaram um relatório sobre o primeiro semestre de 2021. Nas cadeias israelitas, há actualmente 4850 palestinianos, 540 dos quais ao abrigo da «detenção administrativa».

Os palestinianos estão a ser detidos em aldeias e cidades dos territórios ocupados em 1948 por terem apoiado Gaza 
As forças israelitas prenderam mais palestinianos no primeiro semestre deste ano do que em todo o ano de 2020 Créditos / Middle East Monitor

Entre os palestinianos que se encontram nos cárceres de Israel, contam-se 43 mulheres e 225 menores, segundo o documento conjunto divulgado este fim-de-semana pela Comissão dos Assuntos dos Presos e ex-Presos Palestinianos, a Sociedade dos Presos Palestinianos, a Addameer e o Centro de Informação Wadi Hilweh.

Os organismos referidos precisaram que 12 presos são membros do Conselho Legislativo Palestiniano (Parlamento), 70 são provenientes dos territórios ocupados em 1948, 350 são originários de Jerusalém ocupada e 240 da Faixa de Gaza cercada.

O informe destaca a existência de 540 prisioneiros palestinianos em detenção administrativa, sem acusação formada ou julgamento, por períodos de seis meses indefinidamente renováveis.

Quase 5500 detidos em seis meses

No que respeita a detenções, os organismos de defesa dos presos revelaram que Israel prendeu 5426 palestinianos entre 1 de Janeiro e 30 de Junho deste ano – um número superior a todas as detenções efectuadas pelas forças israelitas em 2020 e registadas por estas organizações: 4636.

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Forças israelitas prenderam 230 menores palestinianos desde Janeiro

Por ocasião do Dia da Criança Palestiniana, que se assinala a 5 de Abril, a Comissão dos Assuntos dos Presos e ex-Presos Palestinianos revelou também que 140 menores permanecem em cadeias israelitas.

Um soldado israelita detém um rapaz palestiniano, juntamente com outros quatro, perto do posto avançado de Havot Maon, na Margem Ocidental ocupada, a 11 de Março de 2021 
Créditos / Anadolu

Os menores palestinianos, alguns dos quais crianças, continuam a ser alvo das forças militares israelitas, que os prendem, muitas vezes de forma violenta, nos territórios ocupados.

De acordo com um relatório publicado este domingo pela Sociedade dos Prisioneiros Palestinianos, pelo menos 230 foram detidos desde o início do ano, a maioria dos quais em Jerusalém Oriental ocupada.

O grupo de defesa dos direitos dos presos sublinhou que «as crianças encarceradas são submetidas a vários tipos de abusos, incluindo «a recusa de comida e de bebida por longas horas, abuso verbal e a detenção em condições duras».

O informe veio a lume na véspera do Dia da Criança Palestiniana, que se assinala a 5 de Abril, com actividades culturais, educativas e mediáticas que, refere a PressTV, visam reforçar a consciência sobre o sofrimento dos menores palestinianos.

Detenção administrativa e maus-tratos

Também no âmbito do Dia da Criança Palestiniana, a Comissão dos Assuntos dos Presos e ex-Presos Palestinianos revelou que 140 menores permanecem em cadeias israelitas, incluindo dois que se encontram presos ao abrigo do regime de detenção administrativa.

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A «viagem ao inferno» dos jovens palestinianos detidos por Israel

Uma comissão da ONU reafirmou denúncias expostas em vários relatórios sobre detenções de menores palestinianos por Israel – quase sempre presos de noite, algemados e vendados. É o início da «viagem ao inferno».

Um jovem palestiniano é preso na Cisjordânia, na sequência dos protestos contra a decisão norte-americana sobre Jerusalém
Créditos / palestinalibre.org

A instância, composta por especialistas independentes das Nações Unidas, expressou particular preocupação pela expansão dos colonatos e o aumento da violência dos colonos israelitas, em que se incluem ataques a crianças e às suas escolas.

Segundo se pode ler no portal oficial de notícias da ONU, na semana passada diversas organizações informaram a comissão sobre as operações nocturnas levadas a efeito pelas forças israelitas com o propósito de deter crianças e adolescentes na Cisjordânia ocupada, com «graves consequências para o seu bem-estar e gozo dos seus direitos».

«Mais de 300 crianças estão detidas no sistema militar israelita. A maioria por delitos menores, como atirar pedras e publicações nas redes sociais», assinala a comissão, que denuncia o facto de os menores serem «levados para locais desconhecidos, presos em viaturas militares e sujeitos a ameaças e abusos verbais», bem como o facto de, por vezes, serem «obrigados a assinar confissões em hebraico, uma língua que não costumam entender».

Estas preocupações reafirmam as que têm sido veiculadas, ao longo do tempo, por várias entidades, nomeadamente a Comissão dos Prisioneiros Palestinianos, órgão dependente da Autoridade Palestiniana que, em diversas ocasiões (também este ano), alertou para o facto de os menores serem torturados e sofrerem abusos nos cárceres israelitas, bem como para o facto de serem espancados, insultados e pressionados no momento da detenção.

No final de Março, um relatório publicado pelo Ministério palestiniano da Informação denunciava também esta realidade, afirmando que «95% das crianças palestinianas presas pelas autoridades israelitas foram torturadas durante a detenção».

De acordo com o relatório, até 2015 foram documentadas anualmente 700 detenções de menores palestinianos. Já em 2017, Israel prendeu 1467 crianças e adolescentes; 1063 no ano seguinte e, nos dois primeiros dois meses deste ano, 118. Entre 2000 e 2018, foram presos mais de 16 mil menores.

Uma «viagem sem fim ao inferno»

Numa peça intitulada «“Endless Trip to Hell”: Israel Jails Hundreds of Palestinian Boys a Year. These Are Their Testimonies», publicada em Março e plenamente actual, o periódico israelita Haaretz aborda esta realidade, em que as crianças, algumas com idades inferiores a 13 anos, «são detidas pela calada da noite, vendadas e algemadas, alvo de abusos e constrangidas» a confessar «crimes» que não cometeram.

A peça, que reúne testemunhos de sete jovens da Margem Ocidental ocupada com idades compreendidas entre os dez e os 15 anos, revela as diversas fases do processo de detenção, que começa nas operações nocturnas e passa pelo interrogatório, a prisão, o julgamento e a proposta de um acordo.

Na sua maioria, os jovens são presos por, alegadamente, terem atirado pedras ou queimado pneus, mas, como sublinha a advogada Farah Bayadsi o objectivo das detenções «é mais para mostrar controlo do que para aplicar a lei».

A experiência traumática é fundamentada por tudo aquilo por que as crianças passam durante uma detenção. Arrancadas de casa quando dormem, são algemadas e vendadas, levadas em veículos militares para colonatos e bases israelitas, passando por todo um processo que envolve intimidação, ameaças, agressões físicas, afastamento da família e pressão para «confessar».


O nível de brutalidade varia. Khaled Mahmoud Selvi, preso quando tinha 15 anos, foi levado para a prisão e despido (o que, de acordo com o jornal, ocorre em 55% dos casos), tendo sido obrigado a permanecer dez minutos nu, em pé, durante o Inverno.

De acordo com os dados recolhidos pela organização não governamental (ONG) British-Palestinian Military Court Watch, 97% dos jovens palestinianos detidos pelas forças militares israelitas (IDF) vivem em pequenas localidades a menos de dois quilómetros de um colonato.

O advogado Gerard Horton, da ONG referida, afirma que a ideia é «assustar toda a aldeia» e que se trata de um «instrumento eficaz» para controlar uma comunidade. Acrescenta que, do ponto de vista dos ocupantes e opressores, a pressão «tem de ser constante»: «Cada geração tem de sentir a mão pesada das IDF.»

A experiência é traumática. O pai de Khaled Shtaiwi, preso com 13 anos em Novembro do ano passado, contou ao periódico que criou na sua aldeia o «dia da psicologia», porque o seu filho não é capaz de falar sobre o que se passou e porque quer ajudar todas as crianças que foram presas pelos israelitas.

Em Beit Ummar, Omar Ayyash foi preso com dez anos de idade, em Dezembro último. Agora, as crianças que brincam nas ruas da aldeia afastam-se assim que se apercebem da aproximação de soldados israelitas. Tornou-se um hábito desde que as tropas levaram Omar.

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Por seu lado, a organização Defense for Children International – Palestine (DCIP) destacou que todos os anos entre 500 e 700 menores palestinianos são processados em tribunais militares israelitas e que 85% das crianças palestinianas detidas em 2020 foram «submetidas a violência física».

Num comunicado, a DCIP afirma ter documentado 27 casos em que as crianças foram mantidas na solitária um ou dois dias, alegando as forças israelitas «objectivos de investigação». Esta prática é, segundo o organismo, uma forma de «tortura ou tratamento cruel, desumano e degradante».

Desde Outubro de 2015, a DCIP registou a 36 ordens de detenção administrativa decretadas contra menores palestinianos, dois dos quais se mantêm nesse regime.

Ainda de acordo com o organismo sediado em Genebra, em 2020, as forças israelitas mataram nove menores palestinianos na Cisjordânia ocupada, incluindo Jerusalém Oriental, e na Faixa de Gaza, seis dos quais com fogo real.

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O relatório divulgado este fim-de-semana informa que, entre os palestinianos detidos pelas forças israelitas, se incluem 854 menores e 107 mulheres, tendo sido emitidas na primeira metade do ano 680 ordens de detenção administrativa, incluindo 312 novas.

No mês de Junho foram presos 615 palestinianos, revela o texto, destacando que Maio foi de longe o mês em que se registou um maior número de detenções na primeira metade deste ano.

Então, mês de massacre contra Gaza e de múltiplas provocações sionistas no Complexo da Mesquita de al-Aqsa e em Jerusalém Oriental ocupada, as forças israelitas prenderam 3100 palestinianos, incluindo 2000 nos territórios ocupados em 1948 (actual Estado de Israel) e 677 em Jerusalém Oriental ocupada, informa a WAFA.

Vários presos em greve de fome contra a detenção administrativa

De acordo com a Comissão dos Assuntos dos Presos e ex-Presos Palestinianos, há actualmente nove presos em greve de fome nos cárceres israelitas como forma de protesto contra o regime de detenção administrativa que lhes foi aplicado.

A Comissão pediu às instâncias internacionais e regionais de defesa dos direitos humanos que pressionem as autoridades israelitas no sentido de acabar com os maus-tratos aos presos em greve de fome, que passam também pela sua reclusão na solitária.

Os presos palestinianos recorrem com frequência a esta forma de luta contra um regime de detenção ilegal, cujo fim exigem.

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De acordo com os grupos de defesa dos direitos dos prisioneiros palestinianos, há actualmente quase 550 nos cárceres israelitas detidos ao abrigo deste regime, que tem merecido ampla condenação internacional e que permite a Israel manter nas suas prisões, sem acusação ou julgamento, presos palestinianos por tempo indefinido, na medida em que o período de detenção, até seis meses, é infinitamente renovável.

A detenção, que é decretada por um comandante militar, tem por base aquilo a que Israel chama «prova secreta» – e é tão «secreta» que nem o advogado do detido tem direito a vê-la.

Alguns prisioneiros palestinianos passaram mais de uma década nas cadeias israelitas ao abrigo deste regime de «detenção», que é considerado ilegal à luz do direito internacional.

Como forma de protesto contra as suas detenções ilegais e para exigir que Israel ponha fim a esta prática, os presos palestinianos recorrem com frequência a greves de fome por tempo indeterminado.

Apesar da pressão internacional e dos protestos dos prisioneiros, as autoridades israelitas não têm dado sinais de querer acabar com este regime. Pelo contrário, tanto a comissão referida como o Centro Palestiniano de Estudos sobre Prisioneiros têm dado conta de novas ordens de detenção administrativa e de múltiplas renovações.

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Na maior parte dos casos, estavam presos ao abrigo do regime de detenção administrativa, como Hisham Abu Hawwash, de 40 anos, habitante da localidade de Dura (Cisjordânia ocupada) que se mantém há 140 dias em greve de fome e está numa situação considerada muito crítica.

Nos últimos dias, as autoridades palestinianas alertaram para o estado de saúde crítico de Abu Hawwash, responsabilizaram Telavive por aquilo que lhe possa acontecer e pediram à comunidade internacional que pressione as autoridades israelitas para o libertarem.

Também a Cruz Vermelha se mostrou preocupada com o caso, sublinhando a necessidade de tratar os reclusos com humanidade e de encontrar uma solução que evite «consequências irreversíveis» para Hawwash.

De acordo com a SPP, este domingo cerca de 500 reclusos palestinianos presos em Israel ao abrigo do regime da detenção administrativa – criticado pela ONU – declararam o boicote aos tribunais israelitas, porque «sentem que os tribunais alinham sempre com o governo militar e as suas ordens, e não os tratam com imparcialidade».

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De acordo com a comissão, há actualmente mais de 760 presos nas cadeias israelitas sem acusação ou julgamento. A detenção, decretada por um comandante militar, tem por base aquilo a que Israel chama «prova secreta», que nem o advogado do detido tem direito a ver.

Cerca de 80% dos presos palestinianos neste regime são ex-presos que já passaram anos atrás das grades, revela a Wafa.

«Semearemos alegria, vida e esperança»

Em comunicado, emitido há dias, o Ramo Penitenciário da Frente Popular para a Libertação da Palestina afirmou que «estes 30 prisioneiros, juntos, passaram quase 200 anos em detenção administrativa. Duzentos anos de cativeiro sem acusação ou julgamento por capricho dos oficiais de inteligência da ocupação».

O texto, divulgado pela Samidoun (rede de solidariedade com os presos palestinianos), sublinha que se trata de uma «pena perpétua», uma vez que muitos presos são libertados durante alguns meses e são novamente detidos. «Temos um mês de liberdade por cada ano de detenção», afirmam.

Dizem que são «alimentados pela dignidade» e querem que as autoridades israelitas saibam que, mesmo que os torturem e lhes provoquem dor, «que a nossa luta continua, e que semearemos alegria, vida e esperança, e que nossa luta pela liberdade e pela humanidade livre de tormentos não vai parar».

Leila Khaled, membro do Comité Central da FPLP e símbolo da resistência palestiniana, anunciou uma greve de fome solidária com os presos, a quem saudou por estarem «na primeira linha do confronto a este inimigo criminoso fascista».

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De acordo com a Comissão dos Assuntos dos Presos e ex-Presos, dos cerca de 4600 palestinianos actualmente presos nas cadeias israelitas, mais de 760 são reclusos sem acusação ou julgamento, cuja detenção pode ser infinitamente renovada por períodos até seis meses.

A detenção, decretada por um comandante militar, tem por base aquilo a que Israel chama «prova secreta», que nem o advogado do detido tem direito a ver.

Após o início da greve de fome, Basil Mizher, outro advogado palestiniano detido sem acusação ou julgamento, viu ser-lhe renovada a detenção administrativa por mais três meses, no passado dia 28.

Numa mensagem que Mizher escreveu no início do protesto, lida pela sua mãe numa acção solidária no campo de refugiados de Dheisheh, em Belém, o preso diz que a sua profissão é a de advogado, mas que mal se lembra dela, pois quase não a conseguiu exercer desde que se formou – foi submetido a três detenções administrativas desde que passou no exame.

Em vez de ir trabalhar, foi para a prisão, lê-se no texto divulgado pela pela Samidoun (rede de solidariedade com os presos palestinianos).

«Ou nos submetemos à opressão e à privação e aceitamos o roubo perpétuo da nossa liberdade e da nossa vida à vista do mundo, ou nos revoltamos contra a injustiça e derrubamos os muros do carcereiro com todas as ferramentas que temos», escreveu Basil Mizher a propósito da greve de fome, que é a «recusa da política de subordinação e domesticação».

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Talahma, detido desde Março de 2022, é um advogado e antigo prisioneiro, que passou dois anos e meio nas cadeias israelitas.

Abido é também um antigo prisioneiro, que passou cinco anos e meio nas prisões da ocupação – a maior parte do tempo ao abrigo do regime de detenção administrativa.

Por seu lado, Dandis foi preso pela primeira vez a 23 de Março último, tendo-lhe sido imposta uma detenção administrativa por um período de seis meses.

1083 presos em detenção administrativa

Este protesto ocorre num contexto em que Israel intensifica o recurso às detenções sem acusação ou julgamento. Segundo revelou a SPP, existem actualmente nas cadeias israelitas 1083 presos palestinianos a quem foi aplicado este regime de detenção, 17 dos quais são menores.

O regime de detenção administrativa, que tem merecido ampla condenação internacional, permite a Israel manter nas suas prisões, sem acusação ou julgamento, presos palestinianos por tempo indefinido, na medida em que o período de detenção, até seis meses, é infinitamente renovável.

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Preso palestiniano morreu na cadeia após 86 dias em greve de fome

O primeiro-ministro palestiniano, Mohammad Shtayyeh, responsabilizou Israel pelo «assassinato» de Khader Adnan, ao não atender ao protesto contra a sua detenção sem acusação ou julgamento.

Em protesto contra a morte de Khader Adnan, que se encontrava em greve de fome há 86 dias, a Cisjordânia ocupada cumpre um dia de greve geral 
CréditosWafa Awad / Wafa

A Sociedade de Prisioneiros Palestinianos (SPP) afirmou, em comunicado, que Khader Adnan, de 44 anos, foi encontrado inconsciente esta madrugada na sua cela, tendo sido levado para um hospital, onde foi declarado morto.

Adnan, natural da cidade de Arraba (perto de Jenin), foi preso 12 vezes ao longo da sua vida, tendo recorrido à greve de fome em diversas ocasiões para protestar contra as suas detenções sem qualquer acusação, afirmou a SPP, citada pela agência Wafa.

A última detenção ocorreu a 5 de Fevereiro e Adnan entrou de imediato em greve de fome por tempo indeterminado, refere a fonte, acrescentando que pelo menos 236 presos palestinianos morreram desde 1967.

Ao ter conhecimento da notícia, o primeiro-ministro palestiniano, Mohammad Shtayyeh, acusou Israel de ter cometido um assassinato.

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835 palestinianos em regime de detenção administrativa nas cadeias israelitas

O número foi destacado pela Sociedade dos Presos Palestinianos (SPP) em conferência de imprensa. A maior parte encontra-se nos centros de detenção de Ofer e de Naqab (Neguev).

Acção de solidariedade com os presos palestinianos, a 5 de Dezembro de 2022 
CréditosAli Jadallah / Anadolu

O regime de detenção administrativa, que tem merecido ampla condenação internacional – até do Departamento de Estado norte-americano e da Amnistia Internacional –, permite a Israel manter nas suas prisões, sem acusação ou julgamento, presos palestinianos por tempo indefinido, na medida em que o período de detenção, até seis meses, é infinitamente renovável.

Em relatórios anteriores, a SPP lembrou que esta política visa «esmagar os activistas políticos palestinianos» e se baseia num ficheiro secreto não acessível aos presos – nem sequer aos seus advogados.

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«Ou nos submetemos ou nos revoltamos»: 30 presos palestinianos continuam em luta

Os prisioneiros iniciaram uma greve de fome, há uma semana, para exigir a sua libertação e denunciar um regime de detenção que permite mantê-los na cadeia sem acusação ou julgamento.

Imagem de um comício da Frente Popular para a Libertação da Palestina (FPLP), força de esquerda hoje considerada «terrorista» por Israel e cujos militantes são perseguidos
Imagem de um comício da Frente Popular para a Libertação da Palestina (FPLP) Créditos / pflp.pl

O protesto dos trinta presos palestinianos, membros e simpatizantes da Frente Popular para a Libertação da Palestina (FPLP), completou uma semana sem solução aparente à vista, tendo em conta a inflexibilidade das autoridades de Telavive.

Em comunicado, a Sociedade dos Presos Palestinianos (SPP) anunciou que os serviços prisionais israelitas têm estado a ameaçar com castigos os reclusos que lutam contra o regime de detenção administrativa. Entre as punições, contam-se privá-los de visitas, retirar-lhes os seus pertences e isolá-los em celas de castigo.

Nesta primeira semana de protesto, os serviços prisionais israelitas colocaram 28 dos grevistas em quatro celas de isolamento na prisão de Ofer, informa a Wafa com base no documento divulgado pelo SPP.

Um outro, o advogado Salah Hammouri, foi metido na solitária numa cadeia no Norte de Israel, enquanto Ghassan Zawahreh foi levado para uma cela de isolamento numa prisão localizada no Deserto do Neguev (al-Naqab).

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Trinta presos palestinianos em protesto contra a detenção administrativa

Os prisioneiros, em cadeias israelitas, iniciaram uma greve de fome por tempo indeterminado contra um regime que permite mantê-los detidos sem acusação ou julgamento, por períodos renováveis de seis meses.

Familiares de presos palestinianos em cadeias israelitas mostram cartazes numa concentração em Ramallah, na Cisjordânia ocupada, em Setembro de 2021 
Créditos / Al Jazeera

O início do protesto, este domingo, por parte de prisioneiros que são membros ou apoiantes da Frente Popular para a Libertação da Palestina (FPLP), foi confirmado pela Comissão dos Assuntos dos Presos e ex-Presos.

Em declarações à agência Wafa, Hassan Abed Rabbo, porta-voz da comissão, disse que os presos decidiram avançar contra uma política que permite a Israel manter nas suas prisões, sem acusação ou julgamento, presos palestinianos por tempo indefinido, na medida em que o período de detenção, até seis meses, é infinitamente renovável.

Numa mensagem divulgada há alguns dias, os presos sublinharam que a luta contra o regime de detenção administrativa continua e denunciaram que as medidas tomadas pelas autoridades prisionais israelitas «já não se baseiam em obsessões de segurança, mas são actos de vingança devido ao seu passado».

Qadri Abu Baker, líder da Comissão dos Assuntos dos Presos e ex-Presos, disse à Wafa que, na próxima quinta-feira, mais 50 presos se devem juntar à greve de fome, para denunciar o regime de detenção administrativa a que são submetidos e a escalada por parte de Israel no que respeita a este procedimento.

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Israel decretou 1595 ordens de detenção administrativa contra palestinianos em 2021

O maior número de detenções administrativas – sem julgamento ou acusação – foi decretado em Maio, quando Israel lançou uma ofensiva de 11 dias contra a Faixa de Gaza.

Familiares e apoiantes de preso Hisham Abu Hawwash protestaram este domingo na localidade de Dura, a oeste de al-Khalil (Hebron), na Cisjordânia ocupada 
Créditos / PressTV

A Sociedade dos Presos Palestinianos (SPP) revelou, este domingo, que o número divulgado diz respeito tanto a novas ordens como à renovação de ordens já emitidas nos territórios ocupados, pelas autoridades israelitas.

No documento apresentado, o organismo lembra que política de detenção administrativa visa «esmagar os activistas políticos palestinianos» e se baseia num ficheiro secreto não acessível aos presos – nem sequer aos seus advogados –, que são mantidos na cadeia sem acusação ou julgamento, informa a WAFA.

O maior número de ordens de detenção administrativa foi emitido em Maio último, quando a Israel lançou uma ofensiva de 11 dias contra a Faixa de Gaza, explicou a organização de defesa dos presos, acrescentado que, ao longo do ano, 60 prisioneiros recorreram à greve de fome com o propósito de reconquistar a liberdade.

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Presos palestinianos continuam protesto contra a detenção administrativa

Uma comissão de apoio aos prisioneiros revelou que 13 palestinianos permaneciam em greve de fome nas cadeias, este domingo, contra o regime que permite mantê-los reclusos sem acusação ou julgamento.

Um grupos de palestinianos solidários com os seus compatriotas presos nas cadeias israelitas mostram-se numa prisão a fingir 
Créditos / WAFA

Num comunicado ontem emitido, a Comissão dos Assuntos dos Presos e ex-Presos Palestinianos informou que o prisioneiro Salem Ziadat, de 40 anos, é, dos 13 que continuavam o protesto, aquele que está em greve de fome há mais tempo, permanecendo em jejum há 28 dias contra a sua detenção administrativa, sem acusação ou julgamento, revelou a agência WAFA.

A Comissão informou ainda que o número de reclusos palestinianos em greve de fome até ontem era de 15, mas que Mohammad Khaled Abusill e Ahmad Abdulrahman Abusill tinham chegado a um acordo com o Serviço Prisional Israelita no que respeita à «limitação» da chamada detenção administrativa.

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Israel prendeu 5426 palestinianos na primeira metade do ano

Grupos de defesa dos presos apresentaram um relatório sobre o primeiro semestre de 2021. Nas cadeias israelitas, há actualmente 4850 palestinianos, 540 dos quais ao abrigo da «detenção administrativa».

Os palestinianos estão a ser detidos em aldeias e cidades dos territórios ocupados em 1948 por terem apoiado Gaza 
As forças israelitas prenderam mais palestinianos no primeiro semestre deste ano do que em todo o ano de 2020 Créditos / Middle East Monitor

Entre os palestinianos que se encontram nos cárceres de Israel, contam-se 43 mulheres e 225 menores, segundo o documento conjunto divulgado este fim-de-semana pela Comissão dos Assuntos dos Presos e ex-Presos Palestinianos, a Sociedade dos Presos Palestinianos, a Addameer e o Centro de Informação Wadi Hilweh.

Os organismos referidos precisaram que 12 presos são membros do Conselho Legislativo Palestiniano (Parlamento), 70 são provenientes dos territórios ocupados em 1948, 350 são originários de Jerusalém ocupada e 240 da Faixa de Gaza cercada.

O informe destaca a existência de 540 prisioneiros palestinianos em detenção administrativa, sem acusação formada ou julgamento, por períodos de seis meses indefinidamente renováveis.

Quase 5500 detidos em seis meses

No que respeita a detenções, os organismos de defesa dos presos revelaram que Israel prendeu 5426 palestinianos entre 1 de Janeiro e 30 de Junho deste ano – um número superior a todas as detenções efectuadas pelas forças israelitas em 2020 e registadas por estas organizações: 4636.

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Forças israelitas prenderam 230 menores palestinianos desde Janeiro

Por ocasião do Dia da Criança Palestiniana, que se assinala a 5 de Abril, a Comissão dos Assuntos dos Presos e ex-Presos Palestinianos revelou também que 140 menores permanecem em cadeias israelitas.

Um soldado israelita detém um rapaz palestiniano, juntamente com outros quatro, perto do posto avançado de Havot Maon, na Margem Ocidental ocupada, a 11 de Março de 2021 
Créditos / Anadolu

Os menores palestinianos, alguns dos quais crianças, continuam a ser alvo das forças militares israelitas, que os prendem, muitas vezes de forma violenta, nos territórios ocupados.

De acordo com um relatório publicado este domingo pela Sociedade dos Prisioneiros Palestinianos, pelo menos 230 foram detidos desde o início do ano, a maioria dos quais em Jerusalém Oriental ocupada.

O grupo de defesa dos direitos dos presos sublinhou que «as crianças encarceradas são submetidas a vários tipos de abusos, incluindo «a recusa de comida e de bebida por longas horas, abuso verbal e a detenção em condições duras».

O informe veio a lume na véspera do Dia da Criança Palestiniana, que se assinala a 5 de Abril, com actividades culturais, educativas e mediáticas que, refere a PressTV, visam reforçar a consciência sobre o sofrimento dos menores palestinianos.

Detenção administrativa e maus-tratos

Também no âmbito do Dia da Criança Palestiniana, a Comissão dos Assuntos dos Presos e ex-Presos Palestinianos revelou que 140 menores permanecem em cadeias israelitas, incluindo dois que se encontram presos ao abrigo do regime de detenção administrativa.

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A «viagem ao inferno» dos jovens palestinianos detidos por Israel

Uma comissão da ONU reafirmou denúncias expostas em vários relatórios sobre detenções de menores palestinianos por Israel – quase sempre presos de noite, algemados e vendados. É o início da «viagem ao inferno».

Um jovem palestiniano é preso na Cisjordânia, na sequência dos protestos contra a decisão norte-americana sobre Jerusalém
Créditos / palestinalibre.org

A instância, composta por especialistas independentes das Nações Unidas, expressou particular preocupação pela expansão dos colonatos e o aumento da violência dos colonos israelitas, em que se incluem ataques a crianças e às suas escolas.

Segundo se pode ler no portal oficial de notícias da ONU, na semana passada diversas organizações informaram a comissão sobre as operações nocturnas levadas a efeito pelas forças israelitas com o propósito de deter crianças e adolescentes na Cisjordânia ocupada, com «graves consequências para o seu bem-estar e gozo dos seus direitos».

«Mais de 300 crianças estão detidas no sistema militar israelita. A maioria por delitos menores, como atirar pedras e publicações nas redes sociais», assinala a comissão, que denuncia o facto de os menores serem «levados para locais desconhecidos, presos em viaturas militares e sujeitos a ameaças e abusos verbais», bem como o facto de, por vezes, serem «obrigados a assinar confissões em hebraico, uma língua que não costumam entender».

Estas preocupações reafirmam as que têm sido veiculadas, ao longo do tempo, por várias entidades, nomeadamente a Comissão dos Prisioneiros Palestinianos, órgão dependente da Autoridade Palestiniana que, em diversas ocasiões (também este ano), alertou para o facto de os menores serem torturados e sofrerem abusos nos cárceres israelitas, bem como para o facto de serem espancados, insultados e pressionados no momento da detenção.

No final de Março, um relatório publicado pelo Ministério palestiniano da Informação denunciava também esta realidade, afirmando que «95% das crianças palestinianas presas pelas autoridades israelitas foram torturadas durante a detenção».

De acordo com o relatório, até 2015 foram documentadas anualmente 700 detenções de menores palestinianos. Já em 2017, Israel prendeu 1467 crianças e adolescentes; 1063 no ano seguinte e, nos dois primeiros dois meses deste ano, 118. Entre 2000 e 2018, foram presos mais de 16 mil menores.

Uma «viagem sem fim ao inferno»

Numa peça intitulada «“Endless Trip to Hell”: Israel Jails Hundreds of Palestinian Boys a Year. These Are Their Testimonies», publicada em Março e plenamente actual, o periódico israelita Haaretz aborda esta realidade, em que as crianças, algumas com idades inferiores a 13 anos, «são detidas pela calada da noite, vendadas e algemadas, alvo de abusos e constrangidas» a confessar «crimes» que não cometeram.

A peça, que reúne testemunhos de sete jovens da Margem Ocidental ocupada com idades compreendidas entre os dez e os 15 anos, revela as diversas fases do processo de detenção, que começa nas operações nocturnas e passa pelo interrogatório, a prisão, o julgamento e a proposta de um acordo.

Na sua maioria, os jovens são presos por, alegadamente, terem atirado pedras ou queimado pneus, mas, como sublinha a advogada Farah Bayadsi o objectivo das detenções «é mais para mostrar controlo do que para aplicar a lei».

A experiência traumática é fundamentada por tudo aquilo por que as crianças passam durante uma detenção. Arrancadas de casa quando dormem, são algemadas e vendadas, levadas em veículos militares para colonatos e bases israelitas, passando por todo um processo que envolve intimidação, ameaças, agressões físicas, afastamento da família e pressão para «confessar».


O nível de brutalidade varia. Khaled Mahmoud Selvi, preso quando tinha 15 anos, foi levado para a prisão e despido (o que, de acordo com o jornal, ocorre em 55% dos casos), tendo sido obrigado a permanecer dez minutos nu, em pé, durante o Inverno.

De acordo com os dados recolhidos pela organização não governamental (ONG) British-Palestinian Military Court Watch, 97% dos jovens palestinianos detidos pelas forças militares israelitas (IDF) vivem em pequenas localidades a menos de dois quilómetros de um colonato.

O advogado Gerard Horton, da ONG referida, afirma que a ideia é «assustar toda a aldeia» e que se trata de um «instrumento eficaz» para controlar uma comunidade. Acrescenta que, do ponto de vista dos ocupantes e opressores, a pressão «tem de ser constante»: «Cada geração tem de sentir a mão pesada das IDF.»

A experiência é traumática. O pai de Khaled Shtaiwi, preso com 13 anos em Novembro do ano passado, contou ao periódico que criou na sua aldeia o «dia da psicologia», porque o seu filho não é capaz de falar sobre o que se passou e porque quer ajudar todas as crianças que foram presas pelos israelitas.

Em Beit Ummar, Omar Ayyash foi preso com dez anos de idade, em Dezembro último. Agora, as crianças que brincam nas ruas da aldeia afastam-se assim que se apercebem da aproximação de soldados israelitas. Tornou-se um hábito desde que as tropas levaram Omar.

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Por seu lado, a organização Defense for Children International – Palestine (DCIP) destacou que todos os anos entre 500 e 700 menores palestinianos são processados em tribunais militares israelitas e que 85% das crianças palestinianas detidas em 2020 foram «submetidas a violência física».

Num comunicado, a DCIP afirma ter documentado 27 casos em que as crianças foram mantidas na solitária um ou dois dias, alegando as forças israelitas «objectivos de investigação». Esta prática é, segundo o organismo, uma forma de «tortura ou tratamento cruel, desumano e degradante».

Desde Outubro de 2015, a DCIP registou a 36 ordens de detenção administrativa decretadas contra menores palestinianos, dois dos quais se mantêm nesse regime.

Ainda de acordo com o organismo sediado em Genebra, em 2020, as forças israelitas mataram nove menores palestinianos na Cisjordânia ocupada, incluindo Jerusalém Oriental, e na Faixa de Gaza, seis dos quais com fogo real.

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O relatório divulgado este fim-de-semana informa que, entre os palestinianos detidos pelas forças israelitas, se incluem 854 menores e 107 mulheres, tendo sido emitidas na primeira metade do ano 680 ordens de detenção administrativa, incluindo 312 novas.

No mês de Junho foram presos 615 palestinianos, revela o texto, destacando que Maio foi de longe o mês em que se registou um maior número de detenções na primeira metade deste ano.

Então, mês de massacre contra Gaza e de múltiplas provocações sionistas no Complexo da Mesquita de al-Aqsa e em Jerusalém Oriental ocupada, as forças israelitas prenderam 3100 palestinianos, incluindo 2000 nos territórios ocupados em 1948 (actual Estado de Israel) e 677 em Jerusalém Oriental ocupada, informa a WAFA.

Vários presos em greve de fome contra a detenção administrativa

De acordo com a Comissão dos Assuntos dos Presos e ex-Presos Palestinianos, há actualmente nove presos em greve de fome nos cárceres israelitas como forma de protesto contra o regime de detenção administrativa que lhes foi aplicado.

A Comissão pediu às instâncias internacionais e regionais de defesa dos direitos humanos que pressionem as autoridades israelitas no sentido de acabar com os maus-tratos aos presos em greve de fome, que passam também pela sua reclusão na solitária.

Os presos palestinianos recorrem com frequência a esta forma de luta contra um regime de detenção ilegal, cujo fim exigem.

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De acordo com os grupos de defesa dos direitos dos prisioneiros palestinianos, há actualmente quase 550 nos cárceres israelitas detidos ao abrigo deste regime, que tem merecido ampla condenação internacional e que permite a Israel manter nas suas prisões, sem acusação ou julgamento, presos palestinianos por tempo indefinido, na medida em que o período de detenção, até seis meses, é infinitamente renovável.

A detenção, que é decretada por um comandante militar, tem por base aquilo a que Israel chama «prova secreta» – e é tão «secreta» que nem o advogado do detido tem direito a vê-la.

Alguns prisioneiros palestinianos passaram mais de uma década nas cadeias israelitas ao abrigo deste regime de «detenção», que é considerado ilegal à luz do direito internacional.

Como forma de protesto contra as suas detenções ilegais e para exigir que Israel ponha fim a esta prática, os presos palestinianos recorrem com frequência a greves de fome por tempo indeterminado.

Apesar da pressão internacional e dos protestos dos prisioneiros, as autoridades israelitas não têm dado sinais de querer acabar com este regime. Pelo contrário, tanto a comissão referida como o Centro Palestiniano de Estudos sobre Prisioneiros têm dado conta de novas ordens de detenção administrativa e de múltiplas renovações.

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Na maior parte dos casos, estavam presos ao abrigo do regime de detenção administrativa, como Hisham Abu Hawwash, de 40 anos, habitante da localidade de Dura (Cisjordânia ocupada) que se mantém há 140 dias em greve de fome e está numa situação considerada muito crítica.

Nos últimos dias, as autoridades palestinianas alertaram para o estado de saúde crítico de Abu Hawwash, responsabilizaram Telavive por aquilo que lhe possa acontecer e pediram à comunidade internacional que pressione as autoridades israelitas para o libertarem.

Também a Cruz Vermelha se mostrou preocupada com o caso, sublinhando a necessidade de tratar os reclusos com humanidade e de encontrar uma solução que evite «consequências irreversíveis» para Hawwash.

De acordo com a SPP, este domingo cerca de 500 reclusos palestinianos presos em Israel ao abrigo do regime da detenção administrativa – criticado pela ONU – declararam o boicote aos tribunais israelitas, porque «sentem que os tribunais alinham sempre com o governo militar e as suas ordens, e não os tratam com imparcialidade».

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Cerca de 80% dos presos palestinianos neste regime são ex-presos que já passaram anos atrás das grades, revela a Wafa.

«Semearemos alegria, vida e esperança»

Em comunicado, emitido há dias, o Ramo Penitenciário da Frente Popular para a Libertação da Palestina afirmou que «estes 30 prisioneiros, juntos, passaram quase 200 anos em detenção administrativa. Duzentos anos de cativeiro sem acusação ou julgamento por capricho dos oficiais de inteligência da ocupação».

O texto, divulgado pela Samidoun (rede de solidariedade com os presos palestinianos), sublinha que se trata de uma «pena perpétua», uma vez que muitos presos são libertados durante alguns meses e são novamente detidos. «Temos um mês de liberdade por cada ano de detenção», afirmam.

Dizem que são «alimentados pela dignidade» e querem que as autoridades israelitas saibam que, mesmo que os torturem e lhes provoquem dor, «que a nossa luta continua, e que semearemos alegria, vida e esperança, e que nossa luta pela liberdade e pela humanidade livre de tormentos não vai parar».

Leila Khaled, membro do Comité Central da FPLP e símbolo da resistência palestiniana, anunciou uma greve de fome solidária com os presos, a quem saudou por estarem «na primeira linha do confronto a este inimigo criminoso fascista».

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De acordo com a Comissão dos Assuntos dos Presos e ex-Presos, dos cerca de 4600 palestinianos actualmente presos nas cadeias israelitas, mais de 760 são reclusos sem acusação ou julgamento, cuja detenção pode ser infinitamente renovada por períodos até seis meses.

A detenção, decretada por um comandante militar, tem por base aquilo a que Israel chama «prova secreta», que nem o advogado do detido tem direito a ver.

Após o início da greve de fome, Basil Mizher, outro advogado palestiniano detido sem acusação ou julgamento, viu ser-lhe renovada a detenção administrativa por mais três meses, no passado dia 28.

Numa mensagem que Mizher escreveu no início do protesto, lida pela sua mãe numa acção solidária no campo de refugiados de Dheisheh, em Belém, o preso diz que a sua profissão é a de advogado, mas que mal se lembra dela, pois quase não a conseguiu exercer desde que se formou – foi submetido a três detenções administrativas desde que passou no exame.

Em vez de ir trabalhar, foi para a prisão, lê-se no texto divulgado pela pela Samidoun (rede de solidariedade com os presos palestinianos).

«Ou nos submetemos à opressão e à privação e aceitamos o roubo perpétuo da nossa liberdade e da nossa vida à vista do mundo, ou nos revoltamos contra a injustiça e derrubamos os muros do carcereiro com todas as ferramentas que temos», escreveu Basil Mizher a propósito da greve de fome, que é a «recusa da política de subordinação e domesticação».

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Alguns prisioneiros palestinianos passaram mais de uma década nas cadeias israelitas ao abrigo deste sistema, e é comum os presos recorrerem a greves de fome por tempo indeterminado como forma de chamar a atenção para os seus casos e fazer pressão junto das autoridades israelitas para que os libertem.

Agora, a SPP revelou também que, dos 835 palestinianos actualmente presos ao abrigo deste regime, 80 são mulheres, indica a agência Wafa.

Além disso, a organização não governamental (ONG) informou que, ao longo de 2022, as autoridades israelitas emitiram 2134 ordens de detenção administrativa, 242 das quais em Novembro (o ano passado foram 1595).

6500 palestinianos presos por Israel este ano, 490 dos quais em Novembro

Desde o início de 2022 até ao fim de Novembro, as forças israelitas prenderam 6500 palestinianos, revelou a SPP, citada pela agência turca Anadolu. Entre os detidos, contavam-se 153 mulheres e 811 menores de idade acrescentou.

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Israel prendeu 5300 palestinianos desde o início do ano

As forças de ocupação israelitas detiveram 5300 palestinianos desde o princípio deste ano, incluindo 111 mulheres e 620 menores de idade, revelou esta segunda-feira uma organização não governamental.

Forças israelitas levam homem palestiniano detido (imagem de arquivo) 
Créditos / aa.com.tr

Em comunicado, a Sociedade dos Presos Palestinianos (SPP) afirmou que, com 2353 detenções registadas, Jerusalém Oriental ocupada se situa no primeiro lugar por regiões, e que Abril foi o mês com maior número de detenções (1228 casos), noticia a agência Wafa.

A SPP condenou os ataques e raides israelitas contra cidades, aldeias e campos de refugiados na Cisjordânia ocupada para prender activistas, referindo que muitos palestinianos foram mortos, nesse processo, pelas balas do Exército.

Neste contexto, o número de execuções extrajudiciais no terreno, em 2022, é mais elevado por comparação com anos anteriores, alertou a SPP, que também questionou os bloqueios militares a localidades e campos de refugiados palestinianos, classificando-os como uma punição colectiva.

Dados da SPP sobre dentenções de palestinianos em 2022. (Clicar na imagem para a ampliar) / Wafa 

No que respeita às detenções administrativas, a organização afirmou que este ano, até à data, foram emitidas 1160. Só no mês de Agosto, foram decretadas 272, pelo que, no final de Setembro, havia cerca de 800 palestinianos nas prisões israelitas detidos sem acusação ou julgamento.

Ao abrigo deste regime, os períodos de detenção podem ser infinitamente renovados por períodos até seis meses.

A detenção, decretada por um comandante militar, tem por base aquilo a que Israel chama «prova secreta», que nem o advogado do detido tem direito a ver.

De forma reiterada, os presos palestinianos detidos sob este regime iniciam greves de fome para denunciar os seus casos e a política de detenção administrativa, exigindo a sua libertação.

Diversas instâncias das Nações Unidas têm denunciado repetidamente este regime israelita de detenção, na medida em que não faculta aos detidos palestinianos as «salvaguardas jurídicas básicas» e violam o direito internacional humanitário.

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Só no mês de Novembro, foram detidos 490 palestinianos, incluindo 76 menores e 12 mulheres, informaram, num relatório conjunto, a SPP, a Addameer, o Centro de Informação Wadi Hilweh e a Comissão dos Assuntos dos Presos e Ex-Presos Palestinianos.

No relatório mensal a que o Middle East Monitor faz referência, as quatro organizações de defesa dos direitos presos afirmaram que, no mês passado, o maior número de detenções ocorreu em Hebron (al-Khalil; 135 casos), seguida por Jerusalém (123), Ramallah (52), Jenin e Nablus.

De acordo com os grupos, há actualmente nas cadeias israelitas cerca de 4700 palestinianos presos, incluindo 34 mulheres e 150 menores.

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«A ocupação israelita e a sua administração prisional levaram a cabo o assassinato deliberado do preso Khader Adnan ao rejeitar o seu pedido de libertação, ao negligenciá-lo medicamente e ao mantê-lo na sua cela apesar da gravidade do seu estado de saúde», afirmou Shtayyeh em comunicado.

Várias facções palestinianas pronunciaram-se no mesmo sentido, responsabilizando Israel pela morte de Khader Adnan e sublinhando o crime «premeditado e a sangue-frio».

Por seu lado, o Ministério palestiniano dos Negócios Estrangeiros pediu uma investigação internacional sobre a morte do prisioneiro e instou o Tribunal Penal Internacional a incluir este caso no processo relativo aos crimes de guerra cometidos por Israel contra o povo palestiniano nos territórios ocupados.

Para denunciar «o crime que levou à morte» de Khader Adnan numa prisão israelita, foi declarada, esta terça-feira, uma greve geral que «afecta todos os aspectos da vida», tanto na Faixa de Gaza cercada como na Margem Ocidental ocupada, incluindo Jerusalém Oriental, indica a Wafa.

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Em relatórios anteriores, a SPP lembrou que esta política visa «esmagar os activistas políticos palestinianos» e se baseia num ficheiro secreto não acessível aos presos – nem sequer aos seus advogados.

Alguns prisioneiros palestinianos passaram mais de uma década nas cadeias israelitas ao abrigo deste sistema, e é comum os presos recorrerem a greves de fome por tempo indeterminado como forma de chamar a atenção para os seus casos e fazer pressão junto das autoridades israelitas para que os libertem.

A 2 de Maio último, Khader Adnan, de 44 anos, morreu na cadeia, quase três meses depois de ter iniciado uma greve de fome contra a sua detenção sem acusação ou julgamento.

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Num comunicado de imprensa, que a Wafa cita, a Comissão exigiu «acção real e tangível, no sentido de formar um comité internacional de direitos humanos que vá imediatamente às prisões da ocupação israelita, analise o crime [de detenção administrativa] em todos os seus detalhes e observe de perto o sofrimento dos detidos administrativos, que estão presos sem quaisquer acusações ou julgamentos, e vivem à mercê dos chamados oficiais dos serviços de inteligência israelitas».

«Os abusos imorais e desumanos associados à utilização desta política pela potência ocupante violam todos os princípios do direito internacional e da humanidade, e estão em contradição real com os teóricos da democracia e aqueles que afirmam ser democráticos em todo o mundo, especialmente na América e na Europa», acrescenta a nota.

De acordo com os dados divulgados em Junho último pela organização israelita de defesa dos direitos B'Tselem, em Março deste ano, Israel mantinha nas suas prisões 1017 pessoas em regime de detenção administrativa.

É preciso recuar duas décadas, até Abril de 2003, para encontrar um número mais elevado de detidos administrativos nas prisões israelitas – 1140 –, referiu a organização.

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«De acordo com a lei militar que se aplica na Cisjordânia, uma pessoa pode ser detida administrativamente durante seis meses, mas a ordem pode ser renovada, pelo que a reclusão na prática é indefinida e os detidos nunca sabem quando serão libertados», alertou a B'Tselem, outra organização israelita de defesa dos direitos humanos nos territórios ocupados.

De forma sistemática, presos administrativos entram em greve de fome por tempo indeterminado para chamar a atenção para os seus casos e forçar a sua libertação.

Em meados de Agosto, a Comissão dos Assuntos dos Presos e ex-Presos pediu à chamada comunidade internacional que quebre o silêncio em torno do «crime israelita da detenção administrativa».

Num comunicado de imprensa, divulgado pela Wafa, a Comissão exigiu «acção real e tangível, no sentido de formar um comité internacional de direitos humanos que vá imediatamente às prisões da ocupação israelita, analise o crime [de detenção administrativa] em todos os seus detalhes e observe de perto o sofrimento dos detidos administrativos, que estão presos sem quaisquer acusações ou julgamentos, e vivem à mercê dos chamados oficiais dos serviços de inteligência israelitas».

«Os abusos imorais e desumanos associados à utilização desta política pela potência ocupante violam todos os princípios do direito internacional e da humanidade, e estão em contradição real com os teóricos da democracia e aqueles que afirmam ser democráticos em todo o mundo, especialmente na América e na Europa», afirmou o organismo.

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Desde 28 de Setembro de 2000 até à data, refere a Comissão, foram detidas mais de 2600 raparigas e mulheres, incluindo quatro que deram à luz na cadeia.

32 mil ordens de detenção administrativa

No mesmo período, foram emitidas 32 mil ordens de detenção administrativa, a que Israel recorre para manter reclusos nas cadeias sem acusação nem julgamento, com base numa «prova secreta» que nem o advogado do detido pode ver.

A Comissão registou um aumento «assinalável» no recurso a este regime, amplamente condenado a nível internacional, contra o qual os presos palestinianos protestam, de forma reiterada, entrando em greve de fome por tempo indeterminado, para exigir a sua libertação e o fim da aplicação da política de detenção referida.

«De acordo com a lei militar que se aplica na Cisjordânia, uma pessoa pode ser detida administrativamente durante seis meses, mas a ordem pode ser renovada, pelo que a reclusão na prática é indefinida e os detidos nunca sabem quando serão libertados», alertou recentemente a B'Tselem, uma organização israelita de defesa dos direitos humanos nos territórios ocupados.

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A «viagem ao inferno» dos jovens palestinianos detidos por Israel

Uma comissão da ONU reafirmou denúncias expostas em vários relatórios sobre detenções de menores palestinianos por Israel – quase sempre presos de noite, algemados e vendados. É o início da «viagem ao inferno».

Um jovem palestiniano é preso na Cisjordânia, na sequência dos protestos contra a decisão norte-americana sobre Jerusalém
Créditos / palestinalibre.org

A instância, composta por especialistas independentes das Nações Unidas, expressou particular preocupação pela expansão dos colonatos e o aumento da violência dos colonos israelitas, em que se incluem ataques a crianças e às suas escolas.

Segundo se pode ler no portal oficial de notícias da ONU, na semana passada diversas organizações informaram a comissão sobre as operações nocturnas levadas a efeito pelas forças israelitas com o propósito de deter crianças e adolescentes na Cisjordânia ocupada, com «graves consequências para o seu bem-estar e gozo dos seus direitos».

«Mais de 300 crianças estão detidas no sistema militar israelita. A maioria por delitos menores, como atirar pedras e publicações nas redes sociais», assinala a comissão, que denuncia o facto de os menores serem «levados para locais desconhecidos, presos em viaturas militares e sujeitos a ameaças e abusos verbais», bem como o facto de, por vezes, serem «obrigados a assinar confissões em hebraico, uma língua que não costumam entender».

Estas preocupações reafirmam as que têm sido veiculadas, ao longo do tempo, por várias entidades, nomeadamente a Comissão dos Prisioneiros Palestinianos, órgão dependente da Autoridade Palestiniana que, em diversas ocasiões (também este ano), alertou para o facto de os menores serem torturados e sofrerem abusos nos cárceres israelitas, bem como para o facto de serem espancados, insultados e pressionados no momento da detenção.

No final de Março, um relatório publicado pelo Ministério palestiniano da Informação denunciava também esta realidade, afirmando que «95% das crianças palestinianas presas pelas autoridades israelitas foram torturadas durante a detenção».

De acordo com o relatório, até 2015 foram documentadas anualmente 700 detenções de menores palestinianos. Já em 2017, Israel prendeu 1467 crianças e adolescentes; 1063 no ano seguinte e, nos dois primeiros dois meses deste ano, 118. Entre 2000 e 2018, foram presos mais de 16 mil menores.

Uma «viagem sem fim ao inferno»

Numa peça intitulada «“Endless Trip to Hell”: Israel Jails Hundreds of Palestinian Boys a Year. These Are Their Testimonies», publicada em Março e plenamente actual, o periódico israelita Haaretz aborda esta realidade, em que as crianças, algumas com idades inferiores a 13 anos, «são detidas pela calada da noite, vendadas e algemadas, alvo de abusos e constrangidas» a confessar «crimes» que não cometeram.

A peça, que reúne testemunhos de sete jovens da Margem Ocidental ocupada com idades compreendidas entre os dez e os 15 anos, revela as diversas fases do processo de detenção, que começa nas operações nocturnas e passa pelo interrogatório, a prisão, o julgamento e a proposta de um acordo.

Na sua maioria, os jovens são presos por, alegadamente, terem atirado pedras ou queimado pneus, mas, como sublinha a advogada Farah Bayadsi o objectivo das detenções «é mais para mostrar controlo do que para aplicar a lei».

A experiência traumática é fundamentada por tudo aquilo por que as crianças passam durante uma detenção. Arrancadas de casa quando dormem, são algemadas e vendadas, levadas em veículos militares para colonatos e bases israelitas, passando por todo um processo que envolve intimidação, ameaças, agressões físicas, afastamento da família e pressão para «confessar».


O nível de brutalidade varia. Khaled Mahmoud Selvi, preso quando tinha 15 anos, foi levado para a prisão e despido (o que, de acordo com o jornal, ocorre em 55% dos casos), tendo sido obrigado a permanecer dez minutos nu, em pé, durante o Inverno.

De acordo com os dados recolhidos pela organização não governamental (ONG) British-Palestinian Military Court Watch, 97% dos jovens palestinianos detidos pelas forças militares israelitas (IDF) vivem em pequenas localidades a menos de dois quilómetros de um colonato.

O advogado Gerard Horton, da ONG referida, afirma que a ideia é «assustar toda a aldeia» e que se trata de um «instrumento eficaz» para controlar uma comunidade. Acrescenta que, do ponto de vista dos ocupantes e opressores, a pressão «tem de ser constante»: «Cada geração tem de sentir a mão pesada das IDF.»

A experiência é traumática. O pai de Khaled Shtaiwi, preso com 13 anos em Novembro do ano passado, contou ao periódico que criou na sua aldeia o «dia da psicologia», porque o seu filho não é capaz de falar sobre o que se passou e porque quer ajudar todas as crianças que foram presas pelos israelitas.

Em Beit Ummar, Omar Ayyash foi preso com dez anos de idade, em Dezembro último. Agora, as crianças que brincam nas ruas da aldeia afastam-se assim que se apercebem da aproximação de soldados israelitas. Tornou-se um hábito desde que as tropas levaram Omar.

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Incitação racista, tortura, execuções lentas

No relatório agora publicado, a Comissão dos Assuntos dos Presos e ex-Presos Palestinianos refere-se ainda ao recurso à tortura nos cárceres israelitas, bem como aos assassinatos e às «execuções lentas» por falta de cuidados médicos.

Denuncia igualmente a «escalada de casos de opressão, abuso e incitação racista» contra os presos palestinianos.

De acordo com o organismo, estão actualmente detidos em cadeias israelitas, nos territórios ocupados em 1948, cerca de 5200 palestinianos. Destes, 38 são mulheres e 170 são menores de idade.

Há ainda mais de 1250 presos palestinianos em regime de detenção administrativa e 700 reclusos doentes, 24 dos quais com enfermidades oncológicas.

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Num comunicado posterior, as Brigadas al-Qassam afirmaram ter capturado «mais de 35 soldados e civis israelitas do colonato sionista de Sderot».

A operação desta manhã apanhou de surpresa o Exército da ocupação, o que está a valer múltiplas críticas ao governo de Netanyahu, em Israel.

Entretanto, foi declarado o «estado de preparação para a guerra» entre as forças militares israelitas, e o ministro da Defesa, que aprovou o recrutamento de soldados na reserva, declarou o estado de emergência numa faixa de 80 quilómetros em redor da Faixa de Gaza.

A agência Wafa já deu conta de bombardeamentos israelitas contra o enclave costeiro nas últimas horas, dos quais resultaram vários mortos.

A mesma fonte refere que o Ministério palestiniano da Saúde colocou todas as unidades hospitalares do país em situação de emergência.

Bombardeamentos israelitas sobre Gaza provocam elevado número de vítimas

De acordo com as autoridades de saúde no enclave costeiro, pelo menos 198 pessoas morreram e mais de 1600 ficaram feridas (muitas das quais em estado grave) como consequência dos bombardeamentos israelitas contra a Faixa e Gaza ao longo do dia, refere a Wafa, em retaliação contra o ataque da resistência palestiniana, esta manhã.

Por seu lado, a agência Prensa Latina refere-se à morte de uma centena de israelitas e cerca de 900 feridos, no contexto da operação de grande escala da resistência palestiniana, que ocupou diversas localidades e bases militares da ocupação próximas do enclave cercado.

Entretanto, a Wafa dá conta de vários ataques da parte de colonos e forças israelitas contra diversas localidades e bairros palestinianos na Cisjordânia e Jerusalém ocupadas, dos quais resultaram pelo menos um morto e um número indeterminado de feridos.

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Israel retaliou com a «Operação Espadas de Ferro», com ataques aéreos sobre a Faixa de Gaza sitiada e, de acordo com a última contagem do Ministério da Saúde palestiniano, 313 habitantes de Gaza morreram na ofensiva, incluindo 20 crianças, enquanto outros 1990 palestinianos ficaram feridos no enclave. Do lado israelita, foram confirmadas até à manhã de hoje cerca de 300 pessoas mortas e 1864 feridas, das quais 19 estão em estado crítico, 326 em estado grave e as restantes em estado moderado ou ligeiro. 

No ano em que se assinalam os 75 anos da Nakba (catástrofe), «mais de cinco décadas depois de Israel ocupar militarmente a totalidade do território da Palestina histórica», o MPPM lembra que a campanha de limpeza étnica que acompanhou a formação de Israel se prolonga até hoje. «Em Gaza, de onde partiu esta acção, vivem cerca de 2,2 milhões de pessoas, descendentes dessas sucessivas vagas de limpeza étnica», alerta o movimento.

Apesar de as Nações Unidas o considerarem «impróprio para sustentar a vida humana», desde 2006 que o Estado israelita impõe um «bloqueio criminoso» sobre aquele território.

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Israel «branqueia crimes» das suas forças na Grande Marcha do Retorno

Uma ONG palestiniana e outra israelita acusam Israel de ter trabalhado para «branquear a verdade» sobre os crimes cometidos pelas suas tropas durante os protestos da Grande Marcha do Retorno, em Gaza.

Manifestantes palestinianos junto à vedação com que Israel cerca a Faixa de Gaza fazem frente a uma chuva de gás lacrimogéneo disparado pelas forças israelitas, durante os protestos da Grande Marcha do Retorno 
Créditos / WAFA

Num relatório conjunto, o Centro Palestiniano para os Direitos Humanos (PCHR), sediado em Gaza, e a organização israelita B'Tselem analisam as investigações que Israel diz ter levado a cabo na sequência da repressão exercida pelas forças israelitas sobre os manifestantes que, na Faixa de Gaza, reclamaram o direito de regresso dos refugiados a suas casas.

Os protestos conhecidos como Grande Marcha do Retorno começaram a 30 de Março de 2018 e prolongaram-se por mais de um ano e meio. Pelo menos 200 palestinianos foram mortos e 13 500 ficaram feridos – seguindo os números por baixo, uma vez que outras fontes apontam para mais de 300 mortos e cerca de 18 mil feridos, várias dezenas dos quais menores.

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Centenas de palestinianos enfrentam forças de segurança israelitas em Gaza

O vento e a chuva forte que se abateram esta semana sobre Gaza não impediram centenas de manifestantes de participarem, na sexta-feira, na última manifestação de 2019 da Grande Marcha do Retorno.

Manifestantes palestinianos participam num protesto na sexta-feira perto da fronteira entre Israel e a Palestina (Faixa de Gaza), no leste da Faixa de Gaza, em 5 de Abril de 2019.
CréditosMohammed Saber

Dezenas de palestinianos foram feridos esta sexta-feira pelas forças israelitas na Faixa de Gaza, quando participavam na 86.ª manifestação da Grande Marcha do Retorno, perto da vedação com que Israel isola o território palestino, segundo o Movimento pelos Direitos do Povo Palestino e pela Paz no Médio Oriente (MPPM).

Vários dos participantes nas manifestações, segundo o MPPM, foram feridos por balas reais e revestidas de borracha, enquanto dezenas de outros sofreram de asfixia por efeito do gás lacrimogéneo disparado pelas forças de ocupação.

Centenas de manifestantes participaram nos protestos apesar das adversas condições climatéricas. A Faixa de Gaza tem sido batida por vento e chuva forte na última semana, com as inundações a porem em risco cerca de 235 mil pessoas nas áreas mais baixas da Faixa de Gaza, segundo um relatório do Gabinete das Nações Unidas para a Coordenação dos Assuntos Humanitários (OCHA) no território palestiniano ocupado.

A 30 de Março os palestinianos comemoram o Dia da Terra. Nesse dia, em 1976, no Norte de Israel, foram assassinados seis palestinianos que protestavam contra a expropriação de terras para dar lugar a aldeamentos judaicos. Cerca de 100 outras pessoas ficaram feridas e centenas foram presas durante a greve geral e as grandes manifestações de protesto que, no mesmo dia, ocorreram no território do Estado de Israel.

A 30 de Março de 2018 a comemoração atingiu uma dimensão inusitada, ao tornar a celebração deste dia como o primeiro de uma «Grande Marcha do Retorno», uma reclamação do direito de regresso dos refugiados aos seus lares – tal como prescreve a resolução 194 das Nações Unidas – à Palestina histórica, de onde mais de 700 mil pessoas foram expulsas pelas tropas israelitas em 1948, durante a chamada «catástrofe» («Nakba», em árabe).

Desde então o protesto repete-se semanalmente, violentamente reprimido pelas forças israelitas, incluindo com o recurso a snipers e fogo real directo. Como resultado, pelo menos 348 palestinos foram mortos em Gaza por fogo israelita desde o início das marchas, a maioria deles durante as manifestações, segundo uma contagem da AFP citada pelo MPPM.

Para além disso, o Ministério da Saúde de Gaza regista mais de 18 mil feridos pelas forças repressivas sionistas. Entre as baixas contam-se crianças, mulheres, muitos adolescentes, jornalistas e trabalhadores dos serviços de saúde que tentam socorrer os manifestantes.

Em Março, uma missão de averiguação da ONU concluiu que as forças israelitas cometeram violações de direitos humanos na repressão dos manifestantes em Gaza, o que pode constituir crimes de guerra.

Os organizadores da Grande Marcha do Retorno anunciaram nesta quinta-feira que os protestos seriam suspensos até Março de 2020, altura em que serão retomados, coincidindo com o seu segundo aniversário e também com o Dia da Terra palestina (30 de Março). A partir daí realizar-se-ão a um ritmo mensal.

Além do bloqueio a que sujeita a Faixa de Gaza, na última década Israel lançou três guerras de agressão contra o pequeno território palestino e dezenas de ataques de escala mais limitada, matando milhares de pessoas e causando enormes destruições de casas e infra-estruturas.

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As duas organizações não governamentais (ONG) acusam Israel de proteger os responsáveis políticos e militares, «em vez de tomar medidas contra as pessoas que conceberam e implementaram a política ilegal de atirar a matar».

Israel foi célere a anunciar que estava a investigar os protestos, sobretudo devido aos procedimentos em curso no Tribunal Penal Internacional (TPI), afirmaram as organizações numa conferência de imprensa, a que a agência WAFA faz referência.

Isso deve-se ao princípio da complementaridade do TPI, ou seja, se um Estado «estiver disposto e tiver capacidade» para realizar a investigação e a efectuar, o TPI não intervém.

No entanto, não basta declarar que uma investigação está a ser feita; ela tem de ser eficaz, dirigida às altas patentes responsáveis e conduzir a uma acção contra elas, sublinham, acrescentando que isso não ocorre neste caso.

«Uma cortina de fumo para proteger os funcionários responsáveis»

«As investigações conduzidas por Israel não são mais do que uma cortina de fumo erguida para proteger do TPI os funcionários responsáveis. Israel não quer e não consegue investigar as violações de direitos humanos perpetradas pelas suas forças durante os protestos da Grande Marcha de Retorno na Faixa de Gaza. Tendo isto em conta, cabe agora ao TPI garantir a responsabilização penal», disseram as duas organizações.

«Estas investigações – tal como as levadas a cabo pelo sistema de aplicação da lei militar noutros casos em que soldados causaram danos aos palestinianos – fazem parte do mecanismo de branqueamento de Israel, e o seu principal objectivo continua a ser silenciar as críticas externas, para que Israel possa continuar a implementar sua política sem mudanças», lê-se no portal da B'Tselem.

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EUA mudam embaixada para Jerusalém e Israel massacra manifestantes em Gaza

A mudança da embaixada norte-americana de Telavive para Jerusalém fica associada a um «Dia de Raiva» na Palestina. Na Faixa de Gaza cercada, os franco-atiradores israelitas massacram os manifestantes.

Forças militares israelitas reprimem de forma brutal protestos da Grande Marcha do Retorno em Gaza
Créditos / trtworld.com

Quando o presidente norte-americano, Donald Trump, anunciou o reconhecimento de Jerusalém como capital de Israel e a intenção de mudar a Embaixada do seu país de Telavive para essa cidade, ficou claro que tal passo constituía uma declaração de apoio ao Estado de Israel e à sua política de ocupação e repressão na Palestina, nomeadamente em Jerusalém.

Várias organizações têm denunciado o número crescente de ameaças em locais religiosos não-judaicos, na cidade, bem como a intensificação do plano de «judaização» de Jerusalém Oriental, com o aumento da construção de colonatos e a expulsão da população palestiniana de suas casas, que são muitas vezes demolidas.

Declarada por Israel como sua capital, Jerusalém tem o estatuto, reconhecido pelas Nações Unidas, de cidade ocupada, sendo Israel a potência ocupante (desde 1967). Os palestinianos querem-na como sua capital e quem apoia a solução dos «dois estados» reconhece que o Estado da Palestina tem em Jerusalém Oriental a sua capital.

Repúdio geral

Logo em Dezembro, foi generalizado o repúdio internacional pela decisão da administração norte-americana e, a 21 desse mês, materializou-se na aprovação, por esmagadora maioria, na Assembleia Geral das Nações Unidas, de uma resolução que rejeita essa decisão e insta todos os estados-membros a não estabelecerem missões diplomáticas em Jerusalém, de acordo com a resolução 478 do Conselho de Segurança, de 1980.

Esse repúdio face ao reconhecimento de Jerusalém como capital de Israel também se fez sentir no interior de Israel, onde académicos, antigos embaixadores e defensores da paz enviaram uma carta a um representante de Trump, seguntou reportou o periódico Haaretz.

Antecipação da mudança

Inicialmente, não ficou explícito que a concretização da mudança da Embaixada dos EUA para Jerusalém estaria associada ao 70.º aniversário da criação do Estado de Israel, que hoje se assinala, e que teria lugar na véspera da Nakba – a limpeza étnica levada a cabo pelas forças sionistas e pelo Estado de Israel, em que mais de 750 mil palestinianos foram expulsos das suas casas e terras –, uma «catástrofe» que todos os anos os palestinianos marcam a 15 de Maio.

Na visita que efectuou em Janeiro a Israel, o vice-presidente dos EUA, Mike Pence, afirmou que essa mudança deveria ocorrer no final de 2019. No entanto, a 23 de Fevereiro, o Departamento de Estado anunciou a antecipação da mudança para 14 de Maio, o que foi encarado pelos palestinianos como mais uma acção de «provocação».

Franco-atiradores israelitas matam dezenas em Gaza

Em protesto contra a mudança da Embaixada dos EUA para Jerusalém, os palestinianos chamaram «Dia de Raiva» a este 14 de Maio. Nos territórios ocupados da Cisjordância, há notícia de mobilizações pelo menos em Ramallah e Hebron. Mas a grande mobilização está a ter lugar na Faixa de Gaza cercada, junto às vedações que enclausuram perto de 2 milhões de palestinianos – 80% dos quais são descendentes de refugiados – no pequeno enclave.

