O município de Serpa inaugurou recentemente a sua Galeria Municipal de Arte Contemporânea. Nos anos 90 do século XX, iniciou-se um processo de aquisição de obras de arte de gravura, pintura, escultura, entre outras expressões, com as quais constituiu uma relevante colecção que está disponível ao público na Galeria Municipal de Arte Contemporânea1 e no hall do edifício dos Paços do Concelho2 que expõe a quase totalidade do acervo. Nestas exposições poderemos ver obras de Vieira da Silva, Júlio Pomar, Graça Morais, Palolo, Bual, João Vieira, Abílio Febra, Rogério Ribeiro, António Inverno, Chichorro, Francisco Relógio, entre muitos outros artistas portugueses de novas gerações, assim como obras de artistas naturais ou residentes em Serpa, como Margarida de Araújo, Manuel Seita, Paula Estorninho ou o cartoonista Luís Afonso.
Além das exposições já referidas, o município possui no seu acervo muitas obras de escultura pública espalhadas pela cidade, sendo algumas peças vencedoras do Prémio Ibérico de Escultura que a autarquia promove, podendo encontrar-se esculturas de Fuentes Navarro, Thierry Ferreira, Veredas Lopes e Augusto Arana, Manuel Fuentes Lázaro, Giga Coelho ou de Leandro Sidoncha. Neste concelho poder-se-á ainda observar obras públicas em Vila Verde de Ficalho, terra natal de Francisco Relógio, onde se encontram obras suas e de outros artistas contemporâneos e existe um movimento artístico, o grupo «Ficalho Artes», que desenvolve exposições e outras actividades artísticas.
PADA Studios3 é uma organização artística sem fins lucrativos, com sede no Barreiro, fundada em 2018 pelos artistas Tim Ralston e Diana Cerezino. Este projecto está situado no parque empresarial Baía do Tejo, antigo parque industrial da CUF, oferecendo aos artistas um espaço para desenvolverem as suas práticas artísticas através da exploração de técnicas e processos. Como recurso cultural, a PADA promove a interacção entre artistas nacionais e internacionais, com a comunidade local e a região circundante através de programas de residência (de artistas e curadores), do estúdio, que funciona com ateliês permanentes, e da galeria, onde se apresentam diversas exposições. A PADA facilita o acesso às diversas áreas onde ainda se encontram resíduos do Parque Industrial da CUF e aos arquivos de três museus que testemunham a actividade dos operários que ali trabalharam, transformando todo este património em material e meios para a criação dos artistas residentes. Desde a sua fundação, já se desenvolveram mais de 80 residências artísticas (21 em 2018 e 60 em 2019).
Recentemente a PADA Studios inaugurou a exposição «Paulo» com trabalhos dos artistas Amalia Mourad, Ida Sønder Thorhauge, Sebastian Reis, John Reno Jackson, Suzy Babington, Jack Towndrow, Lennart de Neef e Sean Donovan e a curadora Júlia Ghooze, oriundos de Inglaterra, Estados Unidos da América, Finlândia, Noruega, Ilhas Caimão, Holanda, Noruega e Alemanha, como projecto final da residência de Fevereiro. Refira-se ainda que este projecto artístico foi distinguido, no ano passado, com a atribuição do «Rosto do Ano 2019 – na área da Cultura», pelo jornal Rostos.
A exposição «Pintura Democrática» decorre no Centro Cultural de Cascais4, até 11 de abril, com obras que fazem parte da colecção de Luísa e Manuel Pedroso de Lima. Entre os artistas representados estão Ângelo de Sousa, António Dacosta, António Palolo, Cruzeiro Seixas, Graça Morais, João Hogan, Jorge Pinheiro, José Escada, Júlio Pomar, Júlio Resende, Lourdes Castro, Luís Dourdhil, Malangatana, Mário Botas, Mário Cesariny, Menez, Nikias Skapinakis, Paula Rego e Vieira da Silva.
A aquisição das obras desta colecção decorreu nas décadas de 70 e 80. Manuel Pedroso de Lima, advogado, lutou contra a ditadura. Uma das formas de resistir era também a aproximação às obras de muitos dos artistas que, na altura, desempenharam um importante papel na afronta ao gosto imposto pelas entidades oficiais do Estado Novo:«no tempo desta colecção e destes artistas, coleccionar pintura era coleccionar a liberdade. Porque, então, a política, a cultura, a literatura e a arte seguravam o fio da democracia no labirinto do mundo. Comprava-se um quadro e esse quadro trazia com ele o testemunho da “liberdade livre” de que falava Rimbaud». Estas obras revelam «as mudanças políticas e culturais de uma época e de um lugar que surpreendeu o mundo com uma revolução democrática, depois de ter vivido longamente sob uma ditadura»5. Depois da ditadura, com o 25 de Abril, muitos destes artistas expostos «participaram activamente nas mudanças», integrando algumas das associações de artistas e críticos e contribuindo para que a arte ocupasse intensamente o espaço público, com pintura de murais, exposições, salões e intervenções polémicas, «inventaram a liberdade– a sua e a de todos». A organização é da Câmara Municipal de Cascais e da Fundação D. Luís I, no âmbito da programação do 5.º aniversário do Bairro dos Museus.
