Em causa está a falta de idoneidade do actual presidente da Associação Mutualista Montepio Geral, Tomás Correia, que foi condenado pelo Banco de Portugal a pagar 1,25 milhões de euros por irregularidades verificadas na concessão de créditos no período em que esteve à frente do Banco Montepio (2008-2015).
«Era a forma de repor a legitimidade, de repor a confiança, em defesa da instituição, dos associados e dos trabalhadores», afirmou à Lusa António Godinho, que nas últimas eleições de Dezembro ficou em segundo lugar (com 36,3% dos votos), atrás dos 43,2% da lista liderada por Tomás Correia.
O ex-candidato da Lista C considerou que a condenação vem alterar os pressupostos de Tomás Correia quando se recandidatou, uma vez que o fez dizendo que «tinha a certeza de que não seria condenado e que tinha toda legitimidade ética para se candidatar»
«Hoje sabemos que não é assim», vincou Godinho, que defendeu que haja uma «posição do Governo, das entidades oficiais, sobre o tema» para afastar Tomás Correia.
Já Fernando Ribeiro Mendes, que pertenceu à administração de Tomás Correia, de quem se afastou e concorreu nas últimas eleições (20,5% dos votos), defendeu eleições internas, para reforçar a confiança numa entidade com 600 mil associados e que geria no final de 2018 um activo de cerca de 3,8 mil milhões de euros.
«São 600 mil pessoas que depositam as suas poupanças ali. Como vão manter a confiança na organização que tem como presidente uma pessoa que o Banco de Portugal não considera idónea para gerir bancos? O que seria decente era [Tomás Correia] sair, mas como já deu sinal de que não o fará tem que haver um sobressalto interno para o afastar, novas eleições», frisou.
Ribeiro Mendes afirmou que o poder para convocar eleições antecipadas está na assembleia-geral, pelo que os órgãos de governo interno da mutualista deveriam reunir-se para se entenderem numa linha de acção, considerando que meterem «a cabeça na areia é o caminho para o desastre».
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