De acordo com a PressTV, as forças militares israelitas, que reforçaram a sua presença tanto em redor de Gaza como na Margem Ocidental ocupada –, esperavam que 100 mil pessoas se manifestassem nos pontos habituais, hoje, dia da mudança da Embaixada norte-americana para Jerusalém.

«os palestinianos querem mandar a mensagem de que não se adaptaram nem se vão adaptar à condição de refugiados»

Sobre o culminar dos protestos pacíficos da Grande Marcha do Retorno, que se iniciaram a 30 de Março, o ministro israelita da Educação, Naftali Bennet, do partido de extrema-direita Lar Judaico, disse a uma rádio israelita que a vedação seria encarada como uma «Muralha de Ferro» e que quem se aproximasse dela seria tratado como um «terrorista», refere a PressTV.

A mesma fonte indica ainda que a Força Aérea israelita lançou panfletos sobre a Faixa de Gaza, ontem e hoje, para demover os manifestantes de se aproximarem da vedação, mas sem sucesso, já que estes, segundo refere a Al Jazeera, têm estado a tentar atravessá-la, «defendendo o seu direito ao regresso, ao retorno, aconteça o que acontecer».

Um membro do comité organizador da Grande Marcha do Retorno disse à Al Jazeera que, ao tentarem atravessar a vedação, «os palestinianos querem mandar a mensagem de que não se adaptaram nem se vão adaptar à condição de refugiados».

Os franco-atiradores responderam de forma brutal, matando mais de quatro dezenas de pessoas que se manifestavam perto da vedação e ferindo perto de 2000, até ao momento.

De acordo com a organização, os protestos de hoje e os que estão previstos para amanhã – dia da Nakba – devem ser os mais massivos, sendo o ponto culminante das sete semanas de mobilizações, fortemente reprimidas pelas forças israelitas, junto à vedação com a Faixa de Gaza.

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Apesar dos milhares de feridos palestinianos resultantes da política de «atirar a matar» e de mais de centena e meia ter ficado sem membros inferiores ou superiores – as tropas israelitas usaram balas explosivas, as chamadas butterfly bullets, que se expandem no contacto com o corpo, provocando danos severos nos tecidos, nos ossos, nas veias –, nenhum destes casos foi investigado.

Sem explicação, os militares decidiram investigar apenas os casos em que palestinianos foram mortos. Dos 234 casos recebidos pelos procuradores do Exército, foi completa a revisão de 143 e um deles, o da morte do adolescente Othman Hiles, de 14 anos, levou à condenação de um soldado por «abuso de autoridade ao ponto de pôr em risco a vida e a saúde». Foi condenado a um mês de serviço comunitário.

No seu portal, a B'Tselem sublinha que «a conduta de Israel respeitante à investigação dos protestos em Gaza não é nova nem surpreendente», e recorda o que se passou depois da Operação Chumbo Fundido, em 2009, e da Operação Margem Protectora, em 2014.

«Então, também, Israel desrespeitou o direito internacional, recusou-se a reformar a sua política apesar dos resultados letais e desviou as críticas prometendo investigar a sua conduta. Então, também, nada resultou dessa promessa», afirma.

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Por outro lado, entre Março de 2018 e Dezembro de 2019, uma série de manifestações pacíficas designadas Grande Marcha do Retorno foram brutalmente reprimidas pelo exército de Israel, contabilizando-se 223 mortos e mais de nove mil feridos, sob o silêncio da comunidade internacional.

«Os assaltos das forças de ocupação israelita às povoações e campos de refugiados palestinos, assim como a violência dos colonos e as prisões arbitrárias são o quotidiano com que os palestinos, homens e mulheres, jovens e menos jovens diariamente se confrontam», lembra o MPPM, salientando que, até este sábado, pelo menos 247 palestinianos, sobretudo jovens, foram mortos pelas forças israelitas e por colonos.

Neste sentido, insiste que a paz no Médio Oriente e a solução da questão palestiniana «passam necessariamente por um desenlace que respeite os direitos inalienáveis» do povo palestiniano a uma pátria livre e independente, incluindo o direito de regresso dos refugiados.

Sobre os que condenam a resistência 

O MPPM rejeita os «lamentos» daqueles que «hipocritamente condenam as acções violentas de resistência dos oprimidos e se calam desde há décadas (ou pior, colaboram) perante a violência da ocupação», e entre os quais se encontra o Governo português. «Israel tem o direito de se defender. Estes ataques nada resolverão, contribuindo apenas para piorar a situação na região. Estamos solidários com Israel e oferecemos condolências pelas vítimas.», disse o ministro João Gomes Cravinho, este sábado, na rede social X. 

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Palestina pede à ONU protecção especial para as crianças

O governo palestiniano denunciou junto da ONU o assassinato de 44 menores, este ano, por soldados israelitas. Neste contexto, reclamou protecção para a infância e a responsabilização de Telavive.

De acordo com o Ministério palestiniano da Informação, 12 mil crianças foram detidas pelos israelitas nos últimos 17 anos
Jovem palestiniano é detido pelas forças israelitas (imagem de arquivo) Créditos / addameer.org

Numa carta enviada esta segunda-feira ao secretário-geral da Organização das Nações Unidas, António Guterres, o Ministério palestiniano dos Negócios Estrangeiros pediu protecção especial urgente para as crianças palestinianas, informa a agência Wafa.

Mahmoud Samoudi, de 12 anos, foi, ontem, a vítima mortal mais recente das forças israelitas, não resistindo aos ferimentos quase duas semanas depois de ter sido atingido por uma bala no abdómen, durante uma operação militar na cidade de Jenin (Norte da Cisjordânia ocupada).

Só nos últimos dias, «Israel, a potência ocupante, matou cinco crianças e jovens palestinianos, incluindo Adel Adel Daud (14 anos), Mahdi Ladadwa (17), Mahmoud Sous (17), Fayez Khaled Damdoum (17) e Ahmad Draghmeh (19)», indica o texto das autoridades palestinianas.

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Desde 2014 que não eram mortas tantas crianças palestinianas

Até 10 de Dezembro, 86 crianças foram mortas nos territórios ocupados da Palestina, fazendo de 2021 o ano mais mortífero para elas desde 2014, segundo os registos de uma organização não governamental.

Créditos / aawasat.com

As forças israelitas mataram 76 crianças palestinianas este ano – 61 na Faixa de Gaza cercada e 15 na Cisjordânia ocupada, incluindo Jerusalém Oriental. Civis israelitas armados mataram duas crianças palestinianas na Cisjordânia, revela o relatório agora publicado pela Defense for Children International – Palestine (DCIP).

A estas 78 crianças juntam-se sete que foram mortas por foguetes disparados incorrectamente por grupos armados palestinianos na Faixa de Gaza, e uma outra que foi morta por uma munição não detonada, cujas origens a ONG não conseguiu determinar.

«Nos termos do direito internacional, a força letal intencional só se justifica em circunstâncias em que esteja presente uma ameaça directa à vida ou de ferimentos graves. No entanto, investigações e provas recolhidas pelo DCIP sugerem que as forças israelitas utilizam regularmente força letal contra crianças palestinianas em circunstâncias que podem equivaler a execuções extrajudiciais ou intencionais», lê-se relatório, traduzido pelo Movimento pelos Direitos do Povo Palestino e pela Paz no Médio Oriente – MPPM.

Quadro detalhado sobre as crianças mortas nos territórios ocupados da Palestina de 1 de Janeiro a 10 de Dezembro de 2021 / DCIP

Durante os 11 dias do ataque militar israelita à Faixa de Gaza, em Maio de 2021, naquilo que ficou conhecido como Operação Guardião dos Muros, as forças israelitas mataram 60 crianças palestinianas, segundo os dados recolhidos pela DCIP.

«Aviões de guerra israelitas e drones armados bombardearam áreas civis densamente povoadas, matando crianças palestinianas que dormiam nas suas camas, brincavam nos seus bairros, faziam compras nas lojas perto das suas casas e celebravam o Eid al-Fitr [festa no fim do Ramadão] com as suas famílias», disse Ayed Abu Eqtaish, director do programa de responsabilização da DCIP.

«A falta de vontade política da comunidade internacional para responsabilizar os funcionários israelitas garante que os soldados israelitas continuarão a matar ilegalmente crianças palestinianas com impunidade», acrescentou.

A DCIP lembra que o direito humanitário internacional proíbe ataques indiscriminados e desproporcionados, e exige que todas as partes num conflito armado façam a distinção entre alvos militares, civis e objectos civis.

O pico mais recente de assassinatos de crianças ocorrera em 2018, quando forças israelitas e colonos mataram crianças palestinianas a um ritmo médio superior a uma por semana (57). A maioria dessas mortes ocorreu durante os protestos da Marcha do Retorno, na Faixa de Gaza, refere o organismo.

Número de crianças palestinianas mortas anualmente, desde 2014, por forças israelitas e civis israelitas armados / DCIP

De acordo com os dados da DCIP, foram mortas 2196 crianças palestinianas, desde 2000, em resultado da presença de militares e de colonos israelitas nos territórios ocupados da Palestina.

A Defense for Children International – Palestine é uma das seis organizações de direitos humanos que Israel pretende silenciar, lembra o MPPM, sublinhando que a medida tem merecido a condenação generalizada a nível internacional e foi denunciada pelo MPPM a 29 de Outubro último.

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A carta afirma que as forças de ocupação estão a utilizar «a política infame de atirar a matar» – de que resultou a morte de centenas de crianças palestinianas –, ao apontarem «deliberadamente» para a parte superior dos seus corpos.

«Israel dispara deliberadamente contra os menores palestinianos com o objectivo declarado de os matar e mutilar, negando-lhes o direito à vida», lê-se no texto, sublinhando que «as crianças jamais devem ser mortas ou mutiladas», bem como a necessidade de medidas urgentes para as proteger da «escalada dos crimes israelitas».

Neste sentido, o governo palestiniano exigiu medidas contra Telavive, destacando que as «evidências dos seus crimes crescentes contra as crianças palestinianas são, sem dúvida alguma, esmagadoras», violando o direito internacional e as resoluções que constituem a base da protecção das crianças nos conflitos armados.

«A protecção das crianças é a maior obrigação moral, legal e política da humanidade», frisa o documento, no qual se pede à comunidade internacional que «ponha fim a este pesadelo intolerável que as nossas crianças vivem diariamente» e que tome medidas para responsabilizar Israel «pelos seus crimes horrendos».

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«Os que há décadas convivem com a ausência de qualquer real processo político conducente a uma solução que respeite os direitos do povo palestino, não têm autoridade moral para hoje se queixarem das tempestades que provocaram», defende o MPPM. Certo de que a violência poderá alastrar-se a todo o Médio Oriente, o movimento recorda que Israel, «com o apoio dos países "ocidentais" e em primeiro lugar dos Estados Unidos da América», é a maior potência militar da região e a única a dispor de armas nucleares.

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Em simultâneo, revela a Wafa, têm-se registado múltiplas agressões e raides, da parte de colonos e forças istraelitas, na Margem Ocidental ocupada. Pelo menos cinco palestinianos foram ali mortos nas últimas 24 horas, em vários pontos do território ocupado.

Operação Dilúvio de Jerusalém

A operação israelita de larga escala segue-se à operação, lançada no sábado de manhã, por forças da resistência palestiniana na Faixa de Gaza, onde o Hamas é o elemento predominante.

Segundo foi revelado então, a ala militar do Hamas lançou pelo menos 5000 rockets para aquilo que é hoje Israel. As forças da resistência derrubaram, em vários pontos, a vedação que cerca o território e atacaram os colonatos em redor por terra, mar e ar.

Pelo menos 700 israelitas foram mortos nessa operação que alguma imprensa israelita classificou como «nunca vista» e mais de cem foram feitos prisioneiros, incluindo militares de alta patente.

No domínio político-mediático da «comunidade internacional», o mundo predominantemente ocidental e branco, as vozes sobre «A Guerra» (só havia uma e mais nenhuma: a da Ucrânia) silenciaram-se e, nas fachadas das praças de capitais como Nova Iorque, Berlim ou Bruxelas, as bandeiras da Ucrânia foram substituídas pelas de Israel.

Desde o Mandato Britânico que os palestinianos são sujeitos à opressão, que se intensificou com a construção, nas suas terras, do Estado de Israel, erguido à custa das forças paramilitares que expulsaram os palestinianos de suas casas e os mataram ou meteram em guetos.

A campanha de limpeza étnica então iniciada mantém-se até hoje, sob um regime de apartheid, por via do saque de territórios e de recursos, a destruição de casas, escolas e outras infra-estruturas, e a expulsão dos palestinianos das terras onde vivem.

Escolas da UNRWA atingidas pelos bombardeamentos em Gaza / @QudsNen

De forma sistemática, as forças israelitas bombardeiam a Faixa de Gaza, que mantêm fechada e cercada num férreo bloqueio, com mais de dois milhões de pessoas a viver em condições insalubres, sem luz, água potável, mas «a comunidade internacional» projecta as suas bandeiras nos edifícios das suas praças quando a Palestina – reduzida ao Hamas – se ergue e rompe o cerco.

Escolas da UNRWA atingidas

Entretanto, no enorme campo de deslocados que é Gaza, cerca de 70 mil pessoas procuraram refúgio dos bombardeamentos nas 64 escolas operadas pela UNRWA – a agência da ONU para os refugiados palestinianos no Médio Oriente.

Em comunicado, a UNRWA confirmou que dois alunos em escolas que opera em Khan Younis e Beit Hanoun se encontram entre os mortos. Pelo menos três escolas da organização sofreram danos provocados pelos bombardeamentos, acrescenta o texto.

A UNRWA sublinhou que os civis devem ser sempre protegidos, também em período de guerra, e apelou a um cessar-fogo imediato e ao fim da violência em todo o lado.

A operação das forças da resistência em território israelita continua.

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Os números aumentam a cada hora, avisa o comunicado da agência, à medida que os bombardeamentos das forças de ocupação israelitas continuam a semear a devastação na Faixa de Gaza.

Ao todo, 20 instalações da UNRWA em Gaza foram atingidas por bombas desde o início da operação das forças israelitas a 7 de Outubro. Para além da sede desta agência da Organização das Nações Unidas (ONU), foram bombardeadas duas escolas, provocando a morte a nove trabalhadores dedicados ao apoio a refugiados e 30 estudantes.

Numa publicação da organização nas redes sociais, Jenifer Austin, a directora-adjunta da UNRWA, confirmou a morte de 11 funcionários da ONU: para além dos nove trabalhadores mortos nas escolas, dois outros foram assassinados nas suas casas, junto das suas famílias.  «Lamento profundamente que alguns dos meus colegas já tenham pago o mais alto preço» pelo seu trabalho humanitário, acrescentou o secretário-geral da ONU.

Cinco professores, um ginecologista, um engenheiro, três funcionários de apoio e um conselheiro foram as vítimas. Segundo a Agência France-Press, quatro paramédicos do Movimento Internacional da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho foram também mortos pelos ataques israelitas. A organização acusa Israel de «visar directamente a ambulância».

«Esta violência mais recente não surge do nada. A realidade é que surge de um conflito de longa data, com uma ocupação de 56 anos e sem saída política à vista. É hora de acabar com este círculo vicioso de derramamento de sangue, ódio e polarização», defendeu Guterres, em declarações de 9 de Outubro.

A Agência da ONU para Refugiados Palestinianos estima que, até ao momento, pelo menos 264 mil pessoas tenham sido forçadas a abandonar as suas casas em Gaza (cerca de 1/8 de toda a população). 

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O objectivo de Israel é «lançar um ataque vingativo à Faixa de Gaza», com vista a manter a ocupação da Palestina e provocar «uma guerra regional». Já com milhares de mortos confirmados (e um número ainda maior de feridos), o PCI endereça as suas condolências «às famílias das vítimas da ocupação – tanto árabes como judeus».

As acções de várias forças de resistência no dia 7 de Outubro de 2023 não estão desligadas dos ataques de colonos, apoiados pelo governo, que causaram estragos nos territórios ocupados, profanando Al-Aqsa e fazendo um pogrom nas ruas de Huwara, em que quatro palestinianos foram assassinados, dos 19 aos 27 anos (25 pessoas foram ainda assistidas pelo Crescente Vermelho).

Só há uma solução para este conflito, na perspectiva dos comunistas israelitas: «lutar para acabar a ocupação e reconhecer os legítimos direitos do povo palestiniano e as suas justas reivindicações». «Acabar com a ocupação e instaurar uma paz justa está no claro interesse de ambos os povos».

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Vários jornalistas palestinianos mortos no massacre de Gaza

A maior parte dos jornalistas perdeu a vida quando faziam reportagens sobre a guerra, tendo sido vítimas dos bombardeamentos indiscriminados israelitas sobre a Faixa de Gaza.

Créditos / Peoples Dispatch

Pelo menos oito jornalistas foram mortos, dois foram dados como desaparecidos e um ficou ferido desde sábado, quando grupos da resistência palestiniana em Gaza romperam o cerco imposto e lançaram a operação «Dilúvio de al-Aqsa» contra territórios ocupados em 1948 e Israel se declarou em estado de guerra.

A maior parte dos jornalistas foi morta pelas forças de ocupação no terreno, quando estavam a fazer reportagens sobre os bombardeamentos israelitas dos últimos seis dias.

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Continua o massacre israelita de Gaza

No sábado, a resistência palestiniana quebrou a vedação que cerca o enclave e lançou uma ofensiva contra os territórios ocupados em 1948. Desde então, a aviação israelita matou mais de 430 palestinianos.

Edifícios arrasados na Faixa de Gaza após os bombardeamentos israelitas das últimas 48 horas 
Créditos / @QudsNen

De acordo com os dados divulgados pelo Ministério palestiniano da Saúde esta manhã, os bombardeamentos indiscriminados na Faixa de Gaza, conhecida como «a maior prisão a céu aberto», provocaram a morte a 436 pessoas, incluindo 91 menores, e fizeram 2271 feridos, 244 dos quais crianças.

Nas últimas horas, a aviação da ocupação lançou centenas de raides contra o enclave costeiro, onde vivem mais de dois milhões de pessoas, atingindo edifícios residenciais, infra-estruturas oficiais e civis, bem como edifícios religiosos, tendo destruído pelo menos duas mesquitas, indica a agência Wafa.

Só no sábado, os bombardeamentos israelitas provocaram 300 mortos, o que, segundo destaca o portal The Cradle, é o número mais elevado de palestinianos mortos em ataques aéreos da ocupação num só dia desde 2008.

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MPPM. Só haverá paz quando forem reconhecidos os direitos do povo palestiniano

Enquanto se mantiver a ocupação colonial e a violência das forças militares e dos colonos, não haverá paz, alerta o Movimento pelos Direitos do Povo Palestino e pela Paz no Médio Oriente (MPPM). 

CréditosMohammed Saber / EPA

O MPPM reage assim às acções desencadeadas em Gaza e em Israel na madrugada deste sábado. Eram 4h30 em Lisboa (6h30 no local), quando militantes de organizações da resistência palestiniana lançaram, a partir da Faixa de Gaza, um ataque de surpresa, em larga escala, contra Israel, no que apelidaram de «Operação Dilúvio Al-Aqsa». 

Segundo as organizações, a acção foi uma resposta à profanação da Mesquita de Al-Aqsa e ao aumento da violência dos colonos, e confirma, insiste o MPPM num comunicado, «que não é possível ter uma situação de paz na Palestina e, por consequência, no Médio Oriente, continuando a espezinhar os legítimos direitos do povo palestino e persistindo em manter a ocupação colonial e a violência das forças militares e dos colonos».

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Resistência palestiniana unida em torno da operação contra Israel

Diversos grupos da resistência declararam o apoio à operação lançada contra Israel, esta manhã, a partir da Faixa de Gaza, sublinhando que faz parte da luta de libertação nacional.

Um palestiniano tira uma fotografia junto a um tanque israelita destruído, a 7 de Outubro de 2023 
Créditos / @bcarloscarvalho

«Fazemos parte desta batalha e os nossos combatentes estão lado a lado com os seus irmãos nas Brigadas al-Qassam (ala militar do Hamas) até à vitória», afirmou em comunicado Abu Hamza, porta-voz das Brigadas de al-Quds, braço militar da Jihad Islâmica.

Em termos semelhantes, refere a Prensa Latina, se pronunciaram as Brigadas al-Nasser Salah al-Din, do Movimento de Resistência Popular: «Unidos numa trincheira neste dia glorioso do nosso povo.»

Por seu lado, as Brigadas de Resistência Nacional anunciaram que os seus membros se juntaram à operação, lançada esta manhã pelo Hamas, que incluiu o lançamento de milhares de rockets e uma incursão terrestre em território ocupado em 1948.

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Colonos e forças israelitas matam quatro palestinianos na Cisjordânia

Atingido por disparos de colonos na cidade de Huwara, Labib Dumaidi, de 19 anos, é a mais recente das quatro vítimas mortais na Margem Ocidental ocupada, revelou o Ministério da Saúde.

Forças israelitas nas imediações da cidade de Tulkarem, onde ontem mataram dois palestinianos 
CréditosZain Jaafar / Al Jazeera

De acordo com a informação divulgada pelo Ministério, Labib Mohammed Dumaidi ficou gravemente ferido durante um ataque de colonos, ontem à noite, na cidade de Huwara, a sul de Nablus. Levado para um hospital, não resistiu aos ferimentos, já nas primeiras horas de sexta-feira.

Residentes de Huwara tentaram fazer frente à provocação levada a cabo por dezenas de colonos, protegidos por forças militares israelitas, indica a Wafa.

Registaram-se fortes confrontos e as tropas israelitas usaram fogo real, gás lacrimogéneo e granadas atordoantes para dispersar os palestinianos.

Fontes do Crescente Vermelho Palestiniano informaram que pelo menos 25 pessoas, incluindo quatro crianças, sofreram efeitos de asfixia devido à inalação de gás lacrimogéneo.

Também em Huwara, as forças israelitas mataram, ontem à tarde, outro palestiniano, cuja identidade ainda não foi revelada.

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Ministro israelita das Finanças defende a «aniquilação» de terra palestiniana

Dias depois de colonos extremistas terem invadido e atacado Huwara, Bezalel Smotrich afirmou que Israel deve «aniquilar» a localidade palestiniana no Norte da Cisjordânia ocupada.

Vista aérea de uma zona destruída pelos colonos israelitas em Huwara, perto de Nablus, no domingo à noite  
Créditos / PressTV

«Penso que Huwara precisa de ser destruída», disse o ministro israelita das Finanças, Bezalel Smotrich, esta quarta-feira, defendendo que «o Estado devia fazê-lo e não cidadãos privados», refere a PressTV com base na imprensa israelita.

As declarações do ministro de extrema-direita do governo de Benjamin Netanyahu seguem-se ao ataque perpetrado contra a localidade palestiniana, no domingo à noite, por centenas de colonos armados.

Tratou-se da «resposta» à morte de dois israelitas de um colonato ilegal, executados por um atacante palestiniano de Huwara. Este ataque, por sua vez, seguiu-se ao massacre de Nablus, em que as forças de ocupação israelitas mataram 11 palestinianos e feriram mais de cem.

No domingo à noite, os colonos queimaram pelo menos 150 carros, 52 casas e várias lojas. Uma pessoa foi morta e o número de feridos palestinianos é superior a 390, indica a agência Wafa.

Grupos israelitas de defesa dos direitos humanos como Peace Now e B’Tselem referiram-se ao ataque dos colonos como um «pogrom» apoiado pelas autoridades de ocupação.

Por seu lado, o Crescente Vermelho palestiniano acusou as forças israelitas de impedirem as ambulâncias e os paramédicos de acederem ao local do ataque, a poucos quilómetros de Nablus.

No Knesset, a extrema-direita israelita considerou os ataques a Huwara «legítimos».

OLP classifica Smotrich como «terrorista racista» e AP pede ajuda internacional

Hussein al-Sheikh, da Comissão Executiva da Organização para a Libertação da Palestina (OLP), afirmou, no Twitter, que as afirmações de Smotrich para apagar Huwara do mapa são o apelo de um «racista terrorista».

Também o primeiro-ministro da Autoridade Palestiniana (AP), Mohammad Shtayyeh, se referiu às afirmações do ministro israelita como «terroristas» e «racistas», e alertou para o facto de que «fazem prever uma escalada séria» contra o povo palestiniano nos territórios ocupados.

Um homem no meio de carros incendiados em Huwara / Al Mayadeen

Neste sentido, pediu às Nações Unidas, à União Europeia e demais organizações internacionais que condenem as declarações de Smotrich. Antes, já tinha pedido ajuda internacional «contra os crimes de Israel».

Parlamento Árabe condena violência dos colonos

O Parlamento (da Liga) Árabe, com sede no Cairo, condenou esta quarta-feira os ataques executados por colonos israelitas contra o povo palestiniano na Cisjordânia ocupada, referindo-se em especial ao assalto à localidade de Huwara.

Perante os ataques terroristas sistemáticos dos colonos contra cidadãos indefesos, com armas de fogo, incêndios de casas e viaturas, expulsão de agricultores, assassinatos e outros crimes, exortou o mundo e em especial o Conselho de Segurança da ONU a adoptar medidas para proteger o povo palestiniano.

Antes, a Liga Árabe já tinha proposto que as milícias de colonos passem a ser incluídas na lista de grupos terroristas.

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Na parte da manhã, as forças israelitas já tinham matado dois palestinianos, identificados como Hudhayfah Fares, de 27 anos, e Abd al-Rahman Atta, de 23, na aldeia de Shufa, na sequência de um ataque de colonos a viaturas na região de Tulkarem.

De acordo com as Nações Unidas, 2023 está a ser o ano mais mortífero para os palestinianos na Margem Ocidental desde que há registo de fatalidades provocadas pelas forças de ocupação.

Rudeineh: a ocupação israelita pisou todas as linhas vermelhas

Nabil Abu Rudeineh, porta-voz da Presidência palestiniana, disse à imprensa que a ocupação israelita pisou todas as linhas vermelhas, com a sua insistência na política de assassinatos e incursões em cidades, aldeias e acampamentos palestinianos.

Numa entrevista à Palestine TV, o representante da Presidência responsabilizou o governo israelita e a administração norte-americana pelos «crimes perigosos perpetrados pela ocupação e os seus colonos por todo o território palestiniano», os mais recentes dos quais nas imediações de Nablus e Tulkarem, refere a Wafa.

Apesar da «guerra implacável» que a ocupação israelita está a travar contra o povo palestiniano «à vista de todo o mundo», o responsável afirmou que isso não irá impedir «o nosso povo de prosseguir a sua luta legítima» até à «criação do seu Estado independente, com Jerusalém como capital».

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Na Cisjordânia, a Cova dos Leões, um dos grupos da resistência mais activos, fez um apelo à mobilização geral dos seus membros, bem como ao «ataque imediato em todos os lugares contra as forças de ocupação e os seus colonos».

Com base em fontes israelitas, a agência Prensa Latina indica que o Exército de ocupação deu conta de combates em 21 locais no Sul de Israel, na sequência da operação palestiniana – embora tenha posteriormente reduzido esse número para sete.

Resposta aos sistemáticos crimes israelitas

Ao anunciar a ofensiva desta manhã (às 7h locais), o comandante das Brigadas al-Qassam, Muhammad al-Deif, disse que o grupo palestiniano disparou para território israelita 5000 rockets.

Al-Deif afirmou que a operação é uma resposta aos sistemáticos crimes israelitas contra o povo palestiniano e a profanação contínua por colonos judeus da mesquita de al-Aqsa, em Jerusalém, e ocorre num contexto de escalada de agressões, da parte de colonos e forças israelitas, em Jerusalém Oriental e na Cisjordânia ocupada.

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Israel deteve 135 mil palestinianos nos últimos 23 anos

A Comissão dos Assuntos dos Presos e ex-Presos Palestinianos registou mais de 135 mil casos de detenções, pelas forças de ocupação israelitas, desde o início da Intifada de al-Aqsa, em 2000.

Um jovem palestiniano é preso na Cisjordânia, na sequência dos protestos contra a decisão norte-americana sobre Jerusalém
Créditos / palestinalibre.org

Num relatório emitido por ocasião do 23.º aniversário do início da Segunda Intifada ou Intifada de al-Aqsa (28 de Setembro de 2000), a Comissão dos Assuntos dos Presos e ex-Presos Palestinianos sublinha que as detenções levadas a cabo pelas forças israelitas afectaram todas as camadas da sociedade, e não deixaram de parte menores de idade, idosos e mulheres.

Dos mais de 135 mil casos registados pelo organismo, 21 mil dizem respeito a menores, indica o relatório – divulgado pela Wafa –, que dá conta da detenção de metade dos deputados do Conselho Legislativo Palestiniano (Parlamento), de vários ministros, centenas de académicos, jornalistas e funcionários de organizações da sociedade civil e instituições internacionais.

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Número recorde de presos palestinianos ao abrigo da detenção administrativa

Israel mantém nas suas prisões 1264 palestinianos sem acusações nem julgamento, o número mais elevado em 30 anos, revelou a ONG Hamoked.

Protesto contra a detenção administrativa em 2021 
Créditos / palestine-studies.org

Desde a Primeira Intifada (1987-1993) que não havia tantos palestinianos detidos ao abrigo da polémica norma, alertou a organização não governamental este fim-de-semana, com base nos dados dos serviços prisionais.

Jessica Montell, directora executiva da Hamoked, organização israelita que presta assistência jurídica gratuita aos palestinianos que vivem sob a ocupação, afirmou que a detenção administrativa é «massiva e arbitrária» e que Israel mantém nesse regime, sem acusação nem julgamento, mais de 1200 palestinianos, «alguns dos quais durante anos sem uma revisão eficaz».

Ao abrigo deste regime, a detenção, decretada por um comandante militar, com base naquilo a que Israel chama «prova secreta» – que nem o advogado do detido tem direito a ver –, pode ser infinitamente renovada por períodos até seis meses.

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Nove presos palestinianos mantêm protesto contra a detenção administrativa

A Sociedade dos Presos Palestinianos (SPP) revelou, este domingo, que nove presos palestinianos sem acusação ou julgamento continuam em greve de fome por tempo indeterminado.

Cárcere israelita de Gilboa 
Créditos / Al Mayadeen

Os presos Kayed al-Fasfous e Sultan Khlouf iniciaram o protesto contra a detenção administrativa há 19 dias. Por seu lado, Osama Darkouk encontra-se em greve de fome há 15 dias.

Outros seis reclusos palestinianos em cadeias israelitas estão em greve de fome há 12 dias: Hadi Nazzal, Mohammad Taysir Zakarneh, Anas Kmail, Abdelrahman Baraka, Mohammad Basem Ikhmis e Zuhdi Abdo, informa a agência Wafa, com base na SPP.

Na semana passada, a Comissão dos Assuntos dos Presos e ex-Presos pediu à chamada comunidade internacional que quebre o silêncio em torno do «crime israelita da detenção administrativa», que permite manter na cadeia presos sem acusação ou julgamento, numa clara violação das normas internacionais.

Ao abrigo deste regime, a detenção, decretada por um comandante militar, com base naquilo a que Israel chama «prova secreta» – que nem o advogado do detido tem direito a ver –, pode ser infinitamente renovada por períodos até seis meses.

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Presos palestinianos em greve de fome contra a detenção administrativa

A Sociedade dos Presos Palestinianos (SPP) revelou, esta segunda-feira, que quatro presos palestinianos sem acusação ou julgamento tinham iniciado há nove dias uma greve de fome por tempo indeterminado.

Acção de solidariedade com os presos palestinianos, a 5 de Dezembro de 2022 
CréditosAli Jadallah / Anadolu

Em comunicado divulgado pela Wafa, a SPP indicou que Anas Ibrahim Shadid, de 26 anos, Mahmoud Abdel Halim Talahma, de 32, Abdullah Mohammad Abido, de 36, e Mohammad Ahmad Dandis, de 25, iniciaram o protesto para denunciar a sua detenção sem acusação ou julgamento.

Acrescentou que todos os detidos estão na cadeia israelita de Ofer, perto de Ramallah, e são originários da província de Hebron (al-Khalil), no Sul da Cisjordânia ocupada.

A organização de defesa dos direitos dos presos informa que Shadid foi preso três vezes, sempre no regime de detenção administrativa, tendo passado, no total, três anos atrás das grades. Durante esses períodos, levou a cabo duas greves de fome, uma delas com a duração de 90 dias, em 2016.

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«Ou nos submetemos ou nos revoltamos»: 30 presos palestinianos continuam em luta

Os prisioneiros iniciaram uma greve de fome, há uma semana, para exigir a sua libertação e denunciar um regime de detenção que permite mantê-los na cadeia sem acusação ou julgamento.

Imagem de um comício da Frente Popular para a Libertação da Palestina (FPLP), força de esquerda hoje considerada «terrorista» por Israel e cujos militantes são perseguidos
Imagem de um comício da Frente Popular para a Libertação da Palestina (FPLP) Créditos / pflp.pl

O protesto dos trinta presos palestinianos, membros e simpatizantes da Frente Popular para a Libertação da Palestina (FPLP), completou uma semana sem solução aparente à vista, tendo em conta a inflexibilidade das autoridades de Telavive.

Em comunicado, a Sociedade dos Presos Palestinianos (SPP) anunciou que os serviços prisionais israelitas têm estado a ameaçar com castigos os reclusos que lutam contra o regime de detenção administrativa. Entre as punições, contam-se privá-los de visitas, retirar-lhes os seus pertences e isolá-los em celas de castigo.

Nesta primeira semana de protesto, os serviços prisionais israelitas colocaram 28 dos grevistas em quatro celas de isolamento na prisão de Ofer, informa a Wafa com base no documento divulgado pelo SPP.

Um outro, o advogado Salah Hammouri, foi metido na solitária numa cadeia no Norte de Israel, enquanto Ghassan Zawahreh foi levado para uma cela de isolamento numa prisão localizada no Deserto do Neguev (al-Naqab).

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Trinta presos palestinianos em protesto contra a detenção administrativa

Os prisioneiros, em cadeias israelitas, iniciaram uma greve de fome por tempo indeterminado contra um regime que permite mantê-los detidos sem acusação ou julgamento, por períodos renováveis de seis meses.

Familiares de presos palestinianos em cadeias israelitas mostram cartazes numa concentração em Ramallah, na Cisjordânia ocupada, em Setembro de 2021 
Créditos / Al Jazeera

O início do protesto, este domingo, por parte de prisioneiros que são membros ou apoiantes da Frente Popular para a Libertação da Palestina (FPLP), foi confirmado pela Comissão dos Assuntos dos Presos e ex-Presos.

Em declarações à agência Wafa, Hassan Abed Rabbo, porta-voz da comissão, disse que os presos decidiram avançar contra uma política que permite a Israel manter nas suas prisões, sem acusação ou julgamento, presos palestinianos por tempo indefinido, na medida em que o período de detenção, até seis meses, é infinitamente renovável.

Numa mensagem divulgada há alguns dias, os presos sublinharam que a luta contra o regime de detenção administrativa continua e denunciaram que as medidas tomadas pelas autoridades prisionais israelitas «já não se baseiam em obsessões de segurança, mas são actos de vingança devido ao seu passado».

Qadri Abu Baker, líder da Comissão dos Assuntos dos Presos e ex-Presos, disse à Wafa que, na próxima quinta-feira, mais 50 presos se devem juntar à greve de fome, para denunciar o regime de detenção administrativa a que são submetidos e a escalada por parte de Israel no que respeita a este procedimento.

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Israel decretou 1595 ordens de detenção administrativa contra palestinianos em 2021

O maior número de detenções administrativas – sem julgamento ou acusação – foi decretado em Maio, quando Israel lançou uma ofensiva de 11 dias contra a Faixa de Gaza.

Familiares e apoiantes de preso Hisham Abu Hawwash protestaram este domingo na localidade de Dura, a oeste de al-Khalil (Hebron), na Cisjordânia ocupada 
Créditos / PressTV

A Sociedade dos Presos Palestinianos (SPP) revelou, este domingo, que o número divulgado diz respeito tanto a novas ordens como à renovação de ordens já emitidas nos territórios ocupados, pelas autoridades israelitas.

No documento apresentado, o organismo lembra que política de detenção administrativa visa «esmagar os activistas políticos palestinianos» e se baseia num ficheiro secreto não acessível aos presos – nem sequer aos seus advogados –, que são mantidos na cadeia sem acusação ou julgamento, informa a WAFA.

O maior número de ordens de detenção administrativa foi emitido em Maio último, quando a Israel lançou uma ofensiva de 11 dias contra a Faixa de Gaza, explicou a organização de defesa dos presos, acrescentado que, ao longo do ano, 60 prisioneiros recorreram à greve de fome com o propósito de reconquistar a liberdade.

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Presos palestinianos continuam protesto contra a detenção administrativa

Uma comissão de apoio aos prisioneiros revelou que 13 palestinianos permaneciam em greve de fome nas cadeias, este domingo, contra o regime que permite mantê-los reclusos sem acusação ou julgamento.

Um grupos de palestinianos solidários com os seus compatriotas presos nas cadeias israelitas mostram-se numa prisão a fingir 
Créditos / WAFA

Num comunicado ontem emitido, a Comissão dos Assuntos dos Presos e ex-Presos Palestinianos informou que o prisioneiro Salem Ziadat, de 40 anos, é, dos 13 que continuavam o protesto, aquele que está em greve de fome há mais tempo, permanecendo em jejum há 28 dias contra a sua detenção administrativa, sem acusação ou julgamento, revelou a agência WAFA.

A Comissão informou ainda que o número de reclusos palestinianos em greve de fome até ontem era de 15, mas que Mohammad Khaled Abusill e Ahmad Abdulrahman Abusill tinham chegado a um acordo com o Serviço Prisional Israelita no que respeita à «limitação» da chamada detenção administrativa.

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Israel prendeu 5426 palestinianos na primeira metade do ano

Grupos de defesa dos presos apresentaram um relatório sobre o primeiro semestre de 2021. Nas cadeias israelitas, há actualmente 4850 palestinianos, 540 dos quais ao abrigo da «detenção administrativa».

Os palestinianos estão a ser detidos em aldeias e cidades dos territórios ocupados em 1948 por terem apoiado Gaza 
As forças israelitas prenderam mais palestinianos no primeiro semestre deste ano do que em todo o ano de 2020 Créditos / Middle East Monitor

Entre os palestinianos que se encontram nos cárceres de Israel, contam-se 43 mulheres e 225 menores, segundo o documento conjunto divulgado este fim-de-semana pela Comissão dos Assuntos dos Presos e ex-Presos Palestinianos, a Sociedade dos Presos Palestinianos, a Addameer e o Centro de Informação Wadi Hilweh.

Os organismos referidos precisaram que 12 presos são membros do Conselho Legislativo Palestiniano (Parlamento), 70 são provenientes dos territórios ocupados em 1948, 350 são originários de Jerusalém ocupada e 240 da Faixa de Gaza cercada.

O informe destaca a existência de 540 prisioneiros palestinianos em detenção administrativa, sem acusação formada ou julgamento, por períodos de seis meses indefinidamente renováveis.

Quase 5500 detidos em seis meses

No que respeita a detenções, os organismos de defesa dos presos revelaram que Israel prendeu 5426 palestinianos entre 1 de Janeiro e 30 de Junho deste ano – um número superior a todas as detenções efectuadas pelas forças israelitas em 2020 e registadas por estas organizações: 4636.

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Forças israelitas prenderam 230 menores palestinianos desde Janeiro

Por ocasião do Dia da Criança Palestiniana, que se assinala a 5 de Abril, a Comissão dos Assuntos dos Presos e ex-Presos Palestinianos revelou também que 140 menores permanecem em cadeias israelitas.

Um soldado israelita detém um rapaz palestiniano, juntamente com outros quatro, perto do posto avançado de Havot Maon, na Margem Ocidental ocupada, a 11 de Março de 2021 
Créditos / Anadolu

Os menores palestinianos, alguns dos quais crianças, continuam a ser alvo das forças militares israelitas, que os prendem, muitas vezes de forma violenta, nos territórios ocupados.

De acordo com um relatório publicado este domingo pela Sociedade dos Prisioneiros Palestinianos, pelo menos 230 foram detidos desde o início do ano, a maioria dos quais em Jerusalém Oriental ocupada.

O grupo de defesa dos direitos dos presos sublinhou que «as crianças encarceradas são submetidas a vários tipos de abusos, incluindo «a recusa de comida e de bebida por longas horas, abuso verbal e a detenção em condições duras».

O informe veio a lume na véspera do Dia da Criança Palestiniana, que se assinala a 5 de Abril, com actividades culturais, educativas e mediáticas que, refere a PressTV, visam reforçar a consciência sobre o sofrimento dos menores palestinianos.

Detenção administrativa e maus-tratos

Também no âmbito do Dia da Criança Palestiniana, a Comissão dos Assuntos dos Presos e ex-Presos Palestinianos revelou que 140 menores permanecem em cadeias israelitas, incluindo dois que se encontram presos ao abrigo do regime de detenção administrativa.

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A «viagem ao inferno» dos jovens palestinianos detidos por Israel

Uma comissão da ONU reafirmou denúncias expostas em vários relatórios sobre detenções de menores palestinianos por Israel – quase sempre presos de noite, algemados e vendados. É o início da «viagem ao inferno».

Um jovem palestiniano é preso na Cisjordânia, na sequência dos protestos contra a decisão norte-americana sobre Jerusalém
Créditos / palestinalibre.org

A instância, composta por especialistas independentes das Nações Unidas, expressou particular preocupação pela expansão dos colonatos e o aumento da violência dos colonos israelitas, em que se incluem ataques a crianças e às suas escolas.

Segundo se pode ler no portal oficial de notícias da ONU, na semana passada diversas organizações informaram a comissão sobre as operações nocturnas levadas a efeito pelas forças israelitas com o propósito de deter crianças e adolescentes na Cisjordânia ocupada, com «graves consequências para o seu bem-estar e gozo dos seus direitos».

«Mais de 300 crianças estão detidas no sistema militar israelita. A maioria por delitos menores, como atirar pedras e publicações nas redes sociais», assinala a comissão, que denuncia o facto de os menores serem «levados para locais desconhecidos, presos em viaturas militares e sujeitos a ameaças e abusos verbais», bem como o facto de, por vezes, serem «obrigados a assinar confissões em hebraico, uma língua que não costumam entender».

Estas preocupações reafirmam as que têm sido veiculadas, ao longo do tempo, por várias entidades, nomeadamente a Comissão dos Prisioneiros Palestinianos, órgão dependente da Autoridade Palestiniana que, em diversas ocasiões (também este ano), alertou para o facto de os menores serem torturados e sofrerem abusos nos cárceres israelitas, bem como para o facto de serem espancados, insultados e pressionados no momento da detenção.

No final de Março, um relatório publicado pelo Ministério palestiniano da Informação denunciava também esta realidade, afirmando que «95% das crianças palestinianas presas pelas autoridades israelitas foram torturadas durante a detenção».

De acordo com o relatório, até 2015 foram documentadas anualmente 700 detenções de menores palestinianos. Já em 2017, Israel prendeu 1467 crianças e adolescentes; 1063 no ano seguinte e, nos dois primeiros dois meses deste ano, 118. Entre 2000 e 2018, foram presos mais de 16 mil menores.

Uma «viagem sem fim ao inferno»

Numa peça intitulada «“Endless Trip to Hell”: Israel Jails Hundreds of Palestinian Boys a Year. These Are Their Testimonies», publicada em Março e plenamente actual, o periódico israelita Haaretz aborda esta realidade, em que as crianças, algumas com idades inferiores a 13 anos, «são detidas pela calada da noite, vendadas e algemadas, alvo de abusos e constrangidas» a confessar «crimes» que não cometeram.

A peça, que reúne testemunhos de sete jovens da Margem Ocidental ocupada com idades compreendidas entre os dez e os 15 anos, revela as diversas fases do processo de detenção, que começa nas operações nocturnas e passa pelo interrogatório, a prisão, o julgamento e a proposta de um acordo.

Na sua maioria, os jovens são presos por, alegadamente, terem atirado pedras ou queimado pneus, mas, como sublinha a advogada Farah Bayadsi o objectivo das detenções «é mais para mostrar controlo do que para aplicar a lei».

A experiência traumática é fundamentada por tudo aquilo por que as crianças passam durante uma detenção. Arrancadas de casa quando dormem, são algemadas e vendadas, levadas em veículos militares para colonatos e bases israelitas, passando por todo um processo que envolve intimidação, ameaças, agressões físicas, afastamento da família e pressão para «confessar».


O nível de brutalidade varia. Khaled Mahmoud Selvi, preso quando tinha 15 anos, foi levado para a prisão e despido (o que, de acordo com o jornal, ocorre em 55% dos casos), tendo sido obrigado a permanecer dez minutos nu, em pé, durante o Inverno.

De acordo com os dados recolhidos pela organização não governamental (ONG) British-Palestinian Military Court Watch, 97% dos jovens palestinianos detidos pelas forças militares israelitas (IDF) vivem em pequenas localidades a menos de dois quilómetros de um colonato.

O advogado Gerard Horton, da ONG referida, afirma que a ideia é «assustar toda a aldeia» e que se trata de um «instrumento eficaz» para controlar uma comunidade. Acrescenta que, do ponto de vista dos ocupantes e opressores, a pressão «tem de ser constante»: «Cada geração tem de sentir a mão pesada das IDF.»

A experiência é traumática. O pai de Khaled Shtaiwi, preso com 13 anos em Novembro do ano passado, contou ao periódico que criou na sua aldeia o «dia da psicologia», porque o seu filho não é capaz de falar sobre o que se passou e porque quer ajudar todas as crianças que foram presas pelos israelitas.

Em Beit Ummar, Omar Ayyash foi preso com dez anos de idade, em Dezembro último. Agora, as crianças que brincam nas ruas da aldeia afastam-se assim que se apercebem da aproximação de soldados israelitas. Tornou-se um hábito desde que as tropas levaram Omar.

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Por seu lado, a organização Defense for Children International – Palestine (DCIP) destacou que todos os anos entre 500 e 700 menores palestinianos são processados em tribunais militares israelitas e que 85% das crianças palestinianas detidas em 2020 foram «submetidas a violência física».

Num comunicado, a DCIP afirma ter documentado 27 casos em que as crianças foram mantidas na solitária um ou dois dias, alegando as forças israelitas «objectivos de investigação». Esta prática é, segundo o organismo, uma forma de «tortura ou tratamento cruel, desumano e degradante».

Desde Outubro de 2015, a DCIP registou a 36 ordens de detenção administrativa decretadas contra menores palestinianos, dois dos quais se mantêm nesse regime.

Ainda de acordo com o organismo sediado em Genebra, em 2020, as forças israelitas mataram nove menores palestinianos na Cisjordânia ocupada, incluindo Jerusalém Oriental, e na Faixa de Gaza, seis dos quais com fogo real.

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O relatório divulgado este fim-de-semana informa que, entre os palestinianos detidos pelas forças israelitas, se incluem 854 menores e 107 mulheres, tendo sido emitidas na primeira metade do ano 680 ordens de detenção administrativa, incluindo 312 novas.

No mês de Junho foram presos 615 palestinianos, revela o texto, destacando que Maio foi de longe o mês em que se registou um maior número de detenções na primeira metade deste ano.

Então, mês de massacre contra Gaza e de múltiplas provocações sionistas no Complexo da Mesquita de al-Aqsa e em Jerusalém Oriental ocupada, as forças israelitas prenderam 3100 palestinianos, incluindo 2000 nos territórios ocupados em 1948 (actual Estado de Israel) e 677 em Jerusalém Oriental ocupada, informa a WAFA.

Vários presos em greve de fome contra a detenção administrativa

De acordo com a Comissão dos Assuntos dos Presos e ex-Presos Palestinianos, há actualmente nove presos em greve de fome nos cárceres israelitas como forma de protesto contra o regime de detenção administrativa que lhes foi aplicado.

A Comissão pediu às instâncias internacionais e regionais de defesa dos direitos humanos que pressionem as autoridades israelitas no sentido de acabar com os maus-tratos aos presos em greve de fome, que passam também pela sua reclusão na solitária.

Os presos palestinianos recorrem com frequência a esta forma de luta contra um regime de detenção ilegal, cujo fim exigem.

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De acordo com os grupos de defesa dos direitos dos prisioneiros palestinianos, há actualmente quase 550 nos cárceres israelitas detidos ao abrigo deste regime, que tem merecido ampla condenação internacional e que permite a Israel manter nas suas prisões, sem acusação ou julgamento, presos palestinianos por tempo indefinido, na medida em que o período de detenção, até seis meses, é infinitamente renovável.

A detenção, que é decretada por um comandante militar, tem por base aquilo a que Israel chama «prova secreta» – e é tão «secreta» que nem o advogado do detido tem direito a vê-la.

Alguns prisioneiros palestinianos passaram mais de uma década nas cadeias israelitas ao abrigo deste regime de «detenção», que é considerado ilegal à luz do direito internacional.

Como forma de protesto contra as suas detenções ilegais e para exigir que Israel ponha fim a esta prática, os presos palestinianos recorrem com frequência a greves de fome por tempo indeterminado.

Apesar da pressão internacional e dos protestos dos prisioneiros, as autoridades israelitas não têm dado sinais de querer acabar com este regime. Pelo contrário, tanto a comissão referida como o Centro Palestiniano de Estudos sobre Prisioneiros têm dado conta de novas ordens de detenção administrativa e de múltiplas renovações.

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Na maior parte dos casos, estavam presos ao abrigo do regime de detenção administrativa, como Hisham Abu Hawwash, de 40 anos, habitante da localidade de Dura (Cisjordânia ocupada) que se mantém há 140 dias em greve de fome e está numa situação considerada muito crítica.

Nos últimos dias, as autoridades palestinianas alertaram para o estado de saúde crítico de Abu Hawwash, responsabilizaram Telavive por aquilo que lhe possa acontecer e pediram à comunidade internacional que pressione as autoridades israelitas para o libertarem.

Também a Cruz Vermelha se mostrou preocupada com o caso, sublinhando a necessidade de tratar os reclusos com humanidade e de encontrar uma solução que evite «consequências irreversíveis» para Hawwash.

De acordo com a SPP, este domingo cerca de 500 reclusos palestinianos presos em Israel ao abrigo do regime da detenção administrativa – criticado pela ONU – declararam o boicote aos tribunais israelitas, porque «sentem que os tribunais alinham sempre com o governo militar e as suas ordens, e não os tratam com imparcialidade».

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De acordo com a comissão, há actualmente mais de 760 presos nas cadeias israelitas sem acusação ou julgamento. A detenção, decretada por um comandante militar, tem por base aquilo a que Israel chama «prova secreta», que nem o advogado do detido tem direito a ver.

Cerca de 80% dos presos palestinianos neste regime são ex-presos que já passaram anos atrás das grades, revela a Wafa.

«Semearemos alegria, vida e esperança»

Em comunicado, emitido há dias, o Ramo Penitenciário da Frente Popular para a Libertação da Palestina afirmou que «estes 30 prisioneiros, juntos, passaram quase 200 anos em detenção administrativa. Duzentos anos de cativeiro sem acusação ou julgamento por capricho dos oficiais de inteligência da ocupação».

O texto, divulgado pela Samidoun (rede de solidariedade com os presos palestinianos), sublinha que se trata de uma «pena perpétua», uma vez que muitos presos são libertados durante alguns meses e são novamente detidos. «Temos um mês de liberdade por cada ano de detenção», afirmam.

Dizem que são «alimentados pela dignidade» e querem que as autoridades israelitas saibam que, mesmo que os torturem e lhes provoquem dor, «que a nossa luta continua, e que semearemos alegria, vida e esperança, e que nossa luta pela liberdade e pela humanidade livre de tormentos não vai parar».

Leila Khaled, membro do Comité Central da FPLP e símbolo da resistência palestiniana, anunciou uma greve de fome solidária com os presos, a quem saudou por estarem «na primeira linha do confronto a este inimigo criminoso fascista».

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De acordo com a Comissão dos Assuntos dos Presos e ex-Presos, dos cerca de 4600 palestinianos actualmente presos nas cadeias israelitas, mais de 760 são reclusos sem acusação ou julgamento, cuja detenção pode ser infinitamente renovada por períodos até seis meses.

A detenção, decretada por um comandante militar, tem por base aquilo a que Israel chama «prova secreta», que nem o advogado do detido tem direito a ver.

Após o início da greve de fome, Basil Mizher, outro advogado palestiniano detido sem acusação ou julgamento, viu ser-lhe renovada a detenção administrativa por mais três meses, no passado dia 28.

Numa mensagem que Mizher escreveu no início do protesto, lida pela sua mãe numa acção solidária no campo de refugiados de Dheisheh, em Belém, o preso diz que a sua profissão é a de advogado, mas que mal se lembra dela, pois quase não a conseguiu exercer desde que se formou – foi submetido a três detenções administrativas desde que passou no exame.

Em vez de ir trabalhar, foi para a prisão, lê-se no texto divulgado pela pela Samidoun (rede de solidariedade com os presos palestinianos).

«Ou nos submetemos à opressão e à privação e aceitamos o roubo perpétuo da nossa liberdade e da nossa vida à vista do mundo, ou nos revoltamos contra a injustiça e derrubamos os muros do carcereiro com todas as ferramentas que temos», escreveu Basil Mizher a propósito da greve de fome, que é a «recusa da política de subordinação e domesticação».

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Talahma, detido desde Março de 2022, é um advogado e antigo prisioneiro, que passou dois anos e meio nas cadeias israelitas.

Abido é também um antigo prisioneiro, que passou cinco anos e meio nas prisões da ocupação – a maior parte do tempo ao abrigo do regime de detenção administrativa.

Por seu lado, Dandis foi preso pela primeira vez a 23 de Março último, tendo-lhe sido imposta uma detenção administrativa por um período de seis meses.

1083 presos em detenção administrativa

Este protesto ocorre num contexto em que Israel intensifica o recurso às detenções sem acusação ou julgamento. Segundo revelou a SPP, existem actualmente nas cadeias israelitas 1083 presos palestinianos a quem foi aplicado este regime de detenção, 17 dos quais são menores.

O regime de detenção administrativa, que tem merecido ampla condenação internacional, permite a Israel manter nas suas prisões, sem acusação ou julgamento, presos palestinianos por tempo indefinido, na medida em que o período de detenção, até seis meses, é infinitamente renovável.

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Preso palestiniano morreu na cadeia após 86 dias em greve de fome

O primeiro-ministro palestiniano, Mohammad Shtayyeh, responsabilizou Israel pelo «assassinato» de Khader Adnan, ao não atender ao protesto contra a sua detenção sem acusação ou julgamento.

Em protesto contra a morte de Khader Adnan, que se encontrava em greve de fome há 86 dias, a Cisjordânia ocupada cumpre um dia de greve geral 
CréditosWafa Awad / Wafa

A Sociedade de Prisioneiros Palestinianos (SPP) afirmou, em comunicado, que Khader Adnan, de 44 anos, foi encontrado inconsciente esta madrugada na sua cela, tendo sido levado para um hospital, onde foi declarado morto.

Adnan, natural da cidade de Arraba (perto de Jenin), foi preso 12 vezes ao longo da sua vida, tendo recorrido à greve de fome em diversas ocasiões para protestar contra as suas detenções sem qualquer acusação, afirmou a SPP, citada pela agência Wafa.

A última detenção ocorreu a 5 de Fevereiro e Adnan entrou de imediato em greve de fome por tempo indeterminado, refere a fonte, acrescentando que pelo menos 236 presos palestinianos morreram desde 1967.

Ao ter conhecimento da notícia, o primeiro-ministro palestiniano, Mohammad Shtayyeh, acusou Israel de ter cometido um assassinato.

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835 palestinianos em regime de detenção administrativa nas cadeias israelitas

O número foi destacado pela Sociedade dos Presos Palestinianos (SPP) em conferência de imprensa. A maior parte encontra-se nos centros de detenção de Ofer e de Naqab (Neguev).

Acção de solidariedade com os presos palestinianos, a 5 de Dezembro de 2022 
CréditosAli Jadallah / Anadolu

O regime de detenção administrativa, que tem merecido ampla condenação internacional – até do Departamento de Estado norte-americano e da Amnistia Internacional –, permite a Israel manter nas suas prisões, sem acusação ou julgamento, presos palestinianos por tempo indefinido, na medida em que o período de detenção, até seis meses, é infinitamente renovável.

Em relatórios anteriores, a SPP lembrou que esta política visa «esmagar os activistas políticos palestinianos» e se baseia num ficheiro secreto não acessível aos presos – nem sequer aos seus advogados.

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«Ou nos submetemos ou nos revoltamos»: 30 presos palestinianos continuam em luta

Os prisioneiros iniciaram uma greve de fome, há uma semana, para exigir a sua libertação e denunciar um regime de detenção que permite mantê-los na cadeia sem acusação ou julgamento.

Imagem de um comício da Frente Popular para a Libertação da Palestina (FPLP), força de esquerda hoje considerada «terrorista» por Israel e cujos militantes são perseguidos
Imagem de um comício da Frente Popular para a Libertação da Palestina (FPLP) Créditos / pflp.pl

O protesto dos trinta presos palestinianos, membros e simpatizantes da Frente Popular para a Libertação da Palestina (FPLP), completou uma semana sem solução aparente à vista, tendo em conta a inflexibilidade das autoridades de Telavive.

Em comunicado, a Sociedade dos Presos Palestinianos (SPP) anunciou que os serviços prisionais israelitas têm estado a ameaçar com castigos os reclusos que lutam contra o regime de detenção administrativa. Entre as punições, contam-se privá-los de visitas, retirar-lhes os seus pertences e isolá-los em celas de castigo.

Nesta primeira semana de protesto, os serviços prisionais israelitas colocaram 28 dos grevistas em quatro celas de isolamento na prisão de Ofer, informa a Wafa com base no documento divulgado pelo SPP.

Um outro, o advogado Salah Hammouri, foi metido na solitária numa cadeia no Norte de Israel, enquanto Ghassan Zawahreh foi levado para uma cela de isolamento numa prisão localizada no Deserto do Neguev (al-Naqab).

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Trinta presos palestinianos em protesto contra a detenção administrativa

Os prisioneiros, em cadeias israelitas, iniciaram uma greve de fome por tempo indeterminado contra um regime que permite mantê-los detidos sem acusação ou julgamento, por períodos renováveis de seis meses.

Familiares de presos palestinianos em cadeias israelitas mostram cartazes numa concentração em Ramallah, na Cisjordânia ocupada, em Setembro de 2021 
Créditos / Al Jazeera

O início do protesto, este domingo, por parte de prisioneiros que são membros ou apoiantes da Frente Popular para a Libertação da Palestina (FPLP), foi confirmado pela Comissão dos Assuntos dos Presos e ex-Presos.

Em declarações à agência Wafa, Hassan Abed Rabbo, porta-voz da comissão, disse que os presos decidiram avançar contra uma política que permite a Israel manter nas suas prisões, sem acusação ou julgamento, presos palestinianos por tempo indefinido, na medida em que o período de detenção, até seis meses, é infinitamente renovável.

Numa mensagem divulgada há alguns dias, os presos sublinharam que a luta contra o regime de detenção administrativa continua e denunciaram que as medidas tomadas pelas autoridades prisionais israelitas «já não se baseiam em obsessões de segurança, mas são actos de vingança devido ao seu passado».

Qadri Abu Baker, líder da Comissão dos Assuntos dos Presos e ex-Presos, disse à Wafa que, na próxima quinta-feira, mais 50 presos se devem juntar à greve de fome, para denunciar o regime de detenção administrativa a que são submetidos e a escalada por parte de Israel no que respeita a este procedimento.

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Israel decretou 1595 ordens de detenção administrativa contra palestinianos em 2021

O maior número de detenções administrativas – sem julgamento ou acusação – foi decretado em Maio, quando Israel lançou uma ofensiva de 11 dias contra a Faixa de Gaza.

Familiares e apoiantes de preso Hisham Abu Hawwash protestaram este domingo na localidade de Dura, a oeste de al-Khalil (Hebron), na Cisjordânia ocupada 
Créditos / PressTV

A Sociedade dos Presos Palestinianos (SPP) revelou, este domingo, que o número divulgado diz respeito tanto a novas ordens como à renovação de ordens já emitidas nos territórios ocupados, pelas autoridades israelitas.

No documento apresentado, o organismo lembra que política de detenção administrativa visa «esmagar os activistas políticos palestinianos» e se baseia num ficheiro secreto não acessível aos presos – nem sequer aos seus advogados –, que são mantidos na cadeia sem acusação ou julgamento, informa a WAFA.

O maior número de ordens de detenção administrativa foi emitido em Maio último, quando a Israel lançou uma ofensiva de 11 dias contra a Faixa de Gaza, explicou a organização de defesa dos presos, acrescentado que, ao longo do ano, 60 prisioneiros recorreram à greve de fome com o propósito de reconquistar a liberdade.

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Presos palestinianos continuam protesto contra a detenção administrativa

Uma comissão de apoio aos prisioneiros revelou que 13 palestinianos permaneciam em greve de fome nas cadeias, este domingo, contra o regime que permite mantê-los reclusos sem acusação ou julgamento.

Um grupos de palestinianos solidários com os seus compatriotas presos nas cadeias israelitas mostram-se numa prisão a fingir 
Créditos / WAFA

Num comunicado ontem emitido, a Comissão dos Assuntos dos Presos e ex-Presos Palestinianos informou que o prisioneiro Salem Ziadat, de 40 anos, é, dos 13 que continuavam o protesto, aquele que está em greve de fome há mais tempo, permanecendo em jejum há 28 dias contra a sua detenção administrativa, sem acusação ou julgamento, revelou a agência WAFA.

A Comissão informou ainda que o número de reclusos palestinianos em greve de fome até ontem era de 15, mas que Mohammad Khaled Abusill e Ahmad Abdulrahman Abusill tinham chegado a um acordo com o Serviço Prisional Israelita no que respeita à «limitação» da chamada detenção administrativa.

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Israel prendeu 5426 palestinianos na primeira metade do ano

Grupos de defesa dos presos apresentaram um relatório sobre o primeiro semestre de 2021. Nas cadeias israelitas, há actualmente 4850 palestinianos, 540 dos quais ao abrigo da «detenção administrativa».

Os palestinianos estão a ser detidos em aldeias e cidades dos territórios ocupados em 1948 por terem apoiado Gaza 
As forças israelitas prenderam mais palestinianos no primeiro semestre deste ano do que em todo o ano de 2020 Créditos / Middle East Monitor

Entre os palestinianos que se encontram nos cárceres de Israel, contam-se 43 mulheres e 225 menores, segundo o documento conjunto divulgado este fim-de-semana pela Comissão dos Assuntos dos Presos e ex-Presos Palestinianos, a Sociedade dos Presos Palestinianos, a Addameer e o Centro de Informação Wadi Hilweh.

Os organismos referidos precisaram que 12 presos são membros do Conselho Legislativo Palestiniano (Parlamento), 70 são provenientes dos territórios ocupados em 1948, 350 são originários de Jerusalém ocupada e 240 da Faixa de Gaza cercada.

O informe destaca a existência de 540 prisioneiros palestinianos em detenção administrativa, sem acusação formada ou julgamento, por períodos de seis meses indefinidamente renováveis.

Quase 5500 detidos em seis meses

No que respeita a detenções, os organismos de defesa dos presos revelaram que Israel prendeu 5426 palestinianos entre 1 de Janeiro e 30 de Junho deste ano – um número superior a todas as detenções efectuadas pelas forças israelitas em 2020 e registadas por estas organizações: 4636.

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Forças israelitas prenderam 230 menores palestinianos desde Janeiro

Por ocasião do Dia da Criança Palestiniana, que se assinala a 5 de Abril, a Comissão dos Assuntos dos Presos e ex-Presos Palestinianos revelou também que 140 menores permanecem em cadeias israelitas.

Um soldado israelita detém um rapaz palestiniano, juntamente com outros quatro, perto do posto avançado de Havot Maon, na Margem Ocidental ocupada, a 11 de Março de 2021 
Créditos / Anadolu

Os menores palestinianos, alguns dos quais crianças, continuam a ser alvo das forças militares israelitas, que os prendem, muitas vezes de forma violenta, nos territórios ocupados.

De acordo com um relatório publicado este domingo pela Sociedade dos Prisioneiros Palestinianos, pelo menos 230 foram detidos desde o início do ano, a maioria dos quais em Jerusalém Oriental ocupada.

O grupo de defesa dos direitos dos presos sublinhou que «as crianças encarceradas são submetidas a vários tipos de abusos, incluindo «a recusa de comida e de bebida por longas horas, abuso verbal e a detenção em condições duras».

O informe veio a lume na véspera do Dia da Criança Palestiniana, que se assinala a 5 de Abril, com actividades culturais, educativas e mediáticas que, refere a PressTV, visam reforçar a consciência sobre o sofrimento dos menores palestinianos.

Detenção administrativa e maus-tratos

Também no âmbito do Dia da Criança Palestiniana, a Comissão dos Assuntos dos Presos e ex-Presos Palestinianos revelou que 140 menores permanecem em cadeias israelitas, incluindo dois que se encontram presos ao abrigo do regime de detenção administrativa.

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A «viagem ao inferno» dos jovens palestinianos detidos por Israel

Uma comissão da ONU reafirmou denúncias expostas em vários relatórios sobre detenções de menores palestinianos por Israel – quase sempre presos de noite, algemados e vendados. É o início da «viagem ao inferno».

Um jovem palestiniano é preso na Cisjordânia, na sequência dos protestos contra a decisão norte-americana sobre Jerusalém
Créditos / palestinalibre.org

A instância, composta por especialistas independentes das Nações Unidas, expressou particular preocupação pela expansão dos colonatos e o aumento da violência dos colonos israelitas, em que se incluem ataques a crianças e às suas escolas.

Segundo se pode ler no portal oficial de notícias da ONU, na semana passada diversas organizações informaram a comissão sobre as operações nocturnas levadas a efeito pelas forças israelitas com o propósito de deter crianças e adolescentes na Cisjordânia ocupada, com «graves consequências para o seu bem-estar e gozo dos seus direitos».

«Mais de 300 crianças estão detidas no sistema militar israelita. A maioria por delitos menores, como atirar pedras e publicações nas redes sociais», assinala a comissão, que denuncia o facto de os menores serem «levados para locais desconhecidos, presos em viaturas militares e sujeitos a ameaças e abusos verbais», bem como o facto de, por vezes, serem «obrigados a assinar confissões em hebraico, uma língua que não costumam entender».

Estas preocupações reafirmam as que têm sido veiculadas, ao longo do tempo, por várias entidades, nomeadamente a Comissão dos Prisioneiros Palestinianos, órgão dependente da Autoridade Palestiniana que, em diversas ocasiões (também este ano), alertou para o facto de os menores serem torturados e sofrerem abusos nos cárceres israelitas, bem como para o facto de serem espancados, insultados e pressionados no momento da detenção.

No final de Março, um relatório publicado pelo Ministério palestiniano da Informação denunciava também esta realidade, afirmando que «95% das crianças palestinianas presas pelas autoridades israelitas foram torturadas durante a detenção».

De acordo com o relatório, até 2015 foram documentadas anualmente 700 detenções de menores palestinianos. Já em 2017, Israel prendeu 1467 crianças e adolescentes; 1063 no ano seguinte e, nos dois primeiros dois meses deste ano, 118. Entre 2000 e 2018, foram presos mais de 16 mil menores.

