Sebastião Bugalho, o jornalista reformado, comentador político retirado e candidato pela AD pouco inusitado, no último debate televisivo que opôs os seis partidos com assento parlamentar, fez questão de mentir a quem diz querer representar.
Disse, então, Sebastião Bugalho que os «eurodeputados do PSD e do CDS, dentro do PPE, votaram sempre contra o aumento das taxas de juro» e, reiterou em seguida que «os eurodeputados portugueses [de PSD e CDS] estiveram sempre ao lado dos portugueses relativamente às taxas de juro».
O AbrilAbril foi procurar quando é que tal tinha ocorrido e a tarefa foi complicada, na medida em que nunca aconteceu. Nos dois momentos em que foi colocado à votação a exigência de reversão dos aumentos da taxa de juros, PSD e CDS-PP votaram contra ou abstiveram-se, revelando que estão do lado de quem quer colocar dificuldades ao povo e trabalhadores portugueses.
Veja-se que em Outubro de 2023, o PCP apresentou uma proposta de alteração à resolução da proposta de orçamento geral da União Europeia de 2024. Propuseram os comunistas o seguinte: «Exige a reversão dos aumentos das taxas de juro definidos pelo BCE, face às consequências particularmente nefastas para a solevência dos agregados familiares e das micro e PME dos países em que os modelos de taxa de juro variável predominam; considera que são prementes: aumentos de salário e pensões, a fixação de preços de bens e serviços essenciais, o combate à especulação e aproveitamentos, uma significativa tributação dos grandes grupos económicos, o que contribua de forma indirecta, para o reforço do orçamento da UE, por via do aumento do RNB dos Estados-Membros;».
Perante isto, PSD, CDS-PP e PS votaram contra.
Num segundo momento, no relatório anual de 2023 do Banco Central Europeu, votado em Fevereiro de 2024, os deputados do PCP apresentaram, mais uma vez: «Consideram imperativo que o Banco Central Europeu reverta os aumentos das taxas de juro de referência». Se em Outubro o PSD votou contra, em Fevereiro o mesmo partido absteve-se. No final de contas, o efeito foi o mesmo, ou seja, o da não viabilização.
Após o debate, fica então a faltar saber quais as votações a que Sebastião Bugalho se referia, podendo o mesmo estar a trocar votações como quem troca alhos por bugalhos.
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