A Biblioteca Pública e Arquivo Regional João José da Graça6 é uma das três bibliotecas públicas e arquivos regionais da Região Autónoma dos Açores e está instalada na antiga Casa Bensaúde, mesmo no centro da cidade da Horta. Na sua Sala de Exposições poderemos visitar a exposição de Pintura de Leonie Greefkens, até 4 de Abril. A artista holandesa Leonie Greefkens estudou na Gerrit Rietveld Academie e realizou várias exposições em Amesterdão.
O Centro de Artes e Espectáculos da Figueira da Foz7 possui três salas de exposições. Na Sala 2 decorre a exposição «Victor Costa8 - 40 Anos de Pintura», até 12 de Abril. Acerca desta exposição, Miguel Vieira Duque referiu que «Victor Costa constrói a mensagem que reflecte a Arte como a entendo hoje, de um experiencialismo latente, onde o objecto interage com um público e o interroga… Numa corrente abstracta e figurativa, são contadas diásporas de gente anónima. Medos e anseios por telas cobertas por óleos ou acrílicos, em pinceladas soltas ou contidas, comedidas, onde a fraternidade das matérias resgata tramas de sonho e desilusão, de anseio e medo, de esperança e desilusão».
Na Sala Afonso Cruz apresenta-se uma exposição de fotografia de João Bracourt9 com o título «Ultramar», até 19 de Abril. «Podia-se chamar mar português, Atlântico Norte, talvez... Mas às vezes, neste mar, sinto a corrente do golfo do México, o ar do mar Mediterrâneo e até o cheiro longínquo das especiarias. Este mar não é um mar qualquer, é um Ultramar».
Em tempo de coronavírus as artes, nas suas mais diversas vertentes criativas, através da internet, colocam à disposição do público algumas das suas actividades. Nas artes visuais, o Lugar do Desenho — Fundação Júlio Resende promove «Fico em Casa com o Lugar do Desenho», uma actividade organizada pelo seu serviço educativo, que consiste em pesquisar na internet por «Pintor Júlio Resende», escolher uma imagem, inspirar-se numa imagem da obra deste artista, fazer um desenho, colagem, fotografia, vídeo ou poema e publicar no Instagram com o hastag#soupintorjulioresende ou enviar para [email protected]. A Fundação compromete-se a publicar no instagram e no Facebook os trabalhos recebidos. Mãos à obra!
- 1. Galeria Municipal de Arte Contemporânea. Rua de Pedro Anes, Serpa. Horário: terça-feira a domingo, das 9h às 12h30 e das 14h h às 17h30.
- 2. Paços do Concelho, Praça da República, 1, Serpa.
- 3. PADA Studios. Rua 42, n.º 2, Baía do Tejo-Parque Industrial do Barreiro, Barreiro. Horário: segunda-feira a sexta -feira, das 10h às 18h.
- 4. Centro Cultural de Cascais. Avenida Rei Humberto II de Itália, S/N, Cascais. Horário: terça-feira a domingo, das 10h às 18h.
- 5. Texto de Joaquim Sapinho e José Manuel dos Santos, como curadores da exposição «Pintura Democrática».
- 6. Biblioteca Pública e Arquivo Regional João José da Graça. Rua Walter Bensaúde, n.º 14, 9900-142 Horta. Horário: segunda-feira a sexta-feira, das 9h às 19h; e sábados, das 14h às 19h.
- 7. CAE - Centro de Artes e Espectáculos da Figueira da Foz. Rua Abade Pedro, Figueira da Foz; http://cae.pt/ . Horário: segunda-feira a quinta-feira, das 9h às 23h; sexta-feira, das 9h às 24h; sábados, das 10h às 24h; e domingos e feriados, das 10h às 19h. Dias de espectáculo: até ao final do espectáculo.
- 8. Victor Costa é natural de Coimbra e desenvolve a sua actividade artística desde 1980, participando em diversas exposições, bienais e salões de arte em Portugal e no estrangeiro na Sérvia, Polónia, Holanda, França, Espanha e Itália.
- 9. João Bracourt nasceu na Figueira da Foz, é um dos fotógrafos mais representativos da fotografia de surf, com publicações nas melhores revistas da modalidade, um pouco por todo o mundo.
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