Uma «viagem sem fim ao inferno»

Numa peça intitulada «“Endless Trip to Hell”: Israel Jails Hundreds of Palestinian Boys a Year. These Are Their Testimonies», publicada em Março e plenamente actual, o periódico israelita Haaretz aborda esta realidade, em que as crianças, algumas com idades inferiores a 13 anos, «são detidas pela calada da noite, vendadas e algemadas, alvo de abusos e constrangidas» a confessar «crimes» que não cometeram.

A peça, que reúne testemunhos de sete jovens da Margem Ocidental ocupada com idades compreendidas entre os dez e os 15 anos, revela as diversas fases do processo de detenção, que começa nas operações nocturnas e passa pelo interrogatório, a prisão, o julgamento e a proposta de um acordo.

Na sua maioria, os jovens são presos por, alegadamente, terem atirado pedras ou queimado pneus, mas, como sublinha a advogada Farah Bayadsi o objectivo das detenções «é mais para mostrar controlo do que para aplicar a lei».

A experiência traumática é fundamentada por tudo aquilo por que as crianças passam durante uma detenção. Arrancadas de casa quando dormem, são algemadas e vendadas, levadas em veículos militares para colonatos e bases israelitas, passando por todo um processo que envolve intimidação, ameaças, agressões físicas, afastamento da família e pressão para «confessar».


O nível de brutalidade varia. Khaled Mahmoud Selvi, preso quando tinha 15 anos, foi levado para a prisão e despido (o que, de acordo com o jornal, ocorre em 55% dos casos), tendo sido obrigado a permanecer dez minutos nu, em pé, durante o Inverno.

De acordo com os dados recolhidos pela organização não governamental (ONG) British-Palestinian Military Court Watch, 97% dos jovens palestinianos detidos pelas forças militares israelitas (IDF) vivem em pequenas localidades a menos de dois quilómetros de um colonato.

O advogado Gerard Horton, da ONG referida, afirma que a ideia é «assustar toda a aldeia» e que se trata de um «instrumento eficaz» para controlar uma comunidade. Acrescenta que, do ponto de vista dos ocupantes e opressores, a pressão «tem de ser constante»: «Cada geração tem de sentir a mão pesada das IDF.»

A experiência é traumática. O pai de Khaled Shtaiwi, preso com 13 anos em Novembro do ano passado, contou ao periódico que criou na sua aldeia o «dia da psicologia», porque o seu filho não é capaz de falar sobre o que se passou e porque quer ajudar todas as crianças que foram presas pelos israelitas.

Em Beit Ummar, Omar Ayyash foi preso com dez anos de idade, em Dezembro último. Agora, as crianças que brincam nas ruas da aldeia afastam-se assim que se apercebem da aproximação de soldados israelitas. Tornou-se um hábito desde que as tropas levaram Omar.

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Por seu lado, a organização Defense for Children International – Palestine (DCIP) destacou que todos os anos entre 500 e 700 menores palestinianos são processados em tribunais militares israelitas e que 85% das crianças palestinianas detidas em 2020 foram «submetidas a violência física».

Num comunicado, a DCIP afirma ter documentado 27 casos em que as crianças foram mantidas na solitária um ou dois dias, alegando as forças israelitas «objectivos de investigação». Esta prática é, segundo o organismo, uma forma de «tortura ou tratamento cruel, desumano e degradante».

Desde Outubro de 2015, a DCIP registou a 36 ordens de detenção administrativa decretadas contra menores palestinianos, dois dos quais se mantêm nesse regime.

Ainda de acordo com o organismo sediado em Genebra, em 2020, as forças israelitas mataram nove menores palestinianos na Cisjordânia ocupada, incluindo Jerusalém Oriental, e na Faixa de Gaza, seis dos quais com fogo real.

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De acordo com os grupos de defesa dos direitos dos prisioneiros palestinianos, há actualmente quase 550 nos cárceres israelitas detidos ao abrigo deste regime, que tem merecido ampla condenação internacional e que permite a Israel manter nas suas prisões, sem acusação ou julgamento, presos palestinianos por tempo indefinido, na medida em que o período de detenção, até seis meses, é infinitamente renovável.

A detenção, que é decretada por um comandante militar, tem por base aquilo a que Israel chama «prova secreta» – e é tão «secreta» que nem o advogado do detido tem direito a vê-la.

Alguns prisioneiros palestinianos passaram mais de uma década nas cadeias israelitas ao abrigo deste regime de «detenção», que é considerado ilegal à luz do direito internacional.

Como forma de protesto contra as suas detenções ilegais e para exigir que Israel ponha fim a esta prática, os presos palestinianos recorrem com frequência a greves de fome por tempo indeterminado.

Apesar da pressão internacional e dos protestos dos prisioneiros, as autoridades israelitas não têm dado sinais de querer acabar com este regime. Pelo contrário, tanto a comissão referida como o Centro Palestiniano de Estudos sobre Prisioneiros têm dado conta de novas ordens de detenção administrativa e de múltiplas renovações.

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Na maior parte dos casos, estavam presos ao abrigo do regime de detenção administrativa, como Hisham Abu Hawwash, de 40 anos, habitante da localidade de Dura (Cisjordânia ocupada) que se mantém há 140 dias em greve de fome e está numa situação considerada muito crítica.

Nos últimos dias, as autoridades palestinianas alertaram para o estado de saúde crítico de Abu Hawwash, responsabilizaram Telavive por aquilo que lhe possa acontecer e pediram à comunidade internacional que pressione as autoridades israelitas para o libertarem.

Também a Cruz Vermelha se mostrou preocupada com o caso, sublinhando a necessidade de tratar os reclusos com humanidade e de encontrar uma solução que evite «consequências irreversíveis» para Hawwash.

De acordo com a SPP, este domingo cerca de 500 reclusos palestinianos presos em Israel ao abrigo do regime da detenção administrativa – criticado pela ONU – declararam o boicote aos tribunais israelitas, porque «sentem que os tribunais alinham sempre com o governo militar e as suas ordens, e não os tratam com imparcialidade».

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De acordo com a comissão, há actualmente mais de 760 presos nas cadeias israelitas sem acusação ou julgamento. A detenção, decretada por um comandante militar, tem por base aquilo a que Israel chama «prova secreta», que nem o advogado do detido tem direito a ver.

Cerca de 80% dos presos palestinianos neste regime são ex-presos que já passaram anos atrás das grades, revela a Wafa.

«Semearemos alegria, vida e esperança»

Em comunicado, emitido há dias, o Ramo Penitenciário da Frente Popular para a Libertação da Palestina afirmou que «estes 30 prisioneiros, juntos, passaram quase 200 anos em detenção administrativa. Duzentos anos de cativeiro sem acusação ou julgamento por capricho dos oficiais de inteligência da ocupação».

O texto, divulgado pela Samidoun (rede de solidariedade com os presos palestinianos), sublinha que se trata de uma «pena perpétua», uma vez que muitos presos são libertados durante alguns meses e são novamente detidos. «Temos um mês de liberdade por cada ano de detenção», afirmam.

Dizem que são «alimentados pela dignidade» e querem que as autoridades israelitas saibam que, mesmo que os torturem e lhes provoquem dor, «que a nossa luta continua, e que semearemos alegria, vida e esperança, e que nossa luta pela liberdade e pela humanidade livre de tormentos não vai parar».

Leila Khaled, membro do Comité Central da FPLP e símbolo da resistência palestiniana, anunciou uma greve de fome solidária com os presos, a quem saudou por estarem «na primeira linha do confronto a este inimigo criminoso fascista».

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De acordo com a Comissão dos Assuntos dos Presos e ex-Presos, dos cerca de 4600 palestinianos actualmente presos nas cadeias israelitas, mais de 760 são reclusos sem acusação ou julgamento, cuja detenção pode ser infinitamente renovada por períodos até seis meses.

A detenção, decretada por um comandante militar, tem por base aquilo a que Israel chama «prova secreta», que nem o advogado do detido tem direito a ver.

Após o início da greve de fome, Basil Mizher, outro advogado palestiniano detido sem acusação ou julgamento, viu ser-lhe renovada a detenção administrativa por mais três meses, no passado dia 28.

Numa mensagem que Mizher escreveu no início do protesto, lida pela sua mãe numa acção solidária no campo de refugiados de Dheisheh, em Belém, o preso diz que a sua profissão é a de advogado, mas que mal se lembra dela, pois quase não a conseguiu exercer desde que se formou – foi submetido a três detenções administrativas desde que passou no exame.

Em vez de ir trabalhar, foi para a prisão, lê-se no texto divulgado pela pela Samidoun (rede de solidariedade com os presos palestinianos).

«Ou nos submetemos à opressão e à privação e aceitamos o roubo perpétuo da nossa liberdade e da nossa vida à vista do mundo, ou nos revoltamos contra a injustiça e derrubamos os muros do carcereiro com todas as ferramentas que temos», escreveu Basil Mizher a propósito da greve de fome, que é a «recusa da política de subordinação e domesticação».

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Alguns prisioneiros palestinianos passaram mais de uma década nas cadeias israelitas ao abrigo deste sistema, e é comum os presos recorrerem a greves de fome por tempo indeterminado como forma de chamar a atenção para os seus casos e fazer pressão junto das autoridades israelitas para que os libertem.

Agora, a SPP revelou também que, dos 835 palestinianos actualmente presos ao abrigo deste regime, 80 são mulheres, indica a agência Wafa.

Além disso, a organização não governamental (ONG) informou que, ao longo de 2022, as autoridades israelitas emitiram 2134 ordens de detenção administrativa, 242 das quais em Novembro (o ano passado foram 1595).

6500 palestinianos presos por Israel este ano, 490 dos quais em Novembro

Desde o início de 2022 até ao fim de Novembro, as forças israelitas prenderam 6500 palestinianos, revelou a SPP, citada pela agência turca Anadolu. Entre os detidos, contavam-se 153 mulheres e 811 menores de idade acrescentou.

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Israel prendeu 5300 palestinianos desde o início do ano

As forças de ocupação israelitas detiveram 5300 palestinianos desde o princípio deste ano, incluindo 111 mulheres e 620 menores de idade, revelou esta segunda-feira uma organização não governamental.

Forças israelitas levam homem palestiniano detido (imagem de arquivo) 
Créditos / aa.com.tr

Em comunicado, a Sociedade dos Presos Palestinianos (SPP) afirmou que, com 2353 detenções registadas, Jerusalém Oriental ocupada se situa no primeiro lugar por regiões, e que Abril foi o mês com maior número de detenções (1228 casos), noticia a agência Wafa.

A SPP condenou os ataques e raides israelitas contra cidades, aldeias e campos de refugiados na Cisjordânia ocupada para prender activistas, referindo que muitos palestinianos foram mortos, nesse processo, pelas balas do Exército.

Neste contexto, o número de execuções extrajudiciais no terreno, em 2022, é mais elevado por comparação com anos anteriores, alertou a SPP, que também questionou os bloqueios militares a localidades e campos de refugiados palestinianos, classificando-os como uma punição colectiva.

Dados da SPP sobre dentenções de palestinianos em 2022. (Clicar na imagem para a ampliar) / Wafa 

No que respeita às detenções administrativas, a organização afirmou que este ano, até à data, foram emitidas 1160. Só no mês de Agosto, foram decretadas 272, pelo que, no final de Setembro, havia cerca de 800 palestinianos nas prisões israelitas detidos sem acusação ou julgamento.

Ao abrigo deste regime, os períodos de detenção podem ser infinitamente renovados por períodos até seis meses.

A detenção, decretada por um comandante militar, tem por base aquilo a que Israel chama «prova secreta», que nem o advogado do detido tem direito a ver.

De forma reiterada, os presos palestinianos detidos sob este regime iniciam greves de fome para denunciar os seus casos e a política de detenção administrativa, exigindo a sua libertação.

Diversas instâncias das Nações Unidas têm denunciado repetidamente este regime israelita de detenção, na medida em que não faculta aos detidos palestinianos as «salvaguardas jurídicas básicas» e violam o direito internacional humanitário.

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Só no mês de Novembro, foram detidos 490 palestinianos, incluindo 76 menores e 12 mulheres, informaram, num relatório conjunto, a SPP, a Addameer, o Centro de Informação Wadi Hilweh e a Comissão dos Assuntos dos Presos e Ex-Presos Palestinianos.

No relatório mensal a que o Middle East Monitor faz referência, as quatro organizações de defesa dos direitos presos afirmaram que, no mês passado, o maior número de detenções ocorreu em Hebron (al-Khalil; 135 casos), seguida por Jerusalém (123), Ramallah (52), Jenin e Nablus.

De acordo com os grupos, há actualmente nas cadeias israelitas cerca de 4700 palestinianos presos, incluindo 34 mulheres e 150 menores.

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«A ocupação israelita e a sua administração prisional levaram a cabo o assassinato deliberado do preso Khader Adnan ao rejeitar o seu pedido de libertação, ao negligenciá-lo medicamente e ao mantê-lo na sua cela apesar da gravidade do seu estado de saúde», afirmou Shtayyeh em comunicado.

Várias facções palestinianas pronunciaram-se no mesmo sentido, responsabilizando Israel pela morte de Khader Adnan e sublinhando o crime «premeditado e a sangue-frio».

Por seu lado, o Ministério palestiniano dos Negócios Estrangeiros pediu uma investigação internacional sobre a morte do prisioneiro e instou o Tribunal Penal Internacional a incluir este caso no processo relativo aos crimes de guerra cometidos por Israel contra o povo palestiniano nos territórios ocupados.

Para denunciar «o crime que levou à morte» de Khader Adnan numa prisão israelita, foi declarada, esta terça-feira, uma greve geral que «afecta todos os aspectos da vida», tanto na Faixa de Gaza cercada como na Margem Ocidental ocupada, incluindo Jerusalém Oriental, indica a Wafa.

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Em relatórios anteriores, a SPP lembrou que esta política visa «esmagar os activistas políticos palestinianos» e se baseia num ficheiro secreto não acessível aos presos – nem sequer aos seus advogados.

Alguns prisioneiros palestinianos passaram mais de uma década nas cadeias israelitas ao abrigo deste sistema, e é comum os presos recorrerem a greves de fome por tempo indeterminado como forma de chamar a atenção para os seus casos e fazer pressão junto das autoridades israelitas para que os libertem.

A 2 de Maio último, Khader Adnan, de 44 anos, morreu na cadeia, quase três meses depois de ter iniciado uma greve de fome contra a sua detenção sem acusação ou julgamento.

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Num comunicado de imprensa, que a Wafa cita, a Comissão exigiu «acção real e tangível, no sentido de formar um comité internacional de direitos humanos que vá imediatamente às prisões da ocupação israelita, analise o crime [de detenção administrativa] em todos os seus detalhes e observe de perto o sofrimento dos detidos administrativos, que estão presos sem quaisquer acusações ou julgamentos, e vivem à mercê dos chamados oficiais dos serviços de inteligência israelitas».

«Os abusos imorais e desumanos associados à utilização desta política pela potência ocupante violam todos os princípios do direito internacional e da humanidade, e estão em contradição real com os teóricos da democracia e aqueles que afirmam ser democráticos em todo o mundo, especialmente na América e na Europa», acrescenta a nota.

De acordo com os dados divulgados em Junho último pela organização israelita de defesa dos direitos B'Tselem, em Março deste ano, Israel mantinha nas suas prisões 1017 pessoas em regime de detenção administrativa.

É preciso recuar duas décadas, até Abril de 2003, para encontrar um número mais elevado de detidos administrativos nas prisões israelitas – 1140 –, referiu a organização.

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«De acordo com a lei militar que se aplica na Cisjordânia, uma pessoa pode ser detida administrativamente durante seis meses, mas a ordem pode ser renovada, pelo que a reclusão na prática é indefinida e os detidos nunca sabem quando serão libertados», alertou a B'Tselem, outra organização israelita de defesa dos direitos humanos nos territórios ocupados.

De forma sistemática, presos administrativos entram em greve de fome por tempo indeterminado para chamar a atenção para os seus casos e forçar a sua libertação.

Em meados de Agosto, a Comissão dos Assuntos dos Presos e ex-Presos pediu à chamada comunidade internacional que quebre o silêncio em torno do «crime israelita da detenção administrativa».

Num comunicado de imprensa, divulgado pela Wafa, a Comissão exigiu «acção real e tangível, no sentido de formar um comité internacional de direitos humanos que vá imediatamente às prisões da ocupação israelita, analise o crime [de detenção administrativa] em todos os seus detalhes e observe de perto o sofrimento dos detidos administrativos, que estão presos sem quaisquer acusações ou julgamentos, e vivem à mercê dos chamados oficiais dos serviços de inteligência israelitas».

«Os abusos imorais e desumanos associados à utilização desta política pela potência ocupante violam todos os princípios do direito internacional e da humanidade, e estão em contradição real com os teóricos da democracia e aqueles que afirmam ser democráticos em todo o mundo, especialmente na América e na Europa», afirmou o organismo.

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Desde 28 de Setembro de 2000 até à data, refere a Comissão, foram detidas mais de 2600 raparigas e mulheres, incluindo quatro que deram à luz na cadeia.

32 mil ordens de detenção administrativa

No mesmo período, foram emitidas 32 mil ordens de detenção administrativa, a que Israel recorre para manter reclusos nas cadeias sem acusação nem julgamento, com base numa «prova secreta» que nem o advogado do detido pode ver.

A Comissão registou um aumento «assinalável» no recurso a este regime, amplamente condenado a nível internacional, contra o qual os presos palestinianos protestam, de forma reiterada, entrando em greve de fome por tempo indeterminado, para exigir a sua libertação e o fim da aplicação da política de detenção referida.

«De acordo com a lei militar que se aplica na Cisjordânia, uma pessoa pode ser detida administrativamente durante seis meses, mas a ordem pode ser renovada, pelo que a reclusão na prática é indefinida e os detidos nunca sabem quando serão libertados», alertou recentemente a B'Tselem, uma organização israelita de defesa dos direitos humanos nos territórios ocupados.

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A «viagem ao inferno» dos jovens palestinianos detidos por Israel

Uma comissão da ONU reafirmou denúncias expostas em vários relatórios sobre detenções de menores palestinianos por Israel – quase sempre presos de noite, algemados e vendados. É o início da «viagem ao inferno».

Um jovem palestiniano é preso na Cisjordânia, na sequência dos protestos contra a decisão norte-americana sobre Jerusalém
Créditos / palestinalibre.org

A instância, composta por especialistas independentes das Nações Unidas, expressou particular preocupação pela expansão dos colonatos e o aumento da violência dos colonos israelitas, em que se incluem ataques a crianças e às suas escolas.

Segundo se pode ler no portal oficial de notícias da ONU, na semana passada diversas organizações informaram a comissão sobre as operações nocturnas levadas a efeito pelas forças israelitas com o propósito de deter crianças e adolescentes na Cisjordânia ocupada, com «graves consequências para o seu bem-estar e gozo dos seus direitos».

«Mais de 300 crianças estão detidas no sistema militar israelita. A maioria por delitos menores, como atirar pedras e publicações nas redes sociais», assinala a comissão, que denuncia o facto de os menores serem «levados para locais desconhecidos, presos em viaturas militares e sujeitos a ameaças e abusos verbais», bem como o facto de, por vezes, serem «obrigados a assinar confissões em hebraico, uma língua que não costumam entender».

Estas preocupações reafirmam as que têm sido veiculadas, ao longo do tempo, por várias entidades, nomeadamente a Comissão dos Prisioneiros Palestinianos, órgão dependente da Autoridade Palestiniana que, em diversas ocasiões (também este ano), alertou para o facto de os menores serem torturados e sofrerem abusos nos cárceres israelitas, bem como para o facto de serem espancados, insultados e pressionados no momento da detenção.

No final de Março, um relatório publicado pelo Ministério palestiniano da Informação denunciava também esta realidade, afirmando que «95% das crianças palestinianas presas pelas autoridades israelitas foram torturadas durante a detenção».

De acordo com o relatório, até 2015 foram documentadas anualmente 700 detenções de menores palestinianos. Já em 2017, Israel prendeu 1467 crianças e adolescentes; 1063 no ano seguinte e, nos dois primeiros dois meses deste ano, 118. Entre 2000 e 2018, foram presos mais de 16 mil menores.

Uma «viagem sem fim ao inferno»

Numa peça intitulada «“Endless Trip to Hell”: Israel Jails Hundreds of Palestinian Boys a Year. These Are Their Testimonies», publicada em Março e plenamente actual, o periódico israelita Haaretz aborda esta realidade, em que as crianças, algumas com idades inferiores a 13 anos, «são detidas pela calada da noite, vendadas e algemadas, alvo de abusos e constrangidas» a confessar «crimes» que não cometeram.

A peça, que reúne testemunhos de sete jovens da Margem Ocidental ocupada com idades compreendidas entre os dez e os 15 anos, revela as diversas fases do processo de detenção, que começa nas operações nocturnas e passa pelo interrogatório, a prisão, o julgamento e a proposta de um acordo.

Na sua maioria, os jovens são presos por, alegadamente, terem atirado pedras ou queimado pneus, mas, como sublinha a advogada Farah Bayadsi o objectivo das detenções «é mais para mostrar controlo do que para aplicar a lei».

A experiência traumática é fundamentada por tudo aquilo por que as crianças passam durante uma detenção. Arrancadas de casa quando dormem, são algemadas e vendadas, levadas em veículos militares para colonatos e bases israelitas, passando por todo um processo que envolve intimidação, ameaças, agressões físicas, afastamento da família e pressão para «confessar».


O nível de brutalidade varia. Khaled Mahmoud Selvi, preso quando tinha 15 anos, foi levado para a prisão e despido (o que, de acordo com o jornal, ocorre em 55% dos casos), tendo sido obrigado a permanecer dez minutos nu, em pé, durante o Inverno.

De acordo com os dados recolhidos pela organização não governamental (ONG) British-Palestinian Military Court Watch, 97% dos jovens palestinianos detidos pelas forças militares israelitas (IDF) vivem em pequenas localidades a menos de dois quilómetros de um colonato.

O advogado Gerard Horton, da ONG referida, afirma que a ideia é «assustar toda a aldeia» e que se trata de um «instrumento eficaz» para controlar uma comunidade. Acrescenta que, do ponto de vista dos ocupantes e opressores, a pressão «tem de ser constante»: «Cada geração tem de sentir a mão pesada das IDF.»

A experiência é traumática. O pai de Khaled Shtaiwi, preso com 13 anos em Novembro do ano passado, contou ao periódico que criou na sua aldeia o «dia da psicologia», porque o seu filho não é capaz de falar sobre o que se passou e porque quer ajudar todas as crianças que foram presas pelos israelitas.

Em Beit Ummar, Omar Ayyash foi preso com dez anos de idade, em Dezembro último. Agora, as crianças que brincam nas ruas da aldeia afastam-se assim que se apercebem da aproximação de soldados israelitas. Tornou-se um hábito desde que as tropas levaram Omar.

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Incitação racista, tortura, execuções lentas

No relatório agora publicado, a Comissão dos Assuntos dos Presos e ex-Presos Palestinianos refere-se ainda ao recurso à tortura nos cárceres israelitas, bem como aos assassinatos e às «execuções lentas» por falta de cuidados médicos.

Denuncia igualmente a «escalada de casos de opressão, abuso e incitação racista» contra os presos palestinianos.

De acordo com o organismo, estão actualmente detidos em cadeias israelitas, nos territórios ocupados em 1948, cerca de 5200 palestinianos. Destes, 38 são mulheres e 170 são menores de idade.

Há ainda mais de 1250 presos palestinianos em regime de detenção administrativa e 700 reclusos doentes, 24 dos quais com enfermidades oncológicas.

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Num comunicado posterior, as Brigadas al-Qassam afirmaram ter capturado «mais de 35 soldados e civis israelitas do colonato sionista de Sderot».

A operação desta manhã apanhou de surpresa o Exército da ocupação, o que está a valer múltiplas críticas ao governo de Netanyahu, em Israel.

Entretanto, foi declarado o «estado de preparação para a guerra» entre as forças militares israelitas, e o ministro da Defesa, que aprovou o recrutamento de soldados na reserva, declarou o estado de emergência numa faixa de 80 quilómetros em redor da Faixa de Gaza.

A agência Wafa já deu conta de bombardeamentos israelitas contra o enclave costeiro nas últimas horas, dos quais resultaram vários mortos.

A mesma fonte refere que o Ministério palestiniano da Saúde colocou todas as unidades hospitalares do país em situação de emergência.

Bombardeamentos israelitas sobre Gaza provocam elevado número de vítimas

De acordo com as autoridades de saúde no enclave costeiro, pelo menos 198 pessoas morreram e mais de 1600 ficaram feridas (muitas das quais em estado grave) como consequência dos bombardeamentos israelitas contra a Faixa e Gaza ao longo do dia, refere a Wafa, em retaliação contra o ataque da resistência palestiniana, esta manhã.

Por seu lado, a agência Prensa Latina refere-se à morte de uma centena de israelitas e cerca de 900 feridos, no contexto da operação de grande escala da resistência palestiniana, que ocupou diversas localidades e bases militares da ocupação próximas do enclave cercado.

Entretanto, a Wafa dá conta de vários ataques da parte de colonos e forças israelitas contra diversas localidades e bairros palestinianos na Cisjordânia e Jerusalém ocupadas, dos quais resultaram pelo menos um morto e um número indeterminado de feridos.

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Israel retaliou com a «Operação Espadas de Ferro», com ataques aéreos sobre a Faixa de Gaza sitiada e, de acordo com a última contagem do Ministério da Saúde palestiniano, 313 habitantes de Gaza morreram na ofensiva, incluindo 20 crianças, enquanto outros 1990 palestinianos ficaram feridos no enclave. Do lado israelita, foram confirmadas até à manhã de hoje cerca de 300 pessoas mortas e 1864 feridas, das quais 19 estão em estado crítico, 326 em estado grave e as restantes em estado moderado ou ligeiro. 

No ano em que se assinalam os 75 anos da Nakba (catástrofe), «mais de cinco décadas depois de Israel ocupar militarmente a totalidade do território da Palestina histórica», o MPPM lembra que a campanha de limpeza étnica que acompanhou a formação de Israel se prolonga até hoje. «Em Gaza, de onde partiu esta acção, vivem cerca de 2,2 milhões de pessoas, descendentes dessas sucessivas vagas de limpeza étnica», alerta o movimento.

Apesar de as Nações Unidas o considerarem «impróprio para sustentar a vida humana», desde 2006 que o Estado israelita impõe um «bloqueio criminoso» sobre aquele território.

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Israel «branqueia crimes» das suas forças na Grande Marcha do Retorno

Uma ONG palestiniana e outra israelita acusam Israel de ter trabalhado para «branquear a verdade» sobre os crimes cometidos pelas suas tropas durante os protestos da Grande Marcha do Retorno, em Gaza.

Manifestantes palestinianos junto à vedação com que Israel cerca a Faixa de Gaza fazem frente a uma chuva de gás lacrimogéneo disparado pelas forças israelitas, durante os protestos da Grande Marcha do Retorno 
Créditos / WAFA

Num relatório conjunto, o Centro Palestiniano para os Direitos Humanos (PCHR), sediado em Gaza, e a organização israelita B'Tselem analisam as investigações que Israel diz ter levado a cabo na sequência da repressão exercida pelas forças israelitas sobre os manifestantes que, na Faixa de Gaza, reclamaram o direito de regresso dos refugiados a suas casas.

Os protestos conhecidos como Grande Marcha do Retorno começaram a 30 de Março de 2018 e prolongaram-se por mais de um ano e meio. Pelo menos 200 palestinianos foram mortos e 13 500 ficaram feridos – seguindo os números por baixo, uma vez que outras fontes apontam para mais de 300 mortos e cerca de 18 mil feridos, várias dezenas dos quais menores.

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Centenas de palestinianos enfrentam forças de segurança israelitas em Gaza

O vento e a chuva forte que se abateram esta semana sobre Gaza não impediram centenas de manifestantes de participarem, na sexta-feira, na última manifestação de 2019 da Grande Marcha do Retorno.

Manifestantes palestinianos participam num protesto na sexta-feira perto da fronteira entre Israel e a Palestina (Faixa de Gaza), no leste da Faixa de Gaza, em 5 de Abril de 2019.
CréditosMohammed Saber

Dezenas de palestinianos foram feridos esta sexta-feira pelas forças israelitas na Faixa de Gaza, quando participavam na 86.ª manifestação da Grande Marcha do Retorno, perto da vedação com que Israel isola o território palestino, segundo o Movimento pelos Direitos do Povo Palestino e pela Paz no Médio Oriente (MPPM).

Vários dos participantes nas manifestações, segundo o MPPM, foram feridos por balas reais e revestidas de borracha, enquanto dezenas de outros sofreram de asfixia por efeito do gás lacrimogéneo disparado pelas forças de ocupação.

Centenas de manifestantes participaram nos protestos apesar das adversas condições climatéricas. A Faixa de Gaza tem sido batida por vento e chuva forte na última semana, com as inundações a porem em risco cerca de 235 mil pessoas nas áreas mais baixas da Faixa de Gaza, segundo um relatório do Gabinete das Nações Unidas para a Coordenação dos Assuntos Humanitários (OCHA) no território palestiniano ocupado.

A 30 de Março os palestinianos comemoram o Dia da Terra. Nesse dia, em 1976, no Norte de Israel, foram assassinados seis palestinianos que protestavam contra a expropriação de terras para dar lugar a aldeamentos judaicos. Cerca de 100 outras pessoas ficaram feridas e centenas foram presas durante a greve geral e as grandes manifestações de protesto que, no mesmo dia, ocorreram no território do Estado de Israel.

A 30 de Março de 2018 a comemoração atingiu uma dimensão inusitada, ao tornar a celebração deste dia como o primeiro de uma «Grande Marcha do Retorno», uma reclamação do direito de regresso dos refugiados aos seus lares – tal como prescreve a resolução 194 das Nações Unidas – à Palestina histórica, de onde mais de 700 mil pessoas foram expulsas pelas tropas israelitas em 1948, durante a chamada «catástrofe» («Nakba», em árabe).

Desde então o protesto repete-se semanalmente, violentamente reprimido pelas forças israelitas, incluindo com o recurso a snipers e fogo real directo. Como resultado, pelo menos 348 palestinos foram mortos em Gaza por fogo israelita desde o início das marchas, a maioria deles durante as manifestações, segundo uma contagem da AFP citada pelo MPPM.

Para além disso, o Ministério da Saúde de Gaza regista mais de 18 mil feridos pelas forças repressivas sionistas. Entre as baixas contam-se crianças, mulheres, muitos adolescentes, jornalistas e trabalhadores dos serviços de saúde que tentam socorrer os manifestantes.

Em Março, uma missão de averiguação da ONU concluiu que as forças israelitas cometeram violações de direitos humanos na repressão dos manifestantes em Gaza, o que pode constituir crimes de guerra.

Os organizadores da Grande Marcha do Retorno anunciaram nesta quinta-feira que os protestos seriam suspensos até Março de 2020, altura em que serão retomados, coincidindo com o seu segundo aniversário e também com o Dia da Terra palestina (30 de Março). A partir daí realizar-se-ão a um ritmo mensal.

Além do bloqueio a que sujeita a Faixa de Gaza, na última década Israel lançou três guerras de agressão contra o pequeno território palestino e dezenas de ataques de escala mais limitada, matando milhares de pessoas e causando enormes destruições de casas e infra-estruturas.

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As duas organizações não governamentais (ONG) acusam Israel de proteger os responsáveis políticos e militares, «em vez de tomar medidas contra as pessoas que conceberam e implementaram a política ilegal de atirar a matar».

Israel foi célere a anunciar que estava a investigar os protestos, sobretudo devido aos procedimentos em curso no Tribunal Penal Internacional (TPI), afirmaram as organizações numa conferência de imprensa, a que a agência WAFA faz referência.

Isso deve-se ao princípio da complementaridade do TPI, ou seja, se um Estado «estiver disposto e tiver capacidade» para realizar a investigação e a efectuar, o TPI não intervém.

No entanto, não basta declarar que uma investigação está a ser feita; ela tem de ser eficaz, dirigida às altas patentes responsáveis e conduzir a uma acção contra elas, sublinham, acrescentando que isso não ocorre neste caso.

«Uma cortina de fumo para proteger os funcionários responsáveis»

«As investigações conduzidas por Israel não são mais do que uma cortina de fumo erguida para proteger do TPI os funcionários responsáveis. Israel não quer e não consegue investigar as violações de direitos humanos perpetradas pelas suas forças durante os protestos da Grande Marcha de Retorno na Faixa de Gaza. Tendo isto em conta, cabe agora ao TPI garantir a responsabilização penal», disseram as duas organizações.

«Estas investigações – tal como as levadas a cabo pelo sistema de aplicação da lei militar noutros casos em que soldados causaram danos aos palestinianos – fazem parte do mecanismo de branqueamento de Israel, e o seu principal objectivo continua a ser silenciar as críticas externas, para que Israel possa continuar a implementar sua política sem mudanças», lê-se no portal da B'Tselem.

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EUA mudam embaixada para Jerusalém e Israel massacra manifestantes em Gaza

A mudança da embaixada norte-americana de Telavive para Jerusalém fica associada a um «Dia de Raiva» na Palestina. Na Faixa de Gaza cercada, os franco-atiradores israelitas massacram os manifestantes.

Forças militares israelitas reprimem de forma brutal protestos da Grande Marcha do Retorno em Gaza
Créditos / trtworld.com

Quando o presidente norte-americano, Donald Trump, anunciou o reconhecimento de Jerusalém como capital de Israel e a intenção de mudar a Embaixada do seu país de Telavive para essa cidade, ficou claro que tal passo constituía uma declaração de apoio ao Estado de Israel e à sua política de ocupação e repressão na Palestina, nomeadamente em Jerusalém.

Várias organizações têm denunciado o número crescente de ameaças em locais religiosos não-judaicos, na cidade, bem como a intensificação do plano de «judaização» de Jerusalém Oriental, com o aumento da construção de colonatos e a expulsão da população palestiniana de suas casas, que são muitas vezes demolidas.

Declarada por Israel como sua capital, Jerusalém tem o estatuto, reconhecido pelas Nações Unidas, de cidade ocupada, sendo Israel a potência ocupante (desde 1967). Os palestinianos querem-na como sua capital e quem apoia a solução dos «dois estados» reconhece que o Estado da Palestina tem em Jerusalém Oriental a sua capital.

Repúdio geral

Logo em Dezembro, foi generalizado o repúdio internacional pela decisão da administração norte-americana e, a 21 desse mês, materializou-se na aprovação, por esmagadora maioria, na Assembleia Geral das Nações Unidas, de uma resolução que rejeita essa decisão e insta todos os estados-membros a não estabelecerem missões diplomáticas em Jerusalém, de acordo com a resolução 478 do Conselho de Segurança, de 1980.

Esse repúdio face ao reconhecimento de Jerusalém como capital de Israel também se fez sentir no interior de Israel, onde académicos, antigos embaixadores e defensores da paz enviaram uma carta a um representante de Trump, seguntou reportou o periódico Haaretz.

Antecipação da mudança

Inicialmente, não ficou explícito que a concretização da mudança da Embaixada dos EUA para Jerusalém estaria associada ao 70.º aniversário da criação do Estado de Israel, que hoje se assinala, e que teria lugar na véspera da Nakba – a limpeza étnica levada a cabo pelas forças sionistas e pelo Estado de Israel, em que mais de 750 mil palestinianos foram expulsos das suas casas e terras –, uma «catástrofe» que todos os anos os palestinianos marcam a 15 de Maio.

Na visita que efectuou em Janeiro a Israel, o vice-presidente dos EUA, Mike Pence, afirmou que essa mudança deveria ocorrer no final de 2019. No entanto, a 23 de Fevereiro, o Departamento de Estado anunciou a antecipação da mudança para 14 de Maio, o que foi encarado pelos palestinianos como mais uma acção de «provocação».

Franco-atiradores israelitas matam dezenas em Gaza

Em protesto contra a mudança da Embaixada dos EUA para Jerusalém, os palestinianos chamaram «Dia de Raiva» a este 14 de Maio. Nos territórios ocupados da Cisjordância, há notícia de mobilizações pelo menos em Ramallah e Hebron. Mas a grande mobilização está a ter lugar na Faixa de Gaza cercada, junto às vedações que enclausuram perto de 2 milhões de palestinianos – 80% dos quais são descendentes de refugiados – no pequeno enclave.

De acordo com a PressTV, as forças militares israelitas, que reforçaram a sua presença tanto em redor de Gaza como na Margem Ocidental ocupada –, esperavam que 100 mil pessoas se manifestassem nos pontos habituais, hoje, dia da mudança da Embaixada norte-americana para Jerusalém.

«os palestinianos querem mandar a mensagem de que não se adaptaram nem se vão adaptar à condição de refugiados»

Sobre o culminar dos protestos pacíficos da Grande Marcha do Retorno, que se iniciaram a 30 de Março, o ministro israelita da Educação, Naftali Bennet, do partido de extrema-direita Lar Judaico, disse a uma rádio israelita que a vedação seria encarada como uma «Muralha de Ferro» e que quem se aproximasse dela seria tratado como um «terrorista», refere a PressTV.

A mesma fonte indica ainda que a Força Aérea israelita lançou panfletos sobre a Faixa de Gaza, ontem e hoje, para demover os manifestantes de se aproximarem da vedação, mas sem sucesso, já que estes, segundo refere a Al Jazeera, têm estado a tentar atravessá-la, «defendendo o seu direito ao regresso, ao retorno, aconteça o que acontecer».

Um membro do comité organizador da Grande Marcha do Retorno disse à Al Jazeera que, ao tentarem atravessar a vedação, «os palestinianos querem mandar a mensagem de que não se adaptaram nem se vão adaptar à condição de refugiados».

Os franco-atiradores responderam de forma brutal, matando mais de quatro dezenas de pessoas que se manifestavam perto da vedação e ferindo perto de 2000, até ao momento.

De acordo com a organização, os protestos de hoje e os que estão previstos para amanhã – dia da Nakba – devem ser os mais massivos, sendo o ponto culminante das sete semanas de mobilizações, fortemente reprimidas pelas forças israelitas, junto à vedação com a Faixa de Gaza.

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Apesar dos milhares de feridos palestinianos resultantes da política de «atirar a matar» e de mais de centena e meia ter ficado sem membros inferiores ou superiores – as tropas israelitas usaram balas explosivas, as chamadas butterfly bullets, que se expandem no contacto com o corpo, provocando danos severos nos tecidos, nos ossos, nas veias –, nenhum destes casos foi investigado.

Sem explicação, os militares decidiram investigar apenas os casos em que palestinianos foram mortos. Dos 234 casos recebidos pelos procuradores do Exército, foi completa a revisão de 143 e um deles, o da morte do adolescente Othman Hiles, de 14 anos, levou à condenação de um soldado por «abuso de autoridade ao ponto de pôr em risco a vida e a saúde». Foi condenado a um mês de serviço comunitário.

No seu portal, a B'Tselem sublinha que «a conduta de Israel respeitante à investigação dos protestos em Gaza não é nova nem surpreendente», e recorda o que se passou depois da Operação Chumbo Fundido, em 2009, e da Operação Margem Protectora, em 2014.

«Então, também, Israel desrespeitou o direito internacional, recusou-se a reformar a sua política apesar dos resultados letais e desviou as críticas prometendo investigar a sua conduta. Então, também, nada resultou dessa promessa», afirma.

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Por outro lado, entre Março de 2018 e Dezembro de 2019, uma série de manifestações pacíficas designadas Grande Marcha do Retorno foram brutalmente reprimidas pelo exército de Israel, contabilizando-se 223 mortos e mais de nove mil feridos, sob o silêncio da comunidade internacional.

«Os assaltos das forças de ocupação israelita às povoações e campos de refugiados palestinos, assim como a violência dos colonos e as prisões arbitrárias são o quotidiano com que os palestinos, homens e mulheres, jovens e menos jovens diariamente se confrontam», lembra o MPPM, salientando que, até este sábado, pelo menos 247 palestinianos, sobretudo jovens, foram mortos pelas forças israelitas e por colonos.

Neste sentido, insiste que a paz no Médio Oriente e a solução da questão palestiniana «passam necessariamente por um desenlace que respeite os direitos inalienáveis» do povo palestiniano a uma pátria livre e independente, incluindo o direito de regresso dos refugiados.

Sobre os que condenam a resistência 

O MPPM rejeita os «lamentos» daqueles que «hipocritamente condenam as acções violentas de resistência dos oprimidos e se calam desde há décadas (ou pior, colaboram) perante a violência da ocupação», e entre os quais se encontra o Governo português. «Israel tem o direito de se defender. Estes ataques nada resolverão, contribuindo apenas para piorar a situação na região. Estamos solidários com Israel e oferecemos condolências pelas vítimas.», disse o ministro João Gomes Cravinho, este sábado, na rede social X. 

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Palestina pede à ONU protecção especial para as crianças

O governo palestiniano denunciou junto da ONU o assassinato de 44 menores, este ano, por soldados israelitas. Neste contexto, reclamou protecção para a infância e a responsabilização de Telavive.

De acordo com o Ministério palestiniano da Informação, 12 mil crianças foram detidas pelos israelitas nos últimos 17 anos
Jovem palestiniano é detido pelas forças israelitas (imagem de arquivo) Créditos / addameer.org

Numa carta enviada esta segunda-feira ao secretário-geral da Organização das Nações Unidas, António Guterres, o Ministério palestiniano dos Negócios Estrangeiros pediu protecção especial urgente para as crianças palestinianas, informa a agência Wafa.

Mahmoud Samoudi, de 12 anos, foi, ontem, a vítima mortal mais recente das forças israelitas, não resistindo aos ferimentos quase duas semanas depois de ter sido atingido por uma bala no abdómen, durante uma operação militar na cidade de Jenin (Norte da Cisjordânia ocupada).

Só nos últimos dias, «Israel, a potência ocupante, matou cinco crianças e jovens palestinianos, incluindo Adel Adel Daud (14 anos), Mahdi Ladadwa (17), Mahmoud Sous (17), Fayez Khaled Damdoum (17) e Ahmad Draghmeh (19)», indica o texto das autoridades palestinianas.

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Desde 2014 que não eram mortas tantas crianças palestinianas

Até 10 de Dezembro, 86 crianças foram mortas nos territórios ocupados da Palestina, fazendo de 2021 o ano mais mortífero para elas desde 2014, segundo os registos de uma organização não governamental.

Créditos / aawasat.com

As forças israelitas mataram 76 crianças palestinianas este ano – 61 na Faixa de Gaza cercada e 15 na Cisjordânia ocupada, incluindo Jerusalém Oriental. Civis israelitas armados mataram duas crianças palestinianas na Cisjordânia, revela o relatório agora publicado pela Defense for Children International – Palestine (DCIP).

A estas 78 crianças juntam-se sete que foram mortas por foguetes disparados incorrectamente por grupos armados palestinianos na Faixa de Gaza, e uma outra que foi morta por uma munição não detonada, cujas origens a ONG não conseguiu determinar.

«Nos termos do direito internacional, a força letal intencional só se justifica em circunstâncias em que esteja presente uma ameaça directa à vida ou de ferimentos graves. No entanto, investigações e provas recolhidas pelo DCIP sugerem que as forças israelitas utilizam regularmente força letal contra crianças palestinianas em circunstâncias que podem equivaler a execuções extrajudiciais ou intencionais», lê-se relatório, traduzido pelo Movimento pelos Direitos do Povo Palestino e pela Paz no Médio Oriente – MPPM.

Quadro detalhado sobre as crianças mortas nos territórios ocupados da Palestina de 1 de Janeiro a 10 de Dezembro de 2021 / DCIP

Durante os 11 dias do ataque militar israelita à Faixa de Gaza, em Maio de 2021, naquilo que ficou conhecido como Operação Guardião dos Muros, as forças israelitas mataram 60 crianças palestinianas, segundo os dados recolhidos pela DCIP.

«Aviões de guerra israelitas e drones armados bombardearam áreas civis densamente povoadas, matando crianças palestinianas que dormiam nas suas camas, brincavam nos seus bairros, faziam compras nas lojas perto das suas casas e celebravam o Eid al-Fitr [festa no fim do Ramadão] com as suas famílias», disse Ayed Abu Eqtaish, director do programa de responsabilização da DCIP.

«A falta de vontade política da comunidade internacional para responsabilizar os funcionários israelitas garante que os soldados israelitas continuarão a matar ilegalmente crianças palestinianas com impunidade», acrescentou.

A DCIP lembra que o direito humanitário internacional proíbe ataques indiscriminados e desproporcionados, e exige que todas as partes num conflito armado façam a distinção entre alvos militares, civis e objectos civis.

O pico mais recente de assassinatos de crianças ocorrera em 2018, quando forças israelitas e colonos mataram crianças palestinianas a um ritmo médio superior a uma por semana (57). A maioria dessas mortes ocorreu durante os protestos da Marcha do Retorno, na Faixa de Gaza, refere o organismo.

Número de crianças palestinianas mortas anualmente, desde 2014, por forças israelitas e civis israelitas armados / DCIP

De acordo com os dados da DCIP, foram mortas 2196 crianças palestinianas, desde 2000, em resultado da presença de militares e de colonos israelitas nos territórios ocupados da Palestina.

A Defense for Children International – Palestine é uma das seis organizações de direitos humanos que Israel pretende silenciar, lembra o MPPM, sublinhando que a medida tem merecido a condenação generalizada a nível internacional e foi denunciada pelo MPPM a 29 de Outubro último.

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A carta afirma que as forças de ocupação estão a utilizar «a política infame de atirar a matar» – de que resultou a morte de centenas de crianças palestinianas –, ao apontarem «deliberadamente» para a parte superior dos seus corpos.

«Israel dispara deliberadamente contra os menores palestinianos com o objectivo declarado de os matar e mutilar, negando-lhes o direito à vida», lê-se no texto, sublinhando que «as crianças jamais devem ser mortas ou mutiladas», bem como a necessidade de medidas urgentes para as proteger da «escalada dos crimes israelitas».

Neste sentido, o governo palestiniano exigiu medidas contra Telavive, destacando que as «evidências dos seus crimes crescentes contra as crianças palestinianas são, sem dúvida alguma, esmagadoras», violando o direito internacional e as resoluções que constituem a base da protecção das crianças nos conflitos armados.

«A protecção das crianças é a maior obrigação moral, legal e política da humanidade», frisa o documento, no qual se pede à comunidade internacional que «ponha fim a este pesadelo intolerável que as nossas crianças vivem diariamente» e que tome medidas para responsabilizar Israel «pelos seus crimes horrendos».

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«Os que há décadas convivem com a ausência de qualquer real processo político conducente a uma solução que respeite os direitos do povo palestino, não têm autoridade moral para hoje se queixarem das tempestades que provocaram», defende o MPPM. Certo de que a violência poderá alastrar-se a todo o Médio Oriente, o movimento recorda que Israel, «com o apoio dos países "ocidentais" e em primeiro lugar dos Estados Unidos da América», é a maior potência militar da região e a única a dispor de armas nucleares.

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Em simultâneo, revela a Wafa, têm-se registado múltiplas agressões e raides, da parte de colonos e forças istraelitas, na Margem Ocidental ocupada. Pelo menos cinco palestinianos foram ali mortos nas últimas 24 horas, em vários pontos do território ocupado.

Operação Dilúvio de Jerusalém

A operação israelita de larga escala segue-se à operação, lançada no sábado de manhã, por forças da resistência palestiniana na Faixa de Gaza, onde o Hamas é o elemento predominante.

Segundo foi revelado então, a ala militar do Hamas lançou pelo menos 5000 rockets para aquilo que é hoje Israel. As forças da resistência derrubaram, em vários pontos, a vedação que cerca o território e atacaram os colonatos em redor por terra, mar e ar.

Pelo menos 700 israelitas foram mortos nessa operação que alguma imprensa israelita classificou como «nunca vista» e mais de cem foram feitos prisioneiros, incluindo militares de alta patente.

No domínio político-mediático da «comunidade internacional», o mundo predominantemente ocidental e branco, as vozes sobre «A Guerra» (só havia uma e mais nenhuma: a da Ucrânia) silenciaram-se e, nas fachadas das praças de capitais como Nova Iorque, Berlim ou Bruxelas, as bandeiras da Ucrânia foram substituídas pelas de Israel.

Desde o Mandato Britânico que os palestinianos são sujeitos à opressão, que se intensificou com a construção, nas suas terras, do Estado de Israel, erguido à custa das forças paramilitares que expulsaram os palestinianos de suas casas e os mataram ou meteram em guetos.

A campanha de limpeza étnica então iniciada mantém-se até hoje, sob um regime de apartheid, por via do saque de territórios e de recursos, a destruição de casas, escolas e outras infra-estruturas, e a expulsão dos palestinianos das terras onde vivem.

Escolas da UNRWA atingidas pelos bombardeamentos em Gaza / @QudsNen

De forma sistemática, as forças israelitas bombardeiam a Faixa de Gaza, que mantêm fechada e cercada num férreo bloqueio, com mais de dois milhões de pessoas a viver em condições insalubres, sem luz, água potável, mas «a comunidade internacional» projecta as suas bandeiras nos edifícios das suas praças quando a Palestina – reduzida ao Hamas – se ergue e rompe o cerco.

Escolas da UNRWA atingidas

Entretanto, no enorme campo de deslocados que é Gaza, cerca de 70 mil pessoas procuraram refúgio dos bombardeamentos nas 64 escolas operadas pela UNRWA – a agência da ONU para os refugiados palestinianos no Médio Oriente.

Em comunicado, a UNRWA confirmou que dois alunos em escolas que opera em Khan Younis e Beit Hanoun se encontram entre os mortos. Pelo menos três escolas da organização sofreram danos provocados pelos bombardeamentos, acrescenta o texto.

A UNRWA sublinhou que os civis devem ser sempre protegidos, também em período de guerra, e apelou a um cessar-fogo imediato e ao fim da violência em todo o lado.

A operação das forças da resistência em território israelita continua.

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Neste período, mais de 1350 palestinianos perderam a vida e mais de 6000 ficaram feridos, a grande maioria dos quais na sequência dos bombardeamentos indiscriminados da aviação israelita sobre o enclave costeiro densamente habitado, outros em ataques das forças de ocupação na Margem Ocidental, revelou esta quinta-feira o Ministério palestiniano da Saúde.

Já uma agência ONU informou que mais de 338 mil pessoas foram obrigadas a fugir de suas casas devido aos bombardeamentos.

Um jornalista palestiniano, Salam Mesma, perdeu a vida na terça-feira, na sequência de um bombardeamento que tirou também a vida a toda a sua família, revelou o Palestine Online.

Na véspera, outros três jornalistas palestinianos foram mortos – Mohammad Soboh, Saeed al-Taweel e Hisham al-Nawajha.

Taweel, que era o editor-chefe do portal noticioso Al-Khamsa, foi morto com os seus colegas quando saíram para filmar e fotografar a evacuação de um edifício que estava em risco de ser bombardeado pela aviação israelita. Foram atingidos mesmo usando os coletes e os capacetes que os identificavam claramente como jornalistas.

Milhares de pessoas participaram no funeral de al-Taweed e Soboh, que perderam a vida de imediato; al-Nawajha ainda foi levado para um hospital, onde viria a falecer.

Outros dois jornalistas – Ibrahim Mohammed Lafi e Mohammad Jarghoun – foram mortos quando faziam reportagens sobre a guerra no sábado, em locais diferentes da Faixa de Gaza.

Jornalistas palestinianos mortos pelas forças israelitas entre 2001 e 2022 / Peoples Dispatch

Também no sábado, Mohammed el-Salhi, jornalista freelancer, foi morto a na Faixa de Gaza.

Já esta quarta-feira a agência Wafa revelou que o jornalista palestiniano Mohammad Fayez Abu Matar, que trabalhava para várias agências internacionais, foi morto durante um bombardeamento israelita na região de Rafah.

Apelo a associações e instituições internacionais

O Sindicato dos Jornalistas Palestinianos condenou o assassinato de jornalistas na Faixa de Gaza, tendo feito um apelo a associações árabes e mundiais de jornalistas, bem como a instituições ligadas à ONU e à defesa dos direitos humanos «para que tomem medidas para proteger os jornalistas palestinianos e travem os assassinatos perpetrados de forma sistemática e por decisão oficial do governo da ocupação israelita».

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Solidários com a luta do povo palestiniano, sírios denunciam a brutalidade de Israel

Milhares de sírios manifestaram-se em solidariedade com o povo palestiniano e contra a brutalidade da máquina de guerra israelita em Gaza, onde mais de 22 mil unidades habitacionais foram destruídas.

Destruição provoacda pelos bombardeamentos israelitas em Gaza 
Créditos / Al Mayadeen

Em Damasco, os manifestantes concentraram-se esta terça-feira na Praça Arnous, no centro da cidade, ergueram bandeiras palestinianas e sírias, e exibiram faixas com frases que deixam claro o total apoio do povo sírio aos palestinianos, à sua luta de libertação nacional e pela recuperação dos territórios ocupados.

Os manifestantes criticaram a impunidade que os Estados Unidos conferem a Israel e a incapacidade das Nações Unidas para travar a crueldade exercida por Telavive contra o povo palestiniano, refere Fady Marouf, correspondente da Prensa Latina no país levantino.

Na mobilização damascena, esta terça-feira, os manifestantes afirmaram que a propalada «invencibilidade do Exército israelita foi para sempre arrasada», na sequência da operação «Dilúvio de al-Aqsa», lançada por várias facções da resistência palestiniana em Gaza, onde o movimento Hamas é predominante.

Milhares de sírios mobilizaram-se, no centro de Damasco, em apoio ao povo palestiniano / PL

Neste mesmo contexto, enquanto edifícios emblemáticos em Nova Iorque, Berlim ou Bruxelas exibiram a bandeira israelita projectada, a Ópera de Damasco fez brilhar as cores da bandeira palestiniana, como expressão de solidariedade e unidade na luta contra um inimigo comum.

A nível oficial, Parlamento, Ministério dos Negócios Estrangeiros e o partido Baath, no poder, emitiram comunicados em que reafirmaram a histórico posicionamento de apoio da parte de Damasco aos seus irmãos palestinianos, até que estes recuperem os direitos que lhes assistem, garantidos pelo Direito Internacional.

Mobilizações de apoio à Palestina pelo mundo fora

Nos últimos dias, milhares de pessoas manifestaram-se em várias cidades do mundo em solidariedade com o povo palestiniano e contra um novo episódio de barbárie israelita na Faixa de Gaza – desta vez, em resposta à operação da resistência nos territórios ocupados em 1948.

Ópera de Damasco iluminada com a bandeira nacional da Palestina / PL

Houve grandes manifestações em cidades norte-americanas como Nova Iorque, Chicago, Mineápolis, Los Angeles, Atlanta, San Francisco ou Nova Jérsia, de condenação à agressão israelita contra o povo palestiniano no enclave costeiro.

Neste contexto, 33 organizações estudantis universitárias dos EUA condenaram a «brutal agressão» sionista contra Gaza e a Cisjordânia, tendo responsabilizado a ocupação pela deterioração da situação, «obrigando os palestinianos a viver numa prisão a céu aberto», refere a agência Wafa.

Também houve grandes mobilizações solidárias com o povo palestiniano no Reino Unido, exigindo um Estado independente para a Palestina e o fim da agressão israelita.

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Continua o massacre israelita de Gaza

No sábado, a resistência palestiniana quebrou a vedação que cerca o enclave e lançou uma ofensiva contra os territórios ocupados em 1948. Desde então, a aviação israelita matou mais de 430 palestinianos.

Edifícios arrasados na Faixa de Gaza após os bombardeamentos israelitas das últimas 48 horas 
Créditos / @QudsNen

De acordo com os dados divulgados pelo Ministério palestiniano da Saúde esta manhã, os bombardeamentos indiscriminados na Faixa de Gaza, conhecida como «a maior prisão a céu aberto», provocaram a morte a 436 pessoas, incluindo 91 menores, e fizeram 2271 feridos, 244 dos quais crianças.

Nas últimas horas, a aviação da ocupação lançou centenas de raides contra o enclave costeiro, onde vivem mais de dois milhões de pessoas, atingindo edifícios residenciais, infra-estruturas oficiais e civis, bem como edifícios religiosos, tendo destruído pelo menos duas mesquitas, indica a agência Wafa.

Só no sábado, os bombardeamentos israelitas provocaram 300 mortos, o que, segundo destaca o portal The Cradle, é o número mais elevado de palestinianos mortos em ataques aéreos da ocupação num só dia desde 2008.

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MPPM. Só haverá paz quando forem reconhecidos os direitos do povo palestiniano

Enquanto se mantiver a ocupação colonial e a violência das forças militares e dos colonos, não haverá paz, alerta o Movimento pelos Direitos do Povo Palestino e pela Paz no Médio Oriente (MPPM). 

CréditosMohammed Saber / EPA

O MPPM reage assim às acções desencadeadas em Gaza e em Israel na madrugada deste sábado. Eram 4h30 em Lisboa (6h30 no local), quando militantes de organizações da resistência palestiniana lançaram, a partir da Faixa de Gaza, um ataque de surpresa, em larga escala, contra Israel, no que apelidaram de «Operação Dilúvio Al-Aqsa». 

Segundo as organizações, a acção foi uma resposta à profanação da Mesquita de Al-Aqsa e ao aumento da violência dos colonos, e confirma, insiste o MPPM num comunicado, «que não é possível ter uma situação de paz na Palestina e, por consequência, no Médio Oriente, continuando a espezinhar os legítimos direitos do povo palestino e persistindo em manter a ocupação colonial e a violência das forças militares e dos colonos».

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Resistência palestiniana unida em torno da operação contra Israel

Diversos grupos da resistência declararam o apoio à operação lançada contra Israel, esta manhã, a partir da Faixa de Gaza, sublinhando que faz parte da luta de libertação nacional.

Um palestiniano tira uma fotografia junto a um tanque israelita destruído, a 7 de Outubro de 2023 
Créditos / @bcarloscarvalho

«Fazemos parte desta batalha e os nossos combatentes estão lado a lado com os seus irmãos nas Brigadas al-Qassam (ala militar do Hamas) até à vitória», afirmou em comunicado Abu Hamza, porta-voz das Brigadas de al-Quds, braço militar da Jihad Islâmica.

Em termos semelhantes, refere a Prensa Latina, se pronunciaram as Brigadas al-Nasser Salah al-Din, do Movimento de Resistência Popular: «Unidos numa trincheira neste dia glorioso do nosso povo.»

Por seu lado, as Brigadas de Resistência Nacional anunciaram que os seus membros se juntaram à operação, lançada esta manhã pelo Hamas, que incluiu o lançamento de milhares de rockets e uma incursão terrestre em território ocupado em 1948.

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Colonos e forças israelitas matam quatro palestinianos na Cisjordânia

Atingido por disparos de colonos na cidade de Huwara, Labib Dumaidi, de 19 anos, é a mais recente das quatro vítimas mortais na Margem Ocidental ocupada, revelou o Ministério da Saúde.

Forças israelitas nas imediações da cidade de Tulkarem, onde ontem mataram dois palestinianos 
CréditosZain Jaafar / Al Jazeera

De acordo com a informação divulgada pelo Ministério, Labib Mohammed Dumaidi ficou gravemente ferido durante um ataque de colonos, ontem à noite, na cidade de Huwara, a sul de Nablus. Levado para um hospital, não resistiu aos ferimentos, já nas primeiras horas de sexta-feira.

Residentes de Huwara tentaram fazer frente à provocação levada a cabo por dezenas de colonos, protegidos por forças militares israelitas, indica a Wafa.

Registaram-se fortes confrontos e as tropas israelitas usaram fogo real, gás lacrimogéneo e granadas atordoantes para dispersar os palestinianos.

Fontes do Crescente Vermelho Palestiniano informaram que pelo menos 25 pessoas, incluindo quatro crianças, sofreram efeitos de asfixia devido à inalação de gás lacrimogéneo.

Também em Huwara, as forças israelitas mataram, ontem à tarde, outro palestiniano, cuja identidade ainda não foi revelada.

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Ministro israelita das Finanças defende a «aniquilação» de terra palestiniana

Dias depois de colonos extremistas terem invadido e atacado Huwara, Bezalel Smotrich afirmou que Israel deve «aniquilar» a localidade palestiniana no Norte da Cisjordânia ocupada.

Vista aérea de uma zona destruída pelos colonos israelitas em Huwara, perto de Nablus, no domingo à noite  
Créditos / PressTV

«Penso que Huwara precisa de ser destruída», disse o ministro israelita das Finanças, Bezalel Smotrich, esta quarta-feira, defendendo que «o Estado devia fazê-lo e não cidadãos privados», refere a PressTV com base na imprensa israelita.

As declarações do ministro de extrema-direita do governo de Benjamin Netanyahu seguem-se ao ataque perpetrado contra a localidade palestiniana, no domingo à noite, por centenas de colonos armados.

Tratou-se da «resposta» à morte de dois israelitas de um colonato ilegal, executados por um atacante palestiniano de Huwara. Este ataque, por sua vez, seguiu-se ao massacre de Nablus, em que as forças de ocupação israelitas mataram 11 palestinianos e feriram mais de cem.

No domingo à noite, os colonos queimaram pelo menos 150 carros, 52 casas e várias lojas. Uma pessoa foi morta e o número de feridos palestinianos é superior a 390, indica a agência Wafa.

Grupos israelitas de defesa dos direitos humanos como Peace Now e B’Tselem referiram-se ao ataque dos colonos como um «pogrom» apoiado pelas autoridades de ocupação.

Por seu lado, o Crescente Vermelho palestiniano acusou as forças israelitas de impedirem as ambulâncias e os paramédicos de acederem ao local do ataque, a poucos quilómetros de Nablus.

No Knesset, a extrema-direita israelita considerou os ataques a Huwara «legítimos».

OLP classifica Smotrich como «terrorista racista» e AP pede ajuda internacional

Hussein al-Sheikh, da Comissão Executiva da Organização para a Libertação da Palestina (OLP), afirmou, no Twitter, que as afirmações de Smotrich para apagar Huwara do mapa são o apelo de um «racista terrorista».

Também o primeiro-ministro da Autoridade Palestiniana (AP), Mohammad Shtayyeh, se referiu às afirmações do ministro israelita como «terroristas» e «racistas», e alertou para o facto de que «fazem prever uma escalada séria» contra o povo palestiniano nos territórios ocupados.

Um homem no meio de carros incendiados em Huwara / Al Mayadeen

Neste sentido, pediu às Nações Unidas, à União Europeia e demais organizações internacionais que condenem as declarações de Smotrich. Antes, já tinha pedido ajuda internacional «contra os crimes de Israel».

Parlamento Árabe condena violência dos colonos

O Parlamento (da Liga) Árabe, com sede no Cairo, condenou esta quarta-feira os ataques executados por colonos israelitas contra o povo palestiniano na Cisjordânia ocupada, referindo-se em especial ao assalto à localidade de Huwara.

Perante os ataques terroristas sistemáticos dos colonos contra cidadãos indefesos, com armas de fogo, incêndios de casas e viaturas, expulsão de agricultores, assassinatos e outros crimes, exortou o mundo e em especial o Conselho de Segurança da ONU a adoptar medidas para proteger o povo palestiniano.

Antes, a Liga Árabe já tinha proposto que as milícias de colonos passem a ser incluídas na lista de grupos terroristas.

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Na parte da manhã, as forças israelitas já tinham matado dois palestinianos, identificados como Hudhayfah Fares, de 27 anos, e Abd al-Rahman Atta, de 23, na aldeia de Shufa, na sequência de um ataque de colonos a viaturas na região de Tulkarem.

De acordo com as Nações Unidas, 2023 está a ser o ano mais mortífero para os palestinianos na Margem Ocidental desde que há registo de fatalidades provocadas pelas forças de ocupação.

Rudeineh: a ocupação israelita pisou todas as linhas vermelhas

Nabil Abu Rudeineh, porta-voz da Presidência palestiniana, disse à imprensa que a ocupação israelita pisou todas as linhas vermelhas, com a sua insistência na política de assassinatos e incursões em cidades, aldeias e acampamentos palestinianos.

Numa entrevista à Palestine TV, o representante da Presidência responsabilizou o governo israelita e a administração norte-americana pelos «crimes perigosos perpetrados pela ocupação e os seus colonos por todo o território palestiniano», os mais recentes dos quais nas imediações de Nablus e Tulkarem, refere a Wafa.

Apesar da «guerra implacável» que a ocupação israelita está a travar contra o povo palestiniano «à vista de todo o mundo», o responsável afirmou que isso não irá impedir «o nosso povo de prosseguir a sua luta legítima» até à «criação do seu Estado independente, com Jerusalém como capital».

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Na Cisjordânia, a Cova dos Leões, um dos grupos da resistência mais activos, fez um apelo à mobilização geral dos seus membros, bem como ao «ataque imediato em todos os lugares contra as forças de ocupação e os seus colonos».

Com base em fontes israelitas, a agência Prensa Latina indica que o Exército de ocupação deu conta de combates em 21 locais no Sul de Israel, na sequência da operação palestiniana – embora tenha posteriormente reduzido esse número para sete.

Resposta aos sistemáticos crimes israelitas

Ao anunciar a ofensiva desta manhã (às 7h locais), o comandante das Brigadas al-Qassam, Muhammad al-Deif, disse que o grupo palestiniano disparou para território israelita 5000 rockets.

Al-Deif afirmou que a operação é uma resposta aos sistemáticos crimes israelitas contra o povo palestiniano e a profanação contínua por colonos judeus da mesquita de al-Aqsa, em Jerusalém, e ocorre num contexto de escalada de agressões, da parte de colonos e forças israelitas, em Jerusalém Oriental e na Cisjordânia ocupada.

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Israel deteve 135 mil palestinianos nos últimos 23 anos

A Comissão dos Assuntos dos Presos e ex-Presos Palestinianos registou mais de 135 mil casos de detenções, pelas forças de ocupação israelitas, desde o início da Intifada de al-Aqsa, em 2000.

Um jovem palestiniano é preso na Cisjordânia, na sequência dos protestos contra a decisão norte-americana sobre Jerusalém
Créditos / palestinalibre.org

Num relatório emitido por ocasião do 23.º aniversário do início da Segunda Intifada ou Intifada de al-Aqsa (28 de Setembro de 2000), a Comissão dos Assuntos dos Presos e ex-Presos Palestinianos sublinha que as detenções levadas a cabo pelas forças israelitas afectaram todas as camadas da sociedade, e não deixaram de parte menores de idade, idosos e mulheres.

Dos mais de 135 mil casos registados pelo organismo, 21 mil dizem respeito a menores, indica o relatório – divulgado pela Wafa –, que dá conta da detenção de metade dos deputados do Conselho Legislativo Palestiniano (Parlamento), de vários ministros, centenas de académicos, jornalistas e funcionários de organizações da sociedade civil e instituições internacionais.

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Número recorde de presos palestinianos ao abrigo da detenção administrativa

Israel mantém nas suas prisões 1264 palestinianos sem acusações nem julgamento, o número mais elevado em 30 anos, revelou a ONG Hamoked.

