|Forças Armadas Portuguesas

Regulamento de avaliação dos militares: «meritocracia ou subserviência?!»

A ANS contesta as alterações ao Regulamento de Avaliação do Mérito dos Militares das Forças Armadas (RAMMFA) e o facto de terem sido aprovadas à margem das associações profissionais militares (APM).

Vigília da Associação Nacional de Sargentos, a 12 de Julho de 2015 
CréditosMiguel A. Lopes / Agência Lusa

A Associação Nacional de Sargentos (ANS), em comunicado, deixa duras críticas não só às alterações ao RAMMFA, mas também à forma como decorreu todo o processo, sublinhando não ter sido cumprida a lei que «consagra o direito das APM a integrar conselhos consultivos, comissões de estudo e grupos de trabalho constituídos para proceder à análise de assuntos de relevante interesse para a instituição, na área da sua competência específica e de ser ouvidas sobre as questões do estatuto profissional, remuneratório e social dos seus associados».

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Militares e polícias reclamam justiça salarial e negociações

Estruturas associativas e sindicais das Forças Armadas e das Forças de Segurança, decidiram promover uma iniciativa concertada para o próximo dia 19 de Novembro, em Lisboa.

As associações sindicais e sócio-profissionais das forças de segurança e dos militares das Forças Armadas participaram conjuntamente nas comemorações populares do 25 de Abril, pela contagem integral do tempo de serviço para efeitos de progressão nas carreiras, na Avenida da Liberdade, em Lisboa. 25 de Abril de 2018
CréditosTiago Petinga / Agência LUSA

Reuniram-se esta sexta-feira diversas associações e sindicatos de profissionais das Forças de Segurança e de militares das Forças Armadas, com o objectivo de avaliar a situação relativamente às promessas do Governo de aumentos salariais e exigir uma efectiva negociação.

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Associação de Praças fala em precariedade nas Forças Armadas

«É urgente que a ministra da Defesa dê um sinal forte e que o Quadro Permanente Praças no Exército e na Força Aérea se torne realidade, o mais breve possível», afirma a Associação de Praças.

CréditosManuel Araújo / Agência Lusa

A propósito do anúncio de que o Exército irá abrir 223 vagas para praças, a serem preenchidas no Regime de Contrato Especial e em 14 anos de serviço, a Associação de Praças (AP) das Forças Armadas chama a atenção para o facto de que, quem entrar neste regime, só terminará o seu contrato «muito perto dos 50 anos de idade».

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As APM acusam o Governo de ilegalidade e desconsideração

As Associações Profissionais de Militares acusam o Ministério da Defesa de incumprimento da lei que consagra o direito a participarem na discussão de matérias na área da sua competência específica.

Participação de militares nas comemorações do Dia da Marinha, em Vila do Conde, 21 de maio de 2017
CréditosJOSE COELHO / LUSA

Em comunicado, as APM (Associações Profissionais de Militares) exigem o cumprimento da lei que consagra «o direito a integrarem conselhos consultivos, comissões de estudo e grupos de trabalho constituídos para proceder à análise de assuntos de relevante interesse para a instituição e a ser ouvidas sobre as questões do estatuto profissional, remuneratório e social dos seus associados».

Estas críticas surgem na sequência de uma audição no Estado-Maior General das Forças Armadas, a propósito da revisão do Regulamento da Avaliação do Mérito dos Militares das Forças Armadas (RAMMFA). Isto é, as associações militares de oficiais (AOFA), sargentos (ANS) e praças (AP) não conheciam os documentos elaborados no âmbito do Ministério da Defesa Nacional (MDN), não permitindo que «se pudessem pronunciar sobre os mesmos», na referida audição.

Segundo as associações, desde 2020 que existe um grupo de trabalho com o objectivo de proceder à revisão do RAMMFA e, apesar da lei aprovada «pelo próprio poder político», este não mostrou, uma vez mais, vontade política «de integrar as APM neste grupo de trabalho» e de lhes dar a conhecer um projecto «sobre matérias que dizem diretamente respeito aos militares». As APM sublinham que este comportamento por parte dos sucessivos governos desmente as suas afirmações de reconhecimento e consideração dos militares, muitas vezes «qualificando-os como sendo “os melhores do mundo”» e põe em causa «a ética dos governantes da área da Defesa, quando estes, reiteradamente, afirmam uma coisa e fazem outra».

Desde o Comandante Supremo das Forças Armadas até aos chefes militares dos três ramos, todos continuam assim «a desconsiderar e a não reconhecer os direitos dos militares nestas matérias», pode ainda ler-se no comunicado.

