Nesta segunda quinzena de Junho, a realizadora Teresa Villaverde vai estar em destaque no museu de arte contemporânea parisiense, com uma retrospectiva de 15 dos seus filmes e uma masterclass.
Sobre uma curta metragem realizada para a ocasião, a programadora do Centro Pompidou, Amélie Galli disse à Lusa que a realizadora «respondeu de uma maneira magistral ao nosso desafio. Mostra de uma forma muito forte o que se passa neste momento no Brasil e, em vez de filmar o desfile da escola Mangueira, que foi muito militante a favor dos direitos das mulheres, dos povos esquecidos do Brasil e também de homenagem a Marielle Franco, ela mostra o dia após o desfile na favela e como as pessoas reagem à vitória da sua escola de samba».
A programadora considera que a cineasta portuguesa «não tem homólogo». «Tentei encontrar uma família em que ela se enquadrasse, tendo até em conta os cineastas da sua geração como Pedro Costa ou João Canijo e, apesar de haver algumas ligações quanto aos temas abordados nos seus filmes, ela tem uma voz muito particular e uma forma singular que não tem equivalente não só no cinema português como no cinema europeu».
Nas duas semanas desta retrospectiva, a programadora afirma que podem passar cerca de 100 mil pessoas pelas salas de cinema do museu, e que será uma «descoberta» para o público francês.
«É uma artista global que nos dá a sua visão sobre a sociedade e o mundo em que vivemos. Queremos sempre ter um realizador que conte histórias através do cinema, mas queremos também um artista que nos dê uma perspectiva sobre a contemporaneidade cinematográfica», referiu ainda.
O filme Colo, que venceu em Abril o Prémio Sauvage, principal galardão do 13.º Festival L'Europe Autour de l'Europe, em Paris, tem a sua estreia comercial em França, no dia 19 de Junho, e abriu a retrospectiva esta sexta-feira.
Nascida em Lisboa, em 1966, a cineasta Teresa Villaverde trabalhou com João César Monteiro, José Álvaro Morais e João Canijo, antes de se estrear como realizadora nos anos 1990. Da mesma geração de realizadores como Pedro Costa e João Pedro Rodrigues, fez filmes como Três irmãos (1994), Os Mutantes (1998) e Transe (2006).
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