Protesto contra a detenção administrativa em 2021 
Créditos / palestine-studies.org

Desde a Primeira Intifada (1987-1993) que não havia tantos palestinianos detidos ao abrigo da polémica norma, alertou a organização não governamental este fim-de-semana, com base nos dados dos serviços prisionais.

Jessica Montell, directora executiva da Hamoked, organização israelita que presta assistência jurídica gratuita aos palestinianos que vivem sob a ocupação, afirmou que a detenção administrativa é «massiva e arbitrária» e que Israel mantém nesse regime, sem acusação nem julgamento, mais de 1200 palestinianos, «alguns dos quais durante anos sem uma revisão eficaz».

Ao abrigo deste regime, a detenção, decretada por um comandante militar, com base naquilo a que Israel chama «prova secreta» – que nem o advogado do detido tem direito a ver –, pode ser infinitamente renovada por períodos até seis meses.

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Nove presos palestinianos mantêm protesto contra a detenção administrativa

A Sociedade dos Presos Palestinianos (SPP) revelou, este domingo, que nove presos palestinianos sem acusação ou julgamento continuam em greve de fome por tempo indeterminado.

Cárcere israelita de Gilboa 
Créditos / Al Mayadeen

Os presos Kayed al-Fasfous e Sultan Khlouf iniciaram o protesto contra a detenção administrativa há 19 dias. Por seu lado, Osama Darkouk encontra-se em greve de fome há 15 dias.

Outros seis reclusos palestinianos em cadeias israelitas estão em greve de fome há 12 dias: Hadi Nazzal, Mohammad Taysir Zakarneh, Anas Kmail, Abdelrahman Baraka, Mohammad Basem Ikhmis e Zuhdi Abdo, informa a agência Wafa, com base na SPP.

Na semana passada, a Comissão dos Assuntos dos Presos e ex-Presos pediu à chamada comunidade internacional que quebre o silêncio em torno do «crime israelita da detenção administrativa», que permite manter na cadeia presos sem acusação ou julgamento, numa clara violação das normas internacionais.

Ao abrigo deste regime, a detenção, decretada por um comandante militar, com base naquilo a que Israel chama «prova secreta» – que nem o advogado do detido tem direito a ver –, pode ser infinitamente renovada por períodos até seis meses.

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Presos palestinianos em greve de fome contra a detenção administrativa

A Sociedade dos Presos Palestinianos (SPP) revelou, esta segunda-feira, que quatro presos palestinianos sem acusação ou julgamento tinham iniciado há nove dias uma greve de fome por tempo indeterminado.

Acção de solidariedade com os presos palestinianos, a 5 de Dezembro de 2022 
CréditosAli Jadallah / Anadolu

Em comunicado divulgado pela Wafa, a SPP indicou que Anas Ibrahim Shadid, de 26 anos, Mahmoud Abdel Halim Talahma, de 32, Abdullah Mohammad Abido, de 36, e Mohammad Ahmad Dandis, de 25, iniciaram o protesto para denunciar a sua detenção sem acusação ou julgamento.

Acrescentou que todos os detidos estão na cadeia israelita de Ofer, perto de Ramallah, e são originários da província de Hebron (al-Khalil), no Sul da Cisjordânia ocupada.

A organização de defesa dos direitos dos presos informa que Shadid foi preso três vezes, sempre no regime de detenção administrativa, tendo passado, no total, três anos atrás das grades. Durante esses períodos, levou a cabo duas greves de fome, uma delas com a duração de 90 dias, em 2016.

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«Ou nos submetemos ou nos revoltamos»: 30 presos palestinianos continuam em luta

Os prisioneiros iniciaram uma greve de fome, há uma semana, para exigir a sua libertação e denunciar um regime de detenção que permite mantê-los na cadeia sem acusação ou julgamento.

Imagem de um comício da Frente Popular para a Libertação da Palestina (FPLP), força de esquerda hoje considerada «terrorista» por Israel e cujos militantes são perseguidos
Imagem de um comício da Frente Popular para a Libertação da Palestina (FPLP) Créditos / pflp.pl

O protesto dos trinta presos palestinianos, membros e simpatizantes da Frente Popular para a Libertação da Palestina (FPLP), completou uma semana sem solução aparente à vista, tendo em conta a inflexibilidade das autoridades de Telavive.

Em comunicado, a Sociedade dos Presos Palestinianos (SPP) anunciou que os serviços prisionais israelitas têm estado a ameaçar com castigos os reclusos que lutam contra o regime de detenção administrativa. Entre as punições, contam-se privá-los de visitas, retirar-lhes os seus pertences e isolá-los em celas de castigo.

Nesta primeira semana de protesto, os serviços prisionais israelitas colocaram 28 dos grevistas em quatro celas de isolamento na prisão de Ofer, informa a Wafa com base no documento divulgado pelo SPP.

Um outro, o advogado Salah Hammouri, foi metido na solitária numa cadeia no Norte de Israel, enquanto Ghassan Zawahreh foi levado para uma cela de isolamento numa prisão localizada no Deserto do Neguev (al-Naqab).

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Trinta presos palestinianos em protesto contra a detenção administrativa

Os prisioneiros, em cadeias israelitas, iniciaram uma greve de fome por tempo indeterminado contra um regime que permite mantê-los detidos sem acusação ou julgamento, por períodos renováveis de seis meses.

Familiares de presos palestinianos em cadeias israelitas mostram cartazes numa concentração em Ramallah, na Cisjordânia ocupada, em Setembro de 2021 
Créditos / Al Jazeera

O início do protesto, este domingo, por parte de prisioneiros que são membros ou apoiantes da Frente Popular para a Libertação da Palestina (FPLP), foi confirmado pela Comissão dos Assuntos dos Presos e ex-Presos.

Em declarações à agência Wafa, Hassan Abed Rabbo, porta-voz da comissão, disse que os presos decidiram avançar contra uma política que permite a Israel manter nas suas prisões, sem acusação ou julgamento, presos palestinianos por tempo indefinido, na medida em que o período de detenção, até seis meses, é infinitamente renovável.

Numa mensagem divulgada há alguns dias, os presos sublinharam que a luta contra o regime de detenção administrativa continua e denunciaram que as medidas tomadas pelas autoridades prisionais israelitas «já não se baseiam em obsessões de segurança, mas são actos de vingança devido ao seu passado».

Qadri Abu Baker, líder da Comissão dos Assuntos dos Presos e ex-Presos, disse à Wafa que, na próxima quinta-feira, mais 50 presos se devem juntar à greve de fome, para denunciar o regime de detenção administrativa a que são submetidos e a escalada por parte de Israel no que respeita a este procedimento.

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Israel decretou 1595 ordens de detenção administrativa contra palestinianos em 2021

O maior número de detenções administrativas – sem julgamento ou acusação – foi decretado em Maio, quando Israel lançou uma ofensiva de 11 dias contra a Faixa de Gaza.

Familiares e apoiantes de preso Hisham Abu Hawwash protestaram este domingo na localidade de Dura, a oeste de al-Khalil (Hebron), na Cisjordânia ocupada 
Créditos / PressTV

A Sociedade dos Presos Palestinianos (SPP) revelou, este domingo, que o número divulgado diz respeito tanto a novas ordens como à renovação de ordens já emitidas nos territórios ocupados, pelas autoridades israelitas.

No documento apresentado, o organismo lembra que política de detenção administrativa visa «esmagar os activistas políticos palestinianos» e se baseia num ficheiro secreto não acessível aos presos – nem sequer aos seus advogados –, que são mantidos na cadeia sem acusação ou julgamento, informa a WAFA.

O maior número de ordens de detenção administrativa foi emitido em Maio último, quando a Israel lançou uma ofensiva de 11 dias contra a Faixa de Gaza, explicou a organização de defesa dos presos, acrescentado que, ao longo do ano, 60 prisioneiros recorreram à greve de fome com o propósito de reconquistar a liberdade.

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Presos palestinianos continuam protesto contra a detenção administrativa

Uma comissão de apoio aos prisioneiros revelou que 13 palestinianos permaneciam em greve de fome nas cadeias, este domingo, contra o regime que permite mantê-los reclusos sem acusação ou julgamento.

Um grupos de palestinianos solidários com os seus compatriotas presos nas cadeias israelitas mostram-se numa prisão a fingir 
Créditos / WAFA

Num comunicado ontem emitido, a Comissão dos Assuntos dos Presos e ex-Presos Palestinianos informou que o prisioneiro Salem Ziadat, de 40 anos, é, dos 13 que continuavam o protesto, aquele que está em greve de fome há mais tempo, permanecendo em jejum há 28 dias contra a sua detenção administrativa, sem acusação ou julgamento, revelou a agência WAFA.

A Comissão informou ainda que o número de reclusos palestinianos em greve de fome até ontem era de 15, mas que Mohammad Khaled Abusill e Ahmad Abdulrahman Abusill tinham chegado a um acordo com o Serviço Prisional Israelita no que respeita à «limitação» da chamada detenção administrativa.

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Israel prendeu 5426 palestinianos na primeira metade do ano

Grupos de defesa dos presos apresentaram um relatório sobre o primeiro semestre de 2021. Nas cadeias israelitas, há actualmente 4850 palestinianos, 540 dos quais ao abrigo da «detenção administrativa».

Os palestinianos estão a ser detidos em aldeias e cidades dos territórios ocupados em 1948 por terem apoiado Gaza 
As forças israelitas prenderam mais palestinianos no primeiro semestre deste ano do que em todo o ano de 2020 Créditos / Middle East Monitor

Entre os palestinianos que se encontram nos cárceres de Israel, contam-se 43 mulheres e 225 menores, segundo o documento conjunto divulgado este fim-de-semana pela Comissão dos Assuntos dos Presos e ex-Presos Palestinianos, a Sociedade dos Presos Palestinianos, a Addameer e o Centro de Informação Wadi Hilweh.

Os organismos referidos precisaram que 12 presos são membros do Conselho Legislativo Palestiniano (Parlamento), 70 são provenientes dos territórios ocupados em 1948, 350 são originários de Jerusalém ocupada e 240 da Faixa de Gaza cercada.

O informe destaca a existência de 540 prisioneiros palestinianos em detenção administrativa, sem acusação formada ou julgamento, por períodos de seis meses indefinidamente renováveis.

Quase 5500 detidos em seis meses

No que respeita a detenções, os organismos de defesa dos presos revelaram que Israel prendeu 5426 palestinianos entre 1 de Janeiro e 30 de Junho deste ano – um número superior a todas as detenções efectuadas pelas forças israelitas em 2020 e registadas por estas organizações: 4636.

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Forças israelitas prenderam 230 menores palestinianos desde Janeiro

Por ocasião do Dia da Criança Palestiniana, que se assinala a 5 de Abril, a Comissão dos Assuntos dos Presos e ex-Presos Palestinianos revelou também que 140 menores permanecem em cadeias israelitas.

Um soldado israelita detém um rapaz palestiniano, juntamente com outros quatro, perto do posto avançado de Havot Maon, na Margem Ocidental ocupada, a 11 de Março de 2021 
Créditos / Anadolu

Os menores palestinianos, alguns dos quais crianças, continuam a ser alvo das forças militares israelitas, que os prendem, muitas vezes de forma violenta, nos territórios ocupados.

De acordo com um relatório publicado este domingo pela Sociedade dos Prisioneiros Palestinianos, pelo menos 230 foram detidos desde o início do ano, a maioria dos quais em Jerusalém Oriental ocupada.

O grupo de defesa dos direitos dos presos sublinhou que «as crianças encarceradas são submetidas a vários tipos de abusos, incluindo «a recusa de comida e de bebida por longas horas, abuso verbal e a detenção em condições duras».

O informe veio a lume na véspera do Dia da Criança Palestiniana, que se assinala a 5 de Abril, com actividades culturais, educativas e mediáticas que, refere a PressTV, visam reforçar a consciência sobre o sofrimento dos menores palestinianos.

Detenção administrativa e maus-tratos

Também no âmbito do Dia da Criança Palestiniana, a Comissão dos Assuntos dos Presos e ex-Presos Palestinianos revelou que 140 menores permanecem em cadeias israelitas, incluindo dois que se encontram presos ao abrigo do regime de detenção administrativa.

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A «viagem ao inferno» dos jovens palestinianos detidos por Israel

Uma comissão da ONU reafirmou denúncias expostas em vários relatórios sobre detenções de menores palestinianos por Israel – quase sempre presos de noite, algemados e vendados. É o início da «viagem ao inferno».

Um jovem palestiniano é preso na Cisjordânia, na sequência dos protestos contra a decisão norte-americana sobre Jerusalém
Créditos / palestinalibre.org

A instância, composta por especialistas independentes das Nações Unidas, expressou particular preocupação pela expansão dos colonatos e o aumento da violência dos colonos israelitas, em que se incluem ataques a crianças e às suas escolas.

Segundo se pode ler no portal oficial de notícias da ONU, na semana passada diversas organizações informaram a comissão sobre as operações nocturnas levadas a efeito pelas forças israelitas com o propósito de deter crianças e adolescentes na Cisjordânia ocupada, com «graves consequências para o seu bem-estar e gozo dos seus direitos».

«Mais de 300 crianças estão detidas no sistema militar israelita. A maioria por delitos menores, como atirar pedras e publicações nas redes sociais», assinala a comissão, que denuncia o facto de os menores serem «levados para locais desconhecidos, presos em viaturas militares e sujeitos a ameaças e abusos verbais», bem como o facto de, por vezes, serem «obrigados a assinar confissões em hebraico, uma língua que não costumam entender».

Estas preocupações reafirmam as que têm sido veiculadas, ao longo do tempo, por várias entidades, nomeadamente a Comissão dos Prisioneiros Palestinianos, órgão dependente da Autoridade Palestiniana que, em diversas ocasiões (também este ano), alertou para o facto de os menores serem torturados e sofrerem abusos nos cárceres israelitas, bem como para o facto de serem espancados, insultados e pressionados no momento da detenção.

No final de Março, um relatório publicado pelo Ministério palestiniano da Informação denunciava também esta realidade, afirmando que «95% das crianças palestinianas presas pelas autoridades israelitas foram torturadas durante a detenção».

De acordo com o relatório, até 2015 foram documentadas anualmente 700 detenções de menores palestinianos. Já em 2017, Israel prendeu 1467 crianças e adolescentes; 1063 no ano seguinte e, nos dois primeiros dois meses deste ano, 118. Entre 2000 e 2018, foram presos mais de 16 mil menores.

Uma «viagem sem fim ao inferno»

Numa peça intitulada «“Endless Trip to Hell”: Israel Jails Hundreds of Palestinian Boys a Year. These Are Their Testimonies», publicada em Março e plenamente actual, o periódico israelita Haaretz aborda esta realidade, em que as crianças, algumas com idades inferiores a 13 anos, «são detidas pela calada da noite, vendadas e algemadas, alvo de abusos e constrangidas» a confessar «crimes» que não cometeram.

A peça, que reúne testemunhos de sete jovens da Margem Ocidental ocupada com idades compreendidas entre os dez e os 15 anos, revela as diversas fases do processo de detenção, que começa nas operações nocturnas e passa pelo interrogatório, a prisão, o julgamento e a proposta de um acordo.

Na sua maioria, os jovens são presos por, alegadamente, terem atirado pedras ou queimado pneus, mas, como sublinha a advogada Farah Bayadsi o objectivo das detenções «é mais para mostrar controlo do que para aplicar a lei».

A experiência traumática é fundamentada por tudo aquilo por que as crianças passam durante uma detenção. Arrancadas de casa quando dormem, são algemadas e vendadas, levadas em veículos militares para colonatos e bases israelitas, passando por todo um processo que envolve intimidação, ameaças, agressões físicas, afastamento da família e pressão para «confessar».


O nível de brutalidade varia. Khaled Mahmoud Selvi, preso quando tinha 15 anos, foi levado para a prisão e despido (o que, de acordo com o jornal, ocorre em 55% dos casos), tendo sido obrigado a permanecer dez minutos nu, em pé, durante o Inverno.

De acordo com os dados recolhidos pela organização não governamental (ONG) British-Palestinian Military Court Watch, 97% dos jovens palestinianos detidos pelas forças militares israelitas (IDF) vivem em pequenas localidades a menos de dois quilómetros de um colonato.

O advogado Gerard Horton, da ONG referida, afirma que a ideia é «assustar toda a aldeia» e que se trata de um «instrumento eficaz» para controlar uma comunidade. Acrescenta que, do ponto de vista dos ocupantes e opressores, a pressão «tem de ser constante»: «Cada geração tem de sentir a mão pesada das IDF.»

A experiência é traumática. O pai de Khaled Shtaiwi, preso com 13 anos em Novembro do ano passado, contou ao periódico que criou na sua aldeia o «dia da psicologia», porque o seu filho não é capaz de falar sobre o que se passou e porque quer ajudar todas as crianças que foram presas pelos israelitas.

Em Beit Ummar, Omar Ayyash foi preso com dez anos de idade, em Dezembro último. Agora, as crianças que brincam nas ruas da aldeia afastam-se assim que se apercebem da aproximação de soldados israelitas. Tornou-se um hábito desde que as tropas levaram Omar.

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Por seu lado, a organização Defense for Children International – Palestine (DCIP) destacou que todos os anos entre 500 e 700 menores palestinianos são processados em tribunais militares israelitas e que 85% das crianças palestinianas detidas em 2020 foram «submetidas a violência física».

Num comunicado, a DCIP afirma ter documentado 27 casos em que as crianças foram mantidas na solitária um ou dois dias, alegando as forças israelitas «objectivos de investigação». Esta prática é, segundo o organismo, uma forma de «tortura ou tratamento cruel, desumano e degradante».

Desde Outubro de 2015, a DCIP registou a 36 ordens de detenção administrativa decretadas contra menores palestinianos, dois dos quais se mantêm nesse regime.

Ainda de acordo com o organismo sediado em Genebra, em 2020, as forças israelitas mataram nove menores palestinianos na Cisjordânia ocupada, incluindo Jerusalém Oriental, e na Faixa de Gaza, seis dos quais com fogo real.

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O relatório divulgado este fim-de-semana informa que, entre os palestinianos detidos pelas forças israelitas, se incluem 854 menores e 107 mulheres, tendo sido emitidas na primeira metade do ano 680 ordens de detenção administrativa, incluindo 312 novas.

No mês de Junho foram presos 615 palestinianos, revela o texto, destacando que Maio foi de longe o mês em que se registou um maior número de detenções na primeira metade deste ano.

Então, mês de massacre contra Gaza e de múltiplas provocações sionistas no Complexo da Mesquita de al-Aqsa e em Jerusalém Oriental ocupada, as forças israelitas prenderam 3100 palestinianos, incluindo 2000 nos territórios ocupados em 1948 (actual Estado de Israel) e 677 em Jerusalém Oriental ocupada, informa a WAFA.

Vários presos em greve de fome contra a detenção administrativa

De acordo com a Comissão dos Assuntos dos Presos e ex-Presos Palestinianos, há actualmente nove presos em greve de fome nos cárceres israelitas como forma de protesto contra o regime de detenção administrativa que lhes foi aplicado.

A Comissão pediu às instâncias internacionais e regionais de defesa dos direitos humanos que pressionem as autoridades israelitas no sentido de acabar com os maus-tratos aos presos em greve de fome, que passam também pela sua reclusão na solitária.

Os presos palestinianos recorrem com frequência a esta forma de luta contra um regime de detenção ilegal, cujo fim exigem.

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De acordo com os grupos de defesa dos direitos dos prisioneiros palestinianos, há actualmente quase 550 nos cárceres israelitas detidos ao abrigo deste regime, que tem merecido ampla condenação internacional e que permite a Israel manter nas suas prisões, sem acusação ou julgamento, presos palestinianos por tempo indefinido, na medida em que o período de detenção, até seis meses, é infinitamente renovável.

A detenção, que é decretada por um comandante militar, tem por base aquilo a que Israel chama «prova secreta» – e é tão «secreta» que nem o advogado do detido tem direito a vê-la.

Alguns prisioneiros palestinianos passaram mais de uma década nas cadeias israelitas ao abrigo deste regime de «detenção», que é considerado ilegal à luz do direito internacional.

Como forma de protesto contra as suas detenções ilegais e para exigir que Israel ponha fim a esta prática, os presos palestinianos recorrem com frequência a greves de fome por tempo indeterminado.

Apesar da pressão internacional e dos protestos dos prisioneiros, as autoridades israelitas não têm dado sinais de querer acabar com este regime. Pelo contrário, tanto a comissão referida como o Centro Palestiniano de Estudos sobre Prisioneiros têm dado conta de novas ordens de detenção administrativa e de múltiplas renovações.

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Na maior parte dos casos, estavam presos ao abrigo do regime de detenção administrativa, como Hisham Abu Hawwash, de 40 anos, habitante da localidade de Dura (Cisjordânia ocupada) que se mantém há 140 dias em greve de fome e está numa situação considerada muito crítica.

Nos últimos dias, as autoridades palestinianas alertaram para o estado de saúde crítico de Abu Hawwash, responsabilizaram Telavive por aquilo que lhe possa acontecer e pediram à comunidade internacional que pressione as autoridades israelitas para o libertarem.

Também a Cruz Vermelha se mostrou preocupada com o caso, sublinhando a necessidade de tratar os reclusos com humanidade e de encontrar uma solução que evite «consequências irreversíveis» para Hawwash.

De acordo com a SPP, este domingo cerca de 500 reclusos palestinianos presos em Israel ao abrigo do regime da detenção administrativa – criticado pela ONU – declararam o boicote aos tribunais israelitas, porque «sentem que os tribunais alinham sempre com o governo militar e as suas ordens, e não os tratam com imparcialidade».

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De acordo com a comissão, há actualmente mais de 760 presos nas cadeias israelitas sem acusação ou julgamento. A detenção, decretada por um comandante militar, tem por base aquilo a que Israel chama «prova secreta», que nem o advogado do detido tem direito a ver.

Cerca de 80% dos presos palestinianos neste regime são ex-presos que já passaram anos atrás das grades, revela a Wafa.

«Semearemos alegria, vida e esperança»

Em comunicado, emitido há dias, o Ramo Penitenciário da Frente Popular para a Libertação da Palestina afirmou que «estes 30 prisioneiros, juntos, passaram quase 200 anos em detenção administrativa. Duzentos anos de cativeiro sem acusação ou julgamento por capricho dos oficiais de inteligência da ocupação».

O texto, divulgado pela Samidoun (rede de solidariedade com os presos palestinianos), sublinha que se trata de uma «pena perpétua», uma vez que muitos presos são libertados durante alguns meses e são novamente detidos. «Temos um mês de liberdade por cada ano de detenção», afirmam.

Dizem que são «alimentados pela dignidade» e querem que as autoridades israelitas saibam que, mesmo que os torturem e lhes provoquem dor, «que a nossa luta continua, e que semearemos alegria, vida e esperança, e que nossa luta pela liberdade e pela humanidade livre de tormentos não vai parar».

Leila Khaled, membro do Comité Central da FPLP e símbolo da resistência palestiniana, anunciou uma greve de fome solidária com os presos, a quem saudou por estarem «na primeira linha do confronto a este inimigo criminoso fascista».

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De acordo com a Comissão dos Assuntos dos Presos e ex-Presos, dos cerca de 4600 palestinianos actualmente presos nas cadeias israelitas, mais de 760 são reclusos sem acusação ou julgamento, cuja detenção pode ser infinitamente renovada por períodos até seis meses.

A detenção, decretada por um comandante militar, tem por base aquilo a que Israel chama «prova secreta», que nem o advogado do detido tem direito a ver.

Após o início da greve de fome, Basil Mizher, outro advogado palestiniano detido sem acusação ou julgamento, viu ser-lhe renovada a detenção administrativa por mais três meses, no passado dia 28.

Numa mensagem que Mizher escreveu no início do protesto, lida pela sua mãe numa acção solidária no campo de refugiados de Dheisheh, em Belém, o preso diz que a sua profissão é a de advogado, mas que mal se lembra dela, pois quase não a conseguiu exercer desde que se formou – foi submetido a três detenções administrativas desde que passou no exame.

Em vez de ir trabalhar, foi para a prisão, lê-se no texto divulgado pela pela Samidoun (rede de solidariedade com os presos palestinianos).

«Ou nos submetemos à opressão e à privação e aceitamos o roubo perpétuo da nossa liberdade e da nossa vida à vista do mundo, ou nos revoltamos contra a injustiça e derrubamos os muros do carcereiro com todas as ferramentas que temos», escreveu Basil Mizher a propósito da greve de fome, que é a «recusa da política de subordinação e domesticação».

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Talahma, detido desde Março de 2022, é um advogado e antigo prisioneiro, que passou dois anos e meio nas cadeias israelitas.

Abido é também um antigo prisioneiro, que passou cinco anos e meio nas prisões da ocupação – a maior parte do tempo ao abrigo do regime de detenção administrativa.

Por seu lado, Dandis foi preso pela primeira vez a 23 de Março último, tendo-lhe sido imposta uma detenção administrativa por um período de seis meses.

1083 presos em detenção administrativa

Este protesto ocorre num contexto em que Israel intensifica o recurso às detenções sem acusação ou julgamento. Segundo revelou a SPP, existem actualmente nas cadeias israelitas 1083 presos palestinianos a quem foi aplicado este regime de detenção, 17 dos quais são menores.

O regime de detenção administrativa, que tem merecido ampla condenação internacional, permite a Israel manter nas suas prisões, sem acusação ou julgamento, presos palestinianos por tempo indefinido, na medida em que o período de detenção, até seis meses, é infinitamente renovável.

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Preso palestiniano morreu na cadeia após 86 dias em greve de fome

O primeiro-ministro palestiniano, Mohammad Shtayyeh, responsabilizou Israel pelo «assassinato» de Khader Adnan, ao não atender ao protesto contra a sua detenção sem acusação ou julgamento.

Em protesto contra a morte de Khader Adnan, que se encontrava em greve de fome há 86 dias, a Cisjordânia ocupada cumpre um dia de greve geral 
CréditosWafa Awad / Wafa

A Sociedade de Prisioneiros Palestinianos (SPP) afirmou, em comunicado, que Khader Adnan, de 44 anos, foi encontrado inconsciente esta madrugada na sua cela, tendo sido levado para um hospital, onde foi declarado morto.

Adnan, natural da cidade de Arraba (perto de Jenin), foi preso 12 vezes ao longo da sua vida, tendo recorrido à greve de fome em diversas ocasiões para protestar contra as suas detenções sem qualquer acusação, afirmou a SPP, citada pela agência Wafa.

A última detenção ocorreu a 5 de Fevereiro e Adnan entrou de imediato em greve de fome por tempo indeterminado, refere a fonte, acrescentando que pelo menos 236 presos palestinianos morreram desde 1967.

Ao ter conhecimento da notícia, o primeiro-ministro palestiniano, Mohammad Shtayyeh, acusou Israel de ter cometido um assassinato.

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835 palestinianos em regime de detenção administrativa nas cadeias israelitas

O número foi destacado pela Sociedade dos Presos Palestinianos (SPP) em conferência de imprensa. A maior parte encontra-se nos centros de detenção de Ofer e de Naqab (Neguev).

Acção de solidariedade com os presos palestinianos, a 5 de Dezembro de 2022 
CréditosAli Jadallah / Anadolu

O regime de detenção administrativa, que tem merecido ampla condenação internacional – até do Departamento de Estado norte-americano e da Amnistia Internacional –, permite a Israel manter nas suas prisões, sem acusação ou julgamento, presos palestinianos por tempo indefinido, na medida em que o período de detenção, até seis meses, é infinitamente renovável.

Em relatórios anteriores, a SPP lembrou que esta política visa «esmagar os activistas políticos palestinianos» e se baseia num ficheiro secreto não acessível aos presos – nem sequer aos seus advogados.

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«Ou nos submetemos ou nos revoltamos»: 30 presos palestinianos continuam em luta

Os prisioneiros iniciaram uma greve de fome, há uma semana, para exigir a sua libertação e denunciar um regime de detenção que permite mantê-los na cadeia sem acusação ou julgamento.

Imagem de um comício da Frente Popular para a Libertação da Palestina (FPLP), força de esquerda hoje considerada «terrorista» por Israel e cujos militantes são perseguidos
Imagem de um comício da Frente Popular para a Libertação da Palestina (FPLP) Créditos / pflp.pl

O protesto dos trinta presos palestinianos, membros e simpatizantes da Frente Popular para a Libertação da Palestina (FPLP), completou uma semana sem solução aparente à vista, tendo em conta a inflexibilidade das autoridades de Telavive.

Em comunicado, a Sociedade dos Presos Palestinianos (SPP) anunciou que os serviços prisionais israelitas têm estado a ameaçar com castigos os reclusos que lutam contra o regime de detenção administrativa. Entre as punições, contam-se privá-los de visitas, retirar-lhes os seus pertences e isolá-los em celas de castigo.

Nesta primeira semana de protesto, os serviços prisionais israelitas colocaram 28 dos grevistas em quatro celas de isolamento na prisão de Ofer, informa a Wafa com base no documento divulgado pelo SPP.

Um outro, o advogado Salah Hammouri, foi metido na solitária numa cadeia no Norte de Israel, enquanto Ghassan Zawahreh foi levado para uma cela de isolamento numa prisão localizada no Deserto do Neguev (al-Naqab).

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Trinta presos palestinianos em protesto contra a detenção administrativa

Os prisioneiros, em cadeias israelitas, iniciaram uma greve de fome por tempo indeterminado contra um regime que permite mantê-los detidos sem acusação ou julgamento, por períodos renováveis de seis meses.

Familiares de presos palestinianos em cadeias israelitas mostram cartazes numa concentração em Ramallah, na Cisjordânia ocupada, em Setembro de 2021 
Créditos / Al Jazeera

O início do protesto, este domingo, por parte de prisioneiros que são membros ou apoiantes da Frente Popular para a Libertação da Palestina (FPLP), foi confirmado pela Comissão dos Assuntos dos Presos e ex-Presos.

Em declarações à agência Wafa, Hassan Abed Rabbo, porta-voz da comissão, disse que os presos decidiram avançar contra uma política que permite a Israel manter nas suas prisões, sem acusação ou julgamento, presos palestinianos por tempo indefinido, na medida em que o período de detenção, até seis meses, é infinitamente renovável.

Numa mensagem divulgada há alguns dias, os presos sublinharam que a luta contra o regime de detenção administrativa continua e denunciaram que as medidas tomadas pelas autoridades prisionais israelitas «já não se baseiam em obsessões de segurança, mas são actos de vingança devido ao seu passado».

Qadri Abu Baker, líder da Comissão dos Assuntos dos Presos e ex-Presos, disse à Wafa que, na próxima quinta-feira, mais 50 presos se devem juntar à greve de fome, para denunciar o regime de detenção administrativa a que são submetidos e a escalada por parte de Israel no que respeita a este procedimento.

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Israel decretou 1595 ordens de detenção administrativa contra palestinianos em 2021

O maior número de detenções administrativas – sem julgamento ou acusação – foi decretado em Maio, quando Israel lançou uma ofensiva de 11 dias contra a Faixa de Gaza.

Familiares e apoiantes de preso Hisham Abu Hawwash protestaram este domingo na localidade de Dura, a oeste de al-Khalil (Hebron), na Cisjordânia ocupada 
Créditos / PressTV

A Sociedade dos Presos Palestinianos (SPP) revelou, este domingo, que o número divulgado diz respeito tanto a novas ordens como à renovação de ordens já emitidas nos territórios ocupados, pelas autoridades israelitas.

No documento apresentado, o organismo lembra que política de detenção administrativa visa «esmagar os activistas políticos palestinianos» e se baseia num ficheiro secreto não acessível aos presos – nem sequer aos seus advogados –, que são mantidos na cadeia sem acusação ou julgamento, informa a WAFA.

O maior número de ordens de detenção administrativa foi emitido em Maio último, quando a Israel lançou uma ofensiva de 11 dias contra a Faixa de Gaza, explicou a organização de defesa dos presos, acrescentado que, ao longo do ano, 60 prisioneiros recorreram à greve de fome com o propósito de reconquistar a liberdade.

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Presos palestinianos continuam protesto contra a detenção administrativa

Uma comissão de apoio aos prisioneiros revelou que 13 palestinianos permaneciam em greve de fome nas cadeias, este domingo, contra o regime que permite mantê-los reclusos sem acusação ou julgamento.

Um grupos de palestinianos solidários com os seus compatriotas presos nas cadeias israelitas mostram-se numa prisão a fingir 
Créditos / WAFA

Num comunicado ontem emitido, a Comissão dos Assuntos dos Presos e ex-Presos Palestinianos informou que o prisioneiro Salem Ziadat, de 40 anos, é, dos 13 que continuavam o protesto, aquele que está em greve de fome há mais tempo, permanecendo em jejum há 28 dias contra a sua detenção administrativa, sem acusação ou julgamento, revelou a agência WAFA.

A Comissão informou ainda que o número de reclusos palestinianos em greve de fome até ontem era de 15, mas que Mohammad Khaled Abusill e Ahmad Abdulrahman Abusill tinham chegado a um acordo com o Serviço Prisional Israelita no que respeita à «limitação» da chamada detenção administrativa.

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Israel prendeu 5426 palestinianos na primeira metade do ano

Grupos de defesa dos presos apresentaram um relatório sobre o primeiro semestre de 2021. Nas cadeias israelitas, há actualmente 4850 palestinianos, 540 dos quais ao abrigo da «detenção administrativa».

Os palestinianos estão a ser detidos em aldeias e cidades dos territórios ocupados em 1948 por terem apoiado Gaza 
As forças israelitas prenderam mais palestinianos no primeiro semestre deste ano do que em todo o ano de 2020 Créditos / Middle East Monitor

Entre os palestinianos que se encontram nos cárceres de Israel, contam-se 43 mulheres e 225 menores, segundo o documento conjunto divulgado este fim-de-semana pela Comissão dos Assuntos dos Presos e ex-Presos Palestinianos, a Sociedade dos Presos Palestinianos, a Addameer e o Centro de Informação Wadi Hilweh.

Os organismos referidos precisaram que 12 presos são membros do Conselho Legislativo Palestiniano (Parlamento), 70 são provenientes dos territórios ocupados em 1948, 350 são originários de Jerusalém ocupada e 240 da Faixa de Gaza cercada.

O informe destaca a existência de 540 prisioneiros palestinianos em detenção administrativa, sem acusação formada ou julgamento, por períodos de seis meses indefinidamente renováveis.

Quase 5500 detidos em seis meses

No que respeita a detenções, os organismos de defesa dos presos revelaram que Israel prendeu 5426 palestinianos entre 1 de Janeiro e 30 de Junho deste ano – um número superior a todas as detenções efectuadas pelas forças israelitas em 2020 e registadas por estas organizações: 4636.

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Forças israelitas prenderam 230 menores palestinianos desde Janeiro

Por ocasião do Dia da Criança Palestiniana, que se assinala a 5 de Abril, a Comissão dos Assuntos dos Presos e ex-Presos Palestinianos revelou também que 140 menores permanecem em cadeias israelitas.

Um soldado israelita detém um rapaz palestiniano, juntamente com outros quatro, perto do posto avançado de Havot Maon, na Margem Ocidental ocupada, a 11 de Março de 2021 
Créditos / Anadolu

Os menores palestinianos, alguns dos quais crianças, continuam a ser alvo das forças militares israelitas, que os prendem, muitas vezes de forma violenta, nos territórios ocupados.

De acordo com um relatório publicado este domingo pela Sociedade dos Prisioneiros Palestinianos, pelo menos 230 foram detidos desde o início do ano, a maioria dos quais em Jerusalém Oriental ocupada.

O grupo de defesa dos direitos dos presos sublinhou que «as crianças encarceradas são submetidas a vários tipos de abusos, incluindo «a recusa de comida e de bebida por longas horas, abuso verbal e a detenção em condições duras».

O informe veio a lume na véspera do Dia da Criança Palestiniana, que se assinala a 5 de Abril, com actividades culturais, educativas e mediáticas que, refere a PressTV, visam reforçar a consciência sobre o sofrimento dos menores palestinianos.

Detenção administrativa e maus-tratos

Também no âmbito do Dia da Criança Palestiniana, a Comissão dos Assuntos dos Presos e ex-Presos Palestinianos revelou que 140 menores permanecem em cadeias israelitas, incluindo dois que se encontram presos ao abrigo do regime de detenção administrativa.

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A «viagem ao inferno» dos jovens palestinianos detidos por Israel

Uma comissão da ONU reafirmou denúncias expostas em vários relatórios sobre detenções de menores palestinianos por Israel – quase sempre presos de noite, algemados e vendados. É o início da «viagem ao inferno».

Um jovem palestiniano é preso na Cisjordânia, na sequência dos protestos contra a decisão norte-americana sobre Jerusalém
Créditos / palestinalibre.org

A instância, composta por especialistas independentes das Nações Unidas, expressou particular preocupação pela expansão dos colonatos e o aumento da violência dos colonos israelitas, em que se incluem ataques a crianças e às suas escolas.

Segundo se pode ler no portal oficial de notícias da ONU, na semana passada diversas organizações informaram a comissão sobre as operações nocturnas levadas a efeito pelas forças israelitas com o propósito de deter crianças e adolescentes na Cisjordânia ocupada, com «graves consequências para o seu bem-estar e gozo dos seus direitos».

«Mais de 300 crianças estão detidas no sistema militar israelita. A maioria por delitos menores, como atirar pedras e publicações nas redes sociais», assinala a comissão, que denuncia o facto de os menores serem «levados para locais desconhecidos, presos em viaturas militares e sujeitos a ameaças e abusos verbais», bem como o facto de, por vezes, serem «obrigados a assinar confissões em hebraico, uma língua que não costumam entender».

Estas preocupações reafirmam as que têm sido veiculadas, ao longo do tempo, por várias entidades, nomeadamente a Comissão dos Prisioneiros Palestinianos, órgão dependente da Autoridade Palestiniana que, em diversas ocasiões (também este ano), alertou para o facto de os menores serem torturados e sofrerem abusos nos cárceres israelitas, bem como para o facto de serem espancados, insultados e pressionados no momento da detenção.

No final de Março, um relatório publicado pelo Ministério palestiniano da Informação denunciava também esta realidade, afirmando que «95% das crianças palestinianas presas pelas autoridades israelitas foram torturadas durante a detenção».

De acordo com o relatório, até 2015 foram documentadas anualmente 700 detenções de menores palestinianos. Já em 2017, Israel prendeu 1467 crianças e adolescentes; 1063 no ano seguinte e, nos dois primeiros dois meses deste ano, 118. Entre 2000 e 2018, foram presos mais de 16 mil menores.

Uma «viagem sem fim ao inferno»

Numa peça intitulada «“Endless Trip to Hell”: Israel Jails Hundreds of Palestinian Boys a Year. These Are Their Testimonies», publicada em Março e plenamente actual, o periódico israelita Haaretz aborda esta realidade, em que as crianças, algumas com idades inferiores a 13 anos, «são detidas pela calada da noite, vendadas e algemadas, alvo de abusos e constrangidas» a confessar «crimes» que não cometeram.

A peça, que reúne testemunhos de sete jovens da Margem Ocidental ocupada com idades compreendidas entre os dez e os 15 anos, revela as diversas fases do processo de detenção, que começa nas operações nocturnas e passa pelo interrogatório, a prisão, o julgamento e a proposta de um acordo.

Na sua maioria, os jovens são presos por, alegadamente, terem atirado pedras ou queimado pneus, mas, como sublinha a advogada Farah Bayadsi o objectivo das detenções «é mais para mostrar controlo do que para aplicar a lei».

A experiência traumática é fundamentada por tudo aquilo por que as crianças passam durante uma detenção. Arrancadas de casa quando dormem, são algemadas e vendadas, levadas em veículos militares para colonatos e bases israelitas, passando por todo um processo que envolve intimidação, ameaças, agressões físicas, afastamento da família e pressão para «confessar».


O nível de brutalidade varia. Khaled Mahmoud Selvi, preso quando tinha 15 anos, foi levado para a prisão e despido (o que, de acordo com o jornal, ocorre em 55% dos casos), tendo sido obrigado a permanecer dez minutos nu, em pé, durante o Inverno.

De acordo com os dados recolhidos pela organização não governamental (ONG) British-Palestinian Military Court Watch, 97% dos jovens palestinianos detidos pelas forças militares israelitas (IDF) vivem em pequenas localidades a menos de dois quilómetros de um colonato.

O advogado Gerard Horton, da ONG referida, afirma que a ideia é «assustar toda a aldeia» e que se trata de um «instrumento eficaz» para controlar uma comunidade. Acrescenta que, do ponto de vista dos ocupantes e opressores, a pressão «tem de ser constante»: «Cada geração tem de sentir a mão pesada das IDF.»

A experiência é traumática. O pai de Khaled Shtaiwi, preso com 13 anos em Novembro do ano passado, contou ao periódico que criou na sua aldeia o «dia da psicologia», porque o seu filho não é capaz de falar sobre o que se passou e porque quer ajudar todas as crianças que foram presas pelos israelitas.

Em Beit Ummar, Omar Ayyash foi preso com dez anos de idade, em Dezembro último. Agora, as crianças que brincam nas ruas da aldeia afastam-se assim que se apercebem da aproximação de soldados israelitas. Tornou-se um hábito desde que as tropas levaram Omar.

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Por seu lado, a organização Defense for Children International – Palestine (DCIP) destacou que todos os anos entre 500 e 700 menores palestinianos são processados em tribunais militares israelitas e que 85% das crianças palestinianas detidas em 2020 foram «submetidas a violência física».

Num comunicado, a DCIP afirma ter documentado 27 casos em que as crianças foram mantidas na solitária um ou dois dias, alegando as forças israelitas «objectivos de investigação». Esta prática é, segundo o organismo, uma forma de «tortura ou tratamento cruel, desumano e degradante».

Desde Outubro de 2015, a DCIP registou a 36 ordens de detenção administrativa decretadas contra menores palestinianos, dois dos quais se mantêm nesse regime.

Ainda de acordo com o organismo sediado em Genebra, em 2020, as forças israelitas mataram nove menores palestinianos na Cisjordânia ocupada, incluindo Jerusalém Oriental, e na Faixa de Gaza, seis dos quais com fogo real.

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O relatório divulgado este fim-de-semana informa que, entre os palestinianos detidos pelas forças israelitas, se incluem 854 menores e 107 mulheres, tendo sido emitidas na primeira metade do ano 680 ordens de detenção administrativa, incluindo 312 novas.

No mês de Junho foram presos 615 palestinianos, revela o texto, destacando que Maio foi de longe o mês em que se registou um maior número de detenções na primeira metade deste ano.

Então, mês de massacre contra Gaza e de múltiplas provocações sionistas no Complexo da Mesquita de al-Aqsa e em Jerusalém Oriental ocupada, as forças israelitas prenderam 3100 palestinianos, incluindo 2000 nos territórios ocupados em 1948 (actual Estado de Israel) e 677 em Jerusalém Oriental ocupada, informa a WAFA.

Vários presos em greve de fome contra a detenção administrativa

De acordo com a Comissão dos Assuntos dos Presos e ex-Presos Palestinianos, há actualmente nove presos em greve de fome nos cárceres israelitas como forma de protesto contra o regime de detenção administrativa que lhes foi aplicado.

A Comissão pediu às instâncias internacionais e regionais de defesa dos direitos humanos que pressionem as autoridades israelitas no sentido de acabar com os maus-tratos aos presos em greve de fome, que passam também pela sua reclusão na solitária.

Os presos palestinianos recorrem com frequência a esta forma de luta contra um regime de detenção ilegal, cujo fim exigem.

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De acordo com os grupos de defesa dos direitos dos prisioneiros palestinianos, há actualmente quase 550 nos cárceres israelitas detidos ao abrigo deste regime, que tem merecido ampla condenação internacional e que permite a Israel manter nas suas prisões, sem acusação ou julgamento, presos palestinianos por tempo indefinido, na medida em que o período de detenção, até seis meses, é infinitamente renovável.

A detenção, que é decretada por um comandante militar, tem por base aquilo a que Israel chama «prova secreta» – e é tão «secreta» que nem o advogado do detido tem direito a vê-la.

Alguns prisioneiros palestinianos passaram mais de uma década nas cadeias israelitas ao abrigo deste regime de «detenção», que é considerado ilegal à luz do direito internacional.

Como forma de protesto contra as suas detenções ilegais e para exigir que Israel ponha fim a esta prática, os presos palestinianos recorrem com frequência a greves de fome por tempo indeterminado.

Apesar da pressão internacional e dos protestos dos prisioneiros, as autoridades israelitas não têm dado sinais de querer acabar com este regime. Pelo contrário, tanto a comissão referida como o Centro Palestiniano de Estudos sobre Prisioneiros têm dado conta de novas ordens de detenção administrativa e de múltiplas renovações.

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Na maior parte dos casos, estavam presos ao abrigo do regime de detenção administrativa, como Hisham Abu Hawwash, de 40 anos, habitante da localidade de Dura (Cisjordânia ocupada) que se mantém há 140 dias em greve de fome e está numa situação considerada muito crítica.

Nos últimos dias, as autoridades palestinianas alertaram para o estado de saúde crítico de Abu Hawwash, responsabilizaram Telavive por aquilo que lhe possa acontecer e pediram à comunidade internacional que pressione as autoridades israelitas para o libertarem.

Também a Cruz Vermelha se mostrou preocupada com o caso, sublinhando a necessidade de tratar os reclusos com humanidade e de encontrar uma solução que evite «consequências irreversíveis» para Hawwash.

De acordo com a SPP, este domingo cerca de 500 reclusos palestinianos presos em Israel ao abrigo do regime da detenção administrativa – criticado pela ONU – declararam o boicote aos tribunais israelitas, porque «sentem que os tribunais alinham sempre com o governo militar e as suas ordens, e não os tratam com imparcialidade».

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De acordo com a comissão, há actualmente mais de 760 presos nas cadeias israelitas sem acusação ou julgamento. A detenção, decretada por um comandante militar, tem por base aquilo a que Israel chama «prova secreta», que nem o advogado do detido tem direito a ver.

Cerca de 80% dos presos palestinianos neste regime são ex-presos que já passaram anos atrás das grades, revela a Wafa.

«Semearemos alegria, vida e esperança»

Em comunicado, emitido há dias, o Ramo Penitenciário da Frente Popular para a Libertação da Palestina afirmou que «estes 30 prisioneiros, juntos, passaram quase 200 anos em detenção administrativa. Duzentos anos de cativeiro sem acusação ou julgamento por capricho dos oficiais de inteligência da ocupação».

O texto, divulgado pela Samidoun (rede de solidariedade com os presos palestinianos), sublinha que se trata de uma «pena perpétua», uma vez que muitos presos são libertados durante alguns meses e são novamente detidos. «Temos um mês de liberdade por cada ano de detenção», afirmam.

Dizem que são «alimentados pela dignidade» e querem que as autoridades israelitas saibam que, mesmo que os torturem e lhes provoquem dor, «que a nossa luta continua, e que semearemos alegria, vida e esperança, e que nossa luta pela liberdade e pela humanidade livre de tormentos não vai parar».

Leila Khaled, membro do Comité Central da FPLP e símbolo da resistência palestiniana, anunciou uma greve de fome solidária com os presos, a quem saudou por estarem «na primeira linha do confronto a este inimigo criminoso fascista».

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De acordo com a Comissão dos Assuntos dos Presos e ex-Presos, dos cerca de 4600 palestinianos actualmente presos nas cadeias israelitas, mais de 760 são reclusos sem acusação ou julgamento, cuja detenção pode ser infinitamente renovada por períodos até seis meses.

A detenção, decretada por um comandante militar, tem por base aquilo a que Israel chama «prova secreta», que nem o advogado do detido tem direito a ver.

Após o início da greve de fome, Basil Mizher, outro advogado palestiniano detido sem acusação ou julgamento, viu ser-lhe renovada a detenção administrativa por mais três meses, no passado dia 28.

Numa mensagem que Mizher escreveu no início do protesto, lida pela sua mãe numa acção solidária no campo de refugiados de Dheisheh, em Belém, o preso diz que a sua profissão é a de advogado, mas que mal se lembra dela, pois quase não a conseguiu exercer desde que se formou – foi submetido a três detenções administrativas desde que passou no exame.

Em vez de ir trabalhar, foi para a prisão, lê-se no texto divulgado pela pela Samidoun (rede de solidariedade com os presos palestinianos).

«Ou nos submetemos à opressão e à privação e aceitamos o roubo perpétuo da nossa liberdade e da nossa vida à vista do mundo, ou nos revoltamos contra a injustiça e derrubamos os muros do carcereiro com todas as ferramentas que temos», escreveu Basil Mizher a propósito da greve de fome, que é a «recusa da política de subordinação e domesticação».

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Alguns prisioneiros palestinianos passaram mais de uma década nas cadeias israelitas ao abrigo deste sistema, e é comum os presos recorrerem a greves de fome por tempo indeterminado como forma de chamar a atenção para os seus casos e fazer pressão junto das autoridades israelitas para que os libertem.

Agora, a SPP revelou também que, dos 835 palestinianos actualmente presos ao abrigo deste regime, 80 são mulheres, indica a agência Wafa.

Além disso, a organização não governamental (ONG) informou que, ao longo de 2022, as autoridades israelitas emitiram 2134 ordens de detenção administrativa, 242 das quais em Novembro (o ano passado foram 1595).

6500 palestinianos presos por Israel este ano, 490 dos quais em Novembro

Desde o início de 2022 até ao fim de Novembro, as forças israelitas prenderam 6500 palestinianos, revelou a SPP, citada pela agência turca Anadolu. Entre os detidos, contavam-se 153 mulheres e 811 menores de idade acrescentou.

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Israel prendeu 5300 palestinianos desde o início do ano

As forças de ocupação israelitas detiveram 5300 palestinianos desde o princípio deste ano, incluindo 111 mulheres e 620 menores de idade, revelou esta segunda-feira uma organização não governamental.

Forças israelitas levam homem palestiniano detido (imagem de arquivo) 
Créditos / aa.com.tr

Em comunicado, a Sociedade dos Presos Palestinianos (SPP) afirmou que, com 2353 detenções registadas, Jerusalém Oriental ocupada se situa no primeiro lugar por regiões, e que Abril foi o mês com maior número de detenções (1228 casos), noticia a agência Wafa.

A SPP condenou os ataques e raides israelitas contra cidades, aldeias e campos de refugiados na Cisjordânia ocupada para prender activistas, referindo que muitos palestinianos foram mortos, nesse processo, pelas balas do Exército.

Neste contexto, o número de execuções extrajudiciais no terreno, em 2022, é mais elevado por comparação com anos anteriores, alertou a SPP, que também questionou os bloqueios militares a localidades e campos de refugiados palestinianos, classificando-os como uma punição colectiva.

Dados da SPP sobre dentenções de palestinianos em 2022. (Clicar na imagem para a ampliar) / Wafa 

No que respeita às detenções administrativas, a organização afirmou que este ano, até à data, foram emitidas 1160. Só no mês de Agosto, foram decretadas 272, pelo que, no final de Setembro, havia cerca de 800 palestinianos nas prisões israelitas detidos sem acusação ou julgamento.

Ao abrigo deste regime, os períodos de detenção podem ser infinitamente renovados por períodos até seis meses.

A detenção, decretada por um comandante militar, tem por base aquilo a que Israel chama «prova secreta», que nem o advogado do detido tem direito a ver.

De forma reiterada, os presos palestinianos detidos sob este regime iniciam greves de fome para denunciar os seus casos e a política de detenção administrativa, exigindo a sua libertação.

Diversas instâncias das Nações Unidas têm denunciado repetidamente este regime israelita de detenção, na medida em que não faculta aos detidos palestinianos as «salvaguardas jurídicas básicas» e violam o direito internacional humanitário.

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Só no mês de Novembro, foram detidos 490 palestinianos, incluindo 76 menores e 12 mulheres, informaram, num relatório conjunto, a SPP, a Addameer, o Centro de Informação Wadi Hilweh e a Comissão dos Assuntos dos Presos e Ex-Presos Palestinianos.

No relatório mensal a que o Middle East Monitor faz referência, as quatro organizações de defesa dos direitos presos afirmaram que, no mês passado, o maior número de detenções ocorreu em Hebron (al-Khalil; 135 casos), seguida por Jerusalém (123), Ramallah (52), Jenin e Nablus.

De acordo com os grupos, há actualmente nas cadeias israelitas cerca de 4700 palestinianos presos, incluindo 34 mulheres e 150 menores.

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«A ocupação israelita e a sua administração prisional levaram a cabo o assassinato deliberado do preso Khader Adnan ao rejeitar o seu pedido de libertação, ao negligenciá-lo medicamente e ao mantê-lo na sua cela apesar da gravidade do seu estado de saúde», afirmou Shtayyeh em comunicado.

Várias facções palestinianas pronunciaram-se no mesmo sentido, responsabilizando Israel pela morte de Khader Adnan e sublinhando o crime «premeditado e a sangue-frio».

Por seu lado, o Ministério palestiniano dos Negócios Estrangeiros pediu uma investigação internacional sobre a morte do prisioneiro e instou o Tribunal Penal Internacional a incluir este caso no processo relativo aos crimes de guerra cometidos por Israel contra o povo palestiniano nos territórios ocupados.

Para denunciar «o crime que levou à morte» de Khader Adnan numa prisão israelita, foi declarada, esta terça-feira, uma greve geral que «afecta todos os aspectos da vida», tanto na Faixa de Gaza cercada como na Margem Ocidental ocupada, incluindo Jerusalém Oriental, indica a Wafa.

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Em relatórios anteriores, a SPP lembrou que esta política visa «esmagar os activistas políticos palestinianos» e se baseia num ficheiro secreto não acessível aos presos – nem sequer aos seus advogados.

Alguns prisioneiros palestinianos passaram mais de uma década nas cadeias israelitas ao abrigo deste sistema, e é comum os presos recorrerem a greves de fome por tempo indeterminado como forma de chamar a atenção para os seus casos e fazer pressão junto das autoridades israelitas para que os libertem.

A 2 de Maio último, Khader Adnan, de 44 anos, morreu na cadeia, quase três meses depois de ter iniciado uma greve de fome contra a sua detenção sem acusação ou julgamento.

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Num comunicado de imprensa, que a Wafa cita, a Comissão exigiu «acção real e tangível, no sentido de formar um comité internacional de direitos humanos que vá imediatamente às prisões da ocupação israelita, analise o crime [de detenção administrativa] em todos os seus detalhes e observe de perto o sofrimento dos detidos administrativos, que estão presos sem quaisquer acusações ou julgamentos, e vivem à mercê dos chamados oficiais dos serviços de inteligência israelitas».

«Os abusos imorais e desumanos associados à utilização desta política pela potência ocupante violam todos os princípios do direito internacional e da humanidade, e estão em contradição real com os teóricos da democracia e aqueles que afirmam ser democráticos em todo o mundo, especialmente na América e na Europa», acrescenta a nota.

De acordo com os dados divulgados em Junho último pela organização israelita de defesa dos direitos B'Tselem, em Março deste ano, Israel mantinha nas suas prisões 1017 pessoas em regime de detenção administrativa.

É preciso recuar duas décadas, até Abril de 2003, para encontrar um número mais elevado de detidos administrativos nas prisões israelitas – 1140 –, referiu a organização.

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«De acordo com a lei militar que se aplica na Cisjordânia, uma pessoa pode ser detida administrativamente durante seis meses, mas a ordem pode ser renovada, pelo que a reclusão na prática é indefinida e os detidos nunca sabem quando serão libertados», alertou a B'Tselem, outra organização israelita de defesa dos direitos humanos nos territórios ocupados.

De forma sistemática, presos administrativos entram em greve de fome por tempo indeterminado para chamar a atenção para os seus casos e forçar a sua libertação.

Em meados de Agosto, a Comissão dos Assuntos dos Presos e ex-Presos pediu à chamada comunidade internacional que quebre o silêncio em torno do «crime israelita da detenção administrativa».

Num comunicado de imprensa, divulgado pela Wafa, a Comissão exigiu «acção real e tangível, no sentido de formar um comité internacional de direitos humanos que vá imediatamente às prisões da ocupação israelita, analise o crime [de detenção administrativa] em todos os seus detalhes e observe de perto o sofrimento dos detidos administrativos, que estão presos sem quaisquer acusações ou julgamentos, e vivem à mercê dos chamados oficiais dos serviços de inteligência israelitas».

«Os abusos imorais e desumanos associados à utilização desta política pela potência ocupante violam todos os princípios do direito internacional e da humanidade, e estão em contradição real com os teóricos da democracia e aqueles que afirmam ser democráticos em todo o mundo, especialmente na América e na Europa», afirmou o organismo.

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Desde 28 de Setembro de 2000 até à data, refere a Comissão, foram detidas mais de 2600 raparigas e mulheres, incluindo quatro que deram à luz na cadeia.

32 mil ordens de detenção administrativa

No mesmo período, foram emitidas 32 mil ordens de detenção administrativa, a que Israel recorre para manter reclusos nas cadeias sem acusação nem julgamento, com base numa «prova secreta» que nem o advogado do detido pode ver.

A Comissão registou um aumento «assinalável» no recurso a este regime, amplamente condenado a nível internacional, contra o qual os presos palestinianos protestam, de forma reiterada, entrando em greve de fome por tempo indeterminado, para exigir a sua libertação e o fim da aplicação da política de detenção referida.

«De acordo com a lei militar que se aplica na Cisjordânia, uma pessoa pode ser detida administrativamente durante seis meses, mas a ordem pode ser renovada, pelo que a reclusão na prática é indefinida e os detidos nunca sabem quando serão libertados», alertou recentemente a B'Tselem, uma organização israelita de defesa dos direitos humanos nos territórios ocupados.

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A «viagem ao inferno» dos jovens palestinianos detidos por Israel

Uma comissão da ONU reafirmou denúncias expostas em vários relatórios sobre detenções de menores palestinianos por Israel – quase sempre presos de noite, algemados e vendados. É o início da «viagem ao inferno».

Um jovem palestiniano é preso na Cisjordânia, na sequência dos protestos contra a decisão norte-americana sobre Jerusalém
Créditos / palestinalibre.org

A instância, composta por especialistas independentes das Nações Unidas, expressou particular preocupação pela expansão dos colonatos e o aumento da violência dos colonos israelitas, em que se incluem ataques a crianças e às suas escolas.

Segundo se pode ler no portal oficial de notícias da ONU, na semana passada diversas organizações informaram a comissão sobre as operações nocturnas levadas a efeito pelas forças israelitas com o propósito de deter crianças e adolescentes na Cisjordânia ocupada, com «graves consequências para o seu bem-estar e gozo dos seus direitos».

«Mais de 300 crianças estão detidas no sistema militar israelita. A maioria por delitos menores, como atirar pedras e publicações nas redes sociais», assinala a comissão, que denuncia o facto de os menores serem «levados para locais desconhecidos, presos em viaturas militares e sujeitos a ameaças e abusos verbais», bem como o facto de, por vezes, serem «obrigados a assinar confissões em hebraico, uma língua que não costumam entender».

Estas preocupações reafirmam as que têm sido veiculadas, ao longo do tempo, por várias entidades, nomeadamente a Comissão dos Prisioneiros Palestinianos, órgão dependente da Autoridade Palestiniana que, em diversas ocasiões (também este ano), alertou para o facto de os menores serem torturados e sofrerem abusos nos cárceres israelitas, bem como para o facto de serem espancados, insultados e pressionados no momento da detenção.

No final de Março, um relatório publicado pelo Ministério palestiniano da Informação denunciava também esta realidade, afirmando que «95% das crianças palestinianas presas pelas autoridades israelitas foram torturadas durante a detenção».

De acordo com o relatório, até 2015 foram documentadas anualmente 700 detenções de menores palestinianos. Já em 2017, Israel prendeu 1467 crianças e adolescentes; 1063 no ano seguinte e, nos dois primeiros dois meses deste ano, 118. Entre 2000 e 2018, foram presos mais de 16 mil menores.

Uma «viagem sem fim ao inferno»

Numa peça intitulada «“Endless Trip to Hell”: Israel Jails Hundreds of Palestinian Boys a Year. These Are Their Testimonies», publicada em Março e plenamente actual, o periódico israelita Haaretz aborda esta realidade, em que as crianças, algumas com idades inferiores a 13 anos, «são detidas pela calada da noite, vendadas e algemadas, alvo de abusos e constrangidas» a confessar «crimes» que não cometeram.

A peça, que reúne testemunhos de sete jovens da Margem Ocidental ocupada com idades compreendidas entre os dez e os 15 anos, revela as diversas fases do processo de detenção, que começa nas operações nocturnas e passa pelo interrogatório, a prisão, o julgamento e a proposta de um acordo.

Na sua maioria, os jovens são presos por, alegadamente, terem atirado pedras ou queimado pneus, mas, como sublinha a advogada Farah Bayadsi o objectivo das detenções «é mais para mostrar controlo do que para aplicar a lei».

A experiência traumática é fundamentada por tudo aquilo por que as crianças passam durante uma detenção. Arrancadas de casa quando dormem, são algemadas e vendadas, levadas em veículos militares para colonatos e bases israelitas, passando por todo um processo que envolve intimidação, ameaças, agressões físicas, afastamento da família e pressão para «confessar».


O nível de brutalidade varia. Khaled Mahmoud Selvi, preso quando tinha 15 anos, foi levado para a prisão e despido (o que, de acordo com o jornal, ocorre em 55% dos casos), tendo sido obrigado a permanecer dez minutos nu, em pé, durante o Inverno.

De acordo com os dados recolhidos pela organização não governamental (ONG) British-Palestinian Military Court Watch, 97% dos jovens palestinianos detidos pelas forças militares israelitas (IDF) vivem em pequenas localidades a menos de dois quilómetros de um colonato.

O advogado Gerard Horton, da ONG referida, afirma que a ideia é «assustar toda a aldeia» e que se trata de um «instrumento eficaz» para controlar uma comunidade. Acrescenta que, do ponto de vista dos ocupantes e opressores, a pressão «tem de ser constante»: «Cada geração tem de sentir a mão pesada das IDF.»

A experiência é traumática. O pai de Khaled Shtaiwi, preso com 13 anos em Novembro do ano passado, contou ao periódico que criou na sua aldeia o «dia da psicologia», porque o seu filho não é capaz de falar sobre o que se passou e porque quer ajudar todas as crianças que foram presas pelos israelitas.

Em Beit Ummar, Omar Ayyash foi preso com dez anos de idade, em Dezembro último. Agora, as crianças que brincam nas ruas da aldeia afastam-se assim que se apercebem da aproximação de soldados israelitas. Tornou-se um hábito desde que as tropas levaram Omar.

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Incitação racista, tortura, execuções lentas

No relatório agora publicado, a Comissão dos Assuntos dos Presos e ex-Presos Palestinianos refere-se ainda ao recurso à tortura nos cárceres israelitas, bem como aos assassinatos e às «execuções lentas» por falta de cuidados médicos.

Denuncia igualmente a «escalada de casos de opressão, abuso e incitação racista» contra os presos palestinianos.

De acordo com o organismo, estão actualmente detidos em cadeias israelitas, nos territórios ocupados em 1948, cerca de 5200 palestinianos. Destes, 38 são mulheres e 170 são menores de idade.

Há ainda mais de 1250 presos palestinianos em regime de detenção administrativa e 700 reclusos doentes, 24 dos quais com enfermidades oncológicas.

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Num comunicado posterior, as Brigadas al-Qassam afirmaram ter capturado «mais de 35 soldados e civis israelitas do colonato sionista de Sderot».

A operação desta manhã apanhou de surpresa o Exército da ocupação, o que está a valer múltiplas críticas ao governo de Netanyahu, em Israel.

Entretanto, foi declarado o «estado de preparação para a guerra» entre as forças militares israelitas, e o ministro da Defesa, que aprovou o recrutamento de soldados na reserva, declarou o estado de emergência numa faixa de 80 quilómetros em redor da Faixa de Gaza.

A agência Wafa já deu conta de bombardeamentos israelitas contra o enclave costeiro nas últimas horas, dos quais resultaram vários mortos.

A mesma fonte refere que o Ministério palestiniano da Saúde colocou todas as unidades hospitalares do país em situação de emergência.

Bombardeamentos israelitas sobre Gaza provocam elevado número de vítimas

De acordo com as autoridades de saúde no enclave costeiro, pelo menos 198 pessoas morreram e mais de 1600 ficaram feridas (muitas das quais em estado grave) como consequência dos bombardeamentos israelitas contra a Faixa e Gaza ao longo do dia, refere a Wafa, em retaliação contra o ataque da resistência palestiniana, esta manhã.

Por seu lado, a agência Prensa Latina refere-se à morte de uma centena de israelitas e cerca de 900 feridos, no contexto da operação de grande escala da resistência palestiniana, que ocupou diversas localidades e bases militares da ocupação próximas do enclave cercado.

Entretanto, a Wafa dá conta de vários ataques da parte de colonos e forças israelitas contra diversas localidades e bairros palestinianos na Cisjordânia e Jerusalém ocupadas, dos quais resultaram pelo menos um morto e um número indeterminado de feridos.

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Israel retaliou com a «Operação Espadas de Ferro», com ataques aéreos sobre a Faixa de Gaza sitiada e, de acordo com a última contagem do Ministério da Saúde palestiniano, 313 habitantes de Gaza morreram na ofensiva, incluindo 20 crianças, enquanto outros 1990 palestinianos ficaram feridos no enclave. Do lado israelita, foram confirmadas até à manhã de hoje cerca de 300 pessoas mortas e 1864 feridas, das quais 19 estão em estado crítico, 326 em estado grave e as restantes em estado moderado ou ligeiro. 

No ano em que se assinalam os 75 anos da Nakba (catástrofe), «mais de cinco décadas depois de Israel ocupar militarmente a totalidade do território da Palestina histórica», o MPPM lembra que a campanha de limpeza étnica que acompanhou a formação de Israel se prolonga até hoje. «Em Gaza, de onde partiu esta acção, vivem cerca de 2,2 milhões de pessoas, descendentes dessas sucessivas vagas de limpeza étnica», alerta o movimento.

Apesar de as Nações Unidas o considerarem «impróprio para sustentar a vida humana», desde 2006 que o Estado israelita impõe um «bloqueio criminoso» sobre aquele território.

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Israel «branqueia crimes» das suas forças na Grande Marcha do Retorno

Uma ONG palestiniana e outra israelita acusam Israel de ter trabalhado para «branquear a verdade» sobre os crimes cometidos pelas suas tropas durante os protestos da Grande Marcha do Retorno, em Gaza.

Manifestantes palestinianos junto à vedação com que Israel cerca a Faixa de Gaza fazem frente a uma chuva de gás lacrimogéneo disparado pelas forças israelitas, durante os protestos da Grande Marcha do Retorno 
Créditos / WAFA

Num relatório conjunto, o Centro Palestiniano para os Direitos Humanos (PCHR), sediado em Gaza, e a organização israelita B'Tselem analisam as investigações que Israel diz ter levado a cabo na sequência da repressão exercida pelas forças israelitas sobre os manifestantes que, na Faixa de Gaza, reclamaram o direito de regresso dos refugiados a suas casas.

Os protestos conhecidos como Grande Marcha do Retorno começaram a 30 de Março de 2018 e prolongaram-se por mais de um ano e meio. Pelo menos 200 palestinianos foram mortos e 13 500 ficaram feridos – seguindo os números por baixo, uma vez que outras fontes apontam para mais de 300 mortos e cerca de 18 mil feridos, várias dezenas dos quais menores.

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Centenas de palestinianos enfrentam forças de segurança israelitas em Gaza

O vento e a chuva forte que se abateram esta semana sobre Gaza não impediram centenas de manifestantes de participarem, na sexta-feira, na última manifestação de 2019 da Grande Marcha do Retorno.

Manifestantes palestinianos participam num protesto na sexta-feira perto da fronteira entre Israel e a Palestina (Faixa de Gaza), no leste da Faixa de Gaza, em 5 de Abril de 2019.
CréditosMohammed Saber

Dezenas de palestinianos foram feridos esta sexta-feira pelas forças israelitas na Faixa de Gaza, quando participavam na 86.ª manifestação da Grande Marcha do Retorno, perto da vedação com que Israel isola o território palestino, segundo o Movimento pelos Direitos do Povo Palestino e pela Paz no Médio Oriente (MPPM).

Vários dos participantes nas manifestações, segundo o MPPM, foram feridos por balas reais e revestidas de borracha, enquanto dezenas de outros sofreram de asfixia por efeito do gás lacrimogéneo disparado pelas forças de ocupação.

Centenas de manifestantes participaram nos protestos apesar das adversas condições climatéricas. A Faixa de Gaza tem sido batida por vento e chuva forte na última semana, com as inundações a porem em risco cerca de 235 mil pessoas nas áreas mais baixas da Faixa de Gaza, segundo um relatório do Gabinete das Nações Unidas para a Coordenação dos Assuntos Humanitários (OCHA) no território palestiniano ocupado.

A 30 de Março os palestinianos comemoram o Dia da Terra. Nesse dia, em 1976, no Norte de Israel, foram assassinados seis palestinianos que protestavam contra a expropriação de terras para dar lugar a aldeamentos judaicos. Cerca de 100 outras pessoas ficaram feridas e centenas foram presas durante a greve geral e as grandes manifestações de protesto que, no mesmo dia, ocorreram no território do Estado de Israel.

A 30 de Março de 2018 a comemoração atingiu uma dimensão inusitada, ao tornar a celebração deste dia como o primeiro de uma «Grande Marcha do Retorno», uma reclamação do direito de regresso dos refugiados aos seus lares – tal como prescreve a resolução 194 das Nações Unidas – à Palestina histórica, de onde mais de 700 mil pessoas foram expulsas pelas tropas israelitas em 1948, durante a chamada «catástrofe» («Nakba», em árabe).

Desde então o protesto repete-se semanalmente, violentamente reprimido pelas forças israelitas, incluindo com o recurso a snipers e fogo real directo. Como resultado, pelo menos 348 palestinos foram mortos em Gaza por fogo israelita desde o início das marchas, a maioria deles durante as manifestações, segundo uma contagem da AFP citada pelo MPPM.

Para além disso, o Ministério da Saúde de Gaza regista mais de 18 mil feridos pelas forças repressivas sionistas. Entre as baixas contam-se crianças, mulheres, muitos adolescentes, jornalistas e trabalhadores dos serviços de saúde que tentam socorrer os manifestantes.

Em Março, uma missão de averiguação da ONU concluiu que as forças israelitas cometeram violações de direitos humanos na repressão dos manifestantes em Gaza, o que pode constituir crimes de guerra.

Os organizadores da Grande Marcha do Retorno anunciaram nesta quinta-feira que os protestos seriam suspensos até Março de 2020, altura em que serão retomados, coincidindo com o seu segundo aniversário e também com o Dia da Terra palestina (30 de Março). A partir daí realizar-se-ão a um ritmo mensal.

Além do bloqueio a que sujeita a Faixa de Gaza, na última década Israel lançou três guerras de agressão contra o pequeno território palestino e dezenas de ataques de escala mais limitada, matando milhares de pessoas e causando enormes destruições de casas e infra-estruturas.

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As duas organizações não governamentais (ONG) acusam Israel de proteger os responsáveis políticos e militares, «em vez de tomar medidas contra as pessoas que conceberam e implementaram a política ilegal de atirar a matar».

Israel foi célere a anunciar que estava a investigar os protestos, sobretudo devido aos procedimentos em curso no Tribunal Penal Internacional (TPI), afirmaram as organizações numa conferência de imprensa, a que a agência WAFA faz referência.

Isso deve-se ao princípio da complementaridade do TPI, ou seja, se um Estado «estiver disposto e tiver capacidade» para realizar a investigação e a efectuar, o TPI não intervém.

No entanto, não basta declarar que uma investigação está a ser feita; ela tem de ser eficaz, dirigida às altas patentes responsáveis e conduzir a uma acção contra elas, sublinham, acrescentando que isso não ocorre neste caso.

«Uma cortina de fumo para proteger os funcionários responsáveis»

«As investigações conduzidas por Israel não são mais do que uma cortina de fumo erguida para proteger do TPI os funcionários responsáveis. Israel não quer e não consegue investigar as violações de direitos humanos perpetradas pelas suas forças durante os protestos da Grande Marcha de Retorno na Faixa de Gaza. Tendo isto em conta, cabe agora ao TPI garantir a responsabilização penal», disseram as duas organizações.

«Estas investigações – tal como as levadas a cabo pelo sistema de aplicação da lei militar noutros casos em que soldados causaram danos aos palestinianos – fazem parte do mecanismo de branqueamento de Israel, e o seu principal objectivo continua a ser silenciar as críticas externas, para que Israel possa continuar a implementar sua política sem mudanças», lê-se no portal da B'Tselem.

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EUA mudam embaixada para Jerusalém e Israel massacra manifestantes em Gaza

A mudança da embaixada norte-americana de Telavive para Jerusalém fica associada a um «Dia de Raiva» na Palestina. Na Faixa de Gaza cercada, os franco-atiradores israelitas massacram os manifestantes.

Forças militares israelitas reprimem de forma brutal protestos da Grande Marcha do Retorno em Gaza
Créditos / trtworld.com

Quando o presidente norte-americano, Donald Trump, anunciou o reconhecimento de Jerusalém como capital de Israel e a intenção de mudar a Embaixada do seu país de Telavive para essa cidade, ficou claro que tal passo constituía uma declaração de apoio ao Estado de Israel e à sua política de ocupação e repressão na Palestina, nomeadamente em Jerusalém.

Várias organizações têm denunciado o número crescente de ameaças em locais religiosos não-judaicos, na cidade, bem como a intensificação do plano de «judaização» de Jerusalém Oriental, com o aumento da construção de colonatos e a expulsão da população palestiniana de suas casas, que são muitas vezes demolidas.

Declarada por Israel como sua capital, Jerusalém tem o estatuto, reconhecido pelas Nações Unidas, de cidade ocupada, sendo Israel a potência ocupante (desde 1967). Os palestinianos querem-na como sua capital e quem apoia a solução dos «dois estados» reconhece que o Estado da Palestina tem em Jerusalém Oriental a sua capital.

Repúdio geral

Logo em Dezembro, foi generalizado o repúdio internacional pela decisão da administração norte-americana e, a 21 desse mês, materializou-se na aprovação, por esmagadora maioria, na Assembleia Geral das Nações Unidas, de uma resolução que rejeita essa decisão e insta todos os estados-membros a não estabelecerem missões diplomáticas em Jerusalém, de acordo com a resolução 478 do Conselho de Segurança, de 1980.

Esse repúdio face ao reconhecimento de Jerusalém como capital de Israel também se fez sentir no interior de Israel, onde académicos, antigos embaixadores e defensores da paz enviaram uma carta a um representante de Trump, seguntou reportou o periódico Haaretz.

Antecipação da mudança

Inicialmente, não ficou explícito que a concretização da mudança da Embaixada dos EUA para Jerusalém estaria associada ao 70.º aniversário da criação do Estado de Israel, que hoje se assinala, e que teria lugar na véspera da Nakba – a limpeza étnica levada a cabo pelas forças sionistas e pelo Estado de Israel, em que mais de 750 mil palestinianos foram expulsos das suas casas e terras –, uma «catástrofe» que todos os anos os palestinianos marcam a 15 de Maio.

Na visita que efectuou em Janeiro a Israel, o vice-presidente dos EUA, Mike Pence, afirmou que essa mudança deveria ocorrer no final de 2019. No entanto, a 23 de Fevereiro, o Departamento de Estado anunciou a antecipação da mudança para 14 de Maio, o que foi encarado pelos palestinianos como mais uma acção de «provocação».

Franco-atiradores israelitas matam dezenas em Gaza

Em protesto contra a mudança da Embaixada dos EUA para Jerusalém, os palestinianos chamaram «Dia de Raiva» a este 14 de Maio. Nos territórios ocupados da Cisjordância, há notícia de mobilizações pelo menos em Ramallah e Hebron. Mas a grande mobilização está a ter lugar na Faixa de Gaza cercada, junto às vedações que enclausuram perto de 2 milhões de palestinianos – 80% dos quais são descendentes de refugiados – no pequeno enclave.

De acordo com a PressTV, as forças militares israelitas, que reforçaram a sua presença tanto em redor de Gaza como na Margem Ocidental ocupada –, esperavam que 100 mil pessoas se manifestassem nos pontos habituais, hoje, dia da mudança da Embaixada norte-americana para Jerusalém.

«os palestinianos querem mandar a mensagem de que não se adaptaram nem se vão adaptar à condição de refugiados»

Sobre o culminar dos protestos pacíficos da Grande Marcha do Retorno, que se iniciaram a 30 de Março, o ministro israelita da Educação, Naftali Bennet, do partido de extrema-direita Lar Judaico, disse a uma rádio israelita que a vedação seria encarada como uma «Muralha de Ferro» e que quem se aproximasse dela seria tratado como um «terrorista», refere a PressTV.

A mesma fonte indica ainda que a Força Aérea israelita lançou panfletos sobre a Faixa de Gaza, ontem e hoje, para demover os manifestantes de se aproximarem da vedação, mas sem sucesso, já que estes, segundo refere a Al Jazeera, têm estado a tentar atravessá-la, «defendendo o seu direito ao regresso, ao retorno, aconteça o que acontecer».

Um membro do comité organizador da Grande Marcha do Retorno disse à Al Jazeera que, ao tentarem atravessar a vedação, «os palestinianos querem mandar a mensagem de que não se adaptaram nem se vão adaptar à condição de refugiados».

Os franco-atiradores responderam de forma brutal, matando mais de quatro dezenas de pessoas que se manifestavam perto da vedação e ferindo perto de 2000, até ao momento.

De acordo com a organização, os protestos de hoje e os que estão previstos para amanhã – dia da Nakba – devem ser os mais massivos, sendo o ponto culminante das sete semanas de mobilizações, fortemente reprimidas pelas forças israelitas, junto à vedação com a Faixa de Gaza.

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Apesar dos milhares de feridos palestinianos resultantes da política de «atirar a matar» e de mais de centena e meia ter ficado sem membros inferiores ou superiores – as tropas israelitas usaram balas explosivas, as chamadas butterfly bullets, que se expandem no contacto com o corpo, provocando danos severos nos tecidos, nos ossos, nas veias –, nenhum destes casos foi investigado.

Sem explicação, os militares decidiram investigar apenas os casos em que palestinianos foram mortos. Dos 234 casos recebidos pelos procuradores do Exército, foi completa a revisão de 143 e um deles, o da morte do adolescente Othman Hiles, de 14 anos, levou à condenação de um soldado por «abuso de autoridade ao ponto de pôr em risco a vida e a saúde». Foi condenado a um mês de serviço comunitário.

No seu portal, a B'Tselem sublinha que «a conduta de Israel respeitante à investigação dos protestos em Gaza não é nova nem surpreendente», e recorda o que se passou depois da Operação Chumbo Fundido, em 2009, e da Operação Margem Protectora, em 2014.

«Então, também, Israel desrespeitou o direito internacional, recusou-se a reformar a sua política apesar dos resultados letais e desviou as críticas prometendo investigar a sua conduta. Então, também, nada resultou dessa promessa», afirma.

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Por outro lado, entre Março de 2018 e Dezembro de 2019, uma série de manifestações pacíficas designadas Grande Marcha do Retorno foram brutalmente reprimidas pelo exército de Israel, contabilizando-se 223 mortos e mais de nove mil feridos, sob o silêncio da comunidade internacional.

«Os assaltos das forças de ocupação israelita às povoações e campos de refugiados palestinos, assim como a violência dos colonos e as prisões arbitrárias são o quotidiano com que os palestinos, homens e mulheres, jovens e menos jovens diariamente se confrontam», lembra o MPPM, salientando que, até este sábado, pelo menos 247 palestinianos, sobretudo jovens, foram mortos pelas forças israelitas e por colonos.

Neste sentido, insiste que a paz no Médio Oriente e a solução da questão palestiniana «passam necessariamente por um desenlace que respeite os direitos inalienáveis» do povo palestiniano a uma pátria livre e independente, incluindo o direito de regresso dos refugiados.

Sobre os que condenam a resistência 

O MPPM rejeita os «lamentos» daqueles que «hipocritamente condenam as acções violentas de resistência dos oprimidos e se calam desde há décadas (ou pior, colaboram) perante a violência da ocupação», e entre os quais se encontra o Governo português. «Israel tem o direito de se defender. Estes ataques nada resolverão, contribuindo apenas para piorar a situação na região. Estamos solidários com Israel e oferecemos condolências pelas vítimas.», disse o ministro João Gomes Cravinho, este sábado, na rede social X. 

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Palestina pede à ONU protecção especial para as crianças

O governo palestiniano denunciou junto da ONU o assassinato de 44 menores, este ano, por soldados israelitas. Neste contexto, reclamou protecção para a infância e a responsabilização de Telavive.

De acordo com o Ministério palestiniano da Informação, 12 mil crianças foram detidas pelos israelitas nos últimos 17 anos
Jovem palestiniano é detido pelas forças israelitas (imagem de arquivo) Créditos / addameer.org

Numa carta enviada esta segunda-feira ao secretário-geral da Organização das Nações Unidas, António Guterres, o Ministério palestiniano dos Negócios Estrangeiros pediu protecção especial urgente para as crianças palestinianas, informa a agência Wafa.

Mahmoud Samoudi, de 12 anos, foi, ontem, a vítima mortal mais recente das forças israelitas, não resistindo aos ferimentos quase duas semanas depois de ter sido atingido por uma bala no abdómen, durante uma operação militar na cidade de Jenin (Norte da Cisjordânia ocupada).

Só nos últimos dias, «Israel, a potência ocupante, matou cinco crianças e jovens palestinianos, incluindo Adel Adel Daud (14 anos), Mahdi Ladadwa (17), Mahmoud Sous (17), Fayez Khaled Damdoum (17) e Ahmad Draghmeh (19)», indica o texto das autoridades palestinianas.

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Desde 2014 que não eram mortas tantas crianças palestinianas

Até 10 de Dezembro, 86 crianças foram mortas nos territórios ocupados da Palestina, fazendo de 2021 o ano mais mortífero para elas desde 2014, segundo os registos de uma organização não governamental.

Créditos / aawasat.com

As forças israelitas mataram 76 crianças palestinianas este ano – 61 na Faixa de Gaza cercada e 15 na Cisjordânia ocupada, incluindo Jerusalém Oriental. Civis israelitas armados mataram duas crianças palestinianas na Cisjordânia, revela o relatório agora publicado pela Defense for Children International – Palestine (DCIP).

A estas 78 crianças juntam-se sete que foram mortas por foguetes disparados incorrectamente por grupos armados palestinianos na Faixa de Gaza, e uma outra que foi morta por uma munição não detonada, cujas origens a ONG não conseguiu determinar.

«Nos termos do direito internacional, a força letal intencional só se justifica em circunstâncias em que esteja presente uma ameaça directa à vida ou de ferimentos graves. No entanto, investigações e provas recolhidas pelo DCIP sugerem que as forças israelitas utilizam regularmente força letal contra crianças palestinianas em circunstâncias que podem equivaler a execuções extrajudiciais ou intencionais», lê-se relatório, traduzido pelo Movimento pelos Direitos do Povo Palestino e pela Paz no Médio Oriente – MPPM.

Quadro detalhado sobre as crianças mortas nos territórios ocupados da Palestina de 1 de Janeiro a 10 de Dezembro de 2021 / DCIP

Durante os 11 dias do ataque militar israelita à Faixa de Gaza, em Maio de 2021, naquilo que ficou conhecido como Operação Guardião dos Muros, as forças israelitas mataram 60 crianças palestinianas, segundo os dados recolhidos pela DCIP.

«Aviões de guerra israelitas e drones armados bombardearam áreas civis densamente povoadas, matando crianças palestinianas que dormiam nas suas camas, brincavam nos seus bairros, faziam compras nas lojas perto das suas casas e celebravam o Eid al-Fitr [festa no fim do Ramadão] com as suas famílias», disse Ayed Abu Eqtaish, director do programa de responsabilização da DCIP.

«A falta de vontade política da comunidade internacional para responsabilizar os funcionários israelitas garante que os soldados israelitas continuarão a matar ilegalmente crianças palestinianas com impunidade», acrescentou.

A DCIP lembra que o direito humanitário internacional proíbe ataques indiscriminados e desproporcionados, e exige que todas as partes num conflito armado façam a distinção entre alvos militares, civis e objectos civis.

O pico mais recente de assassinatos de crianças ocorrera em 2018, quando forças israelitas e colonos mataram crianças palestinianas a um ritmo médio superior a uma por semana (57). A maioria dessas mortes ocorreu durante os protestos da Marcha do Retorno, na Faixa de Gaza, refere o organismo.

Número de crianças palestinianas mortas anualmente, desde 2014, por forças israelitas e civis israelitas armados / DCIP

De acordo com os dados da DCIP, foram mortas 2196 crianças palestinianas, desde 2000, em resultado da presença de militares e de colonos israelitas nos territórios ocupados da Palestina.

A Defense for Children International – Palestine é uma das seis organizações de direitos humanos que Israel pretende silenciar, lembra o MPPM, sublinhando que a medida tem merecido a condenação generalizada a nível internacional e foi denunciada pelo MPPM a 29 de Outubro último.

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A carta afirma que as forças de ocupação estão a utilizar «a política infame de atirar a matar» – de que resultou a morte de centenas de crianças palestinianas –, ao apontarem «deliberadamente» para a parte superior dos seus corpos.

«Israel dispara deliberadamente contra os menores palestinianos com o objectivo declarado de os matar e mutilar, negando-lhes o direito à vida», lê-se no texto, sublinhando que «as crianças jamais devem ser mortas ou mutiladas», bem como a necessidade de medidas urgentes para as proteger da «escalada dos crimes israelitas».

Neste sentido, o governo palestiniano exigiu medidas contra Telavive, destacando que as «evidências dos seus crimes crescentes contra as crianças palestinianas são, sem dúvida alguma, esmagadoras», violando o direito internacional e as resoluções que constituem a base da protecção das crianças nos conflitos armados.

«A protecção das crianças é a maior obrigação moral, legal e política da humanidade», frisa o documento, no qual se pede à comunidade internacional que «ponha fim a este pesadelo intolerável que as nossas crianças vivem diariamente» e que tome medidas para responsabilizar Israel «pelos seus crimes horrendos».

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«Os que há décadas convivem com a ausência de qualquer real processo político conducente a uma solução que respeite os direitos do povo palestino, não têm autoridade moral para hoje se queixarem das tempestades que provocaram», defende o MPPM. Certo de que a violência poderá alastrar-se a todo o Médio Oriente, o movimento recorda que Israel, «com o apoio dos países "ocidentais" e em primeiro lugar dos Estados Unidos da América», é a maior potência militar da região e a única a dispor de armas nucleares.

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Em simultâneo, revela a Wafa, têm-se registado múltiplas agressões e raides, da parte de colonos e forças istraelitas, na Margem Ocidental ocupada. Pelo menos cinco palestinianos foram ali mortos nas últimas 24 horas, em vários pontos do território ocupado.

Operação Dilúvio de Jerusalém

A operação israelita de larga escala segue-se à operação, lançada no sábado de manhã, por forças da resistência palestiniana na Faixa de Gaza, onde o Hamas é o elemento predominante.

Segundo foi revelado então, a ala militar do Hamas lançou pelo menos 5000 rockets para aquilo que é hoje Israel. As forças da resistência derrubaram, em vários pontos, a vedação que cerca o território e atacaram os colonatos em redor por terra, mar e ar.

Pelo menos 700 israelitas foram mortos nessa operação que alguma imprensa israelita classificou como «nunca vista» e mais de cem foram feitos prisioneiros, incluindo militares de alta patente.

No domínio político-mediático da «comunidade internacional», o mundo predominantemente ocidental e branco, as vozes sobre «A Guerra» (só havia uma e mais nenhuma: a da Ucrânia) silenciaram-se e, nas fachadas das praças de capitais como Nova Iorque, Berlim ou Bruxelas, as bandeiras da Ucrânia foram substituídas pelas de Israel.

Desde o Mandato Britânico que os palestinianos são sujeitos à opressão, que se intensificou com a construção, nas suas terras, do Estado de Israel, erguido à custa das forças paramilitares que expulsaram os palestinianos de suas casas e os mataram ou meteram em guetos.

A campanha de limpeza étnica então iniciada mantém-se até hoje, sob um regime de apartheid, por via do saque de territórios e de recursos, a destruição de casas, escolas e outras infra-estruturas, e a expulsão dos palestinianos das terras onde vivem.

Escolas da UNRWA atingidas pelos bombardeamentos em Gaza / @QudsNen

De forma sistemática, as forças israelitas bombardeiam a Faixa de Gaza, que mantêm fechada e cercada num férreo bloqueio, com mais de dois milhões de pessoas a viver em condições insalubres, sem luz, água potável, mas «a comunidade internacional» projecta as suas bandeiras nos edifícios das suas praças quando a Palestina – reduzida ao Hamas – se ergue e rompe o cerco.

Escolas da UNRWA atingidas

Entretanto, no enorme campo de deslocados que é Gaza, cerca de 70 mil pessoas procuraram refúgio dos bombardeamentos nas 64 escolas operadas pela UNRWA – a agência da ONU para os refugiados palestinianos no Médio Oriente.

Em comunicado, a UNRWA confirmou que dois alunos em escolas que opera em Khan Younis e Beit Hanoun se encontram entre os mortos. Pelo menos três escolas da organização sofreram danos provocados pelos bombardeamentos, acrescenta o texto.

A UNRWA sublinhou que os civis devem ser sempre protegidos, também em período de guerra, e apelou a um cessar-fogo imediato e ao fim da violência em todo o lado.

A operação das forças da resistência em território israelita continua.

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No Estado espanhol, o movimento solidário com a Palestina teve uma enorme expressão em Madrid, bem como em várias cidades catalãs, bascas e galegas, onde se clamou «Liberdade para a Palestina» e «Boicote a Israel».

França, Alemanha, Iémen, Tunísia, Argentina, Brasil, Chile, Bolívia, Líbano, Austrália, Koweit, Marrocos, Turquia e Canadá foram outros países onde ocorreram concentrações e manifestações de apoio à Palestina, exigindo liberdade para o povo palestiniano e o fim da «barbárie sionista». Em Portugal, está convocado um acto público de solidariedade com o povo palestiniano para esta tarde em Lisboa (Martim Moniz, 18h). 

Enorme destruição no «campo da morte certa»

Esta manhã, o Ministério palestiniano da Saúde actualizou os registos da mortandade provocada pelos bombardeamentos indiscriminados na Faixa de Gaza, tendo revelado em comunicado que, desde sábado, 974 pessoas foram mortas em resultado da agressão israelita em curso e mais de 5000 ficaram feridas.

Destas, precisou, 950 foram mortas como consequência dos bombardeamentos no enclave cuja vedação a resistência rompeu no sábado passado.

Destruição em Gaza, resultante da agressão israelita // Hatem Mousa / Wafa

No mesmo período, 24 palestinianos perderam a vida e 150 ficaram feridos na Cisjordânia, como resultado de ataques das forças de ocupação, indica a Wafa.

Mais de 22 mil unidades habitacionais destruídas em quatro dias

Também esta terça-feira, a Wafa revelou, com base em dados de instituições locais, que a aviação israelita destruiu 22 639 unidades habitacionais, de forma total ou parcial, na Faixa de Gaza.

Além disso, foram bombardeadas dez instituições médicas, incluindo sete hospitais, e 12 ambulâncias, enquanto 48 escolas sofreram danos, mais e menos intensos.

A mesma fonte revelou que, segundo dados da ONU, mais de 263 mil pessoas foram obrigadas a sair de suas casas e a procurar refúgio pelos bombardeamentos israelitas, que se seguiram ao início da operação da resistência, que ontem continuava.

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Movimentos e sindicatos convocam acto público pela «paz no Médio Oriente»

«A paz não é possível enquanto continuarem a ser espezinhados os legítimos direitos do povo palestino». Concentração convocada pelo MPPM, CPPC e a CGTP-IN para o Martim Moniz, 11 de Outubro, às 18h.

Participadas iniciativas de solidariedade com a Palestina realizaram-se em Lisboa (na foto) e no Porto, a 17 de Maio de 2021, para condenar a criminosa escalada de agressão sionista em curso em Jerusalém, na Cisjordânia e em Gaza, que no conjunto já causou mais de 200 mortos, dos quais mais de 60 crianças, e exigir do governo português, que exerce a presidência do Conselho da UE, a defesa dos direitos do povo palestiniano e do cumprimento das resoluções da ONU que os consagram
CréditosPaulo António

«A situação dramática que se vive, desde o passado sábado, em Gaza e Israel, e que já causou centenas de vítimas» (de acordo com os dados mais recentes, após bombardeamentos israelitas, são já milhares de mortos e pelo menos 5 mil feridos) é lamentável, «com trágicas consequências para as populações».

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MPPM. Só haverá paz quando forem reconhecidos os direitos do povo palestiniano

Enquanto se mantiver a ocupação colonial e a violência das forças militares e dos colonos, não haverá paz, alerta o Movimento pelos Direitos do Povo Palestino e pela Paz no Médio Oriente (MPPM). 

CréditosMohammed Saber / EPA

O MPPM reage assim às acções desencadeadas em Gaza e em Israel na madrugada deste sábado. Eram 4h30 em Lisboa (6h30 no local), quando militantes de organizações da resistência palestiniana lançaram, a partir da Faixa de Gaza, um ataque de surpresa, em larga escala, contra Israel, no que apelidaram de «Operação Dilúvio Al-Aqsa». 

Segundo as organizações, a acção foi uma resposta à profanação da Mesquita de Al-Aqsa e ao aumento da violência dos colonos, e confirma, insiste o MPPM num comunicado, «que não é possível ter uma situação de paz na Palestina e, por consequência, no Médio Oriente, continuando a espezinhar os legítimos direitos do povo palestino e persistindo em manter a ocupação colonial e a violência das forças militares e dos colonos».

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Resistência palestiniana unida em torno da operação contra Israel

Diversos grupos da resistência declararam o apoio à operação lançada contra Israel, esta manhã, a partir da Faixa de Gaza, sublinhando que faz parte da luta de libertação nacional.

Um palestiniano tira uma fotografia junto a um tanque israelita destruído, a 7 de Outubro de 2023 
Créditos / @bcarloscarvalho

«Fazemos parte desta batalha e os nossos combatentes estão lado a lado com os seus irmãos nas Brigadas al-Qassam (ala militar do Hamas) até à vitória», afirmou em comunicado Abu Hamza, porta-voz das Brigadas de al-Quds, braço militar da Jihad Islâmica.

Em termos semelhantes, refere a Prensa Latina, se pronunciaram as Brigadas al-Nasser Salah al-Din, do Movimento de Resistência Popular: «Unidos numa trincheira neste dia glorioso do nosso povo.»

Por seu lado, as Brigadas de Resistência Nacional anunciaram que os seus membros se juntaram à operação, lançada esta manhã pelo Hamas, que incluiu o lançamento de milhares de rockets e uma incursão terrestre em território ocupado em 1948.

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Colonos e forças israelitas matam quatro palestinianos na Cisjordânia

Atingido por disparos de colonos na cidade de Huwara, Labib Dumaidi, de 19 anos, é a mais recente das quatro vítimas mortais na Margem Ocidental ocupada, revelou o Ministério da Saúde.

Forças israelitas nas imediações da cidade de Tulkarem, onde ontem mataram dois palestinianos 
CréditosZain Jaafar / Al Jazeera

De acordo com a informação divulgada pelo Ministério, Labib Mohammed Dumaidi ficou gravemente ferido durante um ataque de colonos, ontem à noite, na cidade de Huwara, a sul de Nablus. Levado para um hospital, não resistiu aos ferimentos, já nas primeiras horas de sexta-feira.

Residentes de Huwara tentaram fazer frente à provocação levada a cabo por dezenas de colonos, protegidos por forças militares israelitas, indica a Wafa.

Registaram-se fortes confrontos e as tropas israelitas usaram fogo real, gás lacrimogéneo e granadas atordoantes para dispersar os palestinianos.

Fontes do Crescente Vermelho Palestiniano informaram que pelo menos 25 pessoas, incluindo quatro crianças, sofreram efeitos de asfixia devido à inalação de gás lacrimogéneo.

Também em Huwara, as forças israelitas mataram, ontem à tarde, outro palestiniano, cuja identidade ainda não foi revelada.

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Ministro israelita das Finanças defende a «aniquilação» de terra palestiniana

Dias depois de colonos extremistas terem invadido e atacado Huwara, Bezalel Smotrich afirmou que Israel deve «aniquilar» a localidade palestiniana no Norte da Cisjordânia ocupada.

Vista aérea de uma zona destruída pelos colonos israelitas em Huwara, perto de Nablus, no domingo à noite  
Créditos / PressTV

«Penso que Huwara precisa de ser destruída», disse o ministro israelita das Finanças, Bezalel Smotrich, esta quarta-feira, defendendo que «o Estado devia fazê-lo e não cidadãos privados», refere a PressTV com base na imprensa israelita.

As declarações do ministro de extrema-direita do governo de Benjamin Netanyahu seguem-se ao ataque perpetrado contra a localidade palestiniana, no domingo à noite, por centenas de colonos armados.

Tratou-se da «resposta» à morte de dois israelitas de um colonato ilegal, executados por um atacante palestiniano de Huwara. Este ataque, por sua vez, seguiu-se ao massacre de Nablus, em que as forças de ocupação israelitas mataram 11 palestinianos e feriram mais de cem.

No domingo à noite, os colonos queimaram pelo menos 150 carros, 52 casas e várias lojas. Uma pessoa foi morta e o número de feridos palestinianos é superior a 390, indica a agência Wafa.

Grupos israelitas de defesa dos direitos humanos como Peace Now e B’Tselem referiram-se ao ataque dos colonos como um «pogrom» apoiado pelas autoridades de ocupação.

Por seu lado, o Crescente Vermelho palestiniano acusou as forças israelitas de impedirem as ambulâncias e os paramédicos de acederem ao local do ataque, a poucos quilómetros de Nablus.

No Knesset, a extrema-direita israelita considerou os ataques a Huwara «legítimos».

OLP classifica Smotrich como «terrorista racista» e AP pede ajuda internacional

Hussein al-Sheikh, da Comissão Executiva da Organização para a Libertação da Palestina (OLP), afirmou, no Twitter, que as afirmações de Smotrich para apagar Huwara do mapa são o apelo de um «racista terrorista».

Também o primeiro-ministro da Autoridade Palestiniana (AP), Mohammad Shtayyeh, se referiu às afirmações do ministro israelita como «terroristas» e «racistas», e alertou para o facto de que «fazem prever uma escalada séria» contra o povo palestiniano nos territórios ocupados.

Um homem no meio de carros incendiados em Huwara / Al Mayadeen

Neste sentido, pediu às Nações Unidas, à União Europeia e demais organizações internacionais que condenem as declarações de Smotrich. Antes, já tinha pedido ajuda internacional «contra os crimes de Israel».

Parlamento Árabe condena violência dos colonos

O Parlamento (da Liga) Árabe, com sede no Cairo, condenou esta quarta-feira os ataques executados por colonos israelitas contra o povo palestiniano na Cisjordânia ocupada, referindo-se em especial ao assalto à localidade de Huwara.

Perante os ataques terroristas sistemáticos dos colonos contra cidadãos indefesos, com armas de fogo, incêndios de casas e viaturas, expulsão de agricultores, assassinatos e outros crimes, exortou o mundo e em especial o Conselho de Segurança da ONU a adoptar medidas para proteger o povo palestiniano.

Antes, a Liga Árabe já tinha proposto que as milícias de colonos passem a ser incluídas na lista de grupos terroristas.

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Na parte da manhã, as forças israelitas já tinham matado dois palestinianos, identificados como Hudhayfah Fares, de 27 anos, e Abd al-Rahman Atta, de 23, na aldeia de Shufa, na sequência de um ataque de colonos a viaturas na região de Tulkarem.

De acordo com as Nações Unidas, 2023 está a ser o ano mais mortífero para os palestinianos na Margem Ocidental desde que há registo de fatalidades provocadas pelas forças de ocupação.

Rudeineh: a ocupação israelita pisou todas as linhas vermelhas

Nabil Abu Rudeineh, porta-voz da Presidência palestiniana, disse à imprensa que a ocupação israelita pisou todas as linhas vermelhas, com a sua insistência na política de assassinatos e incursões em cidades, aldeias e acampamentos palestinianos.

Numa entrevista à Palestine TV, o representante da Presidência responsabilizou o governo israelita e a administração norte-americana pelos «crimes perigosos perpetrados pela ocupação e os seus colonos por todo o território palestiniano», os mais recentes dos quais nas imediações de Nablus e Tulkarem, refere a Wafa.

Apesar da «guerra implacável» que a ocupação israelita está a travar contra o povo palestiniano «à vista de todo o mundo», o responsável afirmou que isso não irá impedir «o nosso povo de prosseguir a sua luta legítima» até à «criação do seu Estado independente, com Jerusalém como capital».

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Na Cisjordânia, a Cova dos Leões, um dos grupos da resistência mais activos, fez um apelo à mobilização geral dos seus membros, bem como ao «ataque imediato em todos os lugares contra as forças de ocupação e os seus colonos».

Com base em fontes israelitas, a agência Prensa Latina indica que o Exército de ocupação deu conta de combates em 21 locais no Sul de Israel, na sequência da operação palestiniana – embora tenha posteriormente reduzido esse número para sete.

Resposta aos sistemáticos crimes israelitas

Ao anunciar a ofensiva desta manhã (às 7h locais), o comandante das Brigadas al-Qassam, Muhammad al-Deif, disse que o grupo palestiniano disparou para território israelita 5000 rockets.

Al-Deif afirmou que a operação é uma resposta aos sistemáticos crimes israelitas contra o povo palestiniano e a profanação contínua por colonos judeus da mesquita de al-Aqsa, em Jerusalém, e ocorre num contexto de escalada de agressões, da parte de colonos e forças israelitas, em Jerusalém Oriental e na Cisjordânia ocupada.

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Israel deteve 135 mil palestinianos nos últimos 23 anos

A Comissão dos Assuntos dos Presos e ex-Presos Palestinianos registou mais de 135 mil casos de detenções, pelas forças de ocupação israelitas, desde o início da Intifada de al-Aqsa, em 2000.

Um jovem palestiniano é preso na Cisjordânia, na sequência dos protestos contra a decisão norte-americana sobre Jerusalém
Créditos / palestinalibre.org

Num relatório emitido por ocasião do 23.º aniversário do início da Segunda Intifada ou Intifada de al-Aqsa (28 de Setembro de 2000), a Comissão dos Assuntos dos Presos e ex-Presos Palestinianos sublinha que as detenções levadas a cabo pelas forças israelitas afectaram todas as camadas da sociedade, e não deixaram de parte menores de idade, idosos e mulheres.

Dos mais de 135 mil casos registados pelo organismo, 21 mil dizem respeito a menores, indica o relatório – divulgado pela Wafa –, que dá conta da detenção de metade dos deputados do Conselho Legislativo Palestiniano (Parlamento), de vários ministros, centenas de académicos, jornalistas e funcionários de organizações da sociedade civil e instituições internacionais.

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Número recorde de presos palestinianos ao abrigo da detenção administrativa

Israel mantém nas suas prisões 1264 palestinianos sem acusações nem julgamento, o número mais elevado em 30 anos, revelou a ONG Hamoked.

Protesto contra a detenção administrativa em 2021 
Créditos / palestine-studies.org

Desde a Primeira Intifada (1987-1993) que não havia tantos palestinianos detidos ao abrigo da polémica norma, alertou a organização não governamental este fim-de-semana, com base nos dados dos serviços prisionais.

Jessica Montell, directora executiva da Hamoked, organização israelita que presta assistência jurídica gratuita aos palestinianos que vivem sob a ocupação, afirmou que a detenção administrativa é «massiva e arbitrária» e que Israel mantém nesse regime, sem acusação nem julgamento, mais de 1200 palestinianos, «alguns dos quais durante anos sem uma revisão eficaz».

Ao abrigo deste regime, a detenção, decretada por um comandante militar, com base naquilo a que Israel chama «prova secreta» – que nem o advogado do detido tem direito a ver –, pode ser infinitamente renovada por períodos até seis meses.

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Nove presos palestinianos mantêm protesto contra a detenção administrativa

A Sociedade dos Presos Palestinianos (SPP) revelou, este domingo, que nove presos palestinianos sem acusação ou julgamento continuam em greve de fome por tempo indeterminado.

Cárcere israelita de Gilboa 
Créditos / Al Mayadeen

Os presos Kayed al-Fasfous e Sultan Khlouf iniciaram o protesto contra a detenção administrativa há 19 dias. Por seu lado, Osama Darkouk encontra-se em greve de fome há 15 dias.

Outros seis reclusos palestinianos em cadeias israelitas estão em greve de fome há 12 dias: Hadi Nazzal, Mohammad Taysir Zakarneh, Anas Kmail, Abdelrahman Baraka, Mohammad Basem Ikhmis e Zuhdi Abdo, informa a agência Wafa, com base na SPP.

Na semana passada, a Comissão dos Assuntos dos Presos e ex-Presos pediu à chamada comunidade internacional que quebre o silêncio em torno do «crime israelita da detenção administrativa», que permite manter na cadeia presos sem acusação ou julgamento, numa clara violação das normas internacionais.

Ao abrigo deste regime, a detenção, decretada por um comandante militar, com base naquilo a que Israel chama «prova secreta» – que nem o advogado do detido tem direito a ver –, pode ser infinitamente renovada por períodos até seis meses.

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Presos palestinianos em greve de fome contra a detenção administrativa

A Sociedade dos Presos Palestinianos (SPP) revelou, esta segunda-feira, que quatro presos palestinianos sem acusação ou julgamento tinham iniciado há nove dias uma greve de fome por tempo indeterminado.

Acção de solidariedade com os presos palestinianos, a 5 de Dezembro de 2022 
CréditosAli Jadallah / Anadolu

Em comunicado divulgado pela Wafa, a SPP indicou que Anas Ibrahim Shadid, de 26 anos, Mahmoud Abdel Halim Talahma, de 32, Abdullah Mohammad Abido, de 36, e Mohammad Ahmad Dandis, de 25, iniciaram o protesto para denunciar a sua detenção sem acusação ou julgamento.

Acrescentou que todos os detidos estão na cadeia israelita de Ofer, perto de Ramallah, e são originários da província de Hebron (al-Khalil), no Sul da Cisjordânia ocupada.

A organização de defesa dos direitos dos presos informa que Shadid foi preso três vezes, sempre no regime de detenção administrativa, tendo passado, no total, três anos atrás das grades. Durante esses períodos, levou a cabo duas greves de fome, uma delas com a duração de 90 dias, em 2016.

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«Ou nos submetemos ou nos revoltamos»: 30 presos palestinianos continuam em luta

Os prisioneiros iniciaram uma greve de fome, há uma semana, para exigir a sua libertação e denunciar um regime de detenção que permite mantê-los na cadeia sem acusação ou julgamento.

Imagem de um comício da Frente Popular para a Libertação da Palestina (FPLP), força de esquerda hoje considerada «terrorista» por Israel e cujos militantes são perseguidos
Imagem de um comício da Frente Popular para a Libertação da Palestina (FPLP) Créditos / pflp.pl

O protesto dos trinta presos palestinianos, membros e simpatizantes da Frente Popular para a Libertação da Palestina (FPLP), completou uma semana sem solução aparente à vista, tendo em conta a inflexibilidade das autoridades de Telavive.

Em comunicado, a Sociedade dos Presos Palestinianos (SPP) anunciou que os serviços prisionais israelitas têm estado a ameaçar com castigos os reclusos que lutam contra o regime de detenção administrativa. Entre as punições, contam-se privá-los de visitas, retirar-lhes os seus pertences e isolá-los em celas de castigo.

Nesta primeira semana de protesto, os serviços prisionais israelitas colocaram 28 dos grevistas em quatro celas de isolamento na prisão de Ofer, informa a Wafa com base no documento divulgado pelo SPP.

Um outro, o advogado Salah Hammouri, foi metido na solitária numa cadeia no Norte de Israel, enquanto Ghassan Zawahreh foi levado para uma cela de isolamento numa prisão localizada no Deserto do Neguev (al-Naqab).

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Trinta presos palestinianos em protesto contra a detenção administrativa

Os prisioneiros, em cadeias israelitas, iniciaram uma greve de fome por tempo indeterminado contra um regime que permite mantê-los detidos sem acusação ou julgamento, por períodos renováveis de seis meses.

Familiares de presos palestinianos em cadeias israelitas mostram cartazes numa concentração em Ramallah, na Cisjordânia ocupada, em Setembro de 2021 
Créditos / Al Jazeera

O início do protesto, este domingo, por parte de prisioneiros que são membros ou apoiantes da Frente Popular para a Libertação da Palestina (FPLP), foi confirmado pela Comissão dos Assuntos dos Presos e ex-Presos.

Em declarações à agência Wafa, Hassan Abed Rabbo, porta-voz da comissão, disse que os presos decidiram avançar contra uma política que permite a Israel manter nas suas prisões, sem acusação ou julgamento, presos palestinianos por tempo indefinido, na medida em que o período de detenção, até seis meses, é infinitamente renovável.

Numa mensagem divulgada há alguns dias, os presos sublinharam que a luta contra o regime de detenção administrativa continua e denunciaram que as medidas tomadas pelas autoridades prisionais israelitas «já não se baseiam em obsessões de segurança, mas são actos de vingança devido ao seu passado».

Qadri Abu Baker, líder da Comissão dos Assuntos dos Presos e ex-Presos, disse à Wafa que, na próxima quinta-feira, mais 50 presos se devem juntar à greve de fome, para denunciar o regime de detenção administrativa a que são submetidos e a escalada por parte de Israel no que respeita a este procedimento.

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Israel decretou 1595 ordens de detenção administrativa contra palestinianos em 2021

O maior número de detenções administrativas – sem julgamento ou acusação – foi decretado em Maio, quando Israel lançou uma ofensiva de 11 dias contra a Faixa de Gaza.

Familiares e apoiantes de preso Hisham Abu Hawwash protestaram este domingo na localidade de Dura, a oeste de al-Khalil (Hebron), na Cisjordânia ocupada 
Créditos / PressTV

A Sociedade dos Presos Palestinianos (SPP) revelou, este domingo, que o número divulgado diz respeito tanto a novas ordens como à renovação de ordens já emitidas nos territórios ocupados, pelas autoridades israelitas.

No documento apresentado, o organismo lembra que política de detenção administrativa visa «esmagar os activistas políticos palestinianos» e se baseia num ficheiro secreto não acessível aos presos – nem sequer aos seus advogados –, que são mantidos na cadeia sem acusação ou julgamento, informa a WAFA.

O maior número de ordens de detenção administrativa foi emitido em Maio último, quando a Israel lançou uma ofensiva de 11 dias contra a Faixa de Gaza, explicou a organização de defesa dos presos, acrescentado que, ao longo do ano, 60 prisioneiros recorreram à greve de fome com o propósito de reconquistar a liberdade.

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Presos palestinianos continuam protesto contra a detenção administrativa

Uma comissão de apoio aos prisioneiros revelou que 13 palestinianos permaneciam em greve de fome nas cadeias, este domingo, contra o regime que permite mantê-los reclusos sem acusação ou julgamento.

Um grupos de palestinianos solidários com os seus compatriotas presos nas cadeias israelitas mostram-se numa prisão a fingir 
Créditos / WAFA

Num comunicado ontem emitido, a Comissão dos Assuntos dos Presos e ex-Presos Palestinianos informou que o prisioneiro Salem Ziadat, de 40 anos, é, dos 13 que continuavam o protesto, aquele que está em greve de fome há mais tempo, permanecendo em jejum há 28 dias contra a sua detenção administrativa, sem acusação ou julgamento, revelou a agência WAFA.

A Comissão informou ainda que o número de reclusos palestinianos em greve de fome até ontem era de 15, mas que Mohammad Khaled Abusill e Ahmad Abdulrahman Abusill tinham chegado a um acordo com o Serviço Prisional Israelita no que respeita à «limitação» da chamada detenção administrativa.

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Israel prendeu 5426 palestinianos na primeira metade do ano

Grupos de defesa dos presos apresentaram um relatório sobre o primeiro semestre de 2021. Nas cadeias israelitas, há actualmente 4850 palestinianos, 540 dos quais ao abrigo da «detenção administrativa».

Os palestinianos estão a ser detidos em aldeias e cidades dos territórios ocupados em 1948 por terem apoiado Gaza 
As forças israelitas prenderam mais palestinianos no primeiro semestre deste ano do que em todo o ano de 2020 Créditos / Middle East Monitor

Entre os palestinianos que se encontram nos cárceres de Israel, contam-se 43 mulheres e 225 menores, segundo o documento conjunto divulgado este fim-de-semana pela Comissão dos Assuntos dos Presos e ex-Presos Palestinianos, a Sociedade dos Presos Palestinianos, a Addameer e o Centro de Informação Wadi Hilweh.

Os organismos referidos precisaram que 12 presos são membros do Conselho Legislativo Palestiniano (Parlamento), 70 são provenientes dos territórios ocupados em 1948, 350 são originários de Jerusalém ocupada e 240 da Faixa de Gaza cercada.

O informe destaca a existência de 540 prisioneiros palestinianos em detenção administrativa, sem acusação formada ou julgamento, por períodos de seis meses indefinidamente renováveis.

Quase 5500 detidos em seis meses

No que respeita a detenções, os organismos de defesa dos presos revelaram que Israel prendeu 5426 palestinianos entre 1 de Janeiro e 30 de Junho deste ano – um número superior a todas as detenções efectuadas pelas forças israelitas em 2020 e registadas por estas organizações: 4636.

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Forças israelitas prenderam 230 menores palestinianos desde Janeiro

Por ocasião do Dia da Criança Palestiniana, que se assinala a 5 de Abril, a Comissão dos Assuntos dos Presos e ex-Presos Palestinianos revelou também que 140 menores permanecem em cadeias israelitas.

Um soldado israelita detém um rapaz palestiniano, juntamente com outros quatro, perto do posto avançado de Havot Maon, na Margem Ocidental ocupada, a 11 de Março de 2021 
Créditos / Anadolu

Os menores palestinianos, alguns dos quais crianças, continuam a ser alvo das forças militares israelitas, que os prendem, muitas vezes de forma violenta, nos territórios ocupados.

De acordo com um relatório publicado este domingo pela Sociedade dos Prisioneiros Palestinianos, pelo menos 230 foram detidos desde o início do ano, a maioria dos quais em Jerusalém Oriental ocupada.

O grupo de defesa dos direitos dos presos sublinhou que «as crianças encarceradas são submetidas a vários tipos de abusos, incluindo «a recusa de comida e de bebida por longas horas, abuso verbal e a detenção em condições duras».

O informe veio a lume na véspera do Dia da Criança Palestiniana, que se assinala a 5 de Abril, com actividades culturais, educativas e mediáticas que, refere a PressTV, visam reforçar a consciência sobre o sofrimento dos menores palestinianos.

Detenção administrativa e maus-tratos

Também no âmbito do Dia da Criança Palestiniana, a Comissão dos Assuntos dos Presos e ex-Presos Palestinianos revelou que 140 menores permanecem em cadeias israelitas, incluindo dois que se encontram presos ao abrigo do regime de detenção administrativa.

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A «viagem ao inferno» dos jovens palestinianos detidos por Israel

Uma comissão da ONU reafirmou denúncias expostas em vários relatórios sobre detenções de menores palestinianos por Israel – quase sempre presos de noite, algemados e vendados. É o início da «viagem ao inferno».

Um jovem palestiniano é preso na Cisjordânia, na sequência dos protestos contra a decisão norte-americana sobre Jerusalém
Créditos / palestinalibre.org

A instância, composta por especialistas independentes das Nações Unidas, expressou particular preocupação pela expansão dos colonatos e o aumento da violência dos colonos israelitas, em que se incluem ataques a crianças e às suas escolas.

Segundo se pode ler no portal oficial de notícias da ONU, na semana passada diversas organizações informaram a comissão sobre as operações nocturnas levadas a efeito pelas forças israelitas com o propósito de deter crianças e adolescentes na Cisjordânia ocupada, com «graves consequências para o seu bem-estar e gozo dos seus direitos».

«Mais de 300 crianças estão detidas no sistema militar israelita. A maioria por delitos menores, como atirar pedras e publicações nas redes sociais», assinala a comissão, que denuncia o facto de os menores serem «levados para locais desconhecidos, presos em viaturas militares e sujeitos a ameaças e abusos verbais», bem como o facto de, por vezes, serem «obrigados a assinar confissões em hebraico, uma língua que não costumam entender».

Estas preocupações reafirmam as que têm sido veiculadas, ao longo do tempo, por várias entidades, nomeadamente a Comissão dos Prisioneiros Palestinianos, órgão dependente da Autoridade Palestiniana que, em diversas ocasiões (também este ano), alertou para o facto de os menores serem torturados e sofrerem abusos nos cárceres israelitas, bem como para o facto de serem espancados, insultados e pressionados no momento da detenção.

No final de Março, um relatório publicado pelo Ministério palestiniano da Informação denunciava também esta realidade, afirmando que «95% das crianças palestinianas presas pelas autoridades israelitas foram torturadas durante a detenção».

De acordo com o relatório, até 2015 foram documentadas anualmente 700 detenções de menores palestinianos. Já em 2017, Israel prendeu 1467 crianças e adolescentes; 1063 no ano seguinte e, nos dois primeiros dois meses deste ano, 118. Entre 2000 e 2018, foram presos mais de 16 mil menores.

Uma «viagem sem fim ao inferno»

Numa peça intitulada «“Endless Trip to Hell”: Israel Jails Hundreds of Palestinian Boys a Year. These Are Their Testimonies», publicada em Março e plenamente actual, o periódico israelita Haaretz aborda esta realidade, em que as crianças, algumas com idades inferiores a 13 anos, «são detidas pela calada da noite, vendadas e algemadas, alvo de abusos e constrangidas» a confessar «crimes» que não cometeram.

A peça, que reúne testemunhos de sete jovens da Margem Ocidental ocupada com idades compreendidas entre os dez e os 15 anos, revela as diversas fases do processo de detenção, que começa nas operações nocturnas e passa pelo interrogatório, a prisão, o julgamento e a proposta de um acordo.

Na sua maioria, os jovens são presos por, alegadamente, terem atirado pedras ou queimado pneus, mas, como sublinha a advogada Farah Bayadsi o objectivo das detenções «é mais para mostrar controlo do que para aplicar a lei».

A experiência traumática é fundamentada por tudo aquilo por que as crianças passam durante uma detenção. Arrancadas de casa quando dormem, são algemadas e vendadas, levadas em veículos militares para colonatos e bases israelitas, passando por todo um processo que envolve intimidação, ameaças, agressões físicas, afastamento da família e pressão para «confessar».


O nível de brutalidade varia. Khaled Mahmoud Selvi, preso quando tinha 15 anos, foi levado para a prisão e despido (o que, de acordo com o jornal, ocorre em 55% dos casos), tendo sido obrigado a permanecer dez minutos nu, em pé, durante o Inverno.

De acordo com os dados recolhidos pela organização não governamental (ONG) British-Palestinian Military Court Watch, 97% dos jovens palestinianos detidos pelas forças militares israelitas (IDF) vivem em pequenas localidades a menos de dois quilómetros de um colonato.

O advogado Gerard Horton, da ONG referida, afirma que a ideia é «assustar toda a aldeia» e que se trata de um «instrumento eficaz» para controlar uma comunidade. Acrescenta que, do ponto de vista dos ocupantes e opressores, a pressão «tem de ser constante»: «Cada geração tem de sentir a mão pesada das IDF.»

A experiência é traumática. O pai de Khaled Shtaiwi, preso com 13 anos em Novembro do ano passado, contou ao periódico que criou na sua aldeia o «dia da psicologia», porque o seu filho não é capaz de falar sobre o que se passou e porque quer ajudar todas as crianças que foram presas pelos israelitas.

Em Beit Ummar, Omar Ayyash foi preso com dez anos de idade, em Dezembro último. Agora, as crianças que brincam nas ruas da aldeia afastam-se assim que se apercebem da aproximação de soldados israelitas. Tornou-se um hábito desde que as tropas levaram Omar.

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Por seu lado, a organização Defense for Children International – Palestine (DCIP) destacou que todos os anos entre 500 e 700 menores palestinianos são processados em tribunais militares israelitas e que 85% das crianças palestinianas detidas em 2020 foram «submetidas a violência física».

Num comunicado, a DCIP afirma ter documentado 27 casos em que as crianças foram mantidas na solitária um ou dois dias, alegando as forças israelitas «objectivos de investigação». Esta prática é, segundo o organismo, uma forma de «tortura ou tratamento cruel, desumano e degradante».

Desde Outubro de 2015, a DCIP registou a 36 ordens de detenção administrativa decretadas contra menores palestinianos, dois dos quais se mantêm nesse regime.

Ainda de acordo com o organismo sediado em Genebra, em 2020, as forças israelitas mataram nove menores palestinianos na Cisjordânia ocupada, incluindo Jerusalém Oriental, e na Faixa de Gaza, seis dos quais com fogo real.

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O relatório divulgado este fim-de-semana informa que, entre os palestinianos detidos pelas forças israelitas, se incluem 854 menores e 107 mulheres, tendo sido emitidas na primeira metade do ano 680 ordens de detenção administrativa, incluindo 312 novas.

No mês de Junho foram presos 615 palestinianos, revela o texto, destacando que Maio foi de longe o mês em que se registou um maior número de detenções na primeira metade deste ano.

Então, mês de massacre contra Gaza e de múltiplas provocações sionistas no Complexo da Mesquita de al-Aqsa e em Jerusalém Oriental ocupada, as forças israelitas prenderam 3100 palestinianos, incluindo 2000 nos territórios ocupados em 1948 (actual Estado de Israel) e 677 em Jerusalém Oriental ocupada, informa a WAFA.

Vários presos em greve de fome contra a detenção administrativa

De acordo com a Comissão dos Assuntos dos Presos e ex-Presos Palestinianos, há actualmente nove presos em greve de fome nos cárceres israelitas como forma de protesto contra o regime de detenção administrativa que lhes foi aplicado.

A Comissão pediu às instâncias internacionais e regionais de defesa dos direitos humanos que pressionem as autoridades israelitas no sentido de acabar com os maus-tratos aos presos em greve de fome, que passam também pela sua reclusão na solitária.

Os presos palestinianos recorrem com frequência a esta forma de luta contra um regime de detenção ilegal, cujo fim exigem.

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De acordo com os grupos de defesa dos direitos dos prisioneiros palestinianos, há actualmente quase 550 nos cárceres israelitas detidos ao abrigo deste regime, que tem merecido ampla condenação internacional e que permite a Israel manter nas suas prisões, sem acusação ou julgamento, presos palestinianos por tempo indefinido, na medida em que o período de detenção, até seis meses, é infinitamente renovável.

A detenção, que é decretada por um comandante militar, tem por base aquilo a que Israel chama «prova secreta» – e é tão «secreta» que nem o advogado do detido tem direito a vê-la.

Alguns prisioneiros palestinianos passaram mais de uma década nas cadeias israelitas ao abrigo deste regime de «detenção», que é considerado ilegal à luz do direito internacional.

Como forma de protesto contra as suas detenções ilegais e para exigir que Israel ponha fim a esta prática, os presos palestinianos recorrem com frequência a greves de fome por tempo indeterminado.

Apesar da pressão internacional e dos protestos dos prisioneiros, as autoridades israelitas não têm dado sinais de querer acabar com este regime. Pelo contrário, tanto a comissão referida como o Centro Palestiniano de Estudos sobre Prisioneiros têm dado conta de novas ordens de detenção administrativa e de múltiplas renovações.

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Na maior parte dos casos, estavam presos ao abrigo do regime de detenção administrativa, como Hisham Abu Hawwash, de 40 anos, habitante da localidade de Dura (Cisjordânia ocupada) que se mantém há 140 dias em greve de fome e está numa situação considerada muito crítica.

Nos últimos dias, as autoridades palestinianas alertaram para o estado de saúde crítico de Abu Hawwash, responsabilizaram Telavive por aquilo que lhe possa acontecer e pediram à comunidade internacional que pressione as autoridades israelitas para o libertarem.

Também a Cruz Vermelha se mostrou preocupada com o caso, sublinhando a necessidade de tratar os reclusos com humanidade e de encontrar uma solução que evite «consequências irreversíveis» para Hawwash.

De acordo com a SPP, este domingo cerca de 500 reclusos palestinianos presos em Israel ao abrigo do regime da detenção administrativa – criticado pela ONU – declararam o boicote aos tribunais israelitas, porque «sentem que os tribunais alinham sempre com o governo militar e as suas ordens, e não os tratam com imparcialidade».

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De acordo com a comissão, há actualmente mais de 760 presos nas cadeias israelitas sem acusação ou julgamento. A detenção, decretada por um comandante militar, tem por base aquilo a que Israel chama «prova secreta», que nem o advogado do detido tem direito a ver.

Cerca de 80% dos presos palestinianos neste regime são ex-presos que já passaram anos atrás das grades, revela a Wafa.

«Semearemos alegria, vida e esperança»

Em comunicado, emitido há dias, o Ramo Penitenciário da Frente Popular para a Libertação da Palestina afirmou que «estes 30 prisioneiros, juntos, passaram quase 200 anos em detenção administrativa. Duzentos anos de cativeiro sem acusação ou julgamento por capricho dos oficiais de inteligência da ocupação».

O texto, divulgado pela Samidoun (rede de solidariedade com os presos palestinianos), sublinha que se trata de uma «pena perpétua», uma vez que muitos presos são libertados durante alguns meses e são novamente detidos. «Temos um mês de liberdade por cada ano de detenção», afirmam.

Dizem que são «alimentados pela dignidade» e querem que as autoridades israelitas saibam que, mesmo que os torturem e lhes provoquem dor, «que a nossa luta continua, e que semearemos alegria, vida e esperança, e que nossa luta pela liberdade e pela humanidade livre de tormentos não vai parar».

Leila Khaled, membro do Comité Central da FPLP e símbolo da resistência palestiniana, anunciou uma greve de fome solidária com os presos, a quem saudou por estarem «na primeira linha do confronto a este inimigo criminoso fascista».

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De acordo com a Comissão dos Assuntos dos Presos e ex-Presos, dos cerca de 4600 palestinianos actualmente presos nas cadeias israelitas, mais de 760 são reclusos sem acusação ou julgamento, cuja detenção pode ser infinitamente renovada por períodos até seis meses.

A detenção, decretada por um comandante militar, tem por base aquilo a que Israel chama «prova secreta», que nem o advogado do detido tem direito a ver.

Após o início da greve de fome, Basil Mizher, outro advogado palestiniano detido sem acusação ou julgamento, viu ser-lhe renovada a detenção administrativa por mais três meses, no passado dia 28.

Numa mensagem que Mizher escreveu no início do protesto, lida pela sua mãe numa acção solidária no campo de refugiados de Dheisheh, em Belém, o preso diz que a sua profissão é a de advogado, mas que mal se lembra dela, pois quase não a conseguiu exercer desde que se formou – foi submetido a três detenções administrativas desde que passou no exame.

Em vez de ir trabalhar, foi para a prisão, lê-se no texto divulgado pela pela Samidoun (rede de solidariedade com os presos palestinianos).

«Ou nos submetemos à opressão e à privação e aceitamos o roubo perpétuo da nossa liberdade e da nossa vida à vista do mundo, ou nos revoltamos contra a injustiça e derrubamos os muros do carcereiro com todas as ferramentas que temos», escreveu Basil Mizher a propósito da greve de fome, que é a «recusa da política de subordinação e domesticação».

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Talahma, detido desde Março de 2022, é um advogado e antigo prisioneiro, que passou dois anos e meio nas cadeias israelitas.

Abido é também um antigo prisioneiro, que passou cinco anos e meio nas prisões da ocupação – a maior parte do tempo ao abrigo do regime de detenção administrativa.

Por seu lado, Dandis foi preso pela primeira vez a 23 de Março último, tendo-lhe sido imposta uma detenção administrativa por um período de seis meses.

1083 presos em detenção administrativa

Este protesto ocorre num contexto em que Israel intensifica o recurso às detenções sem acusação ou julgamento. Segundo revelou a SPP, existem actualmente nas cadeias israelitas 1083 presos palestinianos a quem foi aplicado este regime de detenção, 17 dos quais são menores.

O regime de detenção administrativa, que tem merecido ampla condenação internacional, permite a Israel manter nas suas prisões, sem acusação ou julgamento, presos palestinianos por tempo indefinido, na medida em que o período de detenção, até seis meses, é infinitamente renovável.

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Preso palestiniano morreu na cadeia após 86 dias em greve de fome

O primeiro-ministro palestiniano, Mohammad Shtayyeh, responsabilizou Israel pelo «assassinato» de Khader Adnan, ao não atender ao protesto contra a sua detenção sem acusação ou julgamento.

Em protesto contra a morte de Khader Adnan, que se encontrava em greve de fome há 86 dias, a Cisjordânia ocupada cumpre um dia de greve geral 
CréditosWafa Awad / Wafa

A Sociedade de Prisioneiros Palestinianos (SPP) afirmou, em comunicado, que Khader Adnan, de 44 anos, foi encontrado inconsciente esta madrugada na sua cela, tendo sido levado para um hospital, onde foi declarado morto.

Adnan, natural da cidade de Arraba (perto de Jenin), foi preso 12 vezes ao longo da sua vida, tendo recorrido à greve de fome em diversas ocasiões para protestar contra as suas detenções sem qualquer acusação, afirmou a SPP, citada pela agência Wafa.

A última detenção ocorreu a 5 de Fevereiro e Adnan entrou de imediato em greve de fome por tempo indeterminado, refere a fonte, acrescentando que pelo menos 236 presos palestinianos morreram desde 1967.

Ao ter conhecimento da notícia, o primeiro-ministro palestiniano, Mohammad Shtayyeh, acusou Israel de ter cometido um assassinato.

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835 palestinianos em regime de detenção administrativa nas cadeias israelitas

O número foi destacado pela Sociedade dos Presos Palestinianos (SPP) em conferência de imprensa. A maior parte encontra-se nos centros de detenção de Ofer e de Naqab (Neguev).

Acção de solidariedade com os presos palestinianos, a 5 de Dezembro de 2022 
CréditosAli Jadallah / Anadolu

O regime de detenção administrativa, que tem merecido ampla condenação internacional – até do Departamento de Estado norte-americano e da Amnistia Internacional –, permite a Israel manter nas suas prisões, sem acusação ou julgamento, presos palestinianos por tempo indefinido, na medida em que o período de detenção, até seis meses, é infinitamente renovável.

Em relatórios anteriores, a SPP lembrou que esta política visa «esmagar os activistas políticos palestinianos» e se baseia num ficheiro secreto não acessível aos presos – nem sequer aos seus advogados.

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«Ou nos submetemos ou nos revoltamos»: 30 presos palestinianos continuam em luta

Os prisioneiros iniciaram uma greve de fome, há uma semana, para exigir a sua libertação e denunciar um regime de detenção que permite mantê-los na cadeia sem acusação ou julgamento.

Imagem de um comício da Frente Popular para a Libertação da Palestina (FPLP), força de esquerda hoje considerada «terrorista» por Israel e cujos militantes são perseguidos
Imagem de um comício da Frente Popular para a Libertação da Palestina (FPLP) Créditos / pflp.pl

O protesto dos trinta presos palestinianos, membros e simpatizantes da Frente Popular para a Libertação da Palestina (FPLP), completou uma semana sem solução aparente à vista, tendo em conta a inflexibilidade das autoridades de Telavive.

Em comunicado, a Sociedade dos Presos Palestinianos (SPP) anunciou que os serviços prisionais israelitas têm estado a ameaçar com castigos os reclusos que lutam contra o regime de detenção administrativa. Entre as punições, contam-se privá-los de visitas, retirar-lhes os seus pertences e isolá-los em celas de castigo.

Nesta primeira semana de protesto, os serviços prisionais israelitas colocaram 28 dos grevistas em quatro celas de isolamento na prisão de Ofer, informa a Wafa com base no documento divulgado pelo SPP.

Um outro, o advogado Salah Hammouri, foi metido na solitária numa cadeia no Norte de Israel, enquanto Ghassan Zawahreh foi levado para uma cela de isolamento numa prisão localizada no Deserto do Neguev (al-Naqab).

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Trinta presos palestinianos em protesto contra a detenção administrativa

Os prisioneiros, em cadeias israelitas, iniciaram uma greve de fome por tempo indeterminado contra um regime que permite mantê-los detidos sem acusação ou julgamento, por períodos renováveis de seis meses.

Familiares de presos palestinianos em cadeias israelitas mostram cartazes numa concentração em Ramallah, na Cisjordânia ocupada, em Setembro de 2021 
Créditos / Al Jazeera

O início do protesto, este domingo, por parte de prisioneiros que são membros ou apoiantes da Frente Popular para a Libertação da Palestina (FPLP), foi confirmado pela Comissão dos Assuntos dos Presos e ex-Presos.

Em declarações à agência Wafa, Hassan Abed Rabbo, porta-voz da comissão, disse que os presos decidiram avançar contra uma política que permite a Israel manter nas suas prisões, sem acusação ou julgamento, presos palestinianos por tempo indefinido, na medida em que o período de detenção, até seis meses, é infinitamente renovável.

Numa mensagem divulgada há alguns dias, os presos sublinharam que a luta contra o regime de detenção administrativa continua e denunciaram que as medidas tomadas pelas autoridades prisionais israelitas «já não se baseiam em obsessões de segurança, mas são actos de vingança devido ao seu passado».

Qadri Abu Baker, líder da Comissão dos Assuntos dos Presos e ex-Presos, disse à Wafa que, na próxima quinta-feira, mais 50 presos se devem juntar à greve de fome, para denunciar o regime de detenção administrativa a que são submetidos e a escalada por parte de Israel no que respeita a este procedimento.

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Israel decretou 1595 ordens de detenção administrativa contra palestinianos em 2021

O maior número de detenções administrativas – sem julgamento ou acusação – foi decretado em Maio, quando Israel lançou uma ofensiva de 11 dias contra a Faixa de Gaza.

Familiares e apoiantes de preso Hisham Abu Hawwash protestaram este domingo na localidade de Dura, a oeste de al-Khalil (Hebron), na Cisjordânia ocupada 
Créditos / PressTV

A Sociedade dos Presos Palestinianos (SPP) revelou, este domingo, que o número divulgado diz respeito tanto a novas ordens como à renovação de ordens já emitidas nos territórios ocupados, pelas autoridades israelitas.

No documento apresentado, o organismo lembra que política de detenção administrativa visa «esmagar os activistas políticos palestinianos» e se baseia num ficheiro secreto não acessível aos presos – nem sequer aos seus advogados –, que são mantidos na cadeia sem acusação ou julgamento, informa a WAFA.

O maior número de ordens de detenção administrativa foi emitido em Maio último, quando a Israel lançou uma ofensiva de 11 dias contra a Faixa de Gaza, explicou a organização de defesa dos presos, acrescentado que, ao longo do ano, 60 prisioneiros recorreram à greve de fome com o propósito de reconquistar a liberdade.

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Presos palestinianos continuam protesto contra a detenção administrativa

Uma comissão de apoio aos prisioneiros revelou que 13 palestinianos permaneciam em greve de fome nas cadeias, este domingo, contra o regime que permite mantê-los reclusos sem acusação ou julgamento.

Um grupos de palestinianos solidários com os seus compatriotas presos nas cadeias israelitas mostram-se numa prisão a fingir 
Créditos / WAFA

Num comunicado ontem emitido, a Comissão dos Assuntos dos Presos e ex-Presos Palestinianos informou que o prisioneiro Salem Ziadat, de 40 anos, é, dos 13 que continuavam o protesto, aquele que está em greve de fome há mais tempo, permanecendo em jejum há 28 dias contra a sua detenção administrativa, sem acusação ou julgamento, revelou a agência WAFA.

A Comissão informou ainda que o número de reclusos palestinianos em greve de fome até ontem era de 15, mas que Mohammad Khaled Abusill e Ahmad Abdulrahman Abusill tinham chegado a um acordo com o Serviço Prisional Israelita no que respeita à «limitação» da chamada detenção administrativa.

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Israel prendeu 5426 palestinianos na primeira metade do ano

Grupos de defesa dos presos apresentaram um relatório sobre o primeiro semestre de 2021. Nas cadeias israelitas, há actualmente 4850 palestinianos, 540 dos quais ao abrigo da «detenção administrativa».

Os palestinianos estão a ser detidos em aldeias e cidades dos territórios ocupados em 1948 por terem apoiado Gaza 
As forças israelitas prenderam mais palestinianos no primeiro semestre deste ano do que em todo o ano de 2020 Créditos / Middle East Monitor

Entre os palestinianos que se encontram nos cárceres de Israel, contam-se 43 mulheres e 225 menores, segundo o documento conjunto divulgado este fim-de-semana pela Comissão dos Assuntos dos Presos e ex-Presos Palestinianos, a Sociedade dos Presos Palestinianos, a Addameer e o Centro de Informação Wadi Hilweh.

Os organismos referidos precisaram que 12 presos são membros do Conselho Legislativo Palestiniano (Parlamento), 70 são provenientes dos territórios ocupados em 1948, 350 são originários de Jerusalém ocupada e 240 da Faixa de Gaza cercada.

O informe destaca a existência de 540 prisioneiros palestinianos em detenção administrativa, sem acusação formada ou julgamento, por períodos de seis meses indefinidamente renováveis.

Quase 5500 detidos em seis meses

No que respeita a detenções, os organismos de defesa dos presos revelaram que Israel prendeu 5426 palestinianos entre 1 de Janeiro e 30 de Junho deste ano – um número superior a todas as detenções efectuadas pelas forças israelitas em 2020 e registadas por estas organizações: 4636.

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Forças israelitas prenderam 230 menores palestinianos desde Janeiro

Por ocasião do Dia da Criança Palestiniana, que se assinala a 5 de Abril, a Comissão dos Assuntos dos Presos e ex-Presos Palestinianos revelou também que 140 menores permanecem em cadeias israelitas.

Um soldado israelita detém um rapaz palestiniano, juntamente com outros quatro, perto do posto avançado de Havot Maon, na Margem Ocidental ocupada, a 11 de Março de 2021 
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Os menores palestinianos, alguns dos quais crianças, continuam a ser alvo das forças militares israelitas, que os prendem, muitas vezes de forma violenta, nos territórios ocupados.

De acordo com um relatório publicado este domingo pela Sociedade dos Prisioneiros Palestinianos, pelo menos 230 foram detidos desde o início do ano, a maioria dos quais em Jerusalém Oriental ocupada.

O grupo de defesa dos direitos dos presos sublinhou que «as crianças encarceradas são submetidas a vários tipos de abusos, incluindo «a recusa de comida e de bebida por longas horas, abuso verbal e a detenção em condições duras».

O informe veio a lume na véspera do Dia da Criança Palestiniana, que se assinala a 5 de Abril, com actividades culturais, educativas e mediáticas que, refere a PressTV, visam reforçar a consciência sobre o sofrimento dos menores palestinianos.

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A «viagem ao inferno» dos jovens palestinianos detidos por Israel

Uma comissão da ONU reafirmou denúncias expostas em vários relatórios sobre detenções de menores palestinianos por Israel – quase sempre presos de noite, algemados e vendados. É o início da «viagem ao inferno».

Um jovem palestiniano é preso na Cisjordânia, na sequência dos protestos contra a decisão norte-americana sobre Jerusalém
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A instância, composta por especialistas independentes das Nações Unidas, expressou particular preocupação pela expansão dos colonatos e o aumento da violência dos colonos israelitas, em que se incluem ataques a crianças e às suas escolas.

Segundo se pode ler no portal oficial de notícias da ONU, na semana passada diversas organizações informaram a comissão sobre as operações nocturnas levadas a efeito pelas forças israelitas com o propósito de deter crianças e adolescentes na Cisjordânia ocupada, com «graves consequências para o seu bem-estar e gozo dos seus direitos».

«Mais de 300 crianças estão detidas no sistema militar israelita. A maioria por delitos menores, como atirar pedras e publicações nas redes sociais», assinala a comissão, que denuncia o facto de os menores serem «levados para locais desconhecidos, presos em viaturas militares e sujeitos a ameaças e abusos verbais», bem como o facto de, por vezes, serem «obrigados a assinar confissões em hebraico, uma língua que não costumam entender».

Estas preocupações reafirmam as que têm sido veiculadas, ao longo do tempo, por várias entidades, nomeadamente a Comissão dos Prisioneiros Palestinianos, órgão dependente da Autoridade Palestiniana que, em diversas ocasiões (também este ano), alertou para o facto de os menores serem torturados e sofrerem abusos nos cárceres israelitas, bem como para o facto de serem espancados, insultados e pressionados no momento da detenção.

No final de Março, um relatório publicado pelo Ministério palestiniano da Informação denunciava também esta realidade, afirmando que «95% das crianças palestinianas presas pelas autoridades israelitas foram torturadas durante a detenção».

De acordo com o relatório, até 2015 foram documentadas anualmente 700 detenções de menores palestinianos. Já em 2017, Israel prendeu 1467 crianças e adolescentes; 1063 no ano seguinte e, nos dois primeiros dois meses deste ano, 118. Entre 2000 e 2018, foram presos mais de 16 mil menores.

Uma «viagem sem fim ao inferno»

Numa peça intitulada «“Endless Trip to Hell”: Israel Jails Hundreds of Palestinian Boys a Year. These Are Their Testimonies», publicada em Março e plenamente actual, o periódico israelita Haaretz aborda esta realidade, em que as crianças, algumas com idades inferiores a 13 anos, «são detidas pela calada da noite, vendadas e algemadas, alvo de abusos e constrangidas» a confessar «crimes» que não cometeram.

A peça, que reúne testemunhos de sete jovens da Margem Ocidental ocupada com idades compreendidas entre os dez e os 15 anos, revela as diversas fases do processo de detenção, que começa nas operações nocturnas e passa pelo interrogatório, a prisão, o julgamento e a proposta de um acordo.

Na sua maioria, os jovens são presos por, alegadamente, terem atirado pedras ou queimado pneus, mas, como sublinha a advogada Farah Bayadsi o objectivo das detenções «é mais para mostrar controlo do que para aplicar a lei».

A experiência traumática é fundamentada por tudo aquilo por que as crianças passam durante uma detenção. Arrancadas de casa quando dormem, são algemadas e vendadas, levadas em veículos militares para colonatos e bases israelitas, passando por todo um processo que envolve intimidação, ameaças, agressões físicas, afastamento da família e pressão para «confessar».


O nível de brutalidade varia. Khaled Mahmoud Selvi, preso quando tinha 15 anos, foi levado para a prisão e despido (o que, de acordo com o jornal, ocorre em 55% dos casos), tendo sido obrigado a permanecer dez minutos nu, em pé, durante o Inverno.

De acordo com os dados recolhidos pela organização não governamental (ONG) British-Palestinian Military Court Watch, 97% dos jovens palestinianos detidos pelas forças militares israelitas (IDF) vivem em pequenas localidades a menos de dois quilómetros de um colonato.

O advogado Gerard Horton, da ONG referida, afirma que a ideia é «assustar toda a aldeia» e que se trata de um «instrumento eficaz» para controlar uma comunidade. Acrescenta que, do ponto de vista dos ocupantes e opressores, a pressão «tem de ser constante»: «Cada geração tem de sentir a mão pesada das IDF.»

A experiência é traumática. O pai de Khaled Shtaiwi, preso com 13 anos em Novembro do ano passado, contou ao periódico que criou na sua aldeia o «dia da psicologia», porque o seu filho não é capaz de falar sobre o que se passou e porque quer ajudar todas as crianças que foram presas pelos israelitas.

Em Beit Ummar, Omar Ayyash foi preso com dez anos de idade, em Dezembro último. Agora, as crianças que brincam nas ruas da aldeia afastam-se assim que se apercebem da aproximação de soldados israelitas. Tornou-se um hábito desde que as tropas levaram Omar.

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Por seu lado, a organização Defense for Children International – Palestine (DCIP) destacou que todos os anos entre 500 e 700 menores palestinianos são processados em tribunais militares israelitas e que 85% das crianças palestinianas detidas em 2020 foram «submetidas a violência física».

Num comunicado, a DCIP afirma ter documentado 27 casos em que as crianças foram mantidas na solitária um ou dois dias, alegando as forças israelitas «objectivos de investigação». Esta prática é, segundo o organismo, uma forma de «tortura ou tratamento cruel, desumano e degradante».

Desde Outubro de 2015, a DCIP registou a 36 ordens de detenção administrativa decretadas contra menores palestinianos, dois dos quais se mantêm nesse regime.

Ainda de acordo com o organismo sediado em Genebra, em 2020, as forças israelitas mataram nove menores palestinianos na Cisjordânia ocupada, incluindo Jerusalém Oriental, e na Faixa de Gaza, seis dos quais com fogo real.

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O relatório divulgado este fim-de-semana informa que, entre os palestinianos detidos pelas forças israelitas, se incluem 854 menores e 107 mulheres, tendo sido emitidas na primeira metade do ano 680 ordens de detenção administrativa, incluindo 312 novas.

No mês de Junho foram presos 615 palestinianos, revela o texto, destacando que Maio foi de longe o mês em que se registou um maior número de detenções na primeira metade deste ano.

Então, mês de massacre contra Gaza e de múltiplas provocações sionistas no Complexo da Mesquita de al-Aqsa e em Jerusalém Oriental ocupada, as forças israelitas prenderam 3100 palestinianos, incluindo 2000 nos territórios ocupados em 1948 (actual Estado de Israel) e 677 em Jerusalém Oriental ocupada, informa a WAFA.

Vários presos em greve de fome contra a detenção administrativa

De acordo com a Comissão dos Assuntos dos Presos e ex-Presos Palestinianos, há actualmente nove presos em greve de fome nos cárceres israelitas como forma de protesto contra o regime de detenção administrativa que lhes foi aplicado.

A Comissão pediu às instâncias internacionais e regionais de defesa dos direitos humanos que pressionem as autoridades israelitas no sentido de acabar com os maus-tratos aos presos em greve de fome, que passam também pela sua reclusão na solitária.

Os presos palestinianos recorrem com frequência a esta forma de luta contra um regime de detenção ilegal, cujo fim exigem.

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De acordo com os grupos de defesa dos direitos dos prisioneiros palestinianos, há actualmente quase 550 nos cárceres israelitas detidos ao abrigo deste regime, que tem merecido ampla condenação internacional e que permite a Israel manter nas suas prisões, sem acusação ou julgamento, presos palestinianos por tempo indefinido, na medida em que o período de detenção, até seis meses, é infinitamente renovável.

A detenção, que é decretada por um comandante militar, tem por base aquilo a que Israel chama «prova secreta» – e é tão «secreta» que nem o advogado do detido tem direito a vê-la.

Alguns prisioneiros palestinianos passaram mais de uma década nas cadeias israelitas ao abrigo deste regime de «detenção», que é considerado ilegal à luz do direito internacional.

Como forma de protesto contra as suas detenções ilegais e para exigir que Israel ponha fim a esta prática, os presos palestinianos recorrem com frequência a greves de fome por tempo indeterminado.

Apesar da pressão internacional e dos protestos dos prisioneiros, as autoridades israelitas não têm dado sinais de querer acabar com este regime. Pelo contrário, tanto a comissão referida como o Centro Palestiniano de Estudos sobre Prisioneiros têm dado conta de novas ordens de detenção administrativa e de múltiplas renovações.

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Na maior parte dos casos, estavam presos ao abrigo do regime de detenção administrativa, como Hisham Abu Hawwash, de 40 anos, habitante da localidade de Dura (Cisjordânia ocupada) que se mantém há 140 dias em greve de fome e está numa situação considerada muito crítica.

Nos últimos dias, as autoridades palestinianas alertaram para o estado de saúde crítico de Abu Hawwash, responsabilizaram Telavive por aquilo que lhe possa acontecer e pediram à comunidade internacional que pressione as autoridades israelitas para o libertarem.

Também a Cruz Vermelha se mostrou preocupada com o caso, sublinhando a necessidade de tratar os reclusos com humanidade e de encontrar uma solução que evite «consequências irreversíveis» para Hawwash.

De acordo com a SPP, este domingo cerca de 500 reclusos palestinianos presos em Israel ao abrigo do regime da detenção administrativa – criticado pela ONU – declararam o boicote aos tribunais israelitas, porque «sentem que os tribunais alinham sempre com o governo militar e as suas ordens, e não os tratam com imparcialidade».

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De acordo com a comissão, há actualmente mais de 760 presos nas cadeias israelitas sem acusação ou julgamento. A detenção, decretada por um comandante militar, tem por base aquilo a que Israel chama «prova secreta», que nem o advogado do detido tem direito a ver.

Cerca de 80% dos presos palestinianos neste regime são ex-presos que já passaram anos atrás das grades, revela a Wafa.

«Semearemos alegria, vida e esperança»

Em comunicado, emitido há dias, o Ramo Penitenciário da Frente Popular para a Libertação da Palestina afirmou que «estes 30 prisioneiros, juntos, passaram quase 200 anos em detenção administrativa. Duzentos anos de cativeiro sem acusação ou julgamento por capricho dos oficiais de inteligência da ocupação».

O texto, divulgado pela Samidoun (rede de solidariedade com os presos palestinianos), sublinha que se trata de uma «pena perpétua», uma vez que muitos presos são libertados durante alguns meses e são novamente detidos. «Temos um mês de liberdade por cada ano de detenção», afirmam.

Dizem que são «alimentados pela dignidade» e querem que as autoridades israelitas saibam que, mesmo que os torturem e lhes provoquem dor, «que a nossa luta continua, e que semearemos alegria, vida e esperança, e que nossa luta pela liberdade e pela humanidade livre de tormentos não vai parar».

Leila Khaled, membro do Comité Central da FPLP e símbolo da resistência palestiniana, anunciou uma greve de fome solidária com os presos, a quem saudou por estarem «na primeira linha do confronto a este inimigo criminoso fascista».

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De acordo com a Comissão dos Assuntos dos Presos e ex-Presos, dos cerca de 4600 palestinianos actualmente presos nas cadeias israelitas, mais de 760 são reclusos sem acusação ou julgamento, cuja detenção pode ser infinitamente renovada por períodos até seis meses.

A detenção, decretada por um comandante militar, tem por base aquilo a que Israel chama «prova secreta», que nem o advogado do detido tem direito a ver.

Após o início da greve de fome, Basil Mizher, outro advogado palestiniano detido sem acusação ou julgamento, viu ser-lhe renovada a detenção administrativa por mais três meses, no passado dia 28.

Numa mensagem que Mizher escreveu no início do protesto, lida pela sua mãe numa acção solidária no campo de refugiados de Dheisheh, em Belém, o preso diz que a sua profissão é a de advogado, mas que mal se lembra dela, pois quase não a conseguiu exercer desde que se formou – foi submetido a três detenções administrativas desde que passou no exame.

Em vez de ir trabalhar, foi para a prisão, lê-se no texto divulgado pela pela Samidoun (rede de solidariedade com os presos palestinianos).

«Ou nos submetemos à opressão e à privação e aceitamos o roubo perpétuo da nossa liberdade e da nossa vida à vista do mundo, ou nos revoltamos contra a injustiça e derrubamos os muros do carcereiro com todas as ferramentas que temos», escreveu Basil Mizher a propósito da greve de fome, que é a «recusa da política de subordinação e domesticação».

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Alguns prisioneiros palestinianos passaram mais de uma década nas cadeias israelitas ao abrigo deste sistema, e é comum os presos recorrerem a greves de fome por tempo indeterminado como forma de chamar a atenção para os seus casos e fazer pressão junto das autoridades israelitas para que os libertem.

Agora, a SPP revelou também que, dos 835 palestinianos actualmente presos ao abrigo deste regime, 80 são mulheres, indica a agência Wafa.

Além disso, a organização não governamental (ONG) informou que, ao longo de 2022, as autoridades israelitas emitiram 2134 ordens de detenção administrativa, 242 das quais em Novembro (o ano passado foram 1595).

6500 palestinianos presos por Israel este ano, 490 dos quais em Novembro

Desde o início de 2022 até ao fim de Novembro, as forças israelitas prenderam 6500 palestinianos, revelou a SPP, citada pela agência turca Anadolu. Entre os detidos, contavam-se 153 mulheres e 811 menores de idade acrescentou.

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Israel prendeu 5300 palestinianos desde o início do ano

As forças de ocupação israelitas detiveram 5300 palestinianos desde o princípio deste ano, incluindo 111 mulheres e 620 menores de idade, revelou esta segunda-feira uma organização não governamental.

Forças israelitas levam homem palestiniano detido (imagem de arquivo) 
Créditos / aa.com.tr

Em comunicado, a Sociedade dos Presos Palestinianos (SPP) afirmou que, com 2353 detenções registadas, Jerusalém Oriental ocupada se situa no primeiro lugar por regiões, e que Abril foi o mês com maior número de detenções (1228 casos), noticia a agência Wafa.

A SPP condenou os ataques e raides israelitas contra cidades, aldeias e campos de refugiados na Cisjordânia ocupada para prender activistas, referindo que muitos palestinianos foram mortos, nesse processo, pelas balas do Exército.

Neste contexto, o número de execuções extrajudiciais no terreno, em 2022, é mais elevado por comparação com anos anteriores, alertou a SPP, que também questionou os bloqueios militares a localidades e campos de refugiados palestinianos, classificando-os como uma punição colectiva.

Dados da SPP sobre dentenções de palestinianos em 2022. (Clicar na imagem para a ampliar) / Wafa 

No que respeita às detenções administrativas, a organização afirmou que este ano, até à data, foram emitidas 1160. Só no mês de Agosto, foram decretadas 272, pelo que, no final de Setembro, havia cerca de 800 palestinianos nas prisões israelitas detidos sem acusação ou julgamento.

Ao abrigo deste regime, os períodos de detenção podem ser infinitamente renovados por períodos até seis meses.

A detenção, decretada por um comandante militar, tem por base aquilo a que Israel chama «prova secreta», que nem o advogado do detido tem direito a ver.

De forma reiterada, os presos palestinianos detidos sob este regime iniciam greves de fome para denunciar os seus casos e a política de detenção administrativa, exigindo a sua libertação.

Diversas instâncias das Nações Unidas têm denunciado repetidamente este regime israelita de detenção, na medida em que não faculta aos detidos palestinianos as «salvaguardas jurídicas básicas» e violam o direito internacional humanitário.

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Só no mês de Novembro, foram detidos 490 palestinianos, incluindo 76 menores e 12 mulheres, informaram, num relatório conjunto, a SPP, a Addameer, o Centro de Informação Wadi Hilweh e a Comissão dos Assuntos dos Presos e Ex-Presos Palestinianos.

No relatório mensal a que o Middle East Monitor faz referência, as quatro organizações de defesa dos direitos presos afirmaram que, no mês passado, o maior número de detenções ocorreu em Hebron (al-Khalil; 135 casos), seguida por Jerusalém (123), Ramallah (52), Jenin e Nablus.

De acordo com os grupos, há actualmente nas cadeias israelitas cerca de 4700 palestinianos presos, incluindo 34 mulheres e 150 menores.

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«A ocupação israelita e a sua administração prisional levaram a cabo o assassinato deliberado do preso Khader Adnan ao rejeitar o seu pedido de libertação, ao negligenciá-lo medicamente e ao mantê-lo na sua cela apesar da gravidade do seu estado de saúde», afirmou Shtayyeh em comunicado.

Várias facções palestinianas pronunciaram-se no mesmo sentido, responsabilizando Israel pela morte de Khader Adnan e sublinhando o crime «premeditado e a sangue-frio».

Por seu lado, o Ministério palestiniano dos Negócios Estrangeiros pediu uma investigação internacional sobre a morte do prisioneiro e instou o Tribunal Penal Internacional a incluir este caso no processo relativo aos crimes de guerra cometidos por Israel contra o povo palestiniano nos territórios ocupados.

Para denunciar «o crime que levou à morte» de Khader Adnan numa prisão israelita, foi declarada, esta terça-feira, uma greve geral que «afecta todos os aspectos da vida», tanto na Faixa de Gaza cercada como na Margem Ocidental ocupada, incluindo Jerusalém Oriental, indica a Wafa.

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Em relatórios anteriores, a SPP lembrou que esta política visa «esmagar os activistas políticos palestinianos» e se baseia num ficheiro secreto não acessível aos presos – nem sequer aos seus advogados.

Alguns prisioneiros palestinianos passaram mais de uma década nas cadeias israelitas ao abrigo deste sistema, e é comum os presos recorrerem a greves de fome por tempo indeterminado como forma de chamar a atenção para os seus casos e fazer pressão junto das autoridades israelitas para que os libertem.

A 2 de Maio último, Khader Adnan, de 44 anos, morreu na cadeia, quase três meses depois de ter iniciado uma greve de fome contra a sua detenção sem acusação ou julgamento.

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Num comunicado de imprensa, que a Wafa cita, a Comissão exigiu «acção real e tangível, no sentido de formar um comité internacional de direitos humanos que vá imediatamente às prisões da ocupação israelita, analise o crime [de detenção administrativa] em todos os seus detalhes e observe de perto o sofrimento dos detidos administrativos, que estão presos sem quaisquer acusações ou julgamentos, e vivem à mercê dos chamados oficiais dos serviços de inteligência israelitas».

«Os abusos imorais e desumanos associados à utilização desta política pela potência ocupante violam todos os princípios do direito internacional e da humanidade, e estão em contradição real com os teóricos da democracia e aqueles que afirmam ser democráticos em todo o mundo, especialmente na América e na Europa», acrescenta a nota.

De acordo com os dados divulgados em Junho último pela organização israelita de defesa dos direitos B'Tselem, em Março deste ano, Israel mantinha nas suas prisões 1017 pessoas em regime de detenção administrativa.

É preciso recuar duas décadas, até Abril de 2003, para encontrar um número mais elevado de detidos administrativos nas prisões israelitas – 1140 –, referiu a organização.

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«De acordo com a lei militar que se aplica na Cisjordânia, uma pessoa pode ser detida administrativamente durante seis meses, mas a ordem pode ser renovada, pelo que a reclusão na prática é indefinida e os detidos nunca sabem quando serão libertados», alertou a B'Tselem, outra organização israelita de defesa dos direitos humanos nos territórios ocupados.

De forma sistemática, presos administrativos entram em greve de fome por tempo indeterminado para chamar a atenção para os seus casos e forçar a sua libertação.

Em meados de Agosto, a Comissão dos Assuntos dos Presos e ex-Presos pediu à chamada comunidade internacional que quebre o silêncio em torno do «crime israelita da detenção administrativa».

Num comunicado de imprensa, divulgado pela Wafa, a Comissão exigiu «acção real e tangível, no sentido de formar um comité internacional de direitos humanos que vá imediatamente às prisões da ocupação israelita, analise o crime [de detenção administrativa] em todos os seus detalhes e observe de perto o sofrimento dos detidos administrativos, que estão presos sem quaisquer acusações ou julgamentos, e vivem à mercê dos chamados oficiais dos serviços de inteligência israelitas».

«Os abusos imorais e desumanos associados à utilização desta política pela potência ocupante violam todos os princípios do direito internacional e da humanidade, e estão em contradição real com os teóricos da democracia e aqueles que afirmam ser democráticos em todo o mundo, especialmente na América e na Europa», afirmou o organismo.

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Desde 28 de Setembro de 2000 até à data, refere a Comissão, foram detidas mais de 2600 raparigas e mulheres, incluindo quatro que deram à luz na cadeia.

32 mil ordens de detenção administrativa

No mesmo período, foram emitidas 32 mil ordens de detenção administrativa, a que Israel recorre para manter reclusos nas cadeias sem acusação nem julgamento, com base numa «prova secreta» que nem o advogado do detido pode ver.

A Comissão registou um aumento «assinalável» no recurso a este regime, amplamente condenado a nível internacional, contra o qual os presos palestinianos protestam, de forma reiterada, entrando em greve de fome por tempo indeterminado, para exigir a sua libertação e o fim da aplicação da política de detenção referida.

«De acordo com a lei militar que se aplica na Cisjordânia, uma pessoa pode ser detida administrativamente durante seis meses, mas a ordem pode ser renovada, pelo que a reclusão na prática é indefinida e os detidos nunca sabem quando serão libertados», alertou recentemente a B'Tselem, uma organização israelita de defesa dos direitos humanos nos territórios ocupados.

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A «viagem ao inferno» dos jovens palestinianos detidos por Israel

Uma comissão da ONU reafirmou denúncias expostas em vários relatórios sobre detenções de menores palestinianos por Israel – quase sempre presos de noite, algemados e vendados. É o início da «viagem ao inferno».

Um jovem palestiniano é preso na Cisjordânia, na sequência dos protestos contra a decisão norte-americana sobre Jerusalém
Créditos / palestinalibre.org

A instância, composta por especialistas independentes das Nações Unidas, expressou particular preocupação pela expansão dos colonatos e o aumento da violência dos colonos israelitas, em que se incluem ataques a crianças e às suas escolas.

Segundo se pode ler no portal oficial de notícias da ONU, na semana passada diversas organizações informaram a comissão sobre as operações nocturnas levadas a efeito pelas forças israelitas com o propósito de deter crianças e adolescentes na Cisjordânia ocupada, com «graves consequências para o seu bem-estar e gozo dos seus direitos».

«Mais de 300 crianças estão detidas no sistema militar israelita. A maioria por delitos menores, como atirar pedras e publicações nas redes sociais», assinala a comissão, que denuncia o facto de os menores serem «levados para locais desconhecidos, presos em viaturas militares e sujeitos a ameaças e abusos verbais», bem como o facto de, por vezes, serem «obrigados a assinar confissões em hebraico, uma língua que não costumam entender».

Estas preocupações reafirmam as que têm sido veiculadas, ao longo do tempo, por várias entidades, nomeadamente a Comissão dos Prisioneiros Palestinianos, órgão dependente da Autoridade Palestiniana que, em diversas ocasiões (também este ano), alertou para o facto de os menores serem torturados e sofrerem abusos nos cárceres israelitas, bem como para o facto de serem espancados, insultados e pressionados no momento da detenção.

No final de Março, um relatório publicado pelo Ministério palestiniano da Informação denunciava também esta realidade, afirmando que «95% das crianças palestinianas presas pelas autoridades israelitas foram torturadas durante a detenção».

De acordo com o relatório, até 2015 foram documentadas anualmente 700 detenções de menores palestinianos. Já em 2017, Israel prendeu 1467 crianças e adolescentes; 1063 no ano seguinte e, nos dois primeiros dois meses deste ano, 118. Entre 2000 e 2018, foram presos mais de 16 mil menores.

Uma «viagem sem fim ao inferno»

Numa peça intitulada «“Endless Trip to Hell”: Israel Jails Hundreds of Palestinian Boys a Year. These Are Their Testimonies», publicada em Março e plenamente actual, o periódico israelita Haaretz aborda esta realidade, em que as crianças, algumas com idades inferiores a 13 anos, «são detidas pela calada da noite, vendadas e algemadas, alvo de abusos e constrangidas» a confessar «crimes» que não cometeram.

A peça, que reúne testemunhos de sete jovens da Margem Ocidental ocupada com idades compreendidas entre os dez e os 15 anos, revela as diversas fases do processo de detenção, que começa nas operações nocturnas e passa pelo interrogatório, a prisão, o julgamento e a proposta de um acordo.

Na sua maioria, os jovens são presos por, alegadamente, terem atirado pedras ou queimado pneus, mas, como sublinha a advogada Farah Bayadsi o objectivo das detenções «é mais para mostrar controlo do que para aplicar a lei».

A experiência traumática é fundamentada por tudo aquilo por que as crianças passam durante uma detenção. Arrancadas de casa quando dormem, são algemadas e vendadas, levadas em veículos militares para colonatos e bases israelitas, passando por todo um processo que envolve intimidação, ameaças, agressões físicas, afastamento da família e pressão para «confessar».


O nível de brutalidade varia. Khaled Mahmoud Selvi, preso quando tinha 15 anos, foi levado para a prisão e despido (o que, de acordo com o jornal, ocorre em 55% dos casos), tendo sido obrigado a permanecer dez minutos nu, em pé, durante o Inverno.

De acordo com os dados recolhidos pela organização não governamental (ONG) British-Palestinian Military Court Watch, 97% dos jovens palestinianos detidos pelas forças militares israelitas (IDF) vivem em pequenas localidades a menos de dois quilómetros de um colonato.

O advogado Gerard Horton, da ONG referida, afirma que a ideia é «assustar toda a aldeia» e que se trata de um «instrumento eficaz» para controlar uma comunidade. Acrescenta que, do ponto de vista dos ocupantes e opressores, a pressão «tem de ser constante»: «Cada geração tem de sentir a mão pesada das IDF.»

A experiência é traumática. O pai de Khaled Shtaiwi, preso com 13 anos em Novembro do ano passado, contou ao periódico que criou na sua aldeia o «dia da psicologia», porque o seu filho não é capaz de falar sobre o que se passou e porque quer ajudar todas as crianças que foram presas pelos israelitas.

Em Beit Ummar, Omar Ayyash foi preso com dez anos de idade, em Dezembro último. Agora, as crianças que brincam nas ruas da aldeia afastam-se assim que se apercebem da aproximação de soldados israelitas. Tornou-se um hábito desde que as tropas levaram Omar.

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Incitação racista, tortura, execuções lentas

No relatório agora publicado, a Comissão dos Assuntos dos Presos e ex-Presos Palestinianos refere-se ainda ao recurso à tortura nos cárceres israelitas, bem como aos assassinatos e às «execuções lentas» por falta de cuidados médicos.

Denuncia igualmente a «escalada de casos de opressão, abuso e incitação racista» contra os presos palestinianos.

De acordo com o organismo, estão actualmente detidos em cadeias israelitas, nos territórios ocupados em 1948, cerca de 5200 palestinianos. Destes, 38 são mulheres e 170 são menores de idade.

Há ainda mais de 1250 presos palestinianos em regime de detenção administrativa e 700 reclusos doentes, 24 dos quais com enfermidades oncológicas.

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Num comunicado posterior, as Brigadas al-Qassam afirmaram ter capturado «mais de 35 soldados e civis israelitas do colonato sionista de Sderot».

A operação desta manhã apanhou de surpresa o Exército da ocupação, o que está a valer múltiplas críticas ao governo de Netanyahu, em Israel.

Entretanto, foi declarado o «estado de preparação para a guerra» entre as forças militares israelitas, e o ministro da Defesa, que aprovou o recrutamento de soldados na reserva, declarou o estado de emergência numa faixa de 80 quilómetros em redor da Faixa de Gaza.

A agência Wafa já deu conta de bombardeamentos israelitas contra o enclave costeiro nas últimas horas, dos quais resultaram vários mortos.

A mesma fonte refere que o Ministério palestiniano da Saúde colocou todas as unidades hospitalares do país em situação de emergência.

Bombardeamentos israelitas sobre Gaza provocam elevado número de vítimas

De acordo com as autoridades de saúde no enclave costeiro, pelo menos 198 pessoas morreram e mais de 1600 ficaram feridas (muitas das quais em estado grave) como consequência dos bombardeamentos israelitas contra a Faixa e Gaza ao longo do dia, refere a Wafa, em retaliação contra o ataque da resistência palestiniana, esta manhã.

Por seu lado, a agência Prensa Latina refere-se à morte de uma centena de israelitas e cerca de 900 feridos, no contexto da operação de grande escala da resistência palestiniana, que ocupou diversas localidades e bases militares da ocupação próximas do enclave cercado.

Entretanto, a Wafa dá conta de vários ataques da parte de colonos e forças israelitas contra diversas localidades e bairros palestinianos na Cisjordânia e Jerusalém ocupadas, dos quais resultaram pelo menos um morto e um número indeterminado de feridos.

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Israel retaliou com a «Operação Espadas de Ferro», com ataques aéreos sobre a Faixa de Gaza sitiada e, de acordo com a última contagem do Ministério da Saúde palestiniano, 313 habitantes de Gaza morreram na ofensiva, incluindo 20 crianças, enquanto outros 1990 palestinianos ficaram feridos no enclave. Do lado israelita, foram confirmadas até à manhã de hoje cerca de 300 pessoas mortas e 1864 feridas, das quais 19 estão em estado crítico, 326 em estado grave e as restantes em estado moderado ou ligeiro. 

No ano em que se assinalam os 75 anos da Nakba (catástrofe), «mais de cinco décadas depois de Israel ocupar militarmente a totalidade do território da Palestina histórica», o MPPM lembra que a campanha de limpeza étnica que acompanhou a formação de Israel se prolonga até hoje. «Em Gaza, de onde partiu esta acção, vivem cerca de 2,2 milhões de pessoas, descendentes dessas sucessivas vagas de limpeza étnica», alerta o movimento.

Apesar de as Nações Unidas o considerarem «impróprio para sustentar a vida humana», desde 2006 que o Estado israelita impõe um «bloqueio criminoso» sobre aquele território.

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Israel «branqueia crimes» das suas forças na Grande Marcha do Retorno

Uma ONG palestiniana e outra israelita acusam Israel de ter trabalhado para «branquear a verdade» sobre os crimes cometidos pelas suas tropas durante os protestos da Grande Marcha do Retorno, em Gaza.

Manifestantes palestinianos junto à vedação com que Israel cerca a Faixa de Gaza fazem frente a uma chuva de gás lacrimogéneo disparado pelas forças israelitas, durante os protestos da Grande Marcha do Retorno 
Créditos / WAFA

Num relatório conjunto, o Centro Palestiniano para os Direitos Humanos (PCHR), sediado em Gaza, e a organização israelita B'Tselem analisam as investigações que Israel diz ter levado a cabo na sequência da repressão exercida pelas forças israelitas sobre os manifestantes que, na Faixa de Gaza, reclamaram o direito de regresso dos refugiados a suas casas.

Os protestos conhecidos como Grande Marcha do Retorno começaram a 30 de Março de 2018 e prolongaram-se por mais de um ano e meio. Pelo menos 200 palestinianos foram mortos e 13 500 ficaram feridos – seguindo os números por baixo, uma vez que outras fontes apontam para mais de 300 mortos e cerca de 18 mil feridos, várias dezenas dos quais menores.

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Centenas de palestinianos enfrentam forças de segurança israelitas em Gaza

O vento e a chuva forte que se abateram esta semana sobre Gaza não impediram centenas de manifestantes de participarem, na sexta-feira, na última manifestação de 2019 da Grande Marcha do Retorno.

Manifestantes palestinianos participam num protesto na sexta-feira perto da fronteira entre Israel e a Palestina (Faixa de Gaza), no leste da Faixa de Gaza, em 5 de Abril de 2019.
CréditosMohammed Saber

Dezenas de palestinianos foram feridos esta sexta-feira pelas forças israelitas na Faixa de Gaza, quando participavam na 86.ª manifestação da Grande Marcha do Retorno, perto da vedação com que Israel isola o território palestino, segundo o Movimento pelos Direitos do Povo Palestino e pela Paz no Médio Oriente (MPPM).

Vários dos participantes nas manifestações, segundo o MPPM, foram feridos por balas reais e revestidas de borracha, enquanto dezenas de outros sofreram de asfixia por efeito do gás lacrimogéneo disparado pelas forças de ocupação.

Centenas de manifestantes participaram nos protestos apesar das adversas condições climatéricas. A Faixa de Gaza tem sido batida por vento e chuva forte na última semana, com as inundações a porem em risco cerca de 235 mil pessoas nas áreas mais baixas da Faixa de Gaza, segundo um relatório do Gabinete das Nações Unidas para a Coordenação dos Assuntos Humanitários (OCHA) no território palestiniano ocupado.

A 30 de Março os palestinianos comemoram o Dia da Terra. Nesse dia, em 1976, no Norte de Israel, foram assassinados seis palestinianos que protestavam contra a expropriação de terras para dar lugar a aldeamentos judaicos. Cerca de 100 outras pessoas ficaram feridas e centenas foram presas durante a greve geral e as grandes manifestações de protesto que, no mesmo dia, ocorreram no território do Estado de Israel.

A 30 de Março de 2018 a comemoração atingiu uma dimensão inusitada, ao tornar a celebração deste dia como o primeiro de uma «Grande Marcha do Retorno», uma reclamação do direito de regresso dos refugiados aos seus lares – tal como prescreve a resolução 194 das Nações Unidas – à Palestina histórica, de onde mais de 700 mil pessoas foram expulsas pelas tropas israelitas em 1948, durante a chamada «catástrofe» («Nakba», em árabe).

Desde então o protesto repete-se semanalmente, violentamente reprimido pelas forças israelitas, incluindo com o recurso a snipers e fogo real directo. Como resultado, pelo menos 348 palestinos foram mortos em Gaza por fogo israelita desde o início das marchas, a maioria deles durante as manifestações, segundo uma contagem da AFP citada pelo MPPM.

Para além disso, o Ministério da Saúde de Gaza regista mais de 18 mil feridos pelas forças repressivas sionistas. Entre as baixas contam-se crianças, mulheres, muitos adolescentes, jornalistas e trabalhadores dos serviços de saúde que tentam socorrer os manifestantes.

Em Março, uma missão de averiguação da ONU concluiu que as forças israelitas cometeram violações de direitos humanos na repressão dos manifestantes em Gaza, o que pode constituir crimes de guerra.

Os organizadores da Grande Marcha do Retorno anunciaram nesta quinta-feira que os protestos seriam suspensos até Março de 2020, altura em que serão retomados, coincidindo com o seu segundo aniversário e também com o Dia da Terra palestina (30 de Março). A partir daí realizar-se-ão a um ritmo mensal.

Além do bloqueio a que sujeita a Faixa de Gaza, na última década Israel lançou três guerras de agressão contra o pequeno território palestino e dezenas de ataques de escala mais limitada, matando milhares de pessoas e causando enormes destruições de casas e infra-estruturas.

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As duas organizações não governamentais (ONG) acusam Israel de proteger os responsáveis políticos e militares, «em vez de tomar medidas contra as pessoas que conceberam e implementaram a política ilegal de atirar a matar».

Israel foi célere a anunciar que estava a investigar os protestos, sobretudo devido aos procedimentos em curso no Tribunal Penal Internacional (TPI), afirmaram as organizações numa conferência de imprensa, a que a agência WAFA faz referência.

Isso deve-se ao princípio da complementaridade do TPI, ou seja, se um Estado «estiver disposto e tiver capacidade» para realizar a investigação e a efectuar, o TPI não intervém.

No entanto, não basta declarar que uma investigação está a ser feita; ela tem de ser eficaz, dirigida às altas patentes responsáveis e conduzir a uma acção contra elas, sublinham, acrescentando que isso não ocorre neste caso.

«Uma cortina de fumo para proteger os funcionários responsáveis»

«As investigações conduzidas por Israel não são mais do que uma cortina de fumo erguida para proteger do TPI os funcionários responsáveis. Israel não quer e não consegue investigar as violações de direitos humanos perpetradas pelas suas forças durante os protestos da Grande Marcha de Retorno na Faixa de Gaza. Tendo isto em conta, cabe agora ao TPI garantir a responsabilização penal», disseram as duas organizações.

«Estas investigações – tal como as levadas a cabo pelo sistema de aplicação da lei militar noutros casos em que soldados causaram danos aos palestinianos – fazem parte do mecanismo de branqueamento de Israel, e o seu principal objectivo continua a ser silenciar as críticas externas, para que Israel possa continuar a implementar sua política sem mudanças», lê-se no portal da B'Tselem.

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EUA mudam embaixada para Jerusalém e Israel massacra manifestantes em Gaza

A mudança da embaixada norte-americana de Telavive para Jerusalém fica associada a um «Dia de Raiva» na Palestina. Na Faixa de Gaza cercada, os franco-atiradores israelitas massacram os manifestantes.

Forças militares israelitas reprimem de forma brutal protestos da Grande Marcha do Retorno em Gaza
Créditos / trtworld.com

Quando o presidente norte-americano, Donald Trump, anunciou o reconhecimento de Jerusalém como capital de Israel e a intenção de mudar a Embaixada do seu país de Telavive para essa cidade, ficou claro que tal passo constituía uma declaração de apoio ao Estado de Israel e à sua política de ocupação e repressão na Palestina, nomeadamente em Jerusalém.

Várias organizações têm denunciado o número crescente de ameaças em locais religiosos não-judaicos, na cidade, bem como a intensificação do plano de «judaização» de Jerusalém Oriental, com o aumento da construção de colonatos e a expulsão da população palestiniana de suas casas, que são muitas vezes demolidas.

Declarada por Israel como sua capital, Jerusalém tem o estatuto, reconhecido pelas Nações Unidas, de cidade ocupada, sendo Israel a potência ocupante (desde 1967). Os palestinianos querem-na como sua capital e quem apoia a solução dos «dois estados» reconhece que o Estado da Palestina tem em Jerusalém Oriental a sua capital.

Repúdio geral

Logo em Dezembro, foi generalizado o repúdio internacional pela decisão da administração norte-americana e, a 21 desse mês, materializou-se na aprovação, por esmagadora maioria, na Assembleia Geral das Nações Unidas, de uma resolução que rejeita essa decisão e insta todos os estados-membros a não estabelecerem missões diplomáticas em Jerusalém, de acordo com a resolução 478 do Conselho de Segurança, de 1980.

Esse repúdio face ao reconhecimento de Jerusalém como capital de Israel também se fez sentir no interior de Israel, onde académicos, antigos embaixadores e defensores da paz enviaram uma carta a um representante de Trump, seguntou reportou o periódico Haaretz.

Antecipação da mudança

Inicialmente, não ficou explícito que a concretização da mudança da Embaixada dos EUA para Jerusalém estaria associada ao 70.º aniversário da criação do Estado de Israel, que hoje se assinala, e que teria lugar na véspera da Nakba – a limpeza étnica levada a cabo pelas forças sionistas e pelo Estado de Israel, em que mais de 750 mil palestinianos foram expulsos das suas casas e terras –, uma «catástrofe» que todos os anos os palestinianos marcam a 15 de Maio.

Na visita que efectuou em Janeiro a Israel, o vice-presidente dos EUA, Mike Pence, afirmou que essa mudança deveria ocorrer no final de 2019. No entanto, a 23 de Fevereiro, o Departamento de Estado anunciou a antecipação da mudança para 14 de Maio, o que foi encarado pelos palestinianos como mais uma acção de «provocação».

Franco-atiradores israelitas matam dezenas em Gaza

Em protesto contra a mudança da Embaixada dos EUA para Jerusalém, os palestinianos chamaram «Dia de Raiva» a este 14 de Maio. Nos territórios ocupados da Cisjordância, há notícia de mobilizações pelo menos em Ramallah e Hebron. Mas a grande mobilização está a ter lugar na Faixa de Gaza cercada, junto às vedações que enclausuram perto de 2 milhões de palestinianos – 80% dos quais são descendentes de refugiados – no pequeno enclave.

De acordo com a PressTV, as forças militares israelitas, que reforçaram a sua presença tanto em redor de Gaza como na Margem Ocidental ocupada –, esperavam que 100 mil pessoas se manifestassem nos pontos habituais, hoje, dia da mudança da Embaixada norte-americana para Jerusalém.

«os palestinianos querem mandar a mensagem de que não se adaptaram nem se vão adaptar à condição de refugiados»

Sobre o culminar dos protestos pacíficos da Grande Marcha do Retorno, que se iniciaram a 30 de Março, o ministro israelita da Educação, Naftali Bennet, do partido de extrema-direita Lar Judaico, disse a uma rádio israelita que a vedação seria encarada como uma «Muralha de Ferro» e que quem se aproximasse dela seria tratado como um «terrorista», refere a PressTV.

A mesma fonte indica ainda que a Força Aérea israelita lançou panfletos sobre a Faixa de Gaza, ontem e hoje, para demover os manifestantes de se aproximarem da vedação, mas sem sucesso, já que estes, segundo refere a Al Jazeera, têm estado a tentar atravessá-la, «defendendo o seu direito ao regresso, ao retorno, aconteça o que acontecer».

Um membro do comité organizador da Grande Marcha do Retorno disse à Al Jazeera que, ao tentarem atravessar a vedação, «os palestinianos querem mandar a mensagem de que não se adaptaram nem se vão adaptar à condição de refugiados».

Os franco-atiradores responderam de forma brutal, matando mais de quatro dezenas de pessoas que se manifestavam perto da vedação e ferindo perto de 2000, até ao momento.

De acordo com a organização, os protestos de hoje e os que estão previstos para amanhã – dia da Nakba – devem ser os mais massivos, sendo o ponto culminante das sete semanas de mobilizações, fortemente reprimidas pelas forças israelitas, junto à vedação com a Faixa de Gaza.

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Apesar dos milhares de feridos palestinianos resultantes da política de «atirar a matar» e de mais de centena e meia ter ficado sem membros inferiores ou superiores – as tropas israelitas usaram balas explosivas, as chamadas butterfly bullets, que se expandem no contacto com o corpo, provocando danos severos nos tecidos, nos ossos, nas veias –, nenhum destes casos foi investigado.

Sem explicação, os militares decidiram investigar apenas os casos em que palestinianos foram mortos. Dos 234 casos recebidos pelos procuradores do Exército, foi completa a revisão de 143 e um deles, o da morte do adolescente Othman Hiles, de 14 anos, levou à condenação de um soldado por «abuso de autoridade ao ponto de pôr em risco a vida e a saúde». Foi condenado a um mês de serviço comunitário.

No seu portal, a B'Tselem sublinha que «a conduta de Israel respeitante à investigação dos protestos em Gaza não é nova nem surpreendente», e recorda o que se passou depois da Operação Chumbo Fundido, em 2009, e da Operação Margem Protectora, em 2014.

«Então, também, Israel desrespeitou o direito internacional, recusou-se a reformar a sua política apesar dos resultados letais e desviou as críticas prometendo investigar a sua conduta. Então, também, nada resultou dessa promessa», afirma.

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Por outro lado, entre Março de 2018 e Dezembro de 2019, uma série de manifestações pacíficas designadas Grande Marcha do Retorno foram brutalmente reprimidas pelo exército de Israel, contabilizando-se 223 mortos e mais de nove mil feridos, sob o silêncio da comunidade internacional.

«Os assaltos das forças de ocupação israelita às povoações e campos de refugiados palestinos, assim como a violência dos colonos e as prisões arbitrárias são o quotidiano com que os palestinos, homens e mulheres, jovens e menos jovens diariamente se confrontam», lembra o MPPM, salientando que, até este sábado, pelo menos 247 palestinianos, sobretudo jovens, foram mortos pelas forças israelitas e por colonos.

Neste sentido, insiste que a paz no Médio Oriente e a solução da questão palestiniana «passam necessariamente por um desenlace que respeite os direitos inalienáveis» do povo palestiniano a uma pátria livre e independente, incluindo o direito de regresso dos refugiados.

Sobre os que condenam a resistência 

O MPPM rejeita os «lamentos» daqueles que «hipocritamente condenam as acções violentas de resistência dos oprimidos e se calam desde há décadas (ou pior, colaboram) perante a violência da ocupação», e entre os quais se encontra o Governo português. «Israel tem o direito de se defender. Estes ataques nada resolverão, contribuindo apenas para piorar a situação na região. Estamos solidários com Israel e oferecemos condolências pelas vítimas.», disse o ministro João Gomes Cravinho, este sábado, na rede social X. 

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Palestina pede à ONU protecção especial para as crianças

O governo palestiniano denunciou junto da ONU o assassinato de 44 menores, este ano, por soldados israelitas. Neste contexto, reclamou protecção para a infância e a responsabilização de Telavive.

De acordo com o Ministério palestiniano da Informação, 12 mil crianças foram detidas pelos israelitas nos últimos 17 anos
Jovem palestiniano é detido pelas forças israelitas (imagem de arquivo) Créditos / addameer.org

Numa carta enviada esta segunda-feira ao secretário-geral da Organização das Nações Unidas, António Guterres, o Ministério palestiniano dos Negócios Estrangeiros pediu protecção especial urgente para as crianças palestinianas, informa a agência Wafa.

Mahmoud Samoudi, de 12 anos, foi, ontem, a vítima mortal mais recente das forças israelitas, não resistindo aos ferimentos quase duas semanas depois de ter sido atingido por uma bala no abdómen, durante uma operação militar na cidade de Jenin (Norte da Cisjordânia ocupada).

Só nos últimos dias, «Israel, a potência ocupante, matou cinco crianças e jovens palestinianos, incluindo Adel Adel Daud (14 anos), Mahdi Ladadwa (17), Mahmoud Sous (17), Fayez Khaled Damdoum (17) e Ahmad Draghmeh (19)», indica o texto das autoridades palestinianas.

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Desde 2014 que não eram mortas tantas crianças palestinianas

Até 10 de Dezembro, 86 crianças foram mortas nos territórios ocupados da Palestina, fazendo de 2021 o ano mais mortífero para elas desde 2014, segundo os registos de uma organização não governamental.

Créditos / aawasat.com

As forças israelitas mataram 76 crianças palestinianas este ano – 61 na Faixa de Gaza cercada e 15 na Cisjordânia ocupada, incluindo Jerusalém Oriental. Civis israelitas armados mataram duas crianças palestinianas na Cisjordânia, revela o relatório agora publicado pela Defense for Children International – Palestine (DCIP).

A estas 78 crianças juntam-se sete que foram mortas por foguetes disparados incorrectamente por grupos armados palestinianos na Faixa de Gaza, e uma outra que foi morta por uma munição não detonada, cujas origens a ONG não conseguiu determinar.

«Nos termos do direito internacional, a força letal intencional só se justifica em circunstâncias em que esteja presente uma ameaça directa à vida ou de ferimentos graves. No entanto, investigações e provas recolhidas pelo DCIP sugerem que as forças israelitas utilizam regularmente força letal contra crianças palestinianas em circunstâncias que podem equivaler a execuções extrajudiciais ou intencionais», lê-se relatório, traduzido pelo Movimento pelos Direitos do Povo Palestino e pela Paz no Médio Oriente – MPPM.

Quadro detalhado sobre as crianças mortas nos territórios ocupados da Palestina de 1 de Janeiro a 10 de Dezembro de 2021 / DCIP

Durante os 11 dias do ataque militar israelita à Faixa de Gaza, em Maio de 2021, naquilo que ficou conhecido como Operação Guardião dos Muros, as forças israelitas mataram 60 crianças palestinianas, segundo os dados recolhidos pela DCIP.

«Aviões de guerra israelitas e drones armados bombardearam áreas civis densamente povoadas, matando crianças palestinianas que dormiam nas suas camas, brincavam nos seus bairros, faziam compras nas lojas perto das suas casas e celebravam o Eid al-Fitr [festa no fim do Ramadão] com as suas famílias», disse Ayed Abu Eqtaish, director do programa de responsabilização da DCIP.

«A falta de vontade política da comunidade internacional para responsabilizar os funcionários israelitas garante que os soldados israelitas continuarão a matar ilegalmente crianças palestinianas com impunidade», acrescentou.

A DCIP lembra que o direito humanitário internacional proíbe ataques indiscriminados e desproporcionados, e exige que todas as partes num conflito armado façam a distinção entre alvos militares, civis e objectos civis.

O pico mais recente de assassinatos de crianças ocorrera em 2018, quando forças israelitas e colonos mataram crianças palestinianas a um ritmo médio superior a uma por semana (57). A maioria dessas mortes ocorreu durante os protestos da Marcha do Retorno, na Faixa de Gaza, refere o organismo.

Número de crianças palestinianas mortas anualmente, desde 2014, por forças israelitas e civis israelitas armados / DCIP

De acordo com os dados da DCIP, foram mortas 2196 crianças palestinianas, desde 2000, em resultado da presença de militares e de colonos israelitas nos territórios ocupados da Palestina.

A Defense for Children International – Palestine é uma das seis organizações de direitos humanos que Israel pretende silenciar, lembra o MPPM, sublinhando que a medida tem merecido a condenação generalizada a nível internacional e foi denunciada pelo MPPM a 29 de Outubro último.

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A carta afirma que as forças de ocupação estão a utilizar «a política infame de atirar a matar» – de que resultou a morte de centenas de crianças palestinianas –, ao apontarem «deliberadamente» para a parte superior dos seus corpos.

«Israel dispara deliberadamente contra os menores palestinianos com o objectivo declarado de os matar e mutilar, negando-lhes o direito à vida», lê-se no texto, sublinhando que «as crianças jamais devem ser mortas ou mutiladas», bem como a necessidade de medidas urgentes para as proteger da «escalada dos crimes israelitas».

Neste sentido, o governo palestiniano exigiu medidas contra Telavive, destacando que as «evidências dos seus crimes crescentes contra as crianças palestinianas são, sem dúvida alguma, esmagadoras», violando o direito internacional e as resoluções que constituem a base da protecção das crianças nos conflitos armados.

«A protecção das crianças é a maior obrigação moral, legal e política da humanidade», frisa o documento, no qual se pede à comunidade internacional que «ponha fim a este pesadelo intolerável que as nossas crianças vivem diariamente» e que tome medidas para responsabilizar Israel «pelos seus crimes horrendos».

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«Os que há décadas convivem com a ausência de qualquer real processo político conducente a uma solução que respeite os direitos do povo palestino, não têm autoridade moral para hoje se queixarem das tempestades que provocaram», defende o MPPM. Certo de que a violência poderá alastrar-se a todo o Médio Oriente, o movimento recorda que Israel, «com o apoio dos países "ocidentais" e em primeiro lugar dos Estados Unidos da América», é a maior potência militar da região e a única a dispor de armas nucleares.

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Em nota divulgada pelo Movimento pelos Direitos do Povo Palestino e pela Paz no Médio Oriente (MPPM), um dos organizadores da concentração que se vai realizar a 11 de Outubro, às 18h, na Praça do Martim Moniz em Lisboa, a organização defende que a segurança de todos os povos da região passa, necessariamente, «pelo respeito do direito inalienável do povo palestino a uma pátria livre e independente, incluindo o direito de regresso dos refugiados».

Já a CGTP-IN, em comunicado, denuncia «a política racista e de humilhação do Estado de Israel sobre os palestinianos» que se agravou nos últimos anos com «acções provocatórias dos sectores mais reaccionários da sociedade israelita, com a cumplicidade do governo de Netanyahu». A central sindical exprimiu ainda o seu «profundo pesar» pelas vítimas dos últimos dias.

«Uma situação que só se mantém e agrava pelo incumprimento das dezenas de resoluções da ONU e pela manutenção e aprofundamento da política de ocupação e genocídio que, desde 1948, reprime e oprime o povo palestiniano», nomeadamente através da ocupação de terras, da expansão de colonatos e de crimes cometidos por Israel com vista à «limpeza étnica» da região.

«Recordamos a destruição de escolas e serviços públicos, o ataque e prisão arbitrária (incluindo de 1200 crianças que desde o ano 2000 conheceram as prisões israelitas), a invasão de mesquitas, nomeadamente de Al-Aqsa, a destruição e inutilização de água potável e terrenos agrícolas, a manutenção do bloqueio e cerco de Israel a Gaza desde 2007 – onde os mais de dois milhões de palestinianos aí residentes permanecem encarcerados e sujeitos às maiores privações e à violação dos seus direitos mais básicos».

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Continua o massacre israelita de Gaza

No sábado, a resistência palestiniana quebrou a vedação que cerca o enclave e lançou uma ofensiva contra os territórios ocupados em 1948. Desde então, a aviação israelita matou mais de 430 palestinianos.

Edifícios arrasados na Faixa de Gaza após os bombardeamentos israelitas das últimas 48 horas 
Créditos / @QudsNen

De acordo com os dados divulgados pelo Ministério palestiniano da Saúde esta manhã, os bombardeamentos indiscriminados na Faixa de Gaza, conhecida como «a maior prisão a céu aberto», provocaram a morte a 436 pessoas, incluindo 91 menores, e fizeram 2271 feridos, 244 dos quais crianças.

Nas últimas horas, a aviação da ocupação lançou centenas de raides contra o enclave costeiro, onde vivem mais de dois milhões de pessoas, atingindo edifícios residenciais, infra-estruturas oficiais e civis, bem como edifícios religiosos, tendo destruído pelo menos duas mesquitas, indica a agência Wafa.

Só no sábado, os bombardeamentos israelitas provocaram 300 mortos, o que, segundo destaca o portal The Cradle, é o número mais elevado de palestinianos mortos em ataques aéreos da ocupação num só dia desde 2008.

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MPPM. Só haverá paz quando forem reconhecidos os direitos do povo palestiniano

Enquanto se mantiver a ocupação colonial e a violência das forças militares e dos colonos, não haverá paz, alerta o Movimento pelos Direitos do Povo Palestino e pela Paz no Médio Oriente (MPPM). 

CréditosMohammed Saber / EPA

O MPPM reage assim às acções desencadeadas em Gaza e em Israel na madrugada deste sábado. Eram 4h30 em Lisboa (6h30 no local), quando militantes de organizações da resistência palestiniana lançaram, a partir da Faixa de Gaza, um ataque de surpresa, em larga escala, contra Israel, no que apelidaram de «Operação Dilúvio Al-Aqsa». 

Segundo as organizações, a acção foi uma resposta à profanação da Mesquita de Al-Aqsa e ao aumento da violência dos colonos, e confirma, insiste o MPPM num comunicado, «que não é possível ter uma situação de paz na Palestina e, por consequência, no Médio Oriente, continuando a espezinhar os legítimos direitos do povo palestino e persistindo em manter a ocupação colonial e a violência das forças militares e dos colonos».

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Resistência palestiniana unida em torno da operação contra Israel

Diversos grupos da resistência declararam o apoio à operação lançada contra Israel, esta manhã, a partir da Faixa de Gaza, sublinhando que faz parte da luta de libertação nacional.

Um palestiniano tira uma fotografia junto a um tanque israelita destruído, a 7 de Outubro de 2023 
Créditos / @bcarloscarvalho

«Fazemos parte desta batalha e os nossos combatentes estão lado a lado com os seus irmãos nas Brigadas al-Qassam (ala militar do Hamas) até à vitória», afirmou em comunicado Abu Hamza, porta-voz das Brigadas de al-Quds, braço militar da Jihad Islâmica.

Em termos semelhantes, refere a Prensa Latina, se pronunciaram as Brigadas al-Nasser Salah al-Din, do Movimento de Resistência Popular: «Unidos numa trincheira neste dia glorioso do nosso povo.»

Por seu lado, as Brigadas de Resistência Nacional anunciaram que os seus membros se juntaram à operação, lançada esta manhã pelo Hamas, que incluiu o lançamento de milhares de rockets e uma incursão terrestre em território ocupado em 1948.

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Colonos e forças israelitas matam quatro palestinianos na Cisjordânia

Atingido por disparos de colonos na cidade de Huwara, Labib Dumaidi, de 19 anos, é a mais recente das quatro vítimas mortais na Margem Ocidental ocupada, revelou o Ministério da Saúde.

Forças israelitas nas imediações da cidade de Tulkarem, onde ontem mataram dois palestinianos 
CréditosZain Jaafar / Al Jazeera

De acordo com a informação divulgada pelo Ministério, Labib Mohammed Dumaidi ficou gravemente ferido durante um ataque de colonos, ontem à noite, na cidade de Huwara, a sul de Nablus. Levado para um hospital, não resistiu aos ferimentos, já nas primeiras horas de sexta-feira.

Residentes de Huwara tentaram fazer frente à provocação levada a cabo por dezenas de colonos, protegidos por forças militares israelitas, indica a Wafa.

Registaram-se fortes confrontos e as tropas israelitas usaram fogo real, gás lacrimogéneo e granadas atordoantes para dispersar os palestinianos.

Fontes do Crescente Vermelho Palestiniano informaram que pelo menos 25 pessoas, incluindo quatro crianças, sofreram efeitos de asfixia devido à inalação de gás lacrimogéneo.

Também em Huwara, as forças israelitas mataram, ontem à tarde, outro palestiniano, cuja identidade ainda não foi revelada.

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Ministro israelita das Finanças defende a «aniquilação» de terra palestiniana

Dias depois de colonos extremistas terem invadido e atacado Huwara, Bezalel Smotrich afirmou que Israel deve «aniquilar» a localidade palestiniana no Norte da Cisjordânia ocupada.

Vista aérea de uma zona destruída pelos colonos israelitas em Huwara, perto de Nablus, no domingo à noite  
Créditos / PressTV

«Penso que Huwara precisa de ser destruída», disse o ministro israelita das Finanças, Bezalel Smotrich, esta quarta-feira, defendendo que «o Estado devia fazê-lo e não cidadãos privados», refere a PressTV com base na imprensa israelita.

As declarações do ministro de extrema-direita do governo de Benjamin Netanyahu seguem-se ao ataque perpetrado contra a localidade palestiniana, no domingo à noite, por centenas de colonos armados.

Tratou-se da «resposta» à morte de dois israelitas de um colonato ilegal, executados por um atacante palestiniano de Huwara. Este ataque, por sua vez, seguiu-se ao massacre de Nablus, em que as forças de ocupação israelitas mataram 11 palestinianos e feriram mais de cem.

No domingo à noite, os colonos queimaram pelo menos 150 carros, 52 casas e várias lojas. Uma pessoa foi morta e o número de feridos palestinianos é superior a 390, indica a agência Wafa.

Grupos israelitas de defesa dos direitos humanos como Peace Now e B’Tselem referiram-se ao ataque dos colonos como um «pogrom» apoiado pelas autoridades de ocupação.

Por seu lado, o Crescente Vermelho palestiniano acusou as forças israelitas de impedirem as ambulâncias e os paramédicos de acederem ao local do ataque, a poucos quilómetros de Nablus.

No Knesset, a extrema-direita israelita considerou os ataques a Huwara «legítimos».

OLP classifica Smotrich como «terrorista racista» e AP pede ajuda internacional

Hussein al-Sheikh, da Comissão Executiva da Organização para a Libertação da Palestina (OLP), afirmou, no Twitter, que as afirmações de Smotrich para apagar Huwara do mapa são o apelo de um «racista terrorista».

Também o primeiro-ministro da Autoridade Palestiniana (AP), Mohammad Shtayyeh, se referiu às afirmações do ministro israelita como «terroristas» e «racistas», e alertou para o facto de que «fazem prever uma escalada séria» contra o povo palestiniano nos territórios ocupados.

Um homem no meio de carros incendiados em Huwara / Al Mayadeen

Neste sentido, pediu às Nações Unidas, à União Europeia e demais organizações internacionais que condenem as declarações de Smotrich. Antes, já tinha pedido ajuda internacional «contra os crimes de Israel».

Parlamento Árabe condena violência dos colonos

O Parlamento (da Liga) Árabe, com sede no Cairo, condenou esta quarta-feira os ataques executados por colonos israelitas contra o povo palestiniano na Cisjordânia ocupada, referindo-se em especial ao assalto à localidade de Huwara.

Perante os ataques terroristas sistemáticos dos colonos contra cidadãos indefesos, com armas de fogo, incêndios de casas e viaturas, expulsão de agricultores, assassinatos e outros crimes, exortou o mundo e em especial o Conselho de Segurança da ONU a adoptar medidas para proteger o povo palestiniano.

Antes, a Liga Árabe já tinha proposto que as milícias de colonos passem a ser incluídas na lista de grupos terroristas.

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Na parte da manhã, as forças israelitas já tinham matado dois palestinianos, identificados como Hudhayfah Fares, de 27 anos, e Abd al-Rahman Atta, de 23, na aldeia de Shufa, na sequência de um ataque de colonos a viaturas na região de Tulkarem.

De acordo com as Nações Unidas, 2023 está a ser o ano mais mortífero para os palestinianos na Margem Ocidental desde que há registo de fatalidades provocadas pelas forças de ocupação.

Rudeineh: a ocupação israelita pisou todas as linhas vermelhas

Nabil Abu Rudeineh, porta-voz da Presidência palestiniana, disse à imprensa que a ocupação israelita pisou todas as linhas vermelhas, com a sua insistência na política de assassinatos e incursões em cidades, aldeias e acampamentos palestinianos.

Numa entrevista à Palestine TV, o representante da Presidência responsabilizou o governo israelita e a administração norte-americana pelos «crimes perigosos perpetrados pela ocupação e os seus colonos por todo o território palestiniano», os mais recentes dos quais nas imediações de Nablus e Tulkarem, refere a Wafa.

Apesar da «guerra implacável» que a ocupação israelita está a travar contra o povo palestiniano «à vista de todo o mundo», o responsável afirmou que isso não irá impedir «o nosso povo de prosseguir a sua luta legítima» até à «criação do seu Estado independente, com Jerusalém como capital».

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Na Cisjordânia, a Cova dos Leões, um dos grupos da resistência mais activos, fez um apelo à mobilização geral dos seus membros, bem como ao «ataque imediato em todos os lugares contra as forças de ocupação e os seus colonos».

Com base em fontes israelitas, a agência Prensa Latina indica que o Exército de ocupação deu conta de combates em 21 locais no Sul de Israel, na sequência da operação palestiniana – embora tenha posteriormente reduzido esse número para sete.

Resposta aos sistemáticos crimes israelitas

Ao anunciar a ofensiva desta manhã (às 7h locais), o comandante das Brigadas al-Qassam, Muhammad al-Deif, disse que o grupo palestiniano disparou para território israelita 5000 rockets.

