O relatório da Comissão Técnica Independente, com quase 300 páginas, foi entregue ontem à tarde no Parlamento e, ao início da sessão plenária da Assembleia da República de hoje, pelas 15h, já o PSD e o CDS-PP tinham retirado as suas conclusões.
O filme do relatório do incêndio de Pedrógão Grande repetiu-se esta tarde. A capacidade de análise foi tal que a deputada Rubina Berardo (PSD) conseguiu afirmar, na declaração política da sua bancada, que a responsabilidade pelos trágicos acontecimentos de Outubro de 2017 cabe unicamente ao actual Governo, tal como Telmo Correia (CDS-PP) já tinha feito.
A resposta chegou através de João Oliveira (PCP), que lembrou as responsabilidades directas dos dois partidos na situação da floresta e do mundo rural, nomeadamente com a submissão à Política Agrícola Comum imposta pela União Europeia, mas também com a acção do anterior governo.
O executivo que teve Assunção Cristas como ministra das Florestas fez aprovar a liberalização do eucalipto e permitiu a desvalorização do preço da madeira e o favorecimento dos interesses de grupos económicos como a Altri, a Navigator (ex-Portucel) e a Sonae, lembrou o líder parlamentar do PCP. João Oliveira lembrou ainda o desvio de 150 milhões de euros do sector da floresta por Assunção Cristas, na reprogramação dos fundos comunitários.
Recorde-se que, para além destas medidas, o anterior governo do PSD e do CDS-PP promoveu cortes de 20 milhões de euros no orçamento do Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF), de 8 milhões de euros no orçamento da Autoridade Nacional de Protecção Civil (ANPC) ou na isenção das taxas moderadoras aos operacionais dos bombeiros.
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