Recorde-se que a Assembleia da República aprovou em Abril de 2019 um Projecto de Resolução que recomendava ao Governo que promovesse «a audição das associações representativas dos militares, sobre o RAMMFA, no sentido de esclarecer as dúvidas existentes e abordar as questões mais sensíveis» e, «em articulação com as chefias militares», promovesse também «as alterações necessárias ao RAMMFA, para dar resposta às preocupações transmitidas».

As APM consideram que o actual RAMMFA «tem causado enormes prejuízos aos militares e às Forças Armadas, provocando inúmeras e indesejáveis ultrapassagens nas promoções», o que contribui «para a quebra da moral e da coesão, constituindo-se como um factor perturbador das acções de Comando e Chefia».

Entretanto, o comunicado dá também nota da queixa apresentada pela EUROMIL (Organização Europeia de Associações e Sindicatos Militares) ao Comité Europeu dos Direitos Sociais, «relativamente à falta de direitos sociais de representação e negociação colectiva das APM, por incumprimento do previsto na Carta Social Europeia, que Portugal também ratificou».

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No comunicado que emitiu, a AP estranha esta decisão, considerando que a ministra da Defesa Nacional anunciou recentemente a criação do quadro permanente para praças no Exército e na Força Aérea. Por outro lado, lança a questão de que, a ser criado o quadro permanente para praças, «por que razão estas vagas não são abertas para um regime que dá mais segurança e perspetiva de futuro, o quadro permanente, em vez de um regime de contrato renovável de dois em dois anos e com termo certo?».

«Esta nova assunção de se pretender, com medidas avulsas, colmatar a falta de pessoal nas Forças Armadas e em particular no Exército, é errada e impõe a precariedade nas Forças Armadas», sublinha a Associação de Praças, que afirma ainda a necessidade de «dar aos Homens e Mulheres a valorização salarial, os apoios sociais e de carreira, para que esses profissionais cumpram com abnegação as missões para que são chamados e para que de uma vez por todas se resolva o problema da falta de efectivos».

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No comunicado que emitiram na sequência da reunião, a Associação Sindical dos Profissionais da Polícia (ASPP), a Associação Nacional de Sargentos (ANS), a Associação dos Profissionais da Guarda (APG), a Associação de Oficiais das Forças Armadas (AOFA) e a Associação de Praças (AP) solidarizam-se «com todos os profissionais que não viram atendidas as suas justas expectativas e que se vêm relegados para uma situação de menoridade quando não fazem parte de qualquer tipo de processo negocial que permita rever, alterar e actualizar as respectivas tabelas remuneratórias».

Nesse sentido, «decidiram promover uma iniciativa concertada no dia 19 de Novembro», em Lisboa. Recorde-se que a ASPP também já tinha convocado um protesto nacional de polícias para o próximo dia 24, véspera da votação final do Orçamento do Estado.

Entretanto, a ministra da Defesa Nacional anunciou sexta-feira, na Assembleia da República, que vai realizar, na próxima terça-feira, uma reunião com as diversas associações militares, incluindo a ANS, a AOFA e a AP.

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A ANS protesta o facto de a portaria, que aprova as alterações ao RAMMFA, publicada esta segunda-feira, referir no preâmbulo que «foram ouvidas as associações profissionais de militares», considerando que o uso desta expressão, sem referir «que se opuseram», passa para os militares a ideia de que «foram ouvidas e concordaram, o que, verdadeiramente, não corresponde à verdade dos factos».

Para a ANS, o RAMMFA em vigor «fez inúmeras vítimas e causou enormes prejuízos aos militares e às Forças Armadas, provocando um elevado número de indesejáveis ultrapassagens nas promoções por escolha», situações que configuram uma «enorme injustiça» e «contribuíram para a quebra da moral e da coesão, constituindo-se como um factor perturbador das acções de comando e chefia». Em vez de ser «um regulamento formativo, o RAMMFA tem-se revelado», na óptica da ANS, «um mecanismo punitivo».

A portaria de actualização do RAMMFA, que entra hoje em vigor, agrava «aspectos essenciais», nomeadamente «o peso das penas disciplinares, dificultando a reabilitação do militar punido» e espalha «o medo entre os militares, de modo a mantê-los num estado de apatia, descaracterizando a própria condição de se ser militar», acusa a ANS.

Como exemplo, a associação de sargentos destaca «o peso do louvor para quem está em funções cuja chefia é de oficial superior a General, esquecendo que a maioria dos militares está em funções cuja chefia directa é Capitão/Subalterno», enquanto «o factor subjectivo das Avaliações Individuais continua a ser sobrevalorizado relativamente aos factores menos subjectivos da antiguidade no posto e da avaliação da formação. Meritocracia ou subserviência?».

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