Al-Deif afirmou que a operação é uma resposta aos sistemáticos crimes israelitas contra o povo palestiniano e a profanação contínua por colonos judeus da mesquita de al-Aqsa, em Jerusalém, e ocorre num contexto de escalada de agressões, da parte de colonos e forças israelitas, em Jerusalém Oriental e na Cisjordânia ocupada.

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Israel deteve 135 mil palestinianos nos últimos 23 anos

A Comissão dos Assuntos dos Presos e ex-Presos Palestinianos registou mais de 135 mil casos de detenções, pelas forças de ocupação israelitas, desde o início da Intifada de al-Aqsa, em 2000.

Um jovem palestiniano é preso na Cisjordânia, na sequência dos protestos contra a decisão norte-americana sobre Jerusalém
Créditos / palestinalibre.org

Num relatório emitido por ocasião do 23.º aniversário do início da Segunda Intifada ou Intifada de al-Aqsa (28 de Setembro de 2000), a Comissão dos Assuntos dos Presos e ex-Presos Palestinianos sublinha que as detenções levadas a cabo pelas forças israelitas afectaram todas as camadas da sociedade, e não deixaram de parte menores de idade, idosos e mulheres.

Dos mais de 135 mil casos registados pelo organismo, 21 mil dizem respeito a menores, indica o relatório – divulgado pela Wafa –, que dá conta da detenção de metade dos deputados do Conselho Legislativo Palestiniano (Parlamento), de vários ministros, centenas de académicos, jornalistas e funcionários de organizações da sociedade civil e instituições internacionais.

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Número recorde de presos palestinianos ao abrigo da detenção administrativa

Israel mantém nas suas prisões 1264 palestinianos sem acusações nem julgamento, o número mais elevado em 30 anos, revelou a ONG Hamoked.

Protesto contra a detenção administrativa em 2021 
Créditos / palestine-studies.org

Desde a Primeira Intifada (1987-1993) que não havia tantos palestinianos detidos ao abrigo da polémica norma, alertou a organização não governamental este fim-de-semana, com base nos dados dos serviços prisionais.

Jessica Montell, directora executiva da Hamoked, organização israelita que presta assistência jurídica gratuita aos palestinianos que vivem sob a ocupação, afirmou que a detenção administrativa é «massiva e arbitrária» e que Israel mantém nesse regime, sem acusação nem julgamento, mais de 1200 palestinianos, «alguns dos quais durante anos sem uma revisão eficaz».

Ao abrigo deste regime, a detenção, decretada por um comandante militar, com base naquilo a que Israel chama «prova secreta» – que nem o advogado do detido tem direito a ver –, pode ser infinitamente renovada por períodos até seis meses.

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Nove presos palestinianos mantêm protesto contra a detenção administrativa

A Sociedade dos Presos Palestinianos (SPP) revelou, este domingo, que nove presos palestinianos sem acusação ou julgamento continuam em greve de fome por tempo indeterminado.

Cárcere israelita de Gilboa 
Créditos / Al Mayadeen

Os presos Kayed al-Fasfous e Sultan Khlouf iniciaram o protesto contra a detenção administrativa há 19 dias. Por seu lado, Osama Darkouk encontra-se em greve de fome há 15 dias.

Outros seis reclusos palestinianos em cadeias israelitas estão em greve de fome há 12 dias: Hadi Nazzal, Mohammad Taysir Zakarneh, Anas Kmail, Abdelrahman Baraka, Mohammad Basem Ikhmis e Zuhdi Abdo, informa a agência Wafa, com base na SPP.

Na semana passada, a Comissão dos Assuntos dos Presos e ex-Presos pediu à chamada comunidade internacional que quebre o silêncio em torno do «crime israelita da detenção administrativa», que permite manter na cadeia presos sem acusação ou julgamento, numa clara violação das normas internacionais.

Ao abrigo deste regime, a detenção, decretada por um comandante militar, com base naquilo a que Israel chama «prova secreta» – que nem o advogado do detido tem direito a ver –, pode ser infinitamente renovada por períodos até seis meses.

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Presos palestinianos em greve de fome contra a detenção administrativa

A Sociedade dos Presos Palestinianos (SPP) revelou, esta segunda-feira, que quatro presos palestinianos sem acusação ou julgamento tinham iniciado há nove dias uma greve de fome por tempo indeterminado.

Acção de solidariedade com os presos palestinianos, a 5 de Dezembro de 2022 
CréditosAli Jadallah / Anadolu

Em comunicado divulgado pela Wafa, a SPP indicou que Anas Ibrahim Shadid, de 26 anos, Mahmoud Abdel Halim Talahma, de 32, Abdullah Mohammad Abido, de 36, e Mohammad Ahmad Dandis, de 25, iniciaram o protesto para denunciar a sua detenção sem acusação ou julgamento.

Acrescentou que todos os detidos estão na cadeia israelita de Ofer, perto de Ramallah, e são originários da província de Hebron (al-Khalil), no Sul da Cisjordânia ocupada.

A organização de defesa dos direitos dos presos informa que Shadid foi preso três vezes, sempre no regime de detenção administrativa, tendo passado, no total, três anos atrás das grades. Durante esses períodos, levou a cabo duas greves de fome, uma delas com a duração de 90 dias, em 2016.

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«Ou nos submetemos ou nos revoltamos»: 30 presos palestinianos continuam em luta

Os prisioneiros iniciaram uma greve de fome, há uma semana, para exigir a sua libertação e denunciar um regime de detenção que permite mantê-los na cadeia sem acusação ou julgamento.

Imagem de um comício da Frente Popular para a Libertação da Palestina (FPLP), força de esquerda hoje considerada «terrorista» por Israel e cujos militantes são perseguidos
Imagem de um comício da Frente Popular para a Libertação da Palestina (FPLP) Créditos / pflp.pl

O protesto dos trinta presos palestinianos, membros e simpatizantes da Frente Popular para a Libertação da Palestina (FPLP), completou uma semana sem solução aparente à vista, tendo em conta a inflexibilidade das autoridades de Telavive.

Em comunicado, a Sociedade dos Presos Palestinianos (SPP) anunciou que os serviços prisionais israelitas têm estado a ameaçar com castigos os reclusos que lutam contra o regime de detenção administrativa. Entre as punições, contam-se privá-los de visitas, retirar-lhes os seus pertences e isolá-los em celas de castigo.

Nesta primeira semana de protesto, os serviços prisionais israelitas colocaram 28 dos grevistas em quatro celas de isolamento na prisão de Ofer, informa a Wafa com base no documento divulgado pelo SPP.

Um outro, o advogado Salah Hammouri, foi metido na solitária numa cadeia no Norte de Israel, enquanto Ghassan Zawahreh foi levado para uma cela de isolamento numa prisão localizada no Deserto do Neguev (al-Naqab).

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Trinta presos palestinianos em protesto contra a detenção administrativa

Os prisioneiros, em cadeias israelitas, iniciaram uma greve de fome por tempo indeterminado contra um regime que permite mantê-los detidos sem acusação ou julgamento, por períodos renováveis de seis meses.

Familiares de presos palestinianos em cadeias israelitas mostram cartazes numa concentração em Ramallah, na Cisjordânia ocupada, em Setembro de 2021 
Créditos / Al Jazeera

O início do protesto, este domingo, por parte de prisioneiros que são membros ou apoiantes da Frente Popular para a Libertação da Palestina (FPLP), foi confirmado pela Comissão dos Assuntos dos Presos e ex-Presos.

Em declarações à agência Wafa, Hassan Abed Rabbo, porta-voz da comissão, disse que os presos decidiram avançar contra uma política que permite a Israel manter nas suas prisões, sem acusação ou julgamento, presos palestinianos por tempo indefinido, na medida em que o período de detenção, até seis meses, é infinitamente renovável.

Numa mensagem divulgada há alguns dias, os presos sublinharam que a luta contra o regime de detenção administrativa continua e denunciaram que as medidas tomadas pelas autoridades prisionais israelitas «já não se baseiam em obsessões de segurança, mas são actos de vingança devido ao seu passado».

Qadri Abu Baker, líder da Comissão dos Assuntos dos Presos e ex-Presos, disse à Wafa que, na próxima quinta-feira, mais 50 presos se devem juntar à greve de fome, para denunciar o regime de detenção administrativa a que são submetidos e a escalada por parte de Israel no que respeita a este procedimento.

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Israel decretou 1595 ordens de detenção administrativa contra palestinianos em 2021

O maior número de detenções administrativas – sem julgamento ou acusação – foi decretado em Maio, quando Israel lançou uma ofensiva de 11 dias contra a Faixa de Gaza.

Familiares e apoiantes de preso Hisham Abu Hawwash protestaram este domingo na localidade de Dura, a oeste de al-Khalil (Hebron), na Cisjordânia ocupada 
Créditos / PressTV

A Sociedade dos Presos Palestinianos (SPP) revelou, este domingo, que o número divulgado diz respeito tanto a novas ordens como à renovação de ordens já emitidas nos territórios ocupados, pelas autoridades israelitas.

No documento apresentado, o organismo lembra que política de detenção administrativa visa «esmagar os activistas políticos palestinianos» e se baseia num ficheiro secreto não acessível aos presos – nem sequer aos seus advogados –, que são mantidos na cadeia sem acusação ou julgamento, informa a WAFA.

O maior número de ordens de detenção administrativa foi emitido em Maio último, quando a Israel lançou uma ofensiva de 11 dias contra a Faixa de Gaza, explicou a organização de defesa dos presos, acrescentado que, ao longo do ano, 60 prisioneiros recorreram à greve de fome com o propósito de reconquistar a liberdade.

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Presos palestinianos continuam protesto contra a detenção administrativa

Uma comissão de apoio aos prisioneiros revelou que 13 palestinianos permaneciam em greve de fome nas cadeias, este domingo, contra o regime que permite mantê-los reclusos sem acusação ou julgamento.

Um grupos de palestinianos solidários com os seus compatriotas presos nas cadeias israelitas mostram-se numa prisão a fingir 
Créditos / WAFA

Num comunicado ontem emitido, a Comissão dos Assuntos dos Presos e ex-Presos Palestinianos informou que o prisioneiro Salem Ziadat, de 40 anos, é, dos 13 que continuavam o protesto, aquele que está em greve de fome há mais tempo, permanecendo em jejum há 28 dias contra a sua detenção administrativa, sem acusação ou julgamento, revelou a agência WAFA.

A Comissão informou ainda que o número de reclusos palestinianos em greve de fome até ontem era de 15, mas que Mohammad Khaled Abusill e Ahmad Abdulrahman Abusill tinham chegado a um acordo com o Serviço Prisional Israelita no que respeita à «limitação» da chamada detenção administrativa.

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Israel prendeu 5426 palestinianos na primeira metade do ano

Grupos de defesa dos presos apresentaram um relatório sobre o primeiro semestre de 2021. Nas cadeias israelitas, há actualmente 4850 palestinianos, 540 dos quais ao abrigo da «detenção administrativa».

Os palestinianos estão a ser detidos em aldeias e cidades dos territórios ocupados em 1948 por terem apoiado Gaza 
As forças israelitas prenderam mais palestinianos no primeiro semestre deste ano do que em todo o ano de 2020 Créditos / Middle East Monitor

Entre os palestinianos que se encontram nos cárceres de Israel, contam-se 43 mulheres e 225 menores, segundo o documento conjunto divulgado este fim-de-semana pela Comissão dos Assuntos dos Presos e ex-Presos Palestinianos, a Sociedade dos Presos Palestinianos, a Addameer e o Centro de Informação Wadi Hilweh.

Os organismos referidos precisaram que 12 presos são membros do Conselho Legislativo Palestiniano (Parlamento), 70 são provenientes dos territórios ocupados em 1948, 350 são originários de Jerusalém ocupada e 240 da Faixa de Gaza cercada.

O informe destaca a existência de 540 prisioneiros palestinianos em detenção administrativa, sem acusação formada ou julgamento, por períodos de seis meses indefinidamente renováveis.

Quase 5500 detidos em seis meses

No que respeita a detenções, os organismos de defesa dos presos revelaram que Israel prendeu 5426 palestinianos entre 1 de Janeiro e 30 de Junho deste ano – um número superior a todas as detenções efectuadas pelas forças israelitas em 2020 e registadas por estas organizações: 4636.

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Forças israelitas prenderam 230 menores palestinianos desde Janeiro

Por ocasião do Dia da Criança Palestiniana, que se assinala a 5 de Abril, a Comissão dos Assuntos dos Presos e ex-Presos Palestinianos revelou também que 140 menores permanecem em cadeias israelitas.

Um soldado israelita detém um rapaz palestiniano, juntamente com outros quatro, perto do posto avançado de Havot Maon, na Margem Ocidental ocupada, a 11 de Março de 2021 
Créditos / Anadolu

Os menores palestinianos, alguns dos quais crianças, continuam a ser alvo das forças militares israelitas, que os prendem, muitas vezes de forma violenta, nos territórios ocupados.

De acordo com um relatório publicado este domingo pela Sociedade dos Prisioneiros Palestinianos, pelo menos 230 foram detidos desde o início do ano, a maioria dos quais em Jerusalém Oriental ocupada.

O grupo de defesa dos direitos dos presos sublinhou que «as crianças encarceradas são submetidas a vários tipos de abusos, incluindo «a recusa de comida e de bebida por longas horas, abuso verbal e a detenção em condições duras».

O informe veio a lume na véspera do Dia da Criança Palestiniana, que se assinala a 5 de Abril, com actividades culturais, educativas e mediáticas que, refere a PressTV, visam reforçar a consciência sobre o sofrimento dos menores palestinianos.

Detenção administrativa e maus-tratos

Também no âmbito do Dia da Criança Palestiniana, a Comissão dos Assuntos dos Presos e ex-Presos Palestinianos revelou que 140 menores permanecem em cadeias israelitas, incluindo dois que se encontram presos ao abrigo do regime de detenção administrativa.

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A «viagem ao inferno» dos jovens palestinianos detidos por Israel

Uma comissão da ONU reafirmou denúncias expostas em vários relatórios sobre detenções de menores palestinianos por Israel – quase sempre presos de noite, algemados e vendados. É o início da «viagem ao inferno».

Um jovem palestiniano é preso na Cisjordânia, na sequência dos protestos contra a decisão norte-americana sobre Jerusalém
Créditos / palestinalibre.org

A instância, composta por especialistas independentes das Nações Unidas, expressou particular preocupação pela expansão dos colonatos e o aumento da violência dos colonos israelitas, em que se incluem ataques a crianças e às suas escolas.

Segundo se pode ler no portal oficial de notícias da ONU, na semana passada diversas organizações informaram a comissão sobre as operações nocturnas levadas a efeito pelas forças israelitas com o propósito de deter crianças e adolescentes na Cisjordânia ocupada, com «graves consequências para o seu bem-estar e gozo dos seus direitos».

«Mais de 300 crianças estão detidas no sistema militar israelita. A maioria por delitos menores, como atirar pedras e publicações nas redes sociais», assinala a comissão, que denuncia o facto de os menores serem «levados para locais desconhecidos, presos em viaturas militares e sujeitos a ameaças e abusos verbais», bem como o facto de, por vezes, serem «obrigados a assinar confissões em hebraico, uma língua que não costumam entender».

Estas preocupações reafirmam as que têm sido veiculadas, ao longo do tempo, por várias entidades, nomeadamente a Comissão dos Prisioneiros Palestinianos, órgão dependente da Autoridade Palestiniana que, em diversas ocasiões (também este ano), alertou para o facto de os menores serem torturados e sofrerem abusos nos cárceres israelitas, bem como para o facto de serem espancados, insultados e pressionados no momento da detenção.

No final de Março, um relatório publicado pelo Ministério palestiniano da Informação denunciava também esta realidade, afirmando que «95% das crianças palestinianas presas pelas autoridades israelitas foram torturadas durante a detenção».

De acordo com o relatório, até 2015 foram documentadas anualmente 700 detenções de menores palestinianos. Já em 2017, Israel prendeu 1467 crianças e adolescentes; 1063 no ano seguinte e, nos dois primeiros dois meses deste ano, 118. Entre 2000 e 2018, foram presos mais de 16 mil menores.

Uma «viagem sem fim ao inferno»

Numa peça intitulada «“Endless Trip to Hell”: Israel Jails Hundreds of Palestinian Boys a Year. These Are Their Testimonies», publicada em Março e plenamente actual, o periódico israelita Haaretz aborda esta realidade, em que as crianças, algumas com idades inferiores a 13 anos, «são detidas pela calada da noite, vendadas e algemadas, alvo de abusos e constrangidas» a confessar «crimes» que não cometeram.

A peça, que reúne testemunhos de sete jovens da Margem Ocidental ocupada com idades compreendidas entre os dez e os 15 anos, revela as diversas fases do processo de detenção, que começa nas operações nocturnas e passa pelo interrogatório, a prisão, o julgamento e a proposta de um acordo.

Na sua maioria, os jovens são presos por, alegadamente, terem atirado pedras ou queimado pneus, mas, como sublinha a advogada Farah Bayadsi o objectivo das detenções «é mais para mostrar controlo do que para aplicar a lei».

A experiência traumática é fundamentada por tudo aquilo por que as crianças passam durante uma detenção. Arrancadas de casa quando dormem, são algemadas e vendadas, levadas em veículos militares para colonatos e bases israelitas, passando por todo um processo que envolve intimidação, ameaças, agressões físicas, afastamento da família e pressão para «confessar».


O nível de brutalidade varia. Khaled Mahmoud Selvi, preso quando tinha 15 anos, foi levado para a prisão e despido (o que, de acordo com o jornal, ocorre em 55% dos casos), tendo sido obrigado a permanecer dez minutos nu, em pé, durante o Inverno.

De acordo com os dados recolhidos pela organização não governamental (ONG) British-Palestinian Military Court Watch, 97% dos jovens palestinianos detidos pelas forças militares israelitas (IDF) vivem em pequenas localidades a menos de dois quilómetros de um colonato.

O advogado Gerard Horton, da ONG referida, afirma que a ideia é «assustar toda a aldeia» e que se trata de um «instrumento eficaz» para controlar uma comunidade. Acrescenta que, do ponto de vista dos ocupantes e opressores, a pressão «tem de ser constante»: «Cada geração tem de sentir a mão pesada das IDF.»

A experiência é traumática. O pai de Khaled Shtaiwi, preso com 13 anos em Novembro do ano passado, contou ao periódico que criou na sua aldeia o «dia da psicologia», porque o seu filho não é capaz de falar sobre o que se passou e porque quer ajudar todas as crianças que foram presas pelos israelitas.

Em Beit Ummar, Omar Ayyash foi preso com dez anos de idade, em Dezembro último. Agora, as crianças que brincam nas ruas da aldeia afastam-se assim que se apercebem da aproximação de soldados israelitas. Tornou-se um hábito desde que as tropas levaram Omar.

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Por seu lado, a organização Defense for Children International – Palestine (DCIP) destacou que todos os anos entre 500 e 700 menores palestinianos são processados em tribunais militares israelitas e que 85% das crianças palestinianas detidas em 2020 foram «submetidas a violência física».

Num comunicado, a DCIP afirma ter documentado 27 casos em que as crianças foram mantidas na solitária um ou dois dias, alegando as forças israelitas «objectivos de investigação». Esta prática é, segundo o organismo, uma forma de «tortura ou tratamento cruel, desumano e degradante».

Desde Outubro de 2015, a DCIP registou a 36 ordens de detenção administrativa decretadas contra menores palestinianos, dois dos quais se mantêm nesse regime.

Ainda de acordo com o organismo sediado em Genebra, em 2020, as forças israelitas mataram nove menores palestinianos na Cisjordânia ocupada, incluindo Jerusalém Oriental, e na Faixa de Gaza, seis dos quais com fogo real.

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O relatório divulgado este fim-de-semana informa que, entre os palestinianos detidos pelas forças israelitas, se incluem 854 menores e 107 mulheres, tendo sido emitidas na primeira metade do ano 680 ordens de detenção administrativa, incluindo 312 novas.

No mês de Junho foram presos 615 palestinianos, revela o texto, destacando que Maio foi de longe o mês em que se registou um maior número de detenções na primeira metade deste ano.

Então, mês de massacre contra Gaza e de múltiplas provocações sionistas no Complexo da Mesquita de al-Aqsa e em Jerusalém Oriental ocupada, as forças israelitas prenderam 3100 palestinianos, incluindo 2000 nos territórios ocupados em 1948 (actual Estado de Israel) e 677 em Jerusalém Oriental ocupada, informa a WAFA.

Vários presos em greve de fome contra a detenção administrativa

De acordo com a Comissão dos Assuntos dos Presos e ex-Presos Palestinianos, há actualmente nove presos em greve de fome nos cárceres israelitas como forma de protesto contra o regime de detenção administrativa que lhes foi aplicado.

A Comissão pediu às instâncias internacionais e regionais de defesa dos direitos humanos que pressionem as autoridades israelitas no sentido de acabar com os maus-tratos aos presos em greve de fome, que passam também pela sua reclusão na solitária.

Os presos palestinianos recorrem com frequência a esta forma de luta contra um regime de detenção ilegal, cujo fim exigem.

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De acordo com os grupos de defesa dos direitos dos prisioneiros palestinianos, há actualmente quase 550 nos cárceres israelitas detidos ao abrigo deste regime, que tem merecido ampla condenação internacional e que permite a Israel manter nas suas prisões, sem acusação ou julgamento, presos palestinianos por tempo indefinido, na medida em que o período de detenção, até seis meses, é infinitamente renovável.

A detenção, que é decretada por um comandante militar, tem por base aquilo a que Israel chama «prova secreta» – e é tão «secreta» que nem o advogado do detido tem direito a vê-la.

Alguns prisioneiros palestinianos passaram mais de uma década nas cadeias israelitas ao abrigo deste regime de «detenção», que é considerado ilegal à luz do direito internacional.

Como forma de protesto contra as suas detenções ilegais e para exigir que Israel ponha fim a esta prática, os presos palestinianos recorrem com frequência a greves de fome por tempo indeterminado.

Apesar da pressão internacional e dos protestos dos prisioneiros, as autoridades israelitas não têm dado sinais de querer acabar com este regime. Pelo contrário, tanto a comissão referida como o Centro Palestiniano de Estudos sobre Prisioneiros têm dado conta de novas ordens de detenção administrativa e de múltiplas renovações.

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Na maior parte dos casos, estavam presos ao abrigo do regime de detenção administrativa, como Hisham Abu Hawwash, de 40 anos, habitante da localidade de Dura (Cisjordânia ocupada) que se mantém há 140 dias em greve de fome e está numa situação considerada muito crítica.

Nos últimos dias, as autoridades palestinianas alertaram para o estado de saúde crítico de Abu Hawwash, responsabilizaram Telavive por aquilo que lhe possa acontecer e pediram à comunidade internacional que pressione as autoridades israelitas para o libertarem.

Também a Cruz Vermelha se mostrou preocupada com o caso, sublinhando a necessidade de tratar os reclusos com humanidade e de encontrar uma solução que evite «consequências irreversíveis» para Hawwash.

De acordo com a SPP, este domingo cerca de 500 reclusos palestinianos presos em Israel ao abrigo do regime da detenção administrativa – criticado pela ONU – declararam o boicote aos tribunais israelitas, porque «sentem que os tribunais alinham sempre com o governo militar e as suas ordens, e não os tratam com imparcialidade».

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De acordo com a comissão, há actualmente mais de 760 presos nas cadeias israelitas sem acusação ou julgamento. A detenção, decretada por um comandante militar, tem por base aquilo a que Israel chama «prova secreta», que nem o advogado do detido tem direito a ver.

Cerca de 80% dos presos palestinianos neste regime são ex-presos que já passaram anos atrás das grades, revela a Wafa.

«Semearemos alegria, vida e esperança»

Em comunicado, emitido há dias, o Ramo Penitenciário da Frente Popular para a Libertação da Palestina afirmou que «estes 30 prisioneiros, juntos, passaram quase 200 anos em detenção administrativa. Duzentos anos de cativeiro sem acusação ou julgamento por capricho dos oficiais de inteligência da ocupação».

O texto, divulgado pela Samidoun (rede de solidariedade com os presos palestinianos), sublinha que se trata de uma «pena perpétua», uma vez que muitos presos são libertados durante alguns meses e são novamente detidos. «Temos um mês de liberdade por cada ano de detenção», afirmam.

Dizem que são «alimentados pela dignidade» e querem que as autoridades israelitas saibam que, mesmo que os torturem e lhes provoquem dor, «que a nossa luta continua, e que semearemos alegria, vida e esperança, e que nossa luta pela liberdade e pela humanidade livre de tormentos não vai parar».

Leila Khaled, membro do Comité Central da FPLP e símbolo da resistência palestiniana, anunciou uma greve de fome solidária com os presos, a quem saudou por estarem «na primeira linha do confronto a este inimigo criminoso fascista».

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De acordo com a Comissão dos Assuntos dos Presos e ex-Presos, dos cerca de 4600 palestinianos actualmente presos nas cadeias israelitas, mais de 760 são reclusos sem acusação ou julgamento, cuja detenção pode ser infinitamente renovada por períodos até seis meses.

A detenção, decretada por um comandante militar, tem por base aquilo a que Israel chama «prova secreta», que nem o advogado do detido tem direito a ver.

Após o início da greve de fome, Basil Mizher, outro advogado palestiniano detido sem acusação ou julgamento, viu ser-lhe renovada a detenção administrativa por mais três meses, no passado dia 28.

Numa mensagem que Mizher escreveu no início do protesto, lida pela sua mãe numa acção solidária no campo de refugiados de Dheisheh, em Belém, o preso diz que a sua profissão é a de advogado, mas que mal se lembra dela, pois quase não a conseguiu exercer desde que se formou – foi submetido a três detenções administrativas desde que passou no exame.

Em vez de ir trabalhar, foi para a prisão, lê-se no texto divulgado pela pela Samidoun (rede de solidariedade com os presos palestinianos).

«Ou nos submetemos à opressão e à privação e aceitamos o roubo perpétuo da nossa liberdade e da nossa vida à vista do mundo, ou nos revoltamos contra a injustiça e derrubamos os muros do carcereiro com todas as ferramentas que temos», escreveu Basil Mizher a propósito da greve de fome, que é a «recusa da política de subordinação e domesticação».

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Talahma, detido desde Março de 2022, é um advogado e antigo prisioneiro, que passou dois anos e meio nas cadeias israelitas.

Abido é também um antigo prisioneiro, que passou cinco anos e meio nas prisões da ocupação – a maior parte do tempo ao abrigo do regime de detenção administrativa.

Por seu lado, Dandis foi preso pela primeira vez a 23 de Março último, tendo-lhe sido imposta uma detenção administrativa por um período de seis meses.

1083 presos em detenção administrativa

Este protesto ocorre num contexto em que Israel intensifica o recurso às detenções sem acusação ou julgamento. Segundo revelou a SPP, existem actualmente nas cadeias israelitas 1083 presos palestinianos a quem foi aplicado este regime de detenção, 17 dos quais são menores.

O regime de detenção administrativa, que tem merecido ampla condenação internacional, permite a Israel manter nas suas prisões, sem acusação ou julgamento, presos palestinianos por tempo indefinido, na medida em que o período de detenção, até seis meses, é infinitamente renovável.

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Preso palestiniano morreu na cadeia após 86 dias em greve de fome

O primeiro-ministro palestiniano, Mohammad Shtayyeh, responsabilizou Israel pelo «assassinato» de Khader Adnan, ao não atender ao protesto contra a sua detenção sem acusação ou julgamento.

Em protesto contra a morte de Khader Adnan, que se encontrava em greve de fome há 86 dias, a Cisjordânia ocupada cumpre um dia de greve geral 
CréditosWafa Awad / Wafa

A Sociedade de Prisioneiros Palestinianos (SPP) afirmou, em comunicado, que Khader Adnan, de 44 anos, foi encontrado inconsciente esta madrugada na sua cela, tendo sido levado para um hospital, onde foi declarado morto.

Adnan, natural da cidade de Arraba (perto de Jenin), foi preso 12 vezes ao longo da sua vida, tendo recorrido à greve de fome em diversas ocasiões para protestar contra as suas detenções sem qualquer acusação, afirmou a SPP, citada pela agência Wafa.

A última detenção ocorreu a 5 de Fevereiro e Adnan entrou de imediato em greve de fome por tempo indeterminado, refere a fonte, acrescentando que pelo menos 236 presos palestinianos morreram desde 1967.

Ao ter conhecimento da notícia, o primeiro-ministro palestiniano, Mohammad Shtayyeh, acusou Israel de ter cometido um assassinato.

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835 palestinianos em regime de detenção administrativa nas cadeias israelitas

O número foi destacado pela Sociedade dos Presos Palestinianos (SPP) em conferência de imprensa. A maior parte encontra-se nos centros de detenção de Ofer e de Naqab (Neguev).

Acção de solidariedade com os presos palestinianos, a 5 de Dezembro de 2022 
CréditosAli Jadallah / Anadolu

O regime de detenção administrativa, que tem merecido ampla condenação internacional – até do Departamento de Estado norte-americano e da Amnistia Internacional –, permite a Israel manter nas suas prisões, sem acusação ou julgamento, presos palestinianos por tempo indefinido, na medida em que o período de detenção, até seis meses, é infinitamente renovável.

Em relatórios anteriores, a SPP lembrou que esta política visa «esmagar os activistas políticos palestinianos» e se baseia num ficheiro secreto não acessível aos presos – nem sequer aos seus advogados.

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«Ou nos submetemos ou nos revoltamos»: 30 presos palestinianos continuam em luta

Os prisioneiros iniciaram uma greve de fome, há uma semana, para exigir a sua libertação e denunciar um regime de detenção que permite mantê-los na cadeia sem acusação ou julgamento.

Imagem de um comício da Frente Popular para a Libertação da Palestina (FPLP), força de esquerda hoje considerada «terrorista» por Israel e cujos militantes são perseguidos
Imagem de um comício da Frente Popular para a Libertação da Palestina (FPLP) Créditos / pflp.pl

O protesto dos trinta presos palestinianos, membros e simpatizantes da Frente Popular para a Libertação da Palestina (FPLP), completou uma semana sem solução aparente à vista, tendo em conta a inflexibilidade das autoridades de Telavive.

Em comunicado, a Sociedade dos Presos Palestinianos (SPP) anunciou que os serviços prisionais israelitas têm estado a ameaçar com castigos os reclusos que lutam contra o regime de detenção administrativa. Entre as punições, contam-se privá-los de visitas, retirar-lhes os seus pertences e isolá-los em celas de castigo.

Nesta primeira semana de protesto, os serviços prisionais israelitas colocaram 28 dos grevistas em quatro celas de isolamento na prisão de Ofer, informa a Wafa com base no documento divulgado pelo SPP.

Um outro, o advogado Salah Hammouri, foi metido na solitária numa cadeia no Norte de Israel, enquanto Ghassan Zawahreh foi levado para uma cela de isolamento numa prisão localizada no Deserto do Neguev (al-Naqab).

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Trinta presos palestinianos em protesto contra a detenção administrativa

Os prisioneiros, em cadeias israelitas, iniciaram uma greve de fome por tempo indeterminado contra um regime que permite mantê-los detidos sem acusação ou julgamento, por períodos renováveis de seis meses.

Familiares de presos palestinianos em cadeias israelitas mostram cartazes numa concentração em Ramallah, na Cisjordânia ocupada, em Setembro de 2021 
Créditos / Al Jazeera

O início do protesto, este domingo, por parte de prisioneiros que são membros ou apoiantes da Frente Popular para a Libertação da Palestina (FPLP), foi confirmado pela Comissão dos Assuntos dos Presos e ex-Presos.

Em declarações à agência Wafa, Hassan Abed Rabbo, porta-voz da comissão, disse que os presos decidiram avançar contra uma política que permite a Israel manter nas suas prisões, sem acusação ou julgamento, presos palestinianos por tempo indefinido, na medida em que o período de detenção, até seis meses, é infinitamente renovável.

Numa mensagem divulgada há alguns dias, os presos sublinharam que a luta contra o regime de detenção administrativa continua e denunciaram que as medidas tomadas pelas autoridades prisionais israelitas «já não se baseiam em obsessões de segurança, mas são actos de vingança devido ao seu passado».

Qadri Abu Baker, líder da Comissão dos Assuntos dos Presos e ex-Presos, disse à Wafa que, na próxima quinta-feira, mais 50 presos se devem juntar à greve de fome, para denunciar o regime de detenção administrativa a que são submetidos e a escalada por parte de Israel no que respeita a este procedimento.

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Israel decretou 1595 ordens de detenção administrativa contra palestinianos em 2021

O maior número de detenções administrativas – sem julgamento ou acusação – foi decretado em Maio, quando Israel lançou uma ofensiva de 11 dias contra a Faixa de Gaza.

Familiares e apoiantes de preso Hisham Abu Hawwash protestaram este domingo na localidade de Dura, a oeste de al-Khalil (Hebron), na Cisjordânia ocupada 
Créditos / PressTV

A Sociedade dos Presos Palestinianos (SPP) revelou, este domingo, que o número divulgado diz respeito tanto a novas ordens como à renovação de ordens já emitidas nos territórios ocupados, pelas autoridades israelitas.

No documento apresentado, o organismo lembra que política de detenção administrativa visa «esmagar os activistas políticos palestinianos» e se baseia num ficheiro secreto não acessível aos presos – nem sequer aos seus advogados –, que são mantidos na cadeia sem acusação ou julgamento, informa a WAFA.

O maior número de ordens de detenção administrativa foi emitido em Maio último, quando a Israel lançou uma ofensiva de 11 dias contra a Faixa de Gaza, explicou a organização de defesa dos presos, acrescentado que, ao longo do ano, 60 prisioneiros recorreram à greve de fome com o propósito de reconquistar a liberdade.

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Presos palestinianos continuam protesto contra a detenção administrativa

Uma comissão de apoio aos prisioneiros revelou que 13 palestinianos permaneciam em greve de fome nas cadeias, este domingo, contra o regime que permite mantê-los reclusos sem acusação ou julgamento.

Um grupos de palestinianos solidários com os seus compatriotas presos nas cadeias israelitas mostram-se numa prisão a fingir 
Créditos / WAFA

Num comunicado ontem emitido, a Comissão dos Assuntos dos Presos e ex-Presos Palestinianos informou que o prisioneiro Salem Ziadat, de 40 anos, é, dos 13 que continuavam o protesto, aquele que está em greve de fome há mais tempo, permanecendo em jejum há 28 dias contra a sua detenção administrativa, sem acusação ou julgamento, revelou a agência WAFA.

A Comissão informou ainda que o número de reclusos palestinianos em greve de fome até ontem era de 15, mas que Mohammad Khaled Abusill e Ahmad Abdulrahman Abusill tinham chegado a um acordo com o Serviço Prisional Israelita no que respeita à «limitação» da chamada detenção administrativa.

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Israel prendeu 5426 palestinianos na primeira metade do ano

Grupos de defesa dos presos apresentaram um relatório sobre o primeiro semestre de 2021. Nas cadeias israelitas, há actualmente 4850 palestinianos, 540 dos quais ao abrigo da «detenção administrativa».

Os palestinianos estão a ser detidos em aldeias e cidades dos territórios ocupados em 1948 por terem apoiado Gaza 
As forças israelitas prenderam mais palestinianos no primeiro semestre deste ano do que em todo o ano de 2020 Créditos / Middle East Monitor

Entre os palestinianos que se encontram nos cárceres de Israel, contam-se 43 mulheres e 225 menores, segundo o documento conjunto divulgado este fim-de-semana pela Comissão dos Assuntos dos Presos e ex-Presos Palestinianos, a Sociedade dos Presos Palestinianos, a Addameer e o Centro de Informação Wadi Hilweh.

Os organismos referidos precisaram que 12 presos são membros do Conselho Legislativo Palestiniano (Parlamento), 70 são provenientes dos territórios ocupados em 1948, 350 são originários de Jerusalém ocupada e 240 da Faixa de Gaza cercada.

O informe destaca a existência de 540 prisioneiros palestinianos em detenção administrativa, sem acusação formada ou julgamento, por períodos de seis meses indefinidamente renováveis.

Quase 5500 detidos em seis meses

No que respeita a detenções, os organismos de defesa dos presos revelaram que Israel prendeu 5426 palestinianos entre 1 de Janeiro e 30 de Junho deste ano – um número superior a todas as detenções efectuadas pelas forças israelitas em 2020 e registadas por estas organizações: 4636.

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Forças israelitas prenderam 230 menores palestinianos desde Janeiro

Por ocasião do Dia da Criança Palestiniana, que se assinala a 5 de Abril, a Comissão dos Assuntos dos Presos e ex-Presos Palestinianos revelou também que 140 menores permanecem em cadeias israelitas.

Um soldado israelita detém um rapaz palestiniano, juntamente com outros quatro, perto do posto avançado de Havot Maon, na Margem Ocidental ocupada, a 11 de Março de 2021 
Créditos / Anadolu

Os menores palestinianos, alguns dos quais crianças, continuam a ser alvo das forças militares israelitas, que os prendem, muitas vezes de forma violenta, nos territórios ocupados.

De acordo com um relatório publicado este domingo pela Sociedade dos Prisioneiros Palestinianos, pelo menos 230 foram detidos desde o início do ano, a maioria dos quais em Jerusalém Oriental ocupada.

O grupo de defesa dos direitos dos presos sublinhou que «as crianças encarceradas são submetidas a vários tipos de abusos, incluindo «a recusa de comida e de bebida por longas horas, abuso verbal e a detenção em condições duras».

O informe veio a lume na véspera do Dia da Criança Palestiniana, que se assinala a 5 de Abril, com actividades culturais, educativas e mediáticas que, refere a PressTV, visam reforçar a consciência sobre o sofrimento dos menores palestinianos.

Detenção administrativa e maus-tratos

Também no âmbito do Dia da Criança Palestiniana, a Comissão dos Assuntos dos Presos e ex-Presos Palestinianos revelou que 140 menores permanecem em cadeias israelitas, incluindo dois que se encontram presos ao abrigo do regime de detenção administrativa.

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A «viagem ao inferno» dos jovens palestinianos detidos por Israel

Uma comissão da ONU reafirmou denúncias expostas em vários relatórios sobre detenções de menores palestinianos por Israel – quase sempre presos de noite, algemados e vendados. É o início da «viagem ao inferno».

Um jovem palestiniano é preso na Cisjordânia, na sequência dos protestos contra a decisão norte-americana sobre Jerusalém
Créditos / palestinalibre.org

A instância, composta por especialistas independentes das Nações Unidas, expressou particular preocupação pela expansão dos colonatos e o aumento da violência dos colonos israelitas, em que se incluem ataques a crianças e às suas escolas.

Segundo se pode ler no portal oficial de notícias da ONU, na semana passada diversas organizações informaram a comissão sobre as operações nocturnas levadas a efeito pelas forças israelitas com o propósito de deter crianças e adolescentes na Cisjordânia ocupada, com «graves consequências para o seu bem-estar e gozo dos seus direitos».

«Mais de 300 crianças estão detidas no sistema militar israelita. A maioria por delitos menores, como atirar pedras e publicações nas redes sociais», assinala a comissão, que denuncia o facto de os menores serem «levados para locais desconhecidos, presos em viaturas militares e sujeitos a ameaças e abusos verbais», bem como o facto de, por vezes, serem «obrigados a assinar confissões em hebraico, uma língua que não costumam entender».

Estas preocupações reafirmam as que têm sido veiculadas, ao longo do tempo, por várias entidades, nomeadamente a Comissão dos Prisioneiros Palestinianos, órgão dependente da Autoridade Palestiniana que, em diversas ocasiões (também este ano), alertou para o facto de os menores serem torturados e sofrerem abusos nos cárceres israelitas, bem como para o facto de serem espancados, insultados e pressionados no momento da detenção.

No final de Março, um relatório publicado pelo Ministério palestiniano da Informação denunciava também esta realidade, afirmando que «95% das crianças palestinianas presas pelas autoridades israelitas foram torturadas durante a detenção».

De acordo com o relatório, até 2015 foram documentadas anualmente 700 detenções de menores palestinianos. Já em 2017, Israel prendeu 1467 crianças e adolescentes; 1063 no ano seguinte e, nos dois primeiros dois meses deste ano, 118. Entre 2000 e 2018, foram presos mais de 16 mil menores.

Uma «viagem sem fim ao inferno»

Numa peça intitulada «“Endless Trip to Hell”: Israel Jails Hundreds of Palestinian Boys a Year. These Are Their Testimonies», publicada em Março e plenamente actual, o periódico israelita Haaretz aborda esta realidade, em que as crianças, algumas com idades inferiores a 13 anos, «são detidas pela calada da noite, vendadas e algemadas, alvo de abusos e constrangidas» a confessar «crimes» que não cometeram.

A peça, que reúne testemunhos de sete jovens da Margem Ocidental ocupada com idades compreendidas entre os dez e os 15 anos, revela as diversas fases do processo de detenção, que começa nas operações nocturnas e passa pelo interrogatório, a prisão, o julgamento e a proposta de um acordo.

Na sua maioria, os jovens são presos por, alegadamente, terem atirado pedras ou queimado pneus, mas, como sublinha a advogada Farah Bayadsi o objectivo das detenções «é mais para mostrar controlo do que para aplicar a lei».

A experiência traumática é fundamentada por tudo aquilo por que as crianças passam durante uma detenção. Arrancadas de casa quando dormem, são algemadas e vendadas, levadas em veículos militares para colonatos e bases israelitas, passando por todo um processo que envolve intimidação, ameaças, agressões físicas, afastamento da família e pressão para «confessar».


O nível de brutalidade varia. Khaled Mahmoud Selvi, preso quando tinha 15 anos, foi levado para a prisão e despido (o que, de acordo com o jornal, ocorre em 55% dos casos), tendo sido obrigado a permanecer dez minutos nu, em pé, durante o Inverno.

De acordo com os dados recolhidos pela organização não governamental (ONG) British-Palestinian Military Court Watch, 97% dos jovens palestinianos detidos pelas forças militares israelitas (IDF) vivem em pequenas localidades a menos de dois quilómetros de um colonato.

O advogado Gerard Horton, da ONG referida, afirma que a ideia é «assustar toda a aldeia» e que se trata de um «instrumento eficaz» para controlar uma comunidade. Acrescenta que, do ponto de vista dos ocupantes e opressores, a pressão «tem de ser constante»: «Cada geração tem de sentir a mão pesada das IDF.»

A experiência é traumática. O pai de Khaled Shtaiwi, preso com 13 anos em Novembro do ano passado, contou ao periódico que criou na sua aldeia o «dia da psicologia», porque o seu filho não é capaz de falar sobre o que se passou e porque quer ajudar todas as crianças que foram presas pelos israelitas.

Em Beit Ummar, Omar Ayyash foi preso com dez anos de idade, em Dezembro último. Agora, as crianças que brincam nas ruas da aldeia afastam-se assim que se apercebem da aproximação de soldados israelitas. Tornou-se um hábito desde que as tropas levaram Omar.

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Por seu lado, a organização Defense for Children International – Palestine (DCIP) destacou que todos os anos entre 500 e 700 menores palestinianos são processados em tribunais militares israelitas e que 85% das crianças palestinianas detidas em 2020 foram «submetidas a violência física».

Num comunicado, a DCIP afirma ter documentado 27 casos em que as crianças foram mantidas na solitária um ou dois dias, alegando as forças israelitas «objectivos de investigação». Esta prática é, segundo o organismo, uma forma de «tortura ou tratamento cruel, desumano e degradante».

Desde Outubro de 2015, a DCIP registou a 36 ordens de detenção administrativa decretadas contra menores palestinianos, dois dos quais se mantêm nesse regime.

Ainda de acordo com o organismo sediado em Genebra, em 2020, as forças israelitas mataram nove menores palestinianos na Cisjordânia ocupada, incluindo Jerusalém Oriental, e na Faixa de Gaza, seis dos quais com fogo real.

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O relatório divulgado este fim-de-semana informa que, entre os palestinianos detidos pelas forças israelitas, se incluem 854 menores e 107 mulheres, tendo sido emitidas na primeira metade do ano 680 ordens de detenção administrativa, incluindo 312 novas.

No mês de Junho foram presos 615 palestinianos, revela o texto, destacando que Maio foi de longe o mês em que se registou um maior número de detenções na primeira metade deste ano.

Então, mês de massacre contra Gaza e de múltiplas provocações sionistas no Complexo da Mesquita de al-Aqsa e em Jerusalém Oriental ocupada, as forças israelitas prenderam 3100 palestinianos, incluindo 2000 nos territórios ocupados em 1948 (actual Estado de Israel) e 677 em Jerusalém Oriental ocupada, informa a WAFA.

Vários presos em greve de fome contra a detenção administrativa

De acordo com a Comissão dos Assuntos dos Presos e ex-Presos Palestinianos, há actualmente nove presos em greve de fome nos cárceres israelitas como forma de protesto contra o regime de detenção administrativa que lhes foi aplicado.

A Comissão pediu às instâncias internacionais e regionais de defesa dos direitos humanos que pressionem as autoridades israelitas no sentido de acabar com os maus-tratos aos presos em greve de fome, que passam também pela sua reclusão na solitária.

Os presos palestinianos recorrem com frequência a esta forma de luta contra um regime de detenção ilegal, cujo fim exigem.

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De acordo com os grupos de defesa dos direitos dos prisioneiros palestinianos, há actualmente quase 550 nos cárceres israelitas detidos ao abrigo deste regime, que tem merecido ampla condenação internacional e que permite a Israel manter nas suas prisões, sem acusação ou julgamento, presos palestinianos por tempo indefinido, na medida em que o período de detenção, até seis meses, é infinitamente renovável.

A detenção, que é decretada por um comandante militar, tem por base aquilo a que Israel chama «prova secreta» – e é tão «secreta» que nem o advogado do detido tem direito a vê-la.

Alguns prisioneiros palestinianos passaram mais de uma década nas cadeias israelitas ao abrigo deste regime de «detenção», que é considerado ilegal à luz do direito internacional.

Como forma de protesto contra as suas detenções ilegais e para exigir que Israel ponha fim a esta prática, os presos palestinianos recorrem com frequência a greves de fome por tempo indeterminado.

Apesar da pressão internacional e dos protestos dos prisioneiros, as autoridades israelitas não têm dado sinais de querer acabar com este regime. Pelo contrário, tanto a comissão referida como o Centro Palestiniano de Estudos sobre Prisioneiros têm dado conta de novas ordens de detenção administrativa e de múltiplas renovações.

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Na maior parte dos casos, estavam presos ao abrigo do regime de detenção administrativa, como Hisham Abu Hawwash, de 40 anos, habitante da localidade de Dura (Cisjordânia ocupada) que se mantém há 140 dias em greve de fome e está numa situação considerada muito crítica.

Nos últimos dias, as autoridades palestinianas alertaram para o estado de saúde crítico de Abu Hawwash, responsabilizaram Telavive por aquilo que lhe possa acontecer e pediram à comunidade internacional que pressione as autoridades israelitas para o libertarem.

Também a Cruz Vermelha se mostrou preocupada com o caso, sublinhando a necessidade de tratar os reclusos com humanidade e de encontrar uma solução que evite «consequências irreversíveis» para Hawwash.

De acordo com a SPP, este domingo cerca de 500 reclusos palestinianos presos em Israel ao abrigo do regime da detenção administrativa – criticado pela ONU – declararam o boicote aos tribunais israelitas, porque «sentem que os tribunais alinham sempre com o governo militar e as suas ordens, e não os tratam com imparcialidade».

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De acordo com a comissão, há actualmente mais de 760 presos nas cadeias israelitas sem acusação ou julgamento. A detenção, decretada por um comandante militar, tem por base aquilo a que Israel chama «prova secreta», que nem o advogado do detido tem direito a ver.

Cerca de 80% dos presos palestinianos neste regime são ex-presos que já passaram anos atrás das grades, revela a Wafa.

«Semearemos alegria, vida e esperança»

Em comunicado, emitido há dias, o Ramo Penitenciário da Frente Popular para a Libertação da Palestina afirmou que «estes 30 prisioneiros, juntos, passaram quase 200 anos em detenção administrativa. Duzentos anos de cativeiro sem acusação ou julgamento por capricho dos oficiais de inteligência da ocupação».

O texto, divulgado pela Samidoun (rede de solidariedade com os presos palestinianos), sublinha que se trata de uma «pena perpétua», uma vez que muitos presos são libertados durante alguns meses e são novamente detidos. «Temos um mês de liberdade por cada ano de detenção», afirmam.

Dizem que são «alimentados pela dignidade» e querem que as autoridades israelitas saibam que, mesmo que os torturem e lhes provoquem dor, «que a nossa luta continua, e que semearemos alegria, vida e esperança, e que nossa luta pela liberdade e pela humanidade livre de tormentos não vai parar».

Leila Khaled, membro do Comité Central da FPLP e símbolo da resistência palestiniana, anunciou uma greve de fome solidária com os presos, a quem saudou por estarem «na primeira linha do confronto a este inimigo criminoso fascista».

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De acordo com a Comissão dos Assuntos dos Presos e ex-Presos, dos cerca de 4600 palestinianos actualmente presos nas cadeias israelitas, mais de 760 são reclusos sem acusação ou julgamento, cuja detenção pode ser infinitamente renovada por períodos até seis meses.

A detenção, decretada por um comandante militar, tem por base aquilo a que Israel chama «prova secreta», que nem o advogado do detido tem direito a ver.

Após o início da greve de fome, Basil Mizher, outro advogado palestiniano detido sem acusação ou julgamento, viu ser-lhe renovada a detenção administrativa por mais três meses, no passado dia 28.

Numa mensagem que Mizher escreveu no início do protesto, lida pela sua mãe numa acção solidária no campo de refugiados de Dheisheh, em Belém, o preso diz que a sua profissão é a de advogado, mas que mal se lembra dela, pois quase não a conseguiu exercer desde que se formou – foi submetido a três detenções administrativas desde que passou no exame.

Em vez de ir trabalhar, foi para a prisão, lê-se no texto divulgado pela pela Samidoun (rede de solidariedade com os presos palestinianos).

«Ou nos submetemos à opressão e à privação e aceitamos o roubo perpétuo da nossa liberdade e da nossa vida à vista do mundo, ou nos revoltamos contra a injustiça e derrubamos os muros do carcereiro com todas as ferramentas que temos», escreveu Basil Mizher a propósito da greve de fome, que é a «recusa da política de subordinação e domesticação».

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Alguns prisioneiros palestinianos passaram mais de uma década nas cadeias israelitas ao abrigo deste sistema, e é comum os presos recorrerem a greves de fome por tempo indeterminado como forma de chamar a atenção para os seus casos e fazer pressão junto das autoridades israelitas para que os libertem.

Agora, a SPP revelou também que, dos 835 palestinianos actualmente presos ao abrigo deste regime, 80 são mulheres, indica a agência Wafa.

Além disso, a organização não governamental (ONG) informou que, ao longo de 2022, as autoridades israelitas emitiram 2134 ordens de detenção administrativa, 242 das quais em Novembro (o ano passado foram 1595).

6500 palestinianos presos por Israel este ano, 490 dos quais em Novembro

Desde o início de 2022 até ao fim de Novembro, as forças israelitas prenderam 6500 palestinianos, revelou a SPP, citada pela agência turca Anadolu. Entre os detidos, contavam-se 153 mulheres e 811 menores de idade acrescentou.

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Israel prendeu 5300 palestinianos desde o início do ano

As forças de ocupação israelitas detiveram 5300 palestinianos desde o princípio deste ano, incluindo 111 mulheres e 620 menores de idade, revelou esta segunda-feira uma organização não governamental.

Forças israelitas levam homem palestiniano detido (imagem de arquivo) 
Créditos / aa.com.tr

Em comunicado, a Sociedade dos Presos Palestinianos (SPP) afirmou que, com 2353 detenções registadas, Jerusalém Oriental ocupada se situa no primeiro lugar por regiões, e que Abril foi o mês com maior número de detenções (1228 casos), noticia a agência Wafa.

A SPP condenou os ataques e raides israelitas contra cidades, aldeias e campos de refugiados na Cisjordânia ocupada para prender activistas, referindo que muitos palestinianos foram mortos, nesse processo, pelas balas do Exército.

Neste contexto, o número de execuções extrajudiciais no terreno, em 2022, é mais elevado por comparação com anos anteriores, alertou a SPP, que também questionou os bloqueios militares a localidades e campos de refugiados palestinianos, classificando-os como uma punição colectiva.

Dados da SPP sobre dentenções de palestinianos em 2022. (Clicar na imagem para a ampliar) / Wafa 

No que respeita às detenções administrativas, a organização afirmou que este ano, até à data, foram emitidas 1160. Só no mês de Agosto, foram decretadas 272, pelo que, no final de Setembro, havia cerca de 800 palestinianos nas prisões israelitas detidos sem acusação ou julgamento.

Ao abrigo deste regime, os períodos de detenção podem ser infinitamente renovados por períodos até seis meses.

A detenção, decretada por um comandante militar, tem por base aquilo a que Israel chama «prova secreta», que nem o advogado do detido tem direito a ver.

De forma reiterada, os presos palestinianos detidos sob este regime iniciam greves de fome para denunciar os seus casos e a política de detenção administrativa, exigindo a sua libertação.

Diversas instâncias das Nações Unidas têm denunciado repetidamente este regime israelita de detenção, na medida em que não faculta aos detidos palestinianos as «salvaguardas jurídicas básicas» e violam o direito internacional humanitário.

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Só no mês de Novembro, foram detidos 490 palestinianos, incluindo 76 menores e 12 mulheres, informaram, num relatório conjunto, a SPP, a Addameer, o Centro de Informação Wadi Hilweh e a Comissão dos Assuntos dos Presos e Ex-Presos Palestinianos.

No relatório mensal a que o Middle East Monitor faz referência, as quatro organizações de defesa dos direitos presos afirmaram que, no mês passado, o maior número de detenções ocorreu em Hebron (al-Khalil; 135 casos), seguida por Jerusalém (123), Ramallah (52), Jenin e Nablus.

De acordo com os grupos, há actualmente nas cadeias israelitas cerca de 4700 palestinianos presos, incluindo 34 mulheres e 150 menores.

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«A ocupação israelita e a sua administração prisional levaram a cabo o assassinato deliberado do preso Khader Adnan ao rejeitar o seu pedido de libertação, ao negligenciá-lo medicamente e ao mantê-lo na sua cela apesar da gravidade do seu estado de saúde», afirmou Shtayyeh em comunicado.

Várias facções palestinianas pronunciaram-se no mesmo sentido, responsabilizando Israel pela morte de Khader Adnan e sublinhando o crime «premeditado e a sangue-frio».

Por seu lado, o Ministério palestiniano dos Negócios Estrangeiros pediu uma investigação internacional sobre a morte do prisioneiro e instou o Tribunal Penal Internacional a incluir este caso no processo relativo aos crimes de guerra cometidos por Israel contra o povo palestiniano nos territórios ocupados.

Para denunciar «o crime que levou à morte» de Khader Adnan numa prisão israelita, foi declarada, esta terça-feira, uma greve geral que «afecta todos os aspectos da vida», tanto na Faixa de Gaza cercada como na Margem Ocidental ocupada, incluindo Jerusalém Oriental, indica a Wafa.

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Em relatórios anteriores, a SPP lembrou que esta política visa «esmagar os activistas políticos palestinianos» e se baseia num ficheiro secreto não acessível aos presos – nem sequer aos seus advogados.

Alguns prisioneiros palestinianos passaram mais de uma década nas cadeias israelitas ao abrigo deste sistema, e é comum os presos recorrerem a greves de fome por tempo indeterminado como forma de chamar a atenção para os seus casos e fazer pressão junto das autoridades israelitas para que os libertem.

A 2 de Maio último, Khader Adnan, de 44 anos, morreu na cadeia, quase três meses depois de ter iniciado uma greve de fome contra a sua detenção sem acusação ou julgamento.

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Num comunicado de imprensa, que a Wafa cita, a Comissão exigiu «acção real e tangível, no sentido de formar um comité internacional de direitos humanos que vá imediatamente às prisões da ocupação israelita, analise o crime [de detenção administrativa] em todos os seus detalhes e observe de perto o sofrimento dos detidos administrativos, que estão presos sem quaisquer acusações ou julgamentos, e vivem à mercê dos chamados oficiais dos serviços de inteligência israelitas».

«Os abusos imorais e desumanos associados à utilização desta política pela potência ocupante violam todos os princípios do direito internacional e da humanidade, e estão em contradição real com os teóricos da democracia e aqueles que afirmam ser democráticos em todo o mundo, especialmente na América e na Europa», acrescenta a nota.

De acordo com os dados divulgados em Junho último pela organização israelita de defesa dos direitos B'Tselem, em Março deste ano, Israel mantinha nas suas prisões 1017 pessoas em regime de detenção administrativa.

É preciso recuar duas décadas, até Abril de 2003, para encontrar um número mais elevado de detidos administrativos nas prisões israelitas – 1140 –, referiu a organização.

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«De acordo com a lei militar que se aplica na Cisjordânia, uma pessoa pode ser detida administrativamente durante seis meses, mas a ordem pode ser renovada, pelo que a reclusão na prática é indefinida e os detidos nunca sabem quando serão libertados», alertou a B'Tselem, outra organização israelita de defesa dos direitos humanos nos territórios ocupados.

De forma sistemática, presos administrativos entram em greve de fome por tempo indeterminado para chamar a atenção para os seus casos e forçar a sua libertação.

Em meados de Agosto, a Comissão dos Assuntos dos Presos e ex-Presos pediu à chamada comunidade internacional que quebre o silêncio em torno do «crime israelita da detenção administrativa».

Num comunicado de imprensa, divulgado pela Wafa, a Comissão exigiu «acção real e tangível, no sentido de formar um comité internacional de direitos humanos que vá imediatamente às prisões da ocupação israelita, analise o crime [de detenção administrativa] em todos os seus detalhes e observe de perto o sofrimento dos detidos administrativos, que estão presos sem quaisquer acusações ou julgamentos, e vivem à mercê dos chamados oficiais dos serviços de inteligência israelitas».

«Os abusos imorais e desumanos associados à utilização desta política pela potência ocupante violam todos os princípios do direito internacional e da humanidade, e estão em contradição real com os teóricos da democracia e aqueles que afirmam ser democráticos em todo o mundo, especialmente na América e na Europa», afirmou o organismo.

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Desde 28 de Setembro de 2000 até à data, refere a Comissão, foram detidas mais de 2600 raparigas e mulheres, incluindo quatro que deram à luz na cadeia.

32 mil ordens de detenção administrativa

No mesmo período, foram emitidas 32 mil ordens de detenção administrativa, a que Israel recorre para manter reclusos nas cadeias sem acusação nem julgamento, com base numa «prova secreta» que nem o advogado do detido pode ver.

A Comissão registou um aumento «assinalável» no recurso a este regime, amplamente condenado a nível internacional, contra o qual os presos palestinianos protestam, de forma reiterada, entrando em greve de fome por tempo indeterminado, para exigir a sua libertação e o fim da aplicação da política de detenção referida.

«De acordo com a lei militar que se aplica na Cisjordânia, uma pessoa pode ser detida administrativamente durante seis meses, mas a ordem pode ser renovada, pelo que a reclusão na prática é indefinida e os detidos nunca sabem quando serão libertados», alertou recentemente a B'Tselem, uma organização israelita de defesa dos direitos humanos nos territórios ocupados.

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A «viagem ao inferno» dos jovens palestinianos detidos por Israel

Uma comissão da ONU reafirmou denúncias expostas em vários relatórios sobre detenções de menores palestinianos por Israel – quase sempre presos de noite, algemados e vendados. É o início da «viagem ao inferno».

Um jovem palestiniano é preso na Cisjordânia, na sequência dos protestos contra a decisão norte-americana sobre Jerusalém
Créditos / palestinalibre.org

A instância, composta por especialistas independentes das Nações Unidas, expressou particular preocupação pela expansão dos colonatos e o aumento da violência dos colonos israelitas, em que se incluem ataques a crianças e às suas escolas.

Segundo se pode ler no portal oficial de notícias da ONU, na semana passada diversas organizações informaram a comissão sobre as operações nocturnas levadas a efeito pelas forças israelitas com o propósito de deter crianças e adolescentes na Cisjordânia ocupada, com «graves consequências para o seu bem-estar e gozo dos seus direitos».

«Mais de 300 crianças estão detidas no sistema militar israelita. A maioria por delitos menores, como atirar pedras e publicações nas redes sociais», assinala a comissão, que denuncia o facto de os menores serem «levados para locais desconhecidos, presos em viaturas militares e sujeitos a ameaças e abusos verbais», bem como o facto de, por vezes, serem «obrigados a assinar confissões em hebraico, uma língua que não costumam entender».

Estas preocupações reafirmam as que têm sido veiculadas, ao longo do tempo, por várias entidades, nomeadamente a Comissão dos Prisioneiros Palestinianos, órgão dependente da Autoridade Palestiniana que, em diversas ocasiões (também este ano), alertou para o facto de os menores serem torturados e sofrerem abusos nos cárceres israelitas, bem como para o facto de serem espancados, insultados e pressionados no momento da detenção.

No final de Março, um relatório publicado pelo Ministério palestiniano da Informação denunciava também esta realidade, afirmando que «95% das crianças palestinianas presas pelas autoridades israelitas foram torturadas durante a detenção».

De acordo com o relatório, até 2015 foram documentadas anualmente 700 detenções de menores palestinianos. Já em 2017, Israel prendeu 1467 crianças e adolescentes; 1063 no ano seguinte e, nos dois primeiros dois meses deste ano, 118. Entre 2000 e 2018, foram presos mais de 16 mil menores.

Uma «viagem sem fim ao inferno»

Numa peça intitulada «“Endless Trip to Hell”: Israel Jails Hundreds of Palestinian Boys a Year. These Are Their Testimonies», publicada em Março e plenamente actual, o periódico israelita Haaretz aborda esta realidade, em que as crianças, algumas com idades inferiores a 13 anos, «são detidas pela calada da noite, vendadas e algemadas, alvo de abusos e constrangidas» a confessar «crimes» que não cometeram.

A peça, que reúne testemunhos de sete jovens da Margem Ocidental ocupada com idades compreendidas entre os dez e os 15 anos, revela as diversas fases do processo de detenção, que começa nas operações nocturnas e passa pelo interrogatório, a prisão, o julgamento e a proposta de um acordo.

Na sua maioria, os jovens são presos por, alegadamente, terem atirado pedras ou queimado pneus, mas, como sublinha a advogada Farah Bayadsi o objectivo das detenções «é mais para mostrar controlo do que para aplicar a lei».

A experiência traumática é fundamentada por tudo aquilo por que as crianças passam durante uma detenção. Arrancadas de casa quando dormem, são algemadas e vendadas, levadas em veículos militares para colonatos e bases israelitas, passando por todo um processo que envolve intimidação, ameaças, agressões físicas, afastamento da família e pressão para «confessar».


O nível de brutalidade varia. Khaled Mahmoud Selvi, preso quando tinha 15 anos, foi levado para a prisão e despido (o que, de acordo com o jornal, ocorre em 55% dos casos), tendo sido obrigado a permanecer dez minutos nu, em pé, durante o Inverno.

De acordo com os dados recolhidos pela organização não governamental (ONG) British-Palestinian Military Court Watch, 97% dos jovens palestinianos detidos pelas forças militares israelitas (IDF) vivem em pequenas localidades a menos de dois quilómetros de um colonato.

O advogado Gerard Horton, da ONG referida, afirma que a ideia é «assustar toda a aldeia» e que se trata de um «instrumento eficaz» para controlar uma comunidade. Acrescenta que, do ponto de vista dos ocupantes e opressores, a pressão «tem de ser constante»: «Cada geração tem de sentir a mão pesada das IDF.»

A experiência é traumática. O pai de Khaled Shtaiwi, preso com 13 anos em Novembro do ano passado, contou ao periódico que criou na sua aldeia o «dia da psicologia», porque o seu filho não é capaz de falar sobre o que se passou e porque quer ajudar todas as crianças que foram presas pelos israelitas.

Em Beit Ummar, Omar Ayyash foi preso com dez anos de idade, em Dezembro último. Agora, as crianças que brincam nas ruas da aldeia afastam-se assim que se apercebem da aproximação de soldados israelitas. Tornou-se um hábito desde que as tropas levaram Omar.

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Incitação racista, tortura, execuções lentas

No relatório agora publicado, a Comissão dos Assuntos dos Presos e ex-Presos Palestinianos refere-se ainda ao recurso à tortura nos cárceres israelitas, bem como aos assassinatos e às «execuções lentas» por falta de cuidados médicos.

Denuncia igualmente a «escalada de casos de opressão, abuso e incitação racista» contra os presos palestinianos.

De acordo com o organismo, estão actualmente detidos em cadeias israelitas, nos territórios ocupados em 1948, cerca de 5200 palestinianos. Destes, 38 são mulheres e 170 são menores de idade.

Há ainda mais de 1250 presos palestinianos em regime de detenção administrativa e 700 reclusos doentes, 24 dos quais com enfermidades oncológicas.

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Num comunicado posterior, as Brigadas al-Qassam afirmaram ter capturado «mais de 35 soldados e civis israelitas do colonato sionista de Sderot».

A operação desta manhã apanhou de surpresa o Exército da ocupação, o que está a valer múltiplas críticas ao governo de Netanyahu, em Israel.

Entretanto, foi declarado o «estado de preparação para a guerra» entre as forças militares israelitas, e o ministro da Defesa, que aprovou o recrutamento de soldados na reserva, declarou o estado de emergência numa faixa de 80 quilómetros em redor da Faixa de Gaza.

A agência Wafa já deu conta de bombardeamentos israelitas contra o enclave costeiro nas últimas horas, dos quais resultaram vários mortos.

A mesma fonte refere que o Ministério palestiniano da Saúde colocou todas as unidades hospitalares do país em situação de emergência.

Bombardeamentos israelitas sobre Gaza provocam elevado número de vítimas

De acordo com as autoridades de saúde no enclave costeiro, pelo menos 198 pessoas morreram e mais de 1600 ficaram feridas (muitas das quais em estado grave) como consequência dos bombardeamentos israelitas contra a Faixa e Gaza ao longo do dia, refere a Wafa, em retaliação contra o ataque da resistência palestiniana, esta manhã.

Por seu lado, a agência Prensa Latina refere-se à morte de uma centena de israelitas e cerca de 900 feridos, no contexto da operação de grande escala da resistência palestiniana, que ocupou diversas localidades e bases militares da ocupação próximas do enclave cercado.

Entretanto, a Wafa dá conta de vários ataques da parte de colonos e forças israelitas contra diversas localidades e bairros palestinianos na Cisjordânia e Jerusalém ocupadas, dos quais resultaram pelo menos um morto e um número indeterminado de feridos.

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Israel retaliou com a «Operação Espadas de Ferro», com ataques aéreos sobre a Faixa de Gaza sitiada e, de acordo com a última contagem do Ministério da Saúde palestiniano, 313 habitantes de Gaza morreram na ofensiva, incluindo 20 crianças, enquanto outros 1990 palestinianos ficaram feridos no enclave. Do lado israelita, foram confirmadas até à manhã de hoje cerca de 300 pessoas mortas e 1864 feridas, das quais 19 estão em estado crítico, 326 em estado grave e as restantes em estado moderado ou ligeiro. 

No ano em que se assinalam os 75 anos da Nakba (catástrofe), «mais de cinco décadas depois de Israel ocupar militarmente a totalidade do território da Palestina histórica», o MPPM lembra que a campanha de limpeza étnica que acompanhou a formação de Israel se prolonga até hoje. «Em Gaza, de onde partiu esta acção, vivem cerca de 2,2 milhões de pessoas, descendentes dessas sucessivas vagas de limpeza étnica», alerta o movimento.

Apesar de as Nações Unidas o considerarem «impróprio para sustentar a vida humana», desde 2006 que o Estado israelita impõe um «bloqueio criminoso» sobre aquele território.

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Israel «branqueia crimes» das suas forças na Grande Marcha do Retorno

Uma ONG palestiniana e outra israelita acusam Israel de ter trabalhado para «branquear a verdade» sobre os crimes cometidos pelas suas tropas durante os protestos da Grande Marcha do Retorno, em Gaza.

Manifestantes palestinianos junto à vedação com que Israel cerca a Faixa de Gaza fazem frente a uma chuva de gás lacrimogéneo disparado pelas forças israelitas, durante os protestos da Grande Marcha do Retorno 
Créditos / WAFA

Num relatório conjunto, o Centro Palestiniano para os Direitos Humanos (PCHR), sediado em Gaza, e a organização israelita B'Tselem analisam as investigações que Israel diz ter levado a cabo na sequência da repressão exercida pelas forças israelitas sobre os manifestantes que, na Faixa de Gaza, reclamaram o direito de regresso dos refugiados a suas casas.

Os protestos conhecidos como Grande Marcha do Retorno começaram a 30 de Março de 2018 e prolongaram-se por mais de um ano e meio. Pelo menos 200 palestinianos foram mortos e 13 500 ficaram feridos – seguindo os números por baixo, uma vez que outras fontes apontam para mais de 300 mortos e cerca de 18 mil feridos, várias dezenas dos quais menores.

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Centenas de palestinianos enfrentam forças de segurança israelitas em Gaza

O vento e a chuva forte que se abateram esta semana sobre Gaza não impediram centenas de manifestantes de participarem, na sexta-feira, na última manifestação de 2019 da Grande Marcha do Retorno.

Manifestantes palestinianos participam num protesto na sexta-feira perto da fronteira entre Israel e a Palestina (Faixa de Gaza), no leste da Faixa de Gaza, em 5 de Abril de 2019.
CréditosMohammed Saber

Dezenas de palestinianos foram feridos esta sexta-feira pelas forças israelitas na Faixa de Gaza, quando participavam na 86.ª manifestação da Grande Marcha do Retorno, perto da vedação com que Israel isola o território palestino, segundo o Movimento pelos Direitos do Povo Palestino e pela Paz no Médio Oriente (MPPM).

Vários dos participantes nas manifestações, segundo o MPPM, foram feridos por balas reais e revestidas de borracha, enquanto dezenas de outros sofreram de asfixia por efeito do gás lacrimogéneo disparado pelas forças de ocupação.

Centenas de manifestantes participaram nos protestos apesar das adversas condições climatéricas. A Faixa de Gaza tem sido batida por vento e chuva forte na última semana, com as inundações a porem em risco cerca de 235 mil pessoas nas áreas mais baixas da Faixa de Gaza, segundo um relatório do Gabinete das Nações Unidas para a Coordenação dos Assuntos Humanitários (OCHA) no território palestiniano ocupado.

A 30 de Março os palestinianos comemoram o Dia da Terra. Nesse dia, em 1976, no Norte de Israel, foram assassinados seis palestinianos que protestavam contra a expropriação de terras para dar lugar a aldeamentos judaicos. Cerca de 100 outras pessoas ficaram feridas e centenas foram presas durante a greve geral e as grandes manifestações de protesto que, no mesmo dia, ocorreram no território do Estado de Israel.

A 30 de Março de 2018 a comemoração atingiu uma dimensão inusitada, ao tornar a celebração deste dia como o primeiro de uma «Grande Marcha do Retorno», uma reclamação do direito de regresso dos refugiados aos seus lares – tal como prescreve a resolução 194 das Nações Unidas – à Palestina histórica, de onde mais de 700 mil pessoas foram expulsas pelas tropas israelitas em 1948, durante a chamada «catástrofe» («Nakba», em árabe).

Desde então o protesto repete-se semanalmente, violentamente reprimido pelas forças israelitas, incluindo com o recurso a snipers e fogo real directo. Como resultado, pelo menos 348 palestinos foram mortos em Gaza por fogo israelita desde o início das marchas, a maioria deles durante as manifestações, segundo uma contagem da AFP citada pelo MPPM.

Para além disso, o Ministério da Saúde de Gaza regista mais de 18 mil feridos pelas forças repressivas sionistas. Entre as baixas contam-se crianças, mulheres, muitos adolescentes, jornalistas e trabalhadores dos serviços de saúde que tentam socorrer os manifestantes.

Em Março, uma missão de averiguação da ONU concluiu que as forças israelitas cometeram violações de direitos humanos na repressão dos manifestantes em Gaza, o que pode constituir crimes de guerra.

Os organizadores da Grande Marcha do Retorno anunciaram nesta quinta-feira que os protestos seriam suspensos até Março de 2020, altura em que serão retomados, coincidindo com o seu segundo aniversário e também com o Dia da Terra palestina (30 de Março). A partir daí realizar-se-ão a um ritmo mensal.

Além do bloqueio a que sujeita a Faixa de Gaza, na última década Israel lançou três guerras de agressão contra o pequeno território palestino e dezenas de ataques de escala mais limitada, matando milhares de pessoas e causando enormes destruições de casas e infra-estruturas.

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As duas organizações não governamentais (ONG) acusam Israel de proteger os responsáveis políticos e militares, «em vez de tomar medidas contra as pessoas que conceberam e implementaram a política ilegal de atirar a matar».

Israel foi célere a anunciar que estava a investigar os protestos, sobretudo devido aos procedimentos em curso no Tribunal Penal Internacional (TPI), afirmaram as organizações numa conferência de imprensa, a que a agência WAFA faz referência.

Isso deve-se ao princípio da complementaridade do TPI, ou seja, se um Estado «estiver disposto e tiver capacidade» para realizar a investigação e a efectuar, o TPI não intervém.

No entanto, não basta declarar que uma investigação está a ser feita; ela tem de ser eficaz, dirigida às altas patentes responsáveis e conduzir a uma acção contra elas, sublinham, acrescentando que isso não ocorre neste caso.

«Uma cortina de fumo para proteger os funcionários responsáveis»

«As investigações conduzidas por Israel não são mais do que uma cortina de fumo erguida para proteger do TPI os funcionários responsáveis. Israel não quer e não consegue investigar as violações de direitos humanos perpetradas pelas suas forças durante os protestos da Grande Marcha de Retorno na Faixa de Gaza. Tendo isto em conta, cabe agora ao TPI garantir a responsabilização penal», disseram as duas organizações.

«Estas investigações – tal como as levadas a cabo pelo sistema de aplicação da lei militar noutros casos em que soldados causaram danos aos palestinianos – fazem parte do mecanismo de branqueamento de Israel, e o seu principal objectivo continua a ser silenciar as críticas externas, para que Israel possa continuar a implementar sua política sem mudanças», lê-se no portal da B'Tselem.

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EUA mudam embaixada para Jerusalém e Israel massacra manifestantes em Gaza

A mudança da embaixada norte-americana de Telavive para Jerusalém fica associada a um «Dia de Raiva» na Palestina. Na Faixa de Gaza cercada, os franco-atiradores israelitas massacram os manifestantes.

Forças militares israelitas reprimem de forma brutal protestos da Grande Marcha do Retorno em Gaza
Créditos / trtworld.com

Quando o presidente norte-americano, Donald Trump, anunciou o reconhecimento de Jerusalém como capital de Israel e a intenção de mudar a Embaixada do seu país de Telavive para essa cidade, ficou claro que tal passo constituía uma declaração de apoio ao Estado de Israel e à sua política de ocupação e repressão na Palestina, nomeadamente em Jerusalém.

Várias organizações têm denunciado o número crescente de ameaças em locais religiosos não-judaicos, na cidade, bem como a intensificação do plano de «judaização» de Jerusalém Oriental, com o aumento da construção de colonatos e a expulsão da população palestiniana de suas casas, que são muitas vezes demolidas.

Declarada por Israel como sua capital, Jerusalém tem o estatuto, reconhecido pelas Nações Unidas, de cidade ocupada, sendo Israel a potência ocupante (desde 1967). Os palestinianos querem-na como sua capital e quem apoia a solução dos «dois estados» reconhece que o Estado da Palestina tem em Jerusalém Oriental a sua capital.

Repúdio geral

Logo em Dezembro, foi generalizado o repúdio internacional pela decisão da administração norte-americana e, a 21 desse mês, materializou-se na aprovação, por esmagadora maioria, na Assembleia Geral das Nações Unidas, de uma resolução que rejeita essa decisão e insta todos os estados-membros a não estabelecerem missões diplomáticas em Jerusalém, de acordo com a resolução 478 do Conselho de Segurança, de 1980.

Esse repúdio face ao reconhecimento de Jerusalém como capital de Israel também se fez sentir no interior de Israel, onde académicos, antigos embaixadores e defensores da paz enviaram uma carta a um representante de Trump, seguntou reportou o periódico Haaretz.

Antecipação da mudança

Inicialmente, não ficou explícito que a concretização da mudança da Embaixada dos EUA para Jerusalém estaria associada ao 70.º aniversário da criação do Estado de Israel, que hoje se assinala, e que teria lugar na véspera da Nakba – a limpeza étnica levada a cabo pelas forças sionistas e pelo Estado de Israel, em que mais de 750 mil palestinianos foram expulsos das suas casas e terras –, uma «catástrofe» que todos os anos os palestinianos marcam a 15 de Maio.

Na visita que efectuou em Janeiro a Israel, o vice-presidente dos EUA, Mike Pence, afirmou que essa mudança deveria ocorrer no final de 2019. No entanto, a 23 de Fevereiro, o Departamento de Estado anunciou a antecipação da mudança para 14 de Maio, o que foi encarado pelos palestinianos como mais uma acção de «provocação».

Franco-atiradores israelitas matam dezenas em Gaza

Em protesto contra a mudança da Embaixada dos EUA para Jerusalém, os palestinianos chamaram «Dia de Raiva» a este 14 de Maio. Nos territórios ocupados da Cisjordância, há notícia de mobilizações pelo menos em Ramallah e Hebron. Mas a grande mobilização está a ter lugar na Faixa de Gaza cercada, junto às vedações que enclausuram perto de 2 milhões de palestinianos – 80% dos quais são descendentes de refugiados – no pequeno enclave.

De acordo com a PressTV, as forças militares israelitas, que reforçaram a sua presença tanto em redor de Gaza como na Margem Ocidental ocupada –, esperavam que 100 mil pessoas se manifestassem nos pontos habituais, hoje, dia da mudança da Embaixada norte-americana para Jerusalém.

«os palestinianos querem mandar a mensagem de que não se adaptaram nem se vão adaptar à condição de refugiados»

Sobre o culminar dos protestos pacíficos da Grande Marcha do Retorno, que se iniciaram a 30 de Março, o ministro israelita da Educação, Naftali Bennet, do partido de extrema-direita Lar Judaico, disse a uma rádio israelita que a vedação seria encarada como uma «Muralha de Ferro» e que quem se aproximasse dela seria tratado como um «terrorista», refere a PressTV.

A mesma fonte indica ainda que a Força Aérea israelita lançou panfletos sobre a Faixa de Gaza, ontem e hoje, para demover os manifestantes de se aproximarem da vedação, mas sem sucesso, já que estes, segundo refere a Al Jazeera, têm estado a tentar atravessá-la, «defendendo o seu direito ao regresso, ao retorno, aconteça o que acontecer».

Um membro do comité organizador da Grande Marcha do Retorno disse à Al Jazeera que, ao tentarem atravessar a vedação, «os palestinianos querem mandar a mensagem de que não se adaptaram nem se vão adaptar à condição de refugiados».

Os franco-atiradores responderam de forma brutal, matando mais de quatro dezenas de pessoas que se manifestavam perto da vedação e ferindo perto de 2000, até ao momento.

De acordo com a organização, os protestos de hoje e os que estão previstos para amanhã – dia da Nakba – devem ser os mais massivos, sendo o ponto culminante das sete semanas de mobilizações, fortemente reprimidas pelas forças israelitas, junto à vedação com a Faixa de Gaza.

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Apesar dos milhares de feridos palestinianos resultantes da política de «atirar a matar» e de mais de centena e meia ter ficado sem membros inferiores ou superiores – as tropas israelitas usaram balas explosivas, as chamadas butterfly bullets, que se expandem no contacto com o corpo, provocando danos severos nos tecidos, nos ossos, nas veias –, nenhum destes casos foi investigado.

Sem explicação, os militares decidiram investigar apenas os casos em que palestinianos foram mortos. Dos 234 casos recebidos pelos procuradores do Exército, foi completa a revisão de 143 e um deles, o da morte do adolescente Othman Hiles, de 14 anos, levou à condenação de um soldado por «abuso de autoridade ao ponto de pôr em risco a vida e a saúde». Foi condenado a um mês de serviço comunitário.

No seu portal, a B'Tselem sublinha que «a conduta de Israel respeitante à investigação dos protestos em Gaza não é nova nem surpreendente», e recorda o que se passou depois da Operação Chumbo Fundido, em 2009, e da Operação Margem Protectora, em 2014.

«Então, também, Israel desrespeitou o direito internacional, recusou-se a reformar a sua política apesar dos resultados letais e desviou as críticas prometendo investigar a sua conduta. Então, também, nada resultou dessa promessa», afirma.

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Por outro lado, entre Março de 2018 e Dezembro de 2019, uma série de manifestações pacíficas designadas Grande Marcha do Retorno foram brutalmente reprimidas pelo exército de Israel, contabilizando-se 223 mortos e mais de nove mil feridos, sob o silêncio da comunidade internacional.

«Os assaltos das forças de ocupação israelita às povoações e campos de refugiados palestinos, assim como a violência dos colonos e as prisões arbitrárias são o quotidiano com que os palestinos, homens e mulheres, jovens e menos jovens diariamente se confrontam», lembra o MPPM, salientando que, até este sábado, pelo menos 247 palestinianos, sobretudo jovens, foram mortos pelas forças israelitas e por colonos.

Neste sentido, insiste que a paz no Médio Oriente e a solução da questão palestiniana «passam necessariamente por um desenlace que respeite os direitos inalienáveis» do povo palestiniano a uma pátria livre e independente, incluindo o direito de regresso dos refugiados.

Sobre os que condenam a resistência 

O MPPM rejeita os «lamentos» daqueles que «hipocritamente condenam as acções violentas de resistência dos oprimidos e se calam desde há décadas (ou pior, colaboram) perante a violência da ocupação», e entre os quais se encontra o Governo português. «Israel tem o direito de se defender. Estes ataques nada resolverão, contribuindo apenas para piorar a situação na região. Estamos solidários com Israel e oferecemos condolências pelas vítimas.», disse o ministro João Gomes Cravinho, este sábado, na rede social X. 

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Palestina pede à ONU protecção especial para as crianças

O governo palestiniano denunciou junto da ONU o assassinato de 44 menores, este ano, por soldados israelitas. Neste contexto, reclamou protecção para a infância e a responsabilização de Telavive.

De acordo com o Ministério palestiniano da Informação, 12 mil crianças foram detidas pelos israelitas nos últimos 17 anos
Jovem palestiniano é detido pelas forças israelitas (imagem de arquivo) Créditos / addameer.org

Numa carta enviada esta segunda-feira ao secretário-geral da Organização das Nações Unidas, António Guterres, o Ministério palestiniano dos Negócios Estrangeiros pediu protecção especial urgente para as crianças palestinianas, informa a agência Wafa.

Mahmoud Samoudi, de 12 anos, foi, ontem, a vítima mortal mais recente das forças israelitas, não resistindo aos ferimentos quase duas semanas depois de ter sido atingido por uma bala no abdómen, durante uma operação militar na cidade de Jenin (Norte da Cisjordânia ocupada).

Só nos últimos dias, «Israel, a potência ocupante, matou cinco crianças e jovens palestinianos, incluindo Adel Adel Daud (14 anos), Mahdi Ladadwa (17), Mahmoud Sous (17), Fayez Khaled Damdoum (17) e Ahmad Draghmeh (19)», indica o texto das autoridades palestinianas.

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Desde 2014 que não eram mortas tantas crianças palestinianas

Até 10 de Dezembro, 86 crianças foram mortas nos territórios ocupados da Palestina, fazendo de 2021 o ano mais mortífero para elas desde 2014, segundo os registos de uma organização não governamental.

Créditos / aawasat.com

As forças israelitas mataram 76 crianças palestinianas este ano – 61 na Faixa de Gaza cercada e 15 na Cisjordânia ocupada, incluindo Jerusalém Oriental. Civis israelitas armados mataram duas crianças palestinianas na Cisjordânia, revela o relatório agora publicado pela Defense for Children International – Palestine (DCIP).

A estas 78 crianças juntam-se sete que foram mortas por foguetes disparados incorrectamente por grupos armados palestinianos na Faixa de Gaza, e uma outra que foi morta por uma munição não detonada, cujas origens a ONG não conseguiu determinar.

«Nos termos do direito internacional, a força letal intencional só se justifica em circunstâncias em que esteja presente uma ameaça directa à vida ou de ferimentos graves. No entanto, investigações e provas recolhidas pelo DCIP sugerem que as forças israelitas utilizam regularmente força letal contra crianças palestinianas em circunstâncias que podem equivaler a execuções extrajudiciais ou intencionais», lê-se relatório, traduzido pelo Movimento pelos Direitos do Povo Palestino e pela Paz no Médio Oriente – MPPM.

Quadro detalhado sobre as crianças mortas nos territórios ocupados da Palestina de 1 de Janeiro a 10 de Dezembro de 2021 / DCIP

Durante os 11 dias do ataque militar israelita à Faixa de Gaza, em Maio de 2021, naquilo que ficou conhecido como Operação Guardião dos Muros, as forças israelitas mataram 60 crianças palestinianas, segundo os dados recolhidos pela DCIP.

«Aviões de guerra israelitas e drones armados bombardearam áreas civis densamente povoadas, matando crianças palestinianas que dormiam nas suas camas, brincavam nos seus bairros, faziam compras nas lojas perto das suas casas e celebravam o Eid al-Fitr [festa no fim do Ramadão] com as suas famílias», disse Ayed Abu Eqtaish, director do programa de responsabilização da DCIP.

«A falta de vontade política da comunidade internacional para responsabilizar os funcionários israelitas garante que os soldados israelitas continuarão a matar ilegalmente crianças palestinianas com impunidade», acrescentou.

A DCIP lembra que o direito humanitário internacional proíbe ataques indiscriminados e desproporcionados, e exige que todas as partes num conflito armado façam a distinção entre alvos militares, civis e objectos civis.

O pico mais recente de assassinatos de crianças ocorrera em 2018, quando forças israelitas e colonos mataram crianças palestinianas a um ritmo médio superior a uma por semana (57). A maioria dessas mortes ocorreu durante os protestos da Marcha do Retorno, na Faixa de Gaza, refere o organismo.

Número de crianças palestinianas mortas anualmente, desde 2014, por forças israelitas e civis israelitas armados / DCIP

De acordo com os dados da DCIP, foram mortas 2196 crianças palestinianas, desde 2000, em resultado da presença de militares e de colonos israelitas nos territórios ocupados da Palestina.

A Defense for Children International – Palestine é uma das seis organizações de direitos humanos que Israel pretende silenciar, lembra o MPPM, sublinhando que a medida tem merecido a condenação generalizada a nível internacional e foi denunciada pelo MPPM a 29 de Outubro último.

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A carta afirma que as forças de ocupação estão a utilizar «a política infame de atirar a matar» – de que resultou a morte de centenas de crianças palestinianas –, ao apontarem «deliberadamente» para a parte superior dos seus corpos.

«Israel dispara deliberadamente contra os menores palestinianos com o objectivo declarado de os matar e mutilar, negando-lhes o direito à vida», lê-se no texto, sublinhando que «as crianças jamais devem ser mortas ou mutiladas», bem como a necessidade de medidas urgentes para as proteger da «escalada dos crimes israelitas».

Neste sentido, o governo palestiniano exigiu medidas contra Telavive, destacando que as «evidências dos seus crimes crescentes contra as crianças palestinianas são, sem dúvida alguma, esmagadoras», violando o direito internacional e as resoluções que constituem a base da protecção das crianças nos conflitos armados.

«A protecção das crianças é a maior obrigação moral, legal e política da humanidade», frisa o documento, no qual se pede à comunidade internacional que «ponha fim a este pesadelo intolerável que as nossas crianças vivem diariamente» e que tome medidas para responsabilizar Israel «pelos seus crimes horrendos».

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«Os que há décadas convivem com a ausência de qualquer real processo político conducente a uma solução que respeite os direitos do povo palestino, não têm autoridade moral para hoje se queixarem das tempestades que provocaram», defende o MPPM. Certo de que a violência poderá alastrar-se a todo o Médio Oriente, o movimento recorda que Israel, «com o apoio dos países "ocidentais" e em primeiro lugar dos Estados Unidos da América», é a maior potência militar da região e a única a dispor de armas nucleares.

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Em simultâneo, revela a Wafa, têm-se registado múltiplas agressões e raides, da parte de colonos e forças istraelitas, na Margem Ocidental ocupada. Pelo menos cinco palestinianos foram ali mortos nas últimas 24 horas, em vários pontos do território ocupado.

Operação Dilúvio de Jerusalém

A operação israelita de larga escala segue-se à operação, lançada no sábado de manhã, por forças da resistência palestiniana na Faixa de Gaza, onde o Hamas é o elemento predominante.

Segundo foi revelado então, a ala militar do Hamas lançou pelo menos 5000 rockets para aquilo que é hoje Israel. As forças da resistência derrubaram, em vários pontos, a vedação que cerca o território e atacaram os colonatos em redor por terra, mar e ar.

Pelo menos 700 israelitas foram mortos nessa operação que alguma imprensa israelita classificou como «nunca vista» e mais de cem foram feitos prisioneiros, incluindo militares de alta patente.

No domínio político-mediático da «comunidade internacional», o mundo predominantemente ocidental e branco, as vozes sobre «A Guerra» (só havia uma e mais nenhuma: a da Ucrânia) silenciaram-se e, nas fachadas das praças de capitais como Nova Iorque, Berlim ou Bruxelas, as bandeiras da Ucrânia foram substituídas pelas de Israel.

Desde o Mandato Britânico que os palestinianos são sujeitos à opressão, que se intensificou com a construção, nas suas terras, do Estado de Israel, erguido à custa das forças paramilitares que expulsaram os palestinianos de suas casas e os mataram ou meteram em guetos.

A campanha de limpeza étnica então iniciada mantém-se até hoje, sob um regime de apartheid, por via do saque de territórios e de recursos, a destruição de casas, escolas e outras infra-estruturas, e a expulsão dos palestinianos das terras onde vivem.

Escolas da UNRWA atingidas pelos bombardeamentos em Gaza / @QudsNen

De forma sistemática, as forças israelitas bombardeiam a Faixa de Gaza, que mantêm fechada e cercada num férreo bloqueio, com mais de dois milhões de pessoas a viver em condições insalubres, sem luz, água potável, mas «a comunidade internacional» projecta as suas bandeiras nos edifícios das suas praças quando a Palestina – reduzida ao Hamas – se ergue e rompe o cerco.

Escolas da UNRWA atingidas

Entretanto, no enorme campo de deslocados que é Gaza, cerca de 70 mil pessoas procuraram refúgio dos bombardeamentos nas 64 escolas operadas pela UNRWA – a agência da ONU para os refugiados palestinianos no Médio Oriente.

Em comunicado, a UNRWA confirmou que dois alunos em escolas que opera em Khan Younis e Beit Hanoun se encontram entre os mortos. Pelo menos três escolas da organização sofreram danos provocados pelos bombardeamentos, acrescenta o texto.

A UNRWA sublinhou que os civis devem ser sempre protegidos, também em período de guerra, e apelou a um cessar-fogo imediato e ao fim da violência em todo o lado.

A operação das forças da resistência em território israelita continua.

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Foram muitas décadas em que a União Europeia, incluindo o Governo português, toleraram a quotidiana violação por Israel de inúmeras resoluções da ONU, do direito internacional e do direito internacional humanitário, pactuando com a ausência de qualquer real processo político conducente a uma solução que respeite os direitos destas populações. Quem pactuou com estes crimes não tem, hoje, «autoridade moral para se queixarem das tempestades que provocaram», acrescenta o MPPM.

Por todos estes motivos, o MPPM e a CGTP-IN, ao lado do Conselho Português para a Paz e Cooperação (CPPC) decidiram convocar o acto público de solidariedade com o povo palestino (11 de Outubro, às 18h, na Praça do Martim Moniz), «pelo seu direito a resistir à ocupação, pelo reconhecimento dos seus direitos inalienáveis a uma pátria livre, independente e soberana, pelo direito de regresso dos refugiados, e também por uma paz justa e duradoura no Médio Oriente».

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Entretanto, o portal The Cradle refere que a passagem fronteiriça de Rafah entre a Faixa de Gaza e o Egipto foi bombardeada duas vezes pela aviação israelita, de modo «a tornar impossível a entrega de qualquer ajuda humanitária» e a colocar em efeito o «cerco total» que o ministro israelita da Defesa, Yoav Gallant, havia anunciado, quando disse que estavam «a lutar contra animais e a agir em consonância».

A mesma fonte indica que mais de mil israelitas foram mortos e cerca de 130 foram feitos prisioneiros e levados para Gaza na ofensiva palestiniana iniciada no sábado.

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Entretanto, o Comité para a Protecção dos Jornalistas (CPJ) emitiu um comunicado em que dá conta do desaparecimento, desde sábado, dos jornalistas palestinianos Nidal al-Wahidi e Haitham Abdelwahid. Eram ambos fotógrafos e trabalhavam para diversos meios de comunicação.

Israel tem um longo historial de assassinato de jornalistas palestinianos que cobrem as atrocidades cometidas pelas suas forças nos territórios ocupados.

De acordo com um relatório emitido pelo CPJ em Maio último, as forças israelitas mataram pelo menos 20 jornalistas nos últimos 22 anos – 18 dos quais palestinianos.

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As «forças sãs» em Israel, «judeus e árabes», devem erguer as suas vozes de uma forma clara contra qualquer tentativa de incitar à violência contra grupos ou que façam justiça pelas próprias mãos, especialmente os que vivem «nas cidades comuns e nas aldeias não reconhecidas» de Al-Naqab/Negev. «Temos de promover actividades conjuntas que lutem por uma vida normal, sem ocupação, discriminação ou supremacia étnica».

«Devemos lutar pela paz, pela igualdade e pela verdadeira democracia para todos», referem os comunistas, que participam na aliança Hadash, uma coligação que junta o PCI e vários grupos de esquerda em Israel (incluindo as panteras negras e movimentos de árabes seculares) que elegeu cinco deputados em 2022.

O CPI expressou ainda a sua preocupação com «possíveis acções de retaliação contra cidadãos palestinianos em Israel»: estas pessoas já pagaram «um preço demasiado elevado pela negligência com que o Estado de Israel os trata».

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Depois da manifestação realizada no passado dia 11 de Outubro, convocada pelo Movimento pelos Direitos do Povo Palestino e pela Paz no Médio Oriente (MPPM), o Conselho Português para a Paz e Cooperação (CPPC) e a CGTP-IN, juntar centenas de pessoas na luta pela «paz no Médio Oriente», as mesmas organizações estão a agendar novos protestos na defesa dos direitos do povo palestiniano.

Até ao momento, estão marcados actos com o lema «Fim à Agressão a Gaza, Paz no Médio Oriente» para o Porto, hoje, às 18h, na Praceta da Palestina, em Lisboa, dia 18 às 18h, no Martim Moniz, e em Évora, dia 19 às 18h, no Largo Camões.

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A criação da AP implicava a neutralização das verdadeiras reivindicações palestinas à terra (incluindo o direito de regresso dos refugiados palestinos, estabelecido pela resolução 194 da ONU em 1948) e, ao mesmo tempo, permitia ao Estado israelita alterar os «factos no terreno» através da criação de cada vez mais assentamentos ilegais. Além disso, após a Segunda Intifada (2000-2005), Israel cortou o requisito de «passagem segura» de Oslo, que permitia aos palestinos de Jerusalém Oriental, Gaza e Cisjordânia viajar através destas zonas. Em 2005, Israel anulou os Acordos de Oslo, embora a classe política palestina continuasse ligada a eles como a única esperança de criação do Estado da Palestina (mesmo que fosse um pequeno fragmento da Palestina histórica).

A realidade da «solução dos dois Estados» foi desaparecendo à medida que os assentamentos aumentavam na Cisjordânia, que o controle palestino sobre Jerusalém Oriental era cada vez mais absorvido por Israel, que o direito de regresso era posto de lado e que Gaza era bombardeada quase todos os anos. Neste contexto, vários intelectuais importantes palestinos começaram a levantar a questão da «solução de um Estado», com um Estado israelita-palestino baseado numa ideia de cidadania não-étnica, secular e democrática. Em 2021, a maioria dos estudiosos da região afirmava que os factos mostram que Israel é «uma realidade de um Estado único semelhante ao apartheid».

A ideia de que Israel é um Estado de apartheid está agora bem estabelecida nos documentos das Nações Unidas e nos relatórios de direitos humanos. Esta avaliação demonstra duas coisas: primeiro, que Israel e o Território Palestino Ocupado já são «um Estado» e, segundo, que é um Estado de apartheid, com os palestinos numa categoria de segunda classe. Os defensores da «solução de um só Estado» argumentam que a realidade de um Estado único exige atualmente uma cidadania igual para todos os que vivem em Israel/Palestina. A atual classe política israelita recusa-se a aceitar a ideia de um Estado único democrático e secular, porque está agarrada a um projeto etno-nacionalista de um «Estado judeu» que elimina a possibilidade de cidadania plena para os cristãos e muçulmanos palestinos.

«A criação da AP implicava a neutralização das verdadeiras reivindicações palestinas à terra (incluindo o direito de regresso dos refugiados palestinos, estabelecido pela resolução 194 da ONU em 1948) e, ao mesmo tempo, permitia ao Estado israelita alterar os «factos no terreno» através da criação de cada vez mais assentamentos ilegais.»

Se a «solução de dois Estados» já não é prática e se a «solução de um Estado» é bloqueada pela classe política israelita, então tudo o que resta a Netanyahu e aos outros é a «solução de três Estados». Esta é a solução que procura retirar grande parte da população palestina de Jerusalém Oriental, de Gaza, da Cisjordânia, e talvez mesmo do interior das linhas de Israel de 1948, e enviá-la para os três Estados do Egito, Jordânia e Líbano. As escavadoras que vêm atrás dos tanques em Gaza estão tentando empurrar os refugiados palestinos (70% deles são descendentes dos que foram enviados para Gaza na Nakba [«Catástrofe»] de 1948) através do cruzamento de Rafah para a Península do Sinai, no Egito.

Esta «solução de três Estados» é precisamente uma limpeza étnica, um crime à luz do direito internacional. Durante décadas, a classe política israelita tem estado disposta a conduzir políticas genocidas – incluindo o atual bombardeio de Gaza – para facilitar o seu projeto de Estado de apartheid étnico-nacional, que exige o apagamento dos palestinos e da Palestina.

Em 2014, após a Operação Margem Protetora de Israel, o Gabinete do Procurador do Tribunal Penal Internacional (TPI) abriu uma investigação sobre a situação na Palestina. Esta investigação não deu em nada. Durante o atual ataque a Gaza, o procurador Karim A. A. Khan foi até ao cruzamento de Rafah e afirmou que o bloqueio de Israel à ajuda humanitária em Gaza pode constituir um crime nos termos da jurisdição do TPI. Na verdade, o facto de existir apartheid já é um crime nos termos do Estatuto de Roma de 2002, que originou o TPI. Tanto a «realidade de um Estado único semelhante ao apartheid» como a «solução de três Estados» de limpeza étnica são crimes graves que exigem investigação. Será que Khan pedirá aos juízes do TPI que emitam mandados de captura contra o primeiro-ministro israelita Benjamin Netanyahu e os seus colegas?


Artigo republicado no âmbito de uma parceria com a Globetrotter. O autor escreve ao abrigo do Acordo Ortográfico de 1990 (AO90)

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A declaração de Guterres, feita com uma voz calma, no entanto, afastou-se do sentimento de desconsideração que caracteriza as declarações dos líderes europeus e norte-americanos – muitos dos quais correram para Tel Aviv para ficar ao lado do primeiro-ministro israelita Benjamin Netanyahu e prometer seu apoio total a Israel. A história é importante. Guterres disse que os problemas que agora afligem os palestinos de Gaza não começaram em 7 de outubro, quando o Hamas e outras facções palestinas romperam a barreira de segurança do apartheid e atacaram os assentamentos que fazem fronteira com Gaza. A sua declaração sobre a situação nas últimas décadas é factual, baseada em milhares de páginas de relatórios e resoluções da ONU: «É importante também reconhecer que os ataques do Hamas não aconteceram num vácuo. O povo palestino foi submetido a 56 anos de uma ocupação sufocante. Eles viram suas terras serem constantemente devoradas por assentamentos e assoladas pela violência; sua economia foi sufocada; seu povo foi deslocado e suas casas demolidas. As suas esperanças numa solução política para sua situação estão desaparecendo». A imagem da «ocupação sufocante» é totalmente precisa.

Depois de Guterres fazer essas observações, as autoridades israelitas – como que por impulso – exigiram a renúncia do secretário-geral da ONU. O representante permanente de Israel na ONU, Gilad Erdan, acusou Guterres – de forma absurda – de «justificar o terrorismo». Dizendo que Guterres «mais uma vez distorce e distorce a realidade», Erdan observou que o seu governo não permitiria que o chefe de ajuda humanitária da ONU, Martin Griffiths, cruzasse a fronteira de Rafah com Gaza para supervisionar a distribuição de auxílio. «Em que mundo você vive?», perguntou o Ministro das Relações Exteriores de Israel, Eli Cohen, a Guterres. Enquanto isso, no Conselho de Segurança da ONU, os Estados Unidos vetaram resoluções para um cessar-fogo, enquanto a China e a Rússia vetaram uma resolução dos EUA que dizia que Israel tinha o direito de se defender e que o Irão deveria interromper a exportação de armas. Os Estados Unidos politizaram profundamente a atmosfera na ONU, usando as suas próprias resoluções para angariar apoio – sem sucesso – para Israel, enquanto atacavam os palestinos (e, de maneira bizarra, o Irão) no processo.

Não há nada de neutro nos Estados Unidos

Os Estados Unidos nunca foram um árbitro imparcial na região, dada a sua estreita ligação com Israel desde, pelo menos, a década de 1960. Bilhões de dólares em armas vendidas a Israel, bilhões de dólares em ajuda a Israel e declarações esporádicas a favor de Israel definiram o relacionamento entre Washington e Tel Aviv. Durante todas as negociações entre palestinos e israelitas, os Estados Unidos fizeram um jogo de duplicidade: fingiram ser neutros, mas, na verdade, usaram o seu imenso poder para neutralizar os palestinos e fortalecer Israel. Os Acordos de Oslo, que levaram à criação de um bantustão impotente administrado pela Autoridade Palestina, foram negociados com os Estados Unidos com as suas mãos na caneta. Oslo levou à criação de um processo que resultou no desgaste do controle palestino sobre Jerusalém Oriental e a Cisjordânia, bem como no estrangulamento dos palestinos em Gaza – tudo isso combinado é a «ocupação sufocante» de que Guterres falou.

Desde 2007, quando as tropas israelitas deixaram Gaza e depois a cercaram com muros terrestres e marítimos que transformaram o território na maior prisão a céu aberto do mundo, Israel bombardeia rotineiramente os palestinos que vivem lá. Cada vez que há um bombardeamento, um pior do que o outro, o governo dos Estados Unidos dá total apoio a Israel e reequipa-o durante o bombardeamento.

«Os Acordos de Oslo, que levaram à criação de um bantustão impotente administrado pela Autoridade Palestina, foram negociados com os Estados Unidos com as suas mãos na caneta.»

Os pedidos de cessar-fogo foram bloqueados por Washington no Conselho de Segurança da ONU desde o destrutivo bombardeamento de Gaza chamado Operação Chumbo Fundido (2008-09). Desta vez, na hora certa, os Estados Unidos deram apoio diplomático a Israel, com o presidente americano Joe Biden indo a Tel Aviv e com os Estados Unidos chegando ao ponto de adotar uma mentira flagrante de que Israel não bombardeou o Hospital Árabe al-Ahli na Cidade de Gaza em 17 de outubro. Antes de Biden chegar a Israel, os Estados Unidos enviaram dois grandes grupos de batalha naval para o leste do Mediterrâneo – dois porta-aviões, o USS Dwight D. Eisenhower e o USS Gerald Ford, com suas embarcações de apoio em dois grupos de ataque. Desde então, os EUA transferiram sistemas de defesa antimísseis para a região para fortalecer as forças armadas israelitas. O deslocamento dessas forças vem acompanhado de bilhões de dólares gastos anualmente pelos EUA para armar Israel, incluindo 15 bilhões de dólares em assistência militar extra durante esse período recente. Essas guerras não são apenas as guerras de Israel. São as guerras de Israel e dos Estados Unidos, com os seus aliados ocidentais a reboque.

Gaza transformar-se-á numa Mossul

Enquanto isso, os Estados Unidos enviaram oficiais militares de alta patente para trabalhar em estreita colaboração com os generais israelitas. Um desses oficiais é o tenente-general de três estrelas da Marinha, James Glynn, que foi enviado para «ajudar os israelitas com os desafios de lutar numa guerra urbana». Glynn e outros estão na cadeia de comando militar israelita, não para tomar decisões por Israel, mas para auxiliá-los. Glynn fez parte da Operação Inherent Resolve dos EUA contra o Estado Islâmico do Iraque e da Síria (ISIS) nos anos que se seguiram a 2014, quando os Estados Unidos bombardearam Mossul e Raqqa (Iraque) para expulsar o ISIS dessas cidades. Como que para ressaltar a experiência de Glynn em Mossul e Raqqa, o secretário de Defesa dos EUA, Lloyd Austin, disse ao ministro da Defesa de Israel, Yoav Gallant, que ele próprio havia participado da Operação Inherent Resolve em 2016-2017, quando Austin chefiava o Comando Central dos EUA. Os comentários de Austin e o destacamento de Glynn para Israel são uma antecipação da guerra terrestre que se espera contra Gaza. «A primeira coisa que todos devem saber», disse Austin à ABC News, «e acho que todos sabem, é que o combate urbano é extremamente difícil».

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Biden fala em ocupação e dois estados mas continua a apoiar Israel

O governo dos EUA reconheceu que a Cisjordânia é um território «ocupado», mas continua a pugnar por questões como a capital em Jerusalém. Israel proíbe festejos pela libertação de presos palestinianos.

Um palestiniano, de punhos algemados, faz o sinal da vitória durante uma manifestação de solidariedade com os prisioneiros palestinianos nas cadeias israelitas, em frente aos escritórios do Comité Internacional da Cruz Vermelha, em Nablus, Cisjordânia, a 26 de Agosto de 2020
CréditosEPA/ALAA BADARNEH / LUSA

«É um facto histórico que Israel ocupou a Cisjordânia, a Faixa de Gaza e os montes Golã depois da guerra de 1967», disse esta quinta-feira o porta-voz da diplomacia norte-americana, Ned Price. O responsável político do governo de Joe Biden falava no âmbito da apresentação do relatório anual sobre direitos humanos, reiterando que esta é uma «posição antiga de governos precedentes», tanto democratas como republicanos.

Ned Price declarou ainda que a actual da administração dos EUA, ao contrário do que defendia Donald Trump, pugna pela solução de dois estados para Israel e a Palestina.

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Israel prendeu 158 palestinianos em duas semanas

Na última quinzena de Fevereiro, entre ataques repetidos dos colonos, as forças israelitas detiveram 158 palestinianos e feriram 17, revelou o Gabinete para a Coordenação de Assuntos Humanitários da ONU.

Palestinianos detidos pelas forças israelitas em Jerusalém Oriental ocupada
Créditos / alghad.com

O relatório quinzenal «Protecção de Civis» do Gabinete das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (UNOCHA, na sigla em inglês), referente ao período de 16 de Fevereiro a 1 de Março, dá conta de 17 palestinianos feridos pelas forças israelitas.

Entre estes, conta-se um rapaz de 16 anos baleado enquanto caminhava perto do Muro na aldeia de Saffa (província de Ramallah). Outros sete outros foram feridos em protestos contra o estabelecimento de um posto avançado de colonatos em Beit Dajan (Nablus) e contra a expansão dos colonatos em Kafr Qaddum (Qalqiliya), refere o MPPM (Movimento pelos Direitos do Povo Palestino e pela Paz no Médio Oriente).

A mesma fonte indica que dois palestinianos foram feridos em confrontos durante operações de busca e detenção no campo de refugiados de ad-Duheisha (Belém) e na aldeia de Abu Shukheidim (Ramallah).

Outros três palestinianos, incluindo um homem idoso e uma criança, foram agredidos fisicamente por forças israelitas em Huwwara (Nablus) e an-Nuwei'ma (Jericó).

Para além disso, na última quinzena de Fevereiro, as forças israelitas efectuaram 184 operações de busca e captura, e prenderam 158 palestinianos em toda a Cisjordânia ocupada, incluindo Jerusalém Oriental.

Na Faixa de Gaza cercada, em pelo menos 29 ocasiões as forças israelitas abriram fogo de aviso perto da vedação que cerca o território ou ao largo da costa, presumivelmente para impor restrições de acesso. Também arrasaram terras perto da vedação noutras duas ocasiões, refere o relatório.

Destruição de propriedades palestinianas

Alegando a falta de licenças de construção – muito difíceis de obter –, as forças israelitas demoliram ou apreenderam pelo menos 35 estruturas palestinianas, deslocando 98 pessoas, 53 das quais eram crianças, e afectando mais outras 60.

No dia 22 de Fevereiro, as autoridades israelitas confiscaram 18 estruturas residenciais e para animais em Humsa – al-Bqai'a, a maioria das quais tinha sido fornecida como resposta humanitária às demolições e confiscos anteriores; dez famílias, compreendendo mais de 60 pessoas, incluindo 36 crianças, foram novamente deslocadas.

Ataques repetidos de colonos

Colonos israelitas apredejaram e feriram um rapaz palestiniano de 17 anos em Sheikh Jarrah (Jerusalém Oriental) e danificaram várias propriedades palestinianas, incluindo veículos e árvores.

O organismo da ONU registou ainda casos de apedrejamento de viaturas de palestinianos quando estes viajavam perto da Cidade Velha de Jerusalém e perto do colonato de Yitzhar (Nablus). Em Ramallah, em três incidentes distintos, vários carros estacionados perto do colonato de Shilo e dois camiões em Ein Samiya e Kafr Malik foram também vandalizados.

Na Cidade Velha de Hebron (al-Khalil), colonos israelitas tentaram invadir casas palestinianas e, noutros quatro incidentes atribuídos a colonos em Nablus, casas foram apedrejadas e um reservatório de água foi danificado em Asira al-Qibliya; vedações em torno de terras agrícolas foram vandalizadas em Burin; sete ovelhas foram roubadas em Jalud; e oliveiras novas foram arrancadas em Beit Dajan e Qaryut.

Os palestinianos relataram ainda que colonos israelitas tentaram tomar posse de terras palestinianas em al-Baqa'a (Hebron) e atacaram pastores em Kisan e um dono de loja em Husan (duas aldeias em Belém), roubando-lhe dinheiro, refere a fonte.

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Não obstante, volta a não constar a referência aos territórios ocupados no título que trata esta secção do relatório, como acontecia em administrações anteriores à de Donald Trump. Aliás, foi inserido um parágrafo no documento a explicar que as palavras usadas «não reflectem uma posição sobre nenhuma das questões relacionadas ao status final a ser negociado pelas partes no conflito, em particular as fronteiras específicas da soberania israelita em Jerusalém, ou as fronteiras entre Israel e um futuro estado palestiniano».

Aliás, os EUA continuam a defender as decisões, tomadas em 2017 e 2019, que afrontaram o direito internacional, de que Jerusalém é capital de Israel e que este é soberano sobre os montes Golã. E Price evitou responder aos jornalistas sobre se os colonatos israelitas são ilegais.

No mesmo dia, Israel proíbe palestinianos de festejar libertações

Soldados israelitas invadiram, esta quarta-feira, a casa de Ghazi Kanaan, em Ras al-Amoud, ameançando voltar a detê-lo quando se passavam 24 horas sobre a sua libertação, depois de ter cumprido uma pena de prisão de 11 anos, por se ter oposto à ocupação militar do seu país, como explica a agência WAFA.

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Forças israelitas desalojaram 42 palestinianos em 15 dias

Na primeira quinzena de Março, as forças israelitas demoliram ou confiscaram 26 estruturas palestinianas, na maioria casas, informou o Gabinete para a Coordenação de Assuntos Humanitários da ONU.

Palestinianos junto a edifício demolido pelas forças israelitas em Hebron/al-Khalil (imagem de arquivo)
Créditos / Middle East Monitor

O relatório quinzenal «Protecção de Civis» do Gabinete das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (UNOCHA, na sigla em inglês), referente ao período compreendido entre 2 e 15 de Março, dá conta da demolição ou apreensão de 26 estruturas propriedade de palestinianos na Margem Ocidental e em Jerusalém Oriental ocupadas.

Em resultado destas acções, 42 pessoas foram desalojadas (24 das quais crianças) e outras 120 foram afectadas. Dezassete das estruturas e todos os casos de desalojados foram registados na chamada Área C, inteiramente sob controlo militar israelita, revelou o organismo das Nações Unidas.

Dois edifícios foram demolidos na aldeia de Ein Shibli, na região de Nablus, deixando sem tecto 17 pessoas. As autoridades de ocupação basearam-se na ordem militar 1797, que lhes permite demolir edifícios e estruturas no espaço das 96 horas subsequentes a uma «ordem de remoção». Os outros casos de desalojamento verificaram-se como consequência da demoliação de quatro casas nas comunidades de at-Tuwani e Khallet Athaba (Hebron/al-Khalil), e em Beit Jala (Belém).

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Israel confisca grandes parcelas de terra palestiniana perto de Belém

As autoridades de ocupação israelitas aprovaram, no sábado, um plano para confiscar grandes extensões de terra na província de Belém, na Cisjordânia ocupada, noticiou a agência WAFA.

<p>Colonato judaico na Margem Ocidental ocupada</p>
Créditos / MPPM

Hasan Brejiyeh, director do Gabinete da Resistência ao Muro e à Colonização da Palestina, disse à agência que as terras a serem confiscadas se localizam nas imediações do colonato ilegal de Beitar Illit e que serão utilizadas para a abertura de estradas reservadas a colonos e para a construção de novas unidades habitacionais para a população dos colonatos judaicos.

Existem mais de 700 mil colonos israelitas a viver em colonatos espalhados pela Margem Ocidental ocupada, em violação do direito internacional, particularmente da Quarta Convenção de Genebra, que proíbe expressamente a deslocação da população civil da nação ocupante para as terras dos ocupados, lembra a WAFA.

De acordo com a organização israelita de direitos humanos B'Tselem, Israel tem recorrido a um complexo mecanismo jurídico e administrativo para controlar mais terras palestinianas na Cisjordânia.

O principal instrumento utilizado é declarar a terra como «terra do Estado». Este processo, aponta a agência palestiniana, começou em 1979 e baseia-se numa implementação manipuladora da Lei das Terras Otomanas de 1858. Outros métodos usados por Israel para se apropriar da terra incluem o confisco para necessidades militares, a declaração de terras como «bens abandonados» e a expropriação de terras para «necessidades públicas».

«Isto é nosso – E isto, também»

No seu portal, o MPPM – Movimento pelos Direitos do Povo Palestino e pela Paz no Médio Oriente, faz referência a um extenso relatório, publicado recentemente pela B’Tselem e outra ONG israelita, Kerem Navot, que escrutina a apropriação por Israel de terras palestinianas na Cisjordânia ocupada, intitulado «This Is Ours – And This, Too: Israel’s Settlement Policy in the West Bank» (Isto é Nosso – E Isto, também: A Política de Colonização de Israel na Cisjordânia).

No sumário, afirma-se que «Israel está a impor um regime de supremacia judaica em toda a área compreendida entre o Rio Jordão e o Mar Mediterrâneo». Acrescenta-se que «o facto de a Margem Ocidental não ter sido formalmente anexada» não impede as autoridades de ocupação israelitas de «a tratarem como se fosse território seu».

O documento aborda os «mecanismos financeiros, legais e de planeamento que as autoridades israelitas têm vindo a empregar há mais de meio século para permitir o estabelecimento e a expansão dos colonatos e a sua sustentação».

Centra-se em dois aspectos-chave. Em primeiro lugar, o esforço do Estado de Israel, a vários níveis, para encorajar os judeus a mudarem-se para os colonatos. «O Estado oferece uma série de benefícios e incentivos aos colonos e aos colonatos», que «explicam em parte o rápido crescimento populacional nos grandes colonatos ultra-ortodoxos na Cisjordânia – Modi'in Illit e Beitar Illit», refere o texto.

São também oferecidos benefícios e incentivos às zonas industriais na Cisjordânia ocupada, que «levam a um crescimento consistente do número de fábricas». Além disso, Israel encoraja os judeus «a criarem novos postos avançados, que funcionam como explorações agrícolas e provocam a apropriação extensiva de terras agrícolas e de pastagens palestinianas».

Em segundo lugar, o relatório analisa o «impacto espacial de dois blocos de colonatos que atravessam a Cisjordânia». Um deles, construído a sul de Belém, estende-se desde os colonatos urbanos de Beitar Illit e Efrat, a oeste, passando pelos colonatos do Conselho Regional de Gush Etzion, que circundam Belém e as aldeias à sua volta, até ao colonato de Nokdim e seus arredores, à beira do Deserto da Judeia, a leste.

O outro bloco localiza-se no centro da Cisjordânia ocupada e consiste nos colonatos de Ariel, Rehelim, Eli, Ma'ale Levona, Shilo e nos postos avançados construídos à sua volta. «Este bloco também atravessa a Margem Ocidental, alcançando as encostas sobranceiras ao Vale do Jordão», refere o texto.

Na sequência do estabelecimento destes dois blocos de colonatos, os palestinianos perderam o acesso a milhares de hectares de terras agrícolas, quer directamente (em áreas declaradas «terras do Estado» ou encerradas por ordem militar), quer como resultado do efeito aterrorizador da violência dos colonos apoiada pelo Estado, que dissuade muitos palestinianos de tentarem aceder às suas terras.

«À volta dos colonatos de Tekoa e Nokdim, os palestinianos perderam o acesso a pelo menos mil hectares [10 mil dunams]. Nas proximidades de Shilo, Eli e dos seus postos avançados de satélite, o acesso está vedado a pelo menos 2650 hectares», indica o documento.

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O documento informa ainda que duas dezenas de pessoas viram afectado o seu meio de subsistência depois de os ocupantes israelitas terem demolido uma banca de venda de vegetais perto da cidade de Qalqiliya, enquanto outras 16 foram afectadas pela demolição de duas casas devolutas e o confisco de um contentor metálico em Isteih (Jericó). Duas das nove estruturas visadas pelos isrealitas em Jerusalém Oriental foram demolidas pelo proprietário palestiniano.

Para além disso, na primeira quinzena de Março, as forças israelitas efectuaram 193 operações de busca e captura, e prenderam 172 palestinianos, incluindo 15 menores, em toda a Cisjordânia ocupada e em Jerusalém Oriental). Depois da província de Ramallah (48), as de Hebron/al-Khalil (37) e a de Jerusalém (35) foram as que registaram maior número de operações.

O relatório refere igualmente que 62 palestinianos, includindo nove crianças, foram feridos pelas forças israelitas na Margem Ocidental.

Na Faixa de Gaza cercada, em pelo menos 29 ocasiões as forças israelitas abriram fogo de aviso perto da vedação que cerca o território ou ao largo da costa, presumivelmente para impor restrições de acesso. Também arrasaram terras perto da vedação noutras três ocasiões e feriram dois pescadores, segundo o documento.

Múltiplos ataques de colonos

No que respeita à acção dos colonos judaicos, o relatório elenca exemplos variados referentes ao período visado. Pelo menos seis palestinianos foram feridos na província de Hebron/al-Khalil por colonos, que provocaram danos em diversas propriedades palestinianas, incluindo carros, animais e árvores.

Os ataques a pastores e rebanhos – na região de Hebron/al-Khalil como na de Belém –, o roubo de alfaias agrícolas, na aldeia de Kafr Qaddum (Qalqiliya), o arranque de árvores em Kafr Qaddum e at-Tuwani, e o ataque a agricultores que trabalhavam nas suas terras em Ein Samiya, perto de Ramallah, contam-se entre as acções perpetradas pelos colonos judaicos contra palestinianos e registadas pelo organismo da ONU no relatório.

A mesma fonte chama ainda a atenção para o caso de cinco rapazes palestinianos, com idades à volta dos dez anos, que foram apanhados por colonos, no passado dia 10, quando colhiam ervas perto do posto avançado ilegal de Havat Maon (Hebron/al-Khalil). As crianças forasm detidas e levadas por soldados para a esquadra do colonato de Kiryat Arba, antes de serem libertadas.

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Isto sucede depois de, no início da semana, soldados israelitas terem cercado o bairro e invadido a casa de outro activista palestininano, que não se quis identificar, tendo agredido amigos e familiares que o saudavam depois de ter cumprido 20 anos de prisão.

Também voltou a ser detido Majd Barbar, que apesar de ter sido libertado no dia seguinte, lhe foi imposto não ter quaiquer celebrações no regresso a casa.

Estas celebrações ocorrem geralmente de forma espontânea aquando da libertação de palestinanos das prisões israelitas. Todavia as autoridades ocupantes têm procurado dispersar estas pessoas, ao mesmo tempo que rasgam fotografias, cartazes e bandeiras da Palestina colocadas para receber aqueles que regressam a casa depois da prisão.

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De facto, o comentário de Austin sobre a dificuldade do combate urbano, especialmente tendo em mente as experiências de Mossul e Raqqa, é apropriado. Em 2017, a Associated Press (AP) informou que o ataque dos EUA a Mossul havia causado entre 9 mil e 11 mil mortes de civis. Pouquíssimas pessoas se lembram da brutalidade daquela guerra e o número de civis mortos quase não é lembrado. Se Mossul é o exemplo que os Estados Unidos e Israel têm diante de si para a guerra terrestre que ocorrerá em Gaza, há algumas diferenças que devem ser levadas em conta. O ISIS teve apenas dois anos para cavar as suas defesas, enquanto as facções palestinas se vêm preparando para essa eventualidade desde pelo menos 2005 e, portanto, estão mais bem preparadas para lutar contra o exército israelita numa rua em ruínas após a outra. De acordo com todos os relatos, o moral das facções palestinas é muito maior do que o do exército israelita, o que significa que as facções palestinas lutarão com muito mais força e com muito menos a perder do que o ISIS (cujos combatentes escaparam da cidade e fugiram para o interior).

Tanto em Mossul quanto em Raqqa, quando o bombardeamento aéreo dos EUA começou, dezenas de milhares de civis fugiram das cidades para o campo, juntamente com alguns combatentes do ISIS, para esperar que a destruição começasse e depois terminasse. Se eles tivessem permanecido em Mossul e Raqqa, o número de vítimas civis teria sido o dobro do relatado pela AP. A população de Mossul era de apenas 1,6 milhão, menor do que os 2,3 milhões de habitantes de Gaza – portanto, o número de vítimas civis teria de ser ajustado para cima. Os palestinos em Gaza estão encurralados e não podem fugir para o campo, ao contrário dos residentes de Mossul e de Raqqa. Eles não podem ir a lugar algum enquanto os tanques israelitas entram em Gaza com seus canhões em pleno fogo. As mortes de civis em Gaza, que são já escandalosamente altas devido ao bombardeamento descontrolado de Israel, serão inimagináveis durante essa guerra terrestre que começou em 27 de outubro. Gaza, que já é uma ruína, será reduzida a um cemitério.


Artigo republicado no âmbito de uma parceria com a Globetrotter. O autor escreve ao abrigo do Acordo Ortográfico de 1990 (AO90)

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Nas acções solidárias, os manifestantes exigem ainda que: seja impedida a expulsão dos palestinianos da sua terra; chegue a ajuda humanitária necessária à Faixa de Gaza; sejam libertados «todos os presos palestinianos e todos os reféns israelitas».

Reclamam também que seja «levantado o infame bloqueio que, desde 2006, transformou a Faixa de Gaza numa prisão a céu aberto», seja «iniciada a reconstrução» do enclave e seja «finalmente concretizado o direito, tantas vezes prometido pela comunidade internacional mas nunca cumprido, à existência de um Estado palestiniano livre e independente, com controlo soberano das suas fronteiras e dos seus recursos».

«A Palestina vencerá», conclui o texto.

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Em defesa da «paz no Médio Oriente» e de uma «Palestina independente», e clamando «Fim à agressão! Fim ao massacre!», os promotores da iniciativa sublinham que «só a determinação dos povos pode vencer a inércia dos governos e levá-los a forçar Israel a respeitar o direito internacional».

Num comunicado conjunto, afirmam a necessidade do empenho e da solidariedade de todos, bem como a urgência de «pôr fim a novos bombardeamentos e ataques israelitas à Faixa de Gaza» e de «acordar um cessar-fogo imediato e incondicional».

Exigem igualmente o fim dos «17 anos de desumano cerco» imposto por Israel ao enclave e a garantia da ajuda humanitária e da reconstrução do território.

Consideram ainda urgente impedir a expulsão dos palestinianos das suas casas e da sua terra, acabar com a violência dos militares e colonos israelitas na Cisjordânia ocupada e libertar todos os detidos.

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«A causa palestiniana é da Humanidade e diz respeito a todas as pessoas no mundo»

Ao AbrilAbril, o embaixador da Palestina em Portugal, Nabil Abuznaid, falou da situação em Gaza, da pretensão de Netanyahu de uma «terra palestiniana sem o povo palestiniano», do papel dos EUA e da Europa, deixando claro que «o povo palestiniano continuará a lutar para alcançar a sua liberdade».

Créditos / Twitter

A cada dia que passa cresce o horror na Faixa de Gaza: bombardeamento e destruição de bairros inteiros, civis mortos indiscriminadamente, hospitais e escolas atacadas, morte de bebés prematuros, crianças operadas sem anestesia. O Alto Comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos dizia este domingo [19 de Novembro] que os «horríveis acontecimentos» dos últimos dias em Gaza «ultrapassam o entendimento». Como descreve a situação humanitária no terreno?

Antes de falarmos da ajuda humanitária, temos de descrever a situação no terreno. Catorze mil e 500 civis mortos, na sua maioria mulheres e crianças, 6500 pessoas debaixo dos escombros e 35 mil feridos. A maioria da população de Gaza são deslocados internos e metade dos edifícios estão destruídos. Não há electricidade, água e combustível, como resultado do bloqueio israelita a Gaza, e os hospitais não podem funcionar. É difícil providenciar qualquer tipo de assistência médica devido à falta de medicamentos, em particular com os bombardeamentos contínuos e a destruição causada. Mais de 25 mil toneladas de bombas atingiram Gaza durante este período. Israel está a impedir o acesso de bens essenciais a Gaza, tais como água, comida e medicamentos. Isto é um crime, ao abrigo do Direito Internacional.

Desde o dia 7 de Outubro que o Estado ocupante de Israel vem utilizando o pretexto de «destruir o Hamas» para impunemente continuar a destruir Gaza e esmagar a Cisjordânia. Entretanto, no último sábado, Benjamin Netanyahu disse que a Autoridade Palestiniana «não é competente» para liderar a Faixa de Gaza, «depois de termos lutado e feito tudo isto, para a passar para eles». Que comentários lhe merece esta afirmação?

O primeiro-ministro [israelita] Netanyahu discursou nas Nações Unidas umas semanas antes do dia 7 de Outubro e mostrou um mapa onde a Palestina havia sido apagada. Antes do seu discurso, declarou que estava a trabalhar para eliminar qualquer esperança de os palestinianos virem a ter o seu Estado. Quanto a Gaza, planeava deslocar as pessoas de lá para o Sinai ou outras partes do Egipto, de forma a reocupar Gaza. Reiterou essas afirmações nas suas declarações durante a guerra em Gaza. Tinha planos semelhantes em relação à Cisjordânia, continuando a violência contra o povo palestiniano e permitindo que os colonos se comportem de forma violenta contra os palestinianos. Espera conseguir forçar alguns palestinianos a abandonar a Cisjordânia em direcção à Jordânia. Netanyahu quer a terra palestiniana sem o povo palestiniano.

Israel não cumpre acordos e vem açambarcando cada vez mais terras (700 mil israelitas vivem em colonatos na Cisjordânia), fazendo crer que a solução de dois estados é irrealista. A «mediação» da questão por parte dos EUA, desde os Acordos de Oslo de há 30 anos, só tem contribuído para a permanência da ocupação. No dia 18 de Novembro o presidente Abbas apelava à intervenção de Joe Biden junto do Estado de Israel. Como avalia este comportamento, em que os EUA fornecem armas e apoio diplomático a Israel para prosseguir o genocídio em curso?

Os Estados Unidos apoiaram a Declaração de Balfour visando criar uma pátria judaica e foram um importante parceiro nesta questão. Desde 1944 que a questão de Israel tem estado no topo da agenda nas eleições norte-americanas. A criação de Israel foi apoiada por países imperialistas europeus, tal como pelos EUA. Israel foi criado para servir interesses imperialistas no Médio Oriente. A questão do apoio a Israel é uma questão interna nos EUA, não uma questão do foro da política externa. O poder que o lobby judaico tem na América através da AIPAC (o Comité de Assuntos Públicos América-Israel) é um factor com uma influência muito importante na política americana. É igualmente importante prestar atenção ao que o Presidente Biden tem repetido: «Não é preciso ser-se judeu para se ser sionista.» Ele próprio se declarou sionista. A influência dos cristãos sionistas nos EUA é muito grande e eles influenciam o curso da política em relação a Israel. Aquilo a que temos assistido nestes anos do conflito é que os Estados Unidos têm interesse em gerir o conflito e não em resolvê-lo.

Ben-Gurion, fundador e primeiro presidente de Israel disse: «Não ignoremos a verdade entre nós. Politicamente somos os agressores e eles defendem-se.» Apesar desta clarividência, as vidas de várias gerações de palestinianos resumiram-se a campos de refugiados, violências várias, expulsões, humilhações e privações. Como agir perante a situação de décadas de agressão, de desumanização do seu povo? Até quando esta situação, em que por todo o mundo os trabalhadores e os povos saem à rua em solidariedade e a maioria dos governos condena a acção do Estado de Israel, mas os bloqueios dos EUA travam quaisquer soluções? Que passos devem ser dados no imediato para impor o cessar-fogo?

Os Estados Unidos empenharam-se em mostrar a Questão Palestiniana como um assunto de natureza humanitária e não de natureza política. Eles apoiaram a UNRWA [Agência das Nações Unidas para Assistência aos Refugiados Palestinianos] após a Nakba ['catástrofe', em árabe] pensando que ao subsidiar arroz, farinha e óleo os refugiados se iriam apaziguar e iriam renunciar à sua esperança política de regressar à Palestina. Foster Dulles, que foi um secretário de Estado norte-americano, disse acerca dos palestinianos que os mais velhos morreriam e os mais novos esqueceriam. A resistência palestiniana e a criação da OLP [Organização para a Libertação da Palestina] em 1964 impediram e tornaram impossível a concretização dos planos e objectivos norte-americanos. Hoje é visível que os palestinianos nunca aceitaram que a sua causa fosse reduzida a um plano exclusivamente humanitário. Nunca esqueceram a sua causa, mesmo que os mais velhos já tenham morrido. Por essa razão, acreditamos que existe uma enorme influência israelita nas decisões norte-americanas quanto ao conflito e quanto a Israel.

No Conselho de Segurança da ONU, António Guterres recordou que o povo palestiniano «é sujeito a uma ocupação sufocante há 56 anos», tendo sido criticado por dizê-lo. Que papel tem a ONU na resolução deste conflito? E qual o papel da União Europeia e de Portugal? Que perspectivas de paz podem ainda existir?

Desde 1948 que há muitas resoluções das Nações Unidas relativas à Palestina, como a resolução 181, que declarou a partição da Palestina em dois Estados – Palestina e Israel –, e a resolução 194, que declarou que os refugiados deveriam regressar às suas terras e ser compensados pelo sofrimento que a ocupação lhes causou. Desde então, temos assistido à aprovação de centenas de resoluções. Infelizmente, nenhuma foi implementada. As Nações Unidas podem produzir resoluções mas não as podem implementar, infelizmente.

Nabil Abuznaid, embaixador da Palestina em Portugal / MPPM

A posição europeia tem apoiado a solução dos dois Estados e condenado também as políticas israelitas nos territórios ocupados, tais como a construção de colonatos e a negação dos direitos dos palestinianos. Alguns países estão a oferecer apoio financeiro aos palestinianos nos territórios ocupados, o que poderá ser visto como um pagamento indirecto ao ocupante porque, de acordo com o Direito Internacional, o providenciar de serviços como educação e saúde às pessoas que vivem sob ocupação é uma responsabilidade da potência ocupante. Quando os países europeus apoiam a educação e a saúde nos territórios ocupados, estão a pagar por aquilo que a ocupação tem a obrigação de assegurar. Certos países, como a Alemanha, sentem ainda culpa pelo que aconteceu aos judeus às mãos dos nazis e é por isso que alguns países não criticam a política de ocupação israelita.

O povo palestiniano continuará a lutar para alcançar a sua liberdade. Os palestinianos acreditam que o apoio da comunidade internacional à sua luta encurtará a duração da ocupação. A causa palestiniana é uma causa da Humanidade e diz respeito a todas as pessoas no mundo. As pessoas podem optar por colocar-se do lado da paz e da justiça ou alinhar-se com a opressão e a ocupação.


[Entrevista realizada dias antes do acordo de cessar-fogo na Faixa de Gaza, celebrado entre Israel e o Hamas

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«É preciso que, após muitas décadas de promessas incumpridas, seja concretizado um Estado palestiniano independente, com controlo soberano das suas fronteiras e recursos», destacam as organizações promotoras da acção solidária com a Palestina.

Sessão pública em Viseu

Este sábado, às 17h, o espaço Carmo'81, em Viseu, será palco de uma sessão pública de debate centrada na Paz no Médio Oriente e na Palestina independente, informa o CPPC.

Helena Barbosa, do CPPC, e Carlos Almeida, do MPPM, serão oradores no evento